Minha Viagem Infernal

Bônus: Caça á bandeira


Joguei minha mala no único espaço vazio que vi na minha frente.

Então aquele era o grande Acampamento Meio-Sangue? Bonito, de fato. Acho que não podia reclamar nessa aspecto. Logo que passei pelo arco de mármore acompanhada de Apolo, Ares e Scott, senti uma pontada de inveja.

Enquanto muitas crianças praticamente moravam aqui, eu tive que passar a minha vida toda presa á escolas quando tinha a mesma idade delas. Se minha mãe tivesse falado sobre a existência desse lugar antes, eu já teria fugido de casa há anos.

- O que achou? – Perguntou Apolo batendo na porta com os nós de dedo. Eu virei-me e olhei para ele. O Deus da música usava uma calça jeans clara, camisa pólo azul e óculos escuros. Seu cabelo loiro parecia ainda mais brilhante hoje, e seu sorriso me prendeu a atenção por alguns minutos – Saiba que o Chalé de Apolo está sempre aberto caso você queira ficar lá.

- Você diz, caso eu queria deixar o Chalé do meu pai para ficar perto de você. – Corrigi rindo – Por que eu faria isso? Esse lugar é puro luxo.

Eu estava mentindo, é óbvio. O Chalé de Hermes, comparado aos outros, parecia uma despensa ou um simples armário de faxina. Mas não queria mostrar para Apolo que ele tinha um Chalé mais legal que Hermes.

Sentei-me na cama debaixo da beliche ainda sorrindo, mas levei um belo tombo quando a cama quebrou fazendo-me cair de bunda no chão. Apolo abaixou os óculos escuros para poder me olhar melhor, e pude notar que ele estava prendendo o riso.

- Ah, claro. Isso acontecia toda noite comigo em Paris. É luxo puro. – Comentou Apolo entrando na brincadeira. Fiz uma careta para ele, enquanto me ajeitava no chão.

- Falando sério... Qual é o problema do meu pai?! Por que todo mundo tem um chalé decente e ele tem esse barraco de madeira? – Perguntei tentando me levantar. Apolo foi para perto de mim e segurou meu braço para me ajudar. Assim quando me levantei estava de frente para ele.

- Bem... É o jeito do seu pai. Hermes nunca foi um cara organizado ou coisa do tipo. – Comentou Apolo dando de ombros – Não é de admirar que os filhos deles também não liguem muito para organização.

- Você está me chamando de desleixada? – Perguntei erguendo uma sobrancelha.

- Só estou dizendo que você ficaria melhor no meu chalé. Mas... É só um comentário inocente. – Disse ele encolhendo os ombros com um sorriso leve. Revirei os olhos, e ele me puxou para mais perto de si, segurando meu queixo em sua direção – Mas se insistir em ficar aqui... Tudo bem. Estou sempre á disposição se quiser companhia de noite. Sabe? Caso tenha medo do escuro, ou de monstros debaixo da cama...

- Acho que você pode se preocupar mais com os seus filhos nesse ponto. Eu já sou grandinha, ok? – Respondi rindo dele de leve. Apolo beijou minha testa, e eu fechei os olhos ainda sorrindo.

- Só estava tentando ser um cara gentil. – Sussurrou ele no meu ouvido. Aquilo ainda me fazia derreter. Beijei a bochecha dele, e Apolo sorriu torto.

- É. Você é uma cara muito gentil. – Confirmei rindo. Ele me puxou ainda mais contra sua barriga tanquinho, e eu não consegui esconder meu sorriso. Eu estava prestes á falar alguma coisa, quando...

- Guarda a sua porcaria de gentileza para alguém que não tenha um namorado, idiota. – Reclamou Ares da porta do Chalé. Apolo revirou os olhos irritado, mas acabou me soltando. Eu também revirei os olhos e olhei para Ares – Não me encare assim, Filhinha de Hermes. Acho que seu pai devia me agradecer por eu ter interrompido antes que o Chalé de Apolo ganhasse um novo campista.

- Para que você apareceu mesmo? – Perguntei ignorando seu comentário.

- Isso é jeito de falar comigo? Quanta grosseria. – Disse ele fingindo estar chocado. Ares segurou o meu braço e me puxou contra si. Pude notar que ele lançou um olhar direto para Apolo – Até porque eu sou o seu namorado, esqueceu? O cara gente boa com quem você resolveu ficar ao invés do Apolo.

