Depois que Anabell ( um nome lindo que combinava perfeitamente com a dona ) saiu voltei a posição que estava antes dela chegar,enquanto tomava meu refrigerante pensava em como seria o outro dia.

Quinta-Feira, 17 de Outubro

Acordei as 7:14 graças ao meu vizinho e seu cachorro, decidi dar uma arrumada pelo meu apartamento aquilo estava realmente um nojo, tenho medo de imaginar no que Anabell achou de mim e do meu lar. Após deixar tudo organizado fui tomar um belo e demorado banho gelado, demorei aproximadamente uma hora em baixo do chuveiro e fui me arrumar, afinal o amor da minha vida irá vir. Me troquei, coloquei uma das minhas roupas mais arrumadinhas peguei um refrigerante e me afundei em meu amistoso sofá, esperando as quatro batidas habituais em minha porta.

Olhei o relógio e me assustei quando vi já eram 16:15, continuei ali afundado no sofá pensando no quanto demorei para arrumar o meu lar, olhei para tudo, estava perfeitamente arrumado pelo meu ponto de vista, e o melhor o Guitar Hero continuava no lugar que Anabell deixou.

Após algum tempo e algumas latas de refrigerantes vazias olhei novamente para o relógio já era 17:35.

“ - Cadê a minha estranha? “ pensei enquanto esperava. Resolvi tentar ler algo, peguei o primeiro livro que estava na pilha, comecei a folhear quando notei que não tinha lido o título fechei-o e li o nome era “ O morro dos ventos Uivantes “, gostei do título, voltei a ler frases soltas aleatoriamente. E assim as horas foram passando e minhas ansiedade só aumentava enquanto eu pensava e esperava as quatro batidas na porta. Quando finalmente olhei pra o relógio depois de me perder nas frases do livro ele já marca 19:00 em ponto.

Acabei desistindo de ler resolvi ligar o rádio em uma estação qualquer e dormir um pouco pensando na triste verdade que já estava tarde para ela vir.

Acordei com a voz do locutor do rádio me avisando que já eram 6:30, embora parecesse ser 3 da madrugada. Dia nublado. Como quase todos os outros por aqui, um dia comum. Fui direto pro banho, como sempre. Me olho no espelho, e dessa vez, gosto do que vejo. Hoje o dia especialmente meu, sinto que acabará bem. Terminei de me arrumar eram 7:17. É vizinho, acordei antes de você, não foi dessa vez que você me acordou com a campainha irritante do elevador. Cada vez mais perto. Desci pelas escadas, hoje estava disposto, apesar do toco de ontem. 7:32 peguei um ônibus e fui tomar café da manhã em uma cafeteria por ali por perto. Terminei de tomá-lo já eram 8:11. Acho que tenho que parar de olhar as horas, está me deixando ansioso para hoje de tarde, não sei bem o porque, mas eu estava pressentindo que iria acontecer algo bom.

Voltei para casa andando, não me agradava andar de trasportes públicos, só usava quando era necessário. Cheguei em meu apartamento, 12:03.

Decidi que precisava me distrair, então peguei a minha caixa de fotos. Sorri ao ver uma foto onde eu sorria, ao lado do meu pai, balançando na rede laranja que tínhamos em nossa antiga casa. Minutos depois de minha mãe tirar aquela foto, a rede arrebentou, e nós ficamos vários minutos sentados no chão rindo. Impossível que as boas lembranças não tragam lágrimas aos olhos. E as lágrimas me lembram que é tudo culpa minha.Havíamos combinado que eles me buscariam de carro, exatamente as 18:30, no beco atrás do restaurante. Nós iríamos ao shopping fazer as compras de natal. Eram 18:30, e eles estavam lá, pontuais como sempre, mas eu não estava. 18:33, quatro homens assassinaram meus pais, para roubar o carro, e os deixaram caídos no beco. 18:36, saí pela porta dos fundos e vi meus pais mortos.Eu, como sempre, atrasado. Continuei vendo as fotos, mas agora não sorria mais. Também não doía mais. Só sentia a culpa. E logo não sentiria nada. 16:47, peguei meu casaco, as chaves de casa e o resto do meu dinheiro. Comprei um maço de cigarros e uma garrafa de Whisky. Fui andando em direção ao parque. Sentei-me em um banco de frente para o chafariz. Fumei um cigarro. Fiquei alguns minutos observando uma garotinha brincando de espantar os pombos. Caminhei em direção ao bosque. Sentei ao pé de uma árvore e abri o Whisky. Depois de alguns goles me sentia mais leve. Fumei mais alguns cigarros. E voltei para casa, assim que adentrei meu apartamento e me deparei com uma grande surpresa. Ela estava lá, sentada, sorrindo e linda como sempre.

– Você demorou para chegar, achei que não iria mais querer jogar comigo. – ela sorriu triste. Me aproximei dela, segurei as suas mãos, sorri e a respondi.

– Tu me deixaste na mão ontem, achei que não viria mais, mas a propósito, como conseguiu entrar aqui ?

– Você deixou a porta encostada, e eu achei que você não iria se importar, desculpa. - Ela abaixou a cabeça, mas que droga, o que eu fiz ? A abracei o mais forte que eu consegui no momento, e a respondi:

– Tudo bem pequena.

Nos encaramos por um minuto, nossos lábios estavam bem próximos, nossos rostos estavam em uma bela sintonia. Assim que eu fui para beijá-la...

– Anabell, venha já aqui.

Já disse para vocês o quanto a mãe dela é