Minha Perdição

Um final terrível


No dia seguinte acordei com uma pequena dor de cabeça, por uma estranha razão eu havia me esquecido do que eu e o Naruto conversamos na noite anterior, mas depois de alguns segundos eu lembrei.

Que estranho...

Eu ainda não confio 100% nele, mas eu não tenho outra opção, afinal, eu quero sair daqui...

Virei-me para o outro lado da cama e tomei um susto ao vislumbrar os olhos azuis e o sorriso matreiro.

— Então a pequena está com medo de perder tudo por confiar em um vampiro... — A mulher que estava sentada na cama constatou. — Tenho que admitir que já estava à espera disso, afinal, não é fácil confiar nesses vampiros miseráveis. — Mudou a sua expressão para raiva, mas logo em seguida voltou a sorrir. — Bem, vamos voltar ao trabalho!

— Quem é a senhora? — Ela me parecia familiar.

— Esse não é o ponto! — Levantou da cama. — Você só tem duas opções, ou você confia no Naruto ou você tenta fugir sozinha... — Como ela sabe que eu e o Naruto... — Mas saiba que uma das duas opções te trará a felicidade, e a outra, te trará a morte! — Morte... — Confia no que você quiser, no teu coração, na tua mente ou nas pessoas ao seu redor, no fim qualquer um pode acertar, mas... —Ela fechou os olhos e coçou a nuca. — ... Independentemente das suas escolhas, todos vão errar! — Ela abriu os olhos e eu vi que agora estavam vermelhos.

Mas... O que ela quis dizer com isso?...

— Eu já fiz o que tinha que fazer... — Mordeu o lábio inferior com tanta força que eu pude ver o sangue a escorrer pelo canto direito dos seus lábios. — Odeio pagar pelos meus erros... — Disse bebendo o próprio sangue, em seguida levou as mãos a cintura e levou a cabeça para a direita. — Até a próxima pequena! — Deu meia volta, mas eu a impedi.

— Espera! — Ela olhou para mim e levou a mão ao pescoço.

— Tem calma, se quiseres também terás uma marca como essa, no começo é doloroso, mas é... Prazeroso! — Pude ver os seus olhos brilharem de animação.

Tudo o que eu fiz foi engolir seco, aquilo era demasiado estranho...

— Como...

— Para quê perguntar algo que não vais lembrar? — Como ela adivinha os meus pensamentos? Eu iria perguntar como ela se chama. — Aff... Há coisas que não mudam mesmo... A tua curiosidade continua a falar alto... — Ela voltou a virar-se e pouco a pouco o seu corpo foi se desfazendo em fumaça. — Eu sou a princesa dos pecados capitais... — Princesa? — Kushina... — Não terminou de falar pois finalmente ela já não estava à minha frente…

***

2 meses depois...

— Eu sinceramente não entendo... — O garoto abaixou para olhar para o bolo através do vidro do forno. — Porquê que vocês humanos gostam dessas coisas?

— Sasuke-Kun, você nunca provou um bolo? — Isso explica a curiosidade dele quando eu perguntei se alguém queria ajudar-me a fazer um bolo.

— Não, eu sou um vampiro, não preciso comer essas coisas.

— Mas os outros comem os doces que eu faço...

— Isso é porque eles não querem dizer o quão horríveis são.

— Sasuke-Kun!

— Eu vou provar que estou certo!

Ele é mesmo muito infantil...

Dois meses... Daqui a alguns dias será a cerimônia, e hoje, se tudo der certo eu saio dessa mansão...

O Naruto-Kun tinha razão, não é assim tão difícil conviver com eles, bastava tentar, e embora eu não queria admitir eu vou ter saudades deles... Principalmente dele...

Ouvi o temporizador, isso significa que o bolo já está pronto...

Tirei o bolo do forno e o pousei no balcão, esperei mais um pouco até esfriar e desenformei.

— É isso que é especial para vocês? — Perguntou desconfiado.

— Sim, mas... Sasuke... — Falei triste após ele cortar um pouco de bolo com as mãos e levá-lo à boca.

— Hum... É bom, mas não assim tanto... — Direcionou o seu olhar para mim. — O teu sangue é bem melhor!