- Ela ainda é minha. – Comentou Apolo com um leve sorriso – Musa de Apolo para toda a eternidade. Isso te incomoda, Ares?

- O que vai te incomodar vai ser um belo chute na bunda, seu...! – Chutei a canela de Ares, e ele parou de falar fazendo uma careta de dor. Ele lançou um olhar de raiva para mim, mas depois sorriu torto. Franzi o cenho sem saber o que aquele sorriso malicioso queria dizer. Ele olhou para Apolo – Eu ainda aposto que o Chalé 5 ganha.

- Aposto que o Chalé 7 ganha. – Rebateu Apolo sorrindo.

- Eu vou ganhar. – Insistiu Ares.

- Ah, você acha que eu vou perder a aposta? Vai sonhando. Não com esse prêmio... Opa. Ahm... Eu só não vou ganhar. – Apolo corrigiu o fim da frase, assim que olhou para mim, o que me deixou confusa.

- Você apostou com o Apolo? – Perguntei, mas os dois desviaram os olhares.

- É... Uma aposta da caça á bandeira. – Respondeu Ares – Coisa simples.

- E o vencedor leva o que? – Perguntei, mas os dois ficaram mudos. Apolo começou a assoviar e Ares brincava com uma tábua que rangia no chão. Não precisava que eles me falassem o que tinham apostado, pois eu já tinha uma idéia – Ares, diz que você não fez isso, seu idiota.

- Não sei do que você está falando. – Respondeu inocente.

- Você me apostou com o Apolo?! – Exclamei, e eles mudaram de posição um tanto desconfortáveis – Vocês dois nunca mudam?!

- Ah, deixa de fazer escândalo. Até parece que esse otário vai ganhar de mim. Meus filhos vão reduzir os dele á poeira. – Disse Ares cheio de si.

- Eu não estou nem aí se você vai ganhar ou perder! Quem disse que podia sair por aí me apostando com os outros?! – Exclamei com raiva. Ares desviou o olhar.

- Era a melhor coisa que eu tinha pensado na hora. Encare isso como um elogio. – Disse ele sorrindo e eu quase lhe dei um tapa, mas Ares sorriu torto para mim e apertou minha bochecha – Ooown, você está preocupada em ter que ficar com outra pessoa além de mim? Calma. Já disse para os meus filhos massacrarem o time rival, ok?

- Ares... – Apolo prendia o riso – Você sabe qual é o time rival? – Ares ergueu os olhos para ele, um pouco incerto, e Apolo sorriu torto – O time vermelho vai ser o Chalé 1, 3, 5, 10, 12 e 13. O azul vai ser chalé 4, 6, 7, 9, 11.

Parei para contar na minha mente, e pude ver que Ares fazia o mesmo. Ele nunca foi bom com números pelo visto, e eu provavelmente me sairia melhor tentando lembrar qual eram os chalés.

- Então é... Vermelho: Zeus, Poseidon, Ares, Afrodite, Dionísio e... Hades. – Contei nos dedos – E Azul: Deméter, Atena, Apolo, Hefesto, e... Hermes.

Olhei surpresa para Apolo, pois entendi o que ele queria dizer com aquilo. Ares, por outro lado, continuou sem entender.

- Isso significa que você apostou que a Alice ia perder. – Disse Apolo sorrindo – Eu aposto que ela vai ganhar.

- Tsc. – Pensei que ele fosse reclamar, mas pela minha surpresa – E ela vai perder mesmo. O que eu posso fazer?

- Como é que é?! – Exclamei olhando para ele incrédula. Ares riu de mim.

- Você realmente acha que vai ter chances contra os meus filhos? – Perguntou Ares – Você não ganha nem de mim! Imagine lutar contra vários dos meus semideuses? Você está perdida, benzinho.

- Fica você sabendo que eu não precisava participar disso, mas agora eu vou só para você perder a porcaria da sua aposta. – Disse com raiva. Ares riu para mim. Ele chegou perto de mim, e puxou meu queixo para sua direção.

- Quer que eu peça para os meus filhos pegarem leve com você, Filhinha de Hermes? – Perguntou ele rindo – Sinto muito, mas eles já estão direcionados á destroçar o inimigo.

- Eu vou chutar o traseiro dos seus filhos, Ares. – Disse no mesmo tom que ele.

