Cinderela chegou em casa pisando na ponta dos pés. Subiu as escadas com todo o cuidado possível, entrou no quarto, trancou a porta e passou a chave por debaixo da fechadura. A garota sentiu um vendo frio vindo da janela e correu para fechá-la. “Entreguei a jaqueta para Vick certo?” Pensou “Eu devo ter entregado!”. Ela se deitou e ficou repassando em sua mente as cenas da festa até finalmente adormecer.

De manhã cedo Verônica estava a acordando com tapas e empurrões. Cinderela se sentou na cama e empurrou aquela mulher louca para longe enquanto se recuperava ofegante.

-Que diabos é isso?! –Gritou Cinderela.
-Sua vagabundinha! Você saiu ontem a noite! Acha que não te escutei?! –Ela pegou um cinto de couro e começou a bater em Cinderela com toda a força possível, deixando marcas horríveis na pele da garota. Depois de menos de dois minutos, ela já estava cuspindo sangue.

A garota não conseguia se defender, havia sido pega de surpresa e quando notou o que estava acontecendo, já não tinha forças para reagir. Só pôde finalmente respirar quando a campainha começou a tocar insistentemente. Verônica parou e desceu as escadas para atender a porta. Cinderela já estava com suas roupas manchadas com seu próprio sangue, sua pele estava completamente marcada e com muitos pontos inchados.

Logo escutou a voz falsa e irritante de sua madrasta.

-Ai meu amor, eu estava morrendo de saudades! Porque voltou tão cedo?

-Cadê minha filha?! –Cinderela respirou aliviada, talvez não fosse parar na UTI, ou em algum hospício. Era a voz de seu pai.

-Ah... Ela está no quarto dormindo. Melhor não ir lá, pode acorda-la!

-O caramba! Escutei os berros do portão de casa! –O som maravilhoso dos passos do homem subindo as escadas ecoou pelos corredores, mas logo foi substituído por um estrondo forte. Cinderela tentou gritar, mas estava quase desmaiando e não tinha forças. Ao invés disso, escutou se pai soltar um grito de susto e ela tentou se arrastar para o celular, mas não chegou nem perto.

Logo escutou outra voz familiar.

-Que é que está acontecendo aqui?! –Era John. Cinderela então usou todas as suas forças para sair do quarto e saber o que estava acontecendo. John estava segurando a jaqueta que ela usara noite passada e olhava pasmo enquanto Verônica amarrava o Pai de Cinderela inconsciente no pé da mesa. Seu talvez-mais-que-amigo tirou o celular do bolso e saiu correndo da sala para o jardim. Verônica apenas escondeu o rosto nas mãos e começou a chorar.

Silêncio.

Cinderela não aguentava mais. Seus olhos se fecharam e ela desmaiou. Nem havia entendido muito do que estava acontecendo ali, mas sabia que agora estava completamente indefesa, já que desmaiara.

Quando finalmente acordou, estava em uma cama de hospital. Ao olhar para os lados, viu John dormindo na poltrona. A garota tentou se ajeitar, mas seu corpo estava muito debilitado e acabou soltando um gemido de dor, acordando o garoto.

-Desculpe. –Disse ela.

-Não, tudo bem. Como você está?

-Dolorida e muito confusa. Que foi que aconteceu?

-Verônica te deu uma puta surra com um cinto de couro, seu pai voltou de viagem mais cedo, escutou seus gritos e acabou sendo empurrado da escada e amarrado, mas está bem agora. Sua madrasta foi diagnosticada como doida e foi internada. Quase tudo já foi resolvido a não ser sua recuperação e... Nós. Cinderela sentiu seu rosto começar a ficar vermelho. –Não precisa resolver essa ultima coisa agora. Ah! Você esqueceu isso na festa. –Ele pegou a jaqueta. –Fui até sua casa pra devolvê-la, mas o clima estava “meio” tenso. –Cinderela riu, pegou a jaqueta e colocou no criado mudo. - John deu um beijo na testa da garota e se levantou. – Melhor descansar.

-John! – Cinderela chamou. – Vem cá! –Ele deu meia volta e sentou na cama novamente. A garota se aproximou e lhe deu um beijo breve e suave. –Agora sim já está quase tudo resolvido.

-Bem... Então eu sou seu príncipe encantado agora? –Perguntou sorrindo torto como sempre fazia.

-Não seja tão careta. –Ambos riram, então John beijou a testa dela, depois a bochecha então finalmente a boca, por um rápido momento. Então foi embora, deixando Cinderela sozinha, pensando sobre aquele tempinho em que seu pai passou fora e como as coisas estavam mudadas. Mudadas para melhor, muito melhor.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.