Automaticamente cobri os meus ombros, numa tentativa falha de os esconder.

— Não gosto que tenhas medo das minhas mordidas, isso não é adequado para a minha futura esposa. — Eles ainda acreditam que eu vou mesmo casar com um deles...

— E se eu não me casar contigo?

— Com quem mais você casaria? — Ele aproximou-se de mim. — Hinata, eu sempre quis ser o rei dos vampiros, e quando eu te conheci, soube que esse dia estava perto, você vai ajudar-me a realizar esse sonho... — Ele aproximou-se ainda mais para morder o meu ombro, mas assim que as suas presas entraram em contato com a minha pele eu afastei-me, talvez tenha arranhado um pouco...

— E-Eu não me sinto muito bem... Preciso apanhar um pouco de ar... — Inventei uma desculpa para sair daí.

Eles estavam ficando cada vez mais obsessivos com o meu sangue...

***

— O que foi Hina?

— T-Toneri-Kun... — Eu ia na direção do jardim, mas choquei com ele no caminho.

Normalmente eles sentem a minha presença, ao menos que estejam distraídos.

— Hum... Deixa-me ver, o Sasuke odiou o que você preparou. — Abanei a cabeça em negação.

— Não é isso, ele gostou do bolo, mas quis morder-me...

— Sem a tua autorização? — Há três semanas eu ganhei o direito de escolher se queria ou não ser mordida. E tudo graças ao Naruto, ele não aceitava a forma como os seus irmãos me tratavam, como se eu fosse um saco de sangue, isso me fazia muito mal...

Claro que eu não posso negar sempre, mas eu faço de tudo para que o plano funcione...

— Não vamos falar sobre isso... Eu vou ao jardim, se precisares de mim, estarei lá. — Avisei antes de ir.

Eu ainda sentia o seu olhar sobre mim...

Às vezes penso que eles estão loucos...

***

Eu caminhava tranquilamente pelo extenso jardim, ele possuía imensas flores, o Naruto disse que esse era o passatempo favorito da sua mãe, e quando ela está de viagem, -como durante esses meses- todos eles cuidam das flores, acho que todos eles gostam da mãe do Naruto.

Eu queria conhecê-la apenas por curiosidade, mas isso nunca vai acontecer.

Andei mais um pouco para sentar no banco que tinha ali, e quando cheguei perto não pude evitar o sorriso que nasceu em meus lábios quando o vi deitado no banco, dormindo tranquilamente.

Era fofo ver as borboletas voando perto dele e as suas orelhas mexendo com os pequenos toques.

Aproximei-me dele e agachei para admirar o seu rosto, ele parece um anjo...

O que eu estou a pensar? Eu nunca vi um anjo... Além disso, ele é um semi demônio...

Continuei o observando dormir durante mais alguns minutos antes de levantar e dar meia volta para sair de perto dele.

— Hinata...

— Hum... — Virei para encará-lo, mas ele foi mais rápido.

Agora eu estava deitada no banco com ele por cima de mim sem saber ao certo como isso aconteceu.

— Bom dia minha Hime! — Falou com uma animação na voz e um pequeno sorriso.

— São quase seis da tarde. — Rebati.

— Continua sendo um bom dia. — Sorriu aberto dessa vez, o que me fez corar e sorrir de igual modo. — Eu gosto de te ver fel... — Interrompeu sua fala ao olhar para o meu ombro arranhado, o seu sorriso morreu no mesmo instante. — Porquê que Sasuke fez isso?

— N-Não o Sasuke-Kun não fez por mal... — Ele continuou esperando uma explicação válida. — Naruto-Kun... — Peguei o seu rosto delicadamente e ele fechou os olhos, como se quisesse guardar aquela sensação na sua mente. — O Sasuke-Kun não fez nada... — Ele encostou a sua testa na minha e abriu os olhos novamente.

Esses olhos...

Respirei fundo para tentar conter as batidas frenéticas do meu coração.

Eu sei mais ou menos o que isso significa, mas eu não quero sentir isso... É...

... Perigoso demais sentir isso...

— Nos encontramos na biblioteca daqui a vinte minutos, está bem minha Hime? — Abanei a cabeça para concordar.

