Minha Kate

Meu bem meu mal


Como você teve a coragem, Logan?

Marina chorava e gritava com Logan após ele ter revelado que passou a noite na companhia de sua filha que acabava de conhecer.

_ Foi tudo muito depressa! O que quer que eu faça? Ela é minha filha e eu tenho que assumi-la, Marina!

_ Eu só acreditarei nisso vendo o exame. Como sabe que não se trata de uma golpista?

Logan conhecia Marina muito bem, e sabia que ela pediria para ver o exame, por isso mandou que fizessem para ele um exame falso.

_ Claro. Está aqui, veja você mesma. – entregou o papel a ela - Fui eu que pedi o exame e não ela . Kate não é uma golpista ou coisa assim. Ela é uma menina de dezesseis anos, pura e inocente.

_ Inocente? Ora, vamos Logan! Ninguém é inocente nos dias de hoje!

Kate era, e qualquer coisa que Logan dissesse seria crível para ela.

Depois de avisar como que ordenando que Kate moraria com eles, Logan voltou para o escritório. Ainda tinha a tarefa de contar a Kate sobre sua mãe.

Quando ele chegou, Kate o recepcionou com um abraço e beijou seu rosto com ternura, atitude que o deixava incomodado, embora gostasse.

Antes que saíssem, ele pediu que ela esperasse para lhe contar sobre sua mãe.

_ Você procurou por ela, papai? – disse animada.

_ Sim Kate, mas não tenho boas notícias. Roby falou sobre a sua tia, e quando eu soube do resultado, queria que ela soubesse também e fui até lá. - o modo como ele a encarou já lhe dizia o que aconteceu e ela começou a tremer. Ele segurou suas mãos com firmeza – Sua mãe faleceu há três anos por causa de um câncer de pulmão.

Kate correu para o banheiro. Lá chorou um pouco. Sentia pena de sua mãe, mas também raiva por ela não ter contado o que houve.

Depois de alguns minutos ela voltou e pediu desculpas a Logan.

_ Tudo bem, eu compreendo.

Ela suspirou.

_ Ela teve três anos para me contar por que desapareceu. Por quê não voltou e disse que estava doente?

Logan queria fazer com que ela perdoasse Laisa, para se sentir melhor.

_ Ela já estava doente quando parou de ver você. Sua doença a levou a uma internação de três anos, Kate. Ela não queria que você soubesse, ou que visse o que a doença fez com ela. Estava desenganada, e queria morrer em paz.

Depois de chorar mais um pouco Kate levantou a cabeça e procurou ser forte e parar de sofrer.

_ Que Deus a tenha em bom lugar. Eu a julguei mal por todos esses anos por que não sabia disso.

_ Certamente tem o perdão dela, e também deve perdoá-la pelo silêncio.

_ Tem razão. Eu perdi minha mãe, mas tenho você, meu amado pai!

Kate não se cansava de abraça-lo e enaltecer sua existência. Era um problema para Logan se ela fizesse aquilo diante de Marina, por que despertaria seu ciúme.

Por isso, enquanto eles iam para casa, Logan explicou a Kate que sua esposa era um pouco temperamental.

_ Ela está tentando aceitar essa situação tanto quanto eu e você. Não reagimos da mesma forma. E no caso dela a reação não foi muito favorável.

_ Quer dizer que ela não gostou de saber?

_ Bem, ela não gostou mesmo. Afinal você é filha de uma namorada minha, mesmo que seja do passado. A questão agora é sua adaptação em minha casa. Eu quero que você seja compreensiva se ela não recebê-la com empatia.

_ Para mim o que importa é você. Eu gostei de Roby, mas você é o único que me interessa.

Logan só sorriu para ela. Notava que somente com o tempo eles saberiam até que ponto daria certo a convivência entre Kate e Marina.

Ao chegar com Kate, Logan a conduziu, enquanto ela olhava por todos os lados, admirada com a beleza e o tamanho da casa.

Logo na entrada, na sala de estar, encontraram-se com Marina.

_ Marina, esta é minha filha Kate.

