Segunda.

10:00

Em um belo dia chuvoso e frio, indo para a Saraiva procurando um livro para fazer meu trabalho da faculdade:

Cheguei olhei todos os livros, e vi o tal " cinquenta tons de cinza". Para pessoas iguais a mim, o livro não valia nada, mas para algumas meninas ele era a obra do século. E só fala de putaria. Se fosse para uma pessoa como eu ficar ouvindo putaria, ligaria para garotas de programa.

Além do meu outro problema; ai Jesus essa mania era como se fosse veneno pra mim. Toda mulher que eu me apaixonava terminava comigo.

Então fiz piadas sobre esse "cinquenta tons de cinza". Lembro até hoje que uma delas foi " depois que autora escreveu esse livro, ela teve câncer", e outra foi "tem gente que usa o papel para limpar a merda de tão ruim que é.".

Mas nessas piadas muito engraçadas, cerca de dezenas de meninas lindas, mas estranhas começaram a olhar para mim. Só essa moça alta que não tava nem aí para o que tava dizendo. Eu tive que incomodar ela.

– Em um mês escrevo um livro melhor que essa porcaria, escrevo ainda de guerra e com os olhos fechados.

Era só para chamar atenção, e funcionou. Ela olhou na minha direção, com cara de deboche.

– Ok. Você vai escrever o livro em um mês, e espero que seja bom.

Eu não esperava por isso.

– Eu falei brincando! Nem sei o que eu jantei ontem e você quer que eu escreva?!

– Ué, se é o livro é tão ruim assim não deveria ser difícil; mas se for, você pode desistir.

– Você pensa que eu vou retirar? Olha esse livro que merda que é.

Ela riu em deboche.

– Garoto, qual seu nome?

– Ricardo.

– O meu é Bruna.

– Prazer Bruna.

– A partir de hoje você vai escrever o livro.

– Ok, eu vou escrever.

Eu concordei mais pra pra desafiá-la do que qualquer coisa. Não é como se eu fosse mesmo fazer um livro.

– Vou ficar de olho para ver se você está escrevendo o livro.

– Ahn? - AHN?

– Por que essa cara?

– Mas eu...

– Você disse que faria.

– Ahh, mas eu sou uma pessoa ocupada...

– Bla, bla, bla. Esse é meu e-mail. Você vai começar a me enviar seus textos a partir da semana que vem. - disse ela entregando um pedaço de papel - É bom o seu livro não ser uma merda. - completou ela saindo da livraria.

Acho que fiquei uns vinte minutos olhando para aquele pedaço de papel, sem entender direito como tinha feito pra me colocar nessa situação.