Foi a única coisa que eu consegui fazer além de corar ainda mais.

Era normal acontecer isso, mas com ele era diferente…

***

— Gaara-Kun... — Encontrei-o sentado em uma das poltronas da pequena biblioteca. — Desculpa incomodar...

— Não tem problema, eu já estava de saída.

— Não precisas sair...

— Eu já terminei Hinata, além disso, tenho que preparar as coisas para logo. — Logo eles chegariam...

... Minato e Kushina Namikaze...

O rei dos vampiros e a Princesa dos pecados.

Por uma estranha razão eu sentia que o título de princesa dos pecados não me era estranho...

— Está bem... — Ele me deixou sozinha na biblioteca e logo em seguida o Naruto apareceu.

— O Gaara estava aqui? — Perguntou sem muito interesse.

— Sim, ele disse que iria preparar as coisas para logo.

— Por falar nisso, eu tenho que fazer a mesma coisa... Depois faço isso... — Ele não demonstra tanto entusiasmo em voltar a ver os pais... — Então vai ser como combinamos não é mesmo?

— Sim... — Respondi triste.

— O que foi Hime? — Ele ergueu o meu rosto delicadamente. — O que te inquieta?

— Nada... — Corei.

— Hinata, não mintas para mim por favor...

— Nada de mais Naruto-Kun, eu só... Eu só não sei o que se passa comigo, sempre que nós conversamos eu acabo esquecendo da conversa... — E eu não quero esquecer nada relacionado a ele...

— Isso é normal... — Normal? Nunca tive problemas do tipo... — Isso acontece porque eu sou um semi demônio.

— Como assim?

— Acontece que os demônios tem algo que chamamos de “Presença inexistente”, os demônios precisam disso para influenciar. — Eu não entendia nada. — Eu explico melhor, todo ser humano possui um anjo protetor e um demônio manipulador. — Apenas pelos nomes já dava para perceber o que cada um fazia. — Os dois vão estar lá quando o seu humano tiver uma dúvida que pode mudar o seu destino, geralmente o mais poderoso aparece, no caso da minha mãe, ela tem mais presença por ser a Princesa dos pecados.... — Princesa dos pecados... Onde eu ouvi isso? — Mas esse não é o ponto, a presença inexistente existe para que os humanos esqueçam da conversa que tiveram conosco, assim evitamos conflito com eles, mas...

— Mas? — Encorajei a continuar.

— Eles não esquecem da escolha feita... — Agora eu percebi. — É por isso que você esquece das nossas conversas. Por eu ser um semi demônio às vezes você esquece da minha existência...

— Naruto-Kun, eu nunca me esquecerei de você...

— Seria melhor se tu me esquecesses Hime... — Esse olhar triste... — Agora eu tenho que ir, quando for a hora certa eu aviso. — Ele beijou a minha testa e saiu.

***

— Hinata, Hinata!... — Ele me abanava com cuidado.

— N-Naruto...

— O que aconteceu?

O que aconteceu?...

“— Eu avisei-te!

— Você procurou isso...”

“— A tua morte será necessária para o fim dessa hierarquia...

— Fazemos isso pelo bem da nossa família...”

— Hinata, quem fez isso contigo? — Perguntou preocupado.

— Naruto-Kun eu... — Os meus olhos encheram de lágrimas e em pouco tempo eu já chorava compulsivamente, o meu peito subia e descia rapidamente.

Eu estava a entrar em pânico.

— Fica calma Hime... — Ele me abraçou e acariciou os meus cabelos na intenção de me acalmar. — Eu estou aqui...

Ficamos assim durante algum tempo até que eu me acalmei.

— Já estás melhor?

— Uhum... — Ele afastou-se ligeiramente para me encarar.

Eu não queria que ele se afastasse de mim...

— Então já podes dizer o que aconteceu?

— E-Eu não p-posso...

— Hina, tu não confias em mim?

— Eu... Eu confio...

— Então conta-me o que aconteceu.

— A-A Ino e-e a-a Karin...

— O quê? — Ele parecia incrédulo. — Porquê que elas fizeram isso contigo?