- Essa eu pago para ver. Ah, e cuidado. Desagradar o Deus da guerra antes de uma batalha não é nada sábio. Você verá... – Riu ele. Ares deu as costas para mim e foi embora do Chalé, me deixando ainda mais com raiva. Além de ter me apostado com o Apolo, ele ainda apostou que eu iria perder?! Desgraçado!

- Se serve como consolo, eu estou torcendo para você. Tem todo o apoio de Apolo. – Sorriu ele para mim, segurando meu ombro – Meus filhos vão atacá-los de longe. Força não é sinônimo de vitória. É preciso ter...

- Inteligência, né? – Completei.

- Ahm... Eu ia dizer criatividade e agilidade, mas isso também. – Apolo beijou minha bochecha e disse que ia adorar ter um jantar comigo. Revirei os olhos e ele saiu do quarto.

Todos os campistas já estavam vestidos e prontos para o combate. Eu ainda ajeitava a minha armadura, que parecia um pouco esquisita. Acho que tudo do Chalé de Hermes era de segunda mão, o que não ajudava em nada á minha sorte.

Teria que lutar contra um número maior de semideuses. E além disso... Contra os filhos dos três grandes. Contando também que June estava no grupo dos filhos de Poseidon, e eu sabia que se parasse na frente dela, estaria morta.

- Pronta para cortar algumas cabeças? – Perguntou Scott aparecendo do meu lado. Olhei para ele e notei que estava bem bonito vestido como guerreiro grego.

- Você ficou legal. – Elogiei com um sorriso leve.

- Você também está bem com a armadura. Só para um pouco... – Ele parou para me observar melhor.

- O que? Forte demais? Violenta demais? Durona demais? – Esperava que fosse algo do tipo para por medo nos filhos de Ares.

- Desajeitada demais. Parece que a armadura está engolindo você viva. – Riu Scott, e eu desanimei revirando os olhos. Era para eu dar medo, mas estava na cara que isso não daria certo – Fica tranqüila. Eu protejo você.

- Ah, valeu. Mas... Acho que Ares está exagerando. Os filhos dele não devem ser tão ruins assim. – Eu me calei ao vê-los chegando. Um grupo de campistas gigantes chegaram empurrando todos do caminho de modo violento. Eles tinham o dobro da minha altura, e pareciam ser o tipo de pessoas que adora torturar gente indefesa.

Quando digo indefesa, quero dizer Alice Kelly. Eu e Scott éramos constantemente incomodados nas escolas por gente como aqueles caras, por isso sabíamos que só deveríamos ficar no cantinho e fingir não existir.

Mas isso não deu certo, já que eles vieram diretamente para mim.

- Olha! É a garota da guerra! – Exclamou um garoto extremamente forte guiando o grupo de onze garotos como ele – Alice Kelly está no nosso caminho. O que será que vamos fazer?

Um deles seguravam o elmo de algum outro campista. O objeto era de ferro, mas isso não o impediu de contorcê-lo como se fosse uma simples folha de papel. Meu queixo caiu sem que eu pudesse impedir, e Scott arregalou os olhos com medo.

- Ah, que isso, gracinha. Fica tranqüila. – Riu o garoto que tinha falado comigo. Ele me deu uma chave de braço e bagunçou meu cabelo com o punho fechado. Aquilo doeu, mas mesmo tentando me separar dele, não consegui. O garoto me soltou com força e riu com os outros – Papai nos deu ordens especiais quanto á você. Nada de destroçar. Só esmagar e quebrar alguns ossos.

- Que gentil da parte dele. – Murmurei passando a mão pela minha cabeça machucada. Eles riram de mim e um deles empurrou Scott para trás com força.

- Esqueça a vitória, perdedora. Lesados do seu Chalé só servem para fugir. Se eu fosse você se mandava antes que nós quebrássemos as suas pernas lindas sem querer. – Disse ele rindo. Ele pegou o elmo retorcido e entregou para mim – Toma o seu elmo. Ah, só para constar... O meu nome é Spencer.

- Ei! – Exclamou Scott ao ver o tinha sobrado do meu elmo – Isso é trapaça! Não podem sair por aí quebrando os equipamentos do outro time antes da caça começar!

- Scott, acho que eles podem sim... – Murmurei com medo.

- Ah, é? E se não pudermos mesmo? – Perguntou Spencer avançando contra Scott – Vai fazer o que?

- Ahm... Desejar boa sorte. – Sorriu o filho de Hefesto com tanto medo quanto eu. Spencer riu junto dos outros filhos de Ares, e deu um soco no braço de Scott. Eles foram embora, e eu soltei um suspiro aliviado.