Marina já não aceitava toda aquela situação. Ao ver Kate, ficou impressionada, quase não quis dizer nada, mas a cumprimentou sem pegar em sua mão e sem sorrir também.

_ Oi, Kate.

_ Oi. – ela percebeu o que Logan quis dizer com “não ser recebida com empatia”.

Mas Kate não se importou, continuou olhando ao seu redor.

_ Marina, eu vou levar as coisas dela para o quarto de hóspedes.

Marina saiu sem nada dizer.

Ele pediu que Kate o acompanhasse.

No quarto a menina ficou atônita com o tamanho da cama e das coisas que tinham lá, até do próprio quarto.

_ Esse quarto vai ser meu?

_ Sim, se você gostou será seu.

_ Obrigada, papai!

Outra vez ela o abraçou, mas desta vez ele correspondeu e a apertou contra seu corpo.

_ Não é nada, querida! De agora em diante será sempre assim. Se você gostar, é seu!

Logan se afastou rapidamente dela e se virou. Disse que ia procurar umas roupas de cama para ela usar.

Quando saiu do quarto precisou respirar fundo. Sentiu-se o homem mais calhorda do mundo.

Ao se recompor foi até o quarto de Marina, e ela estava como ele imaginava.

_ Então, sua filha é uma quase mulher, não é? Por que não me contou?

_ Como assim, Marina? Eu disse a você que ela tem dezesseis anos. O que você pensou? Que ela ainda usasse fraldas?

_ Não tem graça, Logan! Olha, eu pensei nisso a tarde toda. Eu não posso mudar o fato de você querer assumir essa menina. Mas definitivamente ela e eu não daremos certo no mesmo teto...

_ Marina, você bem que pode fazer um esforço...

_ Não, eu não terminei. Essa garota, e agora estou certa disso, deve se parecer muito com a mãe, sua namoradinha do passado. A questão é que é praticamente ela quem está aqui. E é muito para mim, Logan!

_ Mas o que acha que devo fazer?

_ Por que não aluga um cômodo para ela aqui por perto, ou a leva para um colégio de freiras. Mas aqui não vai dar certo.

_ O que você disse sobre a mãe dela... Isso é muito infantil, Marina! Mas se você acha isso, eu não posso convencê-la do contrário. Porém, eu não posso também manda-la para outro lugar, pois foi exatamente de onde ela saiu, e onde a mãe a deixou. Não é justo ela ter que voltar, se o pai tem uma casa tão grande e espaçosa como esta.

_ Espaço que me pertence há muito tempo.

_ Certo. E que será dela também.

_ Eu não acredito!

Logan saiu do quarto com as cobertas, queria dar fim à discussão.

Depois de entregar tudo para Kate, ele apenas disse a ela que devia dormir logo.

_ Amanhã iremos a uma escola onde você vai aprender a trabalhar no mesmo ramo que eu. Fará inicialmente um curso de administração.

Kate concordou. Haviam combinado antes, quando esperavam pelo resultado, que se ele fosse seu pai investiria nela e pagaria cursos pra que ela se especializasse em alguma coisa.

E assim foi feito.

Logan matriculou Kate em alguns cursos pertinentes à sua idade e ao que ela queria fazer. Fez com que ela ficasse o dia todo fora de casa e só voltasse com ele, já que Marina continuava irredutível quanto a não a querer por perto.

Era um impasse, pois Logan desejava estar com ela o tempo todo. Durante algumas semanas ele se tornou um pai super protetor e até mesmo estava deixando algumas de suas obrigações de lado. Isso irritou não só Marina, mas Roby.

Quando chamado para dar explicações, ele simplesmente dizia que era dono de si, que toda sua vida se dedicou a eles e agora queria fazer o mesmo por Kate.

Para a menina, Logan era seu herói, um rei que a tratava como princesa, não via defeitos nele. Kate não imaginava que sua presença para ele era uma benção e também uma maldição. Ela não sabia que todas as vezes que o abraçava e o beijava demonstrando todo seu afeto, Logan se arrependia amargamente de ter começado com aquela mentira, e ao olhar para ela não tinha coragem, apesar do tormento que vivia com sua própria alma, de dizer a verdade por que temia perde-la.