— Naruto... Eu não posso... — Ele levantou pronto para ir atrás delas, mas eu não deixei. — N-Não f-faça isso...

— Se tu não queres dizer o que aconteceu, então elas vão dizer! — Ele estava decepcionado. — Olha o que elas fizeram contigo! — Os meus braços estavam roxos por conta da brutalidade com que elas me obrigavam a encará-las.

— Naruto-Kun p-por favor... Elas só estão a proteger-vos... — Ele não entendia até onde eu queria chegar, mas é claro que ele não entendia...

— Hinata... Confia em mim, diz o que aconteceu...

— E-Elas disseram que iriam acabar com essa hierarquia... A Ino disse que eu vou enlouquecer-vos... Que vocês me vêem como um troféu e que quando me perdessem enlouqueceriam... E a vossa loucura faria com que me matassem... — Eu estava novamente com os olhos marejados. — E-E v-vocês seriam castigados e indignos de serem reis... E-Eu apenas tinha que morrer nas mãos d-de um de vocês... — Os seus olhos ganharam a cor vermelha, ele estava com raiva... — Não... — Levantei e o abracei. — Tem calma... — O seu corpo parecia tremer de raiva. — Naruto-Kun não faças isso conosco... — Desde que nos tornamos amigos que ele não se deixa levar pelo seu lado demoníaco...

O abraço durou mais alguns minutos, ele já não tremia, a sua respiração já não estava acelerada, mas o seu coração sim, era estranho demais, mas eu gostava...

— Hinata... — Chamou a minha atenção, e quando eu o encarei ele tomou os meus lábios em um beijo carinhoso.

Eu não estava à espera disso, porquê tão de repente? Isso significa que ele sente o mesmo que eu?

Corei violentamente com o gesto.

Era tão estranho e tão bom...

Ele afastou-se de mim, eu não queria que ele se afastasse...

— Foge! É agora ou nunca!... Eu imploro...

— Mas eu...

— Não digas nada, apenas volta para casa sem olhar para trás... E sê feliz...

Sê feliz...

Eu posso ser feliz como antes depois de o ter conhecido?

Não... Vai sempre faltar algo...

— Sai pela passagem secreta. Vai agora Hime...

Eu afastei-me dele e fui em direção a passagem que há dias ele tinha me indicado sem desviar os olhos dele. Ele não olhou para mim uma única vez e isso foi como um golpe certeiro no meu coração.

Por que eu não disse nada?...

— Esquece Hinata... Foi melhor assim... — Senti um toque gelado no meu antebraço. Eu tinha a certeza que não era o Naruto-Kun, o seu toque era menos gelado... — S-Sasuke-Kun...

Ele me prendeu contra a parede.

— Então é assim que as coisas funcionam? Eu confiei em você e em troca você e o Naruto me traíram!

— Estás a magoar-me...

— Não Hinatinha, quem me magoou foste tu... — Eu não entendia se ele estava triste ou chateado... — Eu vou garantir que tu e o Naruto paguem bem caro pela vossa traição!

Ele cravou as suas presas no meu pescoço e começou a sugar o meu sangue como se precisasse dele para sobreviver.

— P-Para... Sasuke... I-Isso dói... — Eu não me sentia bem.

— Não estás a ouvi-la Sasuke? Solta ela! — Gaara-Kun... — Sasuke! — Ele o afastou de mim e eu caí de joelhos no chão. — Estás louco?! Por acaso queres matá-la?! — Repreendeu.

— A morte não é o suficiente para essa traidora!

— Sasuke...

— Ela e o Naruto estão a tentar ir contra as nossas tradições...

— N-Não... Sasuke... — Ele apertou o meu braço e me obrigou a levantar.

— E daí? — Ele não está nem um pouco surpreso.

— Como assim, Gaara? Não percebes a gravidade disso?

— Sim eu percebo, mas o que o Naruto e a Hinata decidem juntos não é problema nosso!

— Claro que é!

— Não Sasuke, não é!

— Ela é a nossa escolhida!

— Não... Ela não é nossa escolhida... Ela é a futura noiva do Naruto!

Tanto eu quanto o Sasuke arregalamos os olhos.