- Eu estou morta. – Disse olhando-os de longe – Eles não são filhos de Ares. São animais selvagens.

- Animais selvagens prontos para arrancar nossos pescoços. – Disse Scott se recuperando do soco – Tem certeza que quer participar disso, Alice?

- Eu... – Estava começando a reconsiderar o caso, mas acabei ouvindo Quíron chamar a atenção de todos. Quase chorei ao imaginar que era tarde demais, mas resolvi me manter forte pelo menos por fora.

- Atenção campistas, vocês sabem as regras! – Anunciou ele – Aquele que matar ou ferir gravemente outro campista, terá que lavar a louça por uma semana. Peguem a bandeira inimiga e passem do limite dos territórios.

- Que lugar é esse que você mata alguém e só tem que lavar louça?! – Exclamei baixinho para Scott. Podia até ver a cena de todo o Chalé de Ares vestido com roupas de cozinha lavando pratos, e quase chorei de novo. Talvez fosse por aquele motivo que minha mãe nunca me contara sobre aquele lugar.

- Isso é bem legal. – Sorriu Scott – Desde que não seja eu á ser morto, é claro.

- E agora... Que a caça á bandeira... Comece! – Exclamou Quíron, o centauro.

Todos os campistas já estavam no meio daquela floresta estranha, inclusive eu. Só que enquanto cada um tinha seu foco, eu preferia ficar afastada e deixar que o Chalé de Atena tomasse as rédeas dos planos.

Lá estava eu, Alice Kelly, andando sem rumo pelo meio da floresta sem nem saber onde estava. Imaginava como voltaria para o Acampamento quando os jogos acabassem, mas imaginei que daria um jeito mais tarde.

Não esperava fazer nada de importante. Estava só tentando me manter longe dos filhos assassinos de Ares, quando vi na minha frente, logo perto das árvores, uma bandeira vermelha.

- Mentira... – Murmurei surpresa. Eu tinha achado a bandeira e sem esforço nenhum. Olhei para os lados tentando achar algum filho de Ares, mas não via ninguém. Ok... Seria fácil. Eu só tinha que correr, pegá-la, e dar o fora.

Foi isso que eu fiz. Pelo menos as duas primeiras coisas. Eu corri até lá, peguei a bandeira e estava pronta para dar meia volta e fugir, quando...

- Não é que nos encontramos? – Perguntou Spencer surgindo com outros dois campistas. Eu quase falei “Ok. Deixa isso para lá. Toma a sua bandeira, e tenha um bom dia”, mas me impedi no último momento. Eles sacaram suas espadas, e eu engoli em seco – Eu te disse que você devia largar a competição, gracinha. Agora você já era.

- Vamos ver no que isso dá. – Disse sacando minha espada também. Eu estava pronta para atacá-los em um impulso, quando senti a espada pesar. Seu peso aumentou tanto, que ela forçou minhas mãos para baixo e se cravou na terra – O que...?

Tentei tirá-la, enquanto os campistas de Ares riam de mim. Ela parecia ter 5 toneladas, de modo que não conseguia nem mesmo movê-la para o lado.

- Valeu, pai. – Riu Spencer olhando para o céu, e aí eu me toquei.

“- Essa eu pago para ver. Ah, e cuidado. Desagradar o Deus da guerra antes de uma batalha não é nada sábio. Você verá...” Podia ouvir a risada de Ares na minha mente.

- Desgraçado... – Resmunguei com raiva e desespero.

- Diga adeus, perdedora. – Spencer cortaria a minha cabeça fora com sua espada, se eu não tivesse me abaixado. Segurei a bandeira e a usei para proteger-me de um golpe dele, só que outro campistas me atingiu no estômago e eu voei para longe caindo com força contra do chão.

Sem forças para lutar contra aqueles animais, eu me virei e saí correndo para a primeira direção que vira. Tive vontade de vomitar estômago por causa daquele golpe, mas me concentrei e m só fugir. Só que... Tive a sorte de parar na frente de uma grande formação de rochas. Encurralada. Droga!

- E agora? Vai para onde? – Perguntou Spencer se preparando para outro golpe. Eu podia sentir que Ares observava aquela luta, e que ria de mim. Eu não podia permitir aquilo. Juntei toda a minha força e coragem, e o respondi.