Eu e o Naruto-Kun?... Mas como?

— Isso é impossível!

— Não é impossível, eu ouvi a Karin e a Ino a conversarem sobre isso a muito tempo... O menos ambicioso, o mais justo e o compreensível será o rei, e acho que eu não preciso explicar mais do que isso não é?

— Não! Ele não é um vampiro digno! Ele não herdou todas as capacidades! Ele nem sequer bebe o sangue dela! — Ele tentava a todo custo se convencer disso, mas não conseguia.

— Mas ele ainda é o mais justo... — Karin... — Sabes como o nosso pai foi escolhido Sasuke?

— Ele foi escolhido por não se deixar levar pela profecia... Tal como o Naruto... Eu também deixei-me levar, mas, quanto mais eu pensava mais eu me convencia.

— Hinata, deixar-te com medo e magoar-te foi necessário, agora o Naruto deve estar furioso comigo e com a Ino, mas nós precisávamos pô-lo à prova...

— Do quê que estás a falar Karin? Que prova?

— Sasuke... Foi o papá que pediu, ele confiou em mim e na Ino para por o Naruto a prova, ele precisava provar que o Naruto é digno de ser o próximo rei...

— E você escolheu ajudar o Naruto a ser rei? Karin, eu sou o teu irmão mais velho! — Ele soltou-me e foi na direção da Karin.

— Eu não escolhi Sasuke, a profecia escolheu, eu apenas provei que ela estava certa, além disso, o Naruto também é meu irmão...

— Traidora! — Ele a empurrou com força, mas ela não caiu porque o Gaara impediu.

— O que estás a fazer?

— A reivindicar o meu lugar! — Ele veio na minha direção e eu dei dois passos para trás, mas os meus olhos arregalaram e eu levei a mão a boca quando o Gaara tentou impedir o Sasuke e acabou sendo ferido pelo mesmo.

— Gaara! — A Karin estava em choque.

— S-Sai daqui Hinata... — A ruiva ficou de joelhos ao lado dele.

— Ela não pode sair daqui.

— Toneri... — Ele rodeou a minha cintura com o braço esquerdo, e com o braço direito rodeou o meu pescoço.

— Eu juro que tentei... Mas eu não consegui evitar... — Ele parece lamentar. — A nossa mãe contou-me sobre o que aconteceu com ela e com o nosso pai no passado, tenho isso em mente desde criança e mesmo assim caí nessa maldição... E tudo por culpa do teu sangue... Eu estou viciado nele Hinatinha...

— Toneri não te atrevas a tocar nela!

— Que diferença faz? Depois do anúncio final não poderei aproveitar mesmo... O que é uma pena, porque eu realmente gosto de ti Hinata...

— Toneri... P-Por favor, não faças uma l-loucura... — Implorei enquanto sentia ele apertar o meu pescoço cada vez mais...

— Você ainda não percebeu? Tal como o Sasuke, eu já estou louco...

— Quem você está chamando de louco?! — Ele ia avançar contra nós, mas a Ino o impediu segurando no seu braço.

— Sasuke, para com isso, esse jogo acabou! — Ele apertou o antebraço dela.

— Eu não recebo ordens de um demônio! — Esse olhar cheio de ódio...

— Ou você me solta ou eu não respondo por mim! — Os olhos da loira ficaram vermelhos. É estranho vê-la se transformar...

— O que é isso, Ino? Vais mesmo atacar o Sasuke apenas por ele estar louco por ela? E a seguir? Também vais atacar-me? — Perguntou cínico.

— Se for preciso... — Falou sem tirar os olhos do moreno.

— Para Toneri... — Karin pediu enquanto contia o sangramento do Gaara. — Se continuares assim vais matá-la...

— É a única solução minha irmã, se ela continuar viva isso não vai acabar, nem mesmo que o Naruto se tornar rei...

— Quantas vezes eu terei que dizer que não quero me tornar rei?

— N-Naruto-Kun... — Ele apareceu de repente. — Argh!... — O Toneri apertou ainda mais o meu pescoço.

— É uma pena que quem decide isso não és tu...

— Olha onde chegamos apenas por essa ambição... — Ele olhou para cada um dos irmãos. — Karin, Ino, eu não sei que plano é esse, mas eu acerto as contas com vocês depois... — Era fácil perceber que ele tentava conter a sua ira.

— Por que não começas por acertar as contas comigo? “Meu irmão”. — Ele soltou a Ino para ir até ao Naruto, mas a Ino não o largava. — Você não percebe que isso não é uma brincadeira? — Perguntou cínico. — Você estava a ajudar a Hinata a fugir daqui!

— Você tem noção do que vai acontecer por teres tentado ajudar a Hinata a fugir?

O loiro cerrou os punhos, mas o que ele disse a seguir me surpreendeu.

— Eu sei muito bem o que vai acontecer Toneri... Mas... Eu não me arrependo do que fiz, a única coisa da qual me arrependo é de não ter dado certo!

— Por que você fez isso? — O moreno perguntou.

— Porque eu não aguentava vê-la infeliz, mas, além disso, eu não queria que nenhum de vocês fosse igualmente infeliz...

— Tsc, você acha mesmo que eu acredito nisso? — Sasuke-Kun... — Tudo o que você fez foi para provar para essas idiotas que podes ser o rei dos vampiros!

— Ser o rei dos vampiros... Como é que isso me transformará em rei dos vampiros?! — Alterou-se. — Você é assim tão cego e egoísta?

— Naruto... — A ruiva segurou a sua mão, mas ele soltou-se com brutalidade.

— Não me toques! — Falou com a voz carregada de raiva. — Você acha que depois do que fizeste eu vou perdoar-te? — A ruiva mordeu o lábio inferior e o loiro voltou a encarar o moreno. — Você sabe o quanto a vossa mãe e o nosso pai sofreram por terem que estar com alguém que não amavam apenas por culpa dessa maldita profecia?!

— Naruto... — Dessa vez foi o Gaara quem tentou o acalmar.

— Agora vocês querem ser escolhidos, mas e depois?! O que vocês farão depois?! A Hinata nunca será feliz com nenhum de nós, e mesmo que eu a ame, ela também não será feliz comigo... — E-Ele me ama?... — ... Por que eu não posso obrigá-la a casar comigo!

— Casar contigo? Naruto, você acha mesmo que depois de tudo ainda serás rei?

Eles estão a dizer essas coisas apenas para o irritar...

— Toneri... — Suspirou pesado. — Deixem a Hinata sair de uma vez! — Ele estava a perder o controle...

— O que você vai fazer para que eu a solte? Vais esperar os nossos pais para que eles te ajudem? Ou vais depender da Karin e da Ino? — Ele não obteve resposta.

— A Ino tem razão... — Os seus olhos ficaram vermelhos. — Está na hora dessa hierarquia acabar de uma vez! — Não, não, não... Ele vai mesmo atacar o Sasuke e o Toneri?

— Eu é que vou acabar contigo! — Ele soltou-me.

— Parem! — A loira gritou desesperada.

— Sai daqui Hinata!

— Gaara-Kun...

— Sai! — A ruiva gritou enquanto levantava e se posicionava para atacar o Toneri.

— Não te atrevas! — O Sasuke ameaçou.

— Já chega! — Todos olharam para a ruiva. — O Naruto tem razão, vocês se tornaram egoístas demais... Vocês já não são os mesmos de antes... E tudo por causa dessa profecia... — Ela estava mesmo a chorar? — Eu vou fazer-vos voltar ao normal nem que seja a última coisa que eu faça!

Karin... Sasuke... Toneri...

Eles... Eles estão descontrolados...

— Droga! Sai daqui sua idiota!

Dei dois passos receosos para trás antes de ir em direção a saída.

***

E foi assim que eu vim parar aqui.

Não sei o que aconteceu com os outros, não sei se o Naruto-Kun está bem e também não sei como o Sasuke conseguiu vir atrás de mim.

Mas uma coisa é certa.

Esse é o meu final terrível...

Aquele que eu queria evitar...

Aquele que eu pensava que não chegaria...

Ao menos tive 18 anos de felicidade...

Mas...

Eu não queria que terminasse assim…

***

— ... P-Por favor... Acorda Hinata... V-Você não pode morrer...

Isso... Não são gotas de água...

São lágrimas?

Sim...

Mas de quem são?

— Acorda meu amor... — Meu amor...

“— Como você se sentiria se eu te chamasse de meu amor?”

Como é que eu me esqueci dessa conversa?

Foi a um ano...

Eu já o conhecia a tanto tempo...

Mas eu me esqueci dele...

Quem diria que eu me apaixonaria pela mesma pessoa duas vezes...

Quem diria que eu iria me apaixonar por um semi demônio...

— Eu faço o que você quiser, mas não morras... — Sussurrou, mas por estar próximo de mim eu ouvi.

— Então... — Abri os meus olhos devagar. A minha visão estava distorcida, talvez pela falta de sangue, mas eu pude ver os olhos azuis. — ...Você vai fazer o que eu quero Naruto-Kun?... — Ele arregalou os olhos ao perceber que eu estava acordada.

— Hinata! — Ele me abraçou com tanta força, parecia que estava com medo de me perder.

— Naruto-Kun... Isso dói... — Ele se afastou um pouco.

— Me perdoe Hime... — Ele sorriu abertamente.

— Uhum... Naruto-Kun... A minha visão está distorcida...

— É normal... Você perdeu muito sangue... Mas você vai ficar bem, eu vou cuidar de você.

— Então você vai ficar comigo?...

— Só até você recuperar...

— Não... Fica comigo... Para sempre...

— Vamos até à cidade, só um médico humano pode cuidar de você. — Ignorou totalmente o meu pedido.

— Hum... — Eu sentia os meus olhos pesarem outra vez.

— Hinata, não adormeças... Hinata! — Não consegui responder. — Droga!

Porquê que de repente tudo parece diferente?

Abri os olhos novamente e vi que estávamos a voar.

Ele tinha me dito que um dia me faria voar, eu só não sabia que ele estava a falar sério, além disso... As suas asas de demônio são lindas.

— Naruto... Você disse... Que se eu não morresse faria o que eu quisesse... — Ele não olhou para mim porque não queria desviar os olhos do caminho, mas prestava atenção, e isso já era suficiente para mim.

— Se você sobreviver eu faço o que você quiser, é uma promessa! — E ele sempre cumpre as suas promessas...

Sorri só de pensar na possibilidade.

— Então c-casa comigo... — Ele parou de voar, agora estávamos a planar, até ele pousar no chão.

Estávamos na frente do hospital onde a Sakura-San trabalhava.

— Então espero que estejas pronta. — Falou sério. — Porque a partir de agora eu não vou ficar longe de você nem por um segundo... — Voltou a olhar para mim com ternura e sorriu. — Estás pronta minha Hime?...

Fim…

***

— Onde está você sua peste?! — A ruiva gritou com raiva.

— Ai ai ai! Por que a senhora tem que gritar tanto? — O moreno perguntou com as mãos nos ouvidos.

— Talvez porque eu não controlo a minha ira. — A mulher sorriu orgulhosa de si. — Vem cá seu moleque! — Ela puxou as bochechas do garoto. — Hoje é aniversário do meu segundo filho!

— O Naruto?

— Não seu idiota! Refiro-me ao Sasuke!

— Ah é... Esqueci-me que eles te vêem como uma mãe...

— E porque não veriam? Eu prometi para a Saori que assim seria, além disso, eu gosto deles como se fossem meus filhos. — Ela coçou a nuca e sorriu.

— A senhora pode ser a Princesa dos pecados, mas é uma boa mãe.

— Não digas bobagens... — Escondeu o rosto corada. — Enfim, eu não te chamei aqui para conversar sobre os meus filhos.

— Então qual é a missão dessa vez? — Perguntou animado.

— Acontece que ao meu lado eu já tenho a representação da ira, da luxúria e da ganância, mas eu preciso de ajuda para recrutar os outros pecados. — O moreno sorriu travesso. — Então? Você aceita me ajudar? Ou vais deixar-me sozinha nessa? — O moreno fez uma reverência diante de sua senhora.

— Claro que eu vou ajudá-la, minha senhora.

— É bom saber que posso contar contigo, Konohamaru...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.