- Eu vou chutar o seu traseiro. – Disse cravando a bandeira na terra. Fiz surgir meu arco e flechas, e os filhos de Ares riram de mim.

- Acha que consegue nos ganhar com isso? Não sabe nada de batalha. Isso é uma arma de longa distância, perdedora. – Zombou Spencer – Acho que você é só um rostinho bonito. Na hora de lutar, você é um zero á esquerda.

- E você não sabe nem mesmo o que é um zero a esquerda, idiota. – Rebati, o que o irritou. Eu rezei silenciosamente para Apolo, e lancei a flecha para algum lugar distante na floresta. Eu mal acreditei quando ela ricocheteou em alguma coisa invisível, e voou diretamente para Spencer. Ou melhor... Para a bunda de Spencer.

- Ah! – Berrou ele pulando de dor. Lancei mais várias flechas no nada, e elas acertaram os outros filhos de Ares. Eles saíram correndo com medo de serem acertados na testa, mas Spencer tentou se recompor – Eu vou esquartejar você, sua va..! Ah!

Scott fez o favor de chutar a bunda de Spencer bem no lugar onde eu tinha acertado a flecha. Ele caiu de cara no chão quase chorando de dor, mas ao mesmo tempo me xingando de todos os mais feios palavrões.

- Alice, corre! Leva a bandeira! – Exclamou ele. Eu assenti. Peguei-a no chão e dei no pé o mais rápido possível. Ao menos aquilo calaria a boca de Ares e dos filhos deles. Estava em algum lugar perto de um rio quando June me viu. Ela sorriu maldosamente, e levantou milhares de tentáculos de água.

Ela ia me atacar, quando vários filhos de Apolo surgiram de trás dos arbustos, liderados por Flávia. Eles atacaram June, que teve que se jogar no chão para não virar um queijo suíço. Eu corri um pouco mais, e vi outros filhos de Ares me seguindo furiosamente, mas para a minha sorte, Amanda fez alguma mágica que fazia com que eles tropeçassem nos próprios pés quando tentavam andar.

Quando eu finalmente passei pelo limite, ouvi as cornetas soando. O jogo fora ganho. Todos do time azul correram animados na minha direção e me carregaram nos ombros. Eu pude ver a bandeira vermelha ficar azul, com o desenho de duas asas aladas. Hermes.

- Você conseguiu! – Comemorou Amanda no Chalé de Hermes. Eu ri para ela e dei de ombros.

- Sorte de principiante. Mas não conte isso para Ares, ok? – Disse rindo. Ares tinha me visto antes, e tinha xingado milhares de nomes junto de seus filhos. Eu o assustei falando que apostara ele com Éris e tinha perdido, e podia jurar que o Deus da guerra ainda estava com medo de eu estar falando a verdade.

- Alice? – Chamou alguém aparecendo na porta. Apolo. Os poucos campistas que estavam ali olharam para mim – Posso entrar para te dar os parabéns?

- Pode. – Respondi um pouco sem jeito. O Deus da música riu e me deu um abraço forte. Apolo me beijou e eu não pude deixar de rir- Bem feito para o Ares. Quem mandou não acreditar em você?

- Foi um trabalho de equipe. Sua filha me salvou de June, Amanda me salvou dos filhos de Ares, e Scott me salvou de Spencer. – Comentei. Apolo sorriu para mim, e depois olhou para os campistas.

- Será que eu posso... Ter uma horinha sozinho com a minha musa? – Perguntou inocentemente. Revirei os olhos, mas os campistas disseram que sim. Antes de saírem, Connor e Travis Stoll pararam do meu lado e sussurraram no meu ouvido.

- Se você conseguir a cueca dele, nós podemos faturar uma boa grana com o chalé de Afrodite. – Comentaram. Eu ri.

- Ah, pode deixar. Eu vou me esforçar, ok? – Disse rindo. Eles saíram e Apolo sorriu para mim – No que você está pensando?

- Que eu sou um cara sortudo por poder ficar com você por uma noite romântica. – Respondeu ele sorrindo torto.

- Quem disse que eu concordo com a aposta de vocês? – Falei e pude ver Apolo fazer uma cara de cão sem dono. Eu ri – Nada de noite romântica do jeito que você está pensando, entendeu? Mas... Eu aceito ficar vendo as estrelas com você lá fora.

- Feito! – Exclamou ele, enquanto saiu correndo puxando minha mão. Eu ri de sua animação, e lhe dei um beijo na bochecha assim que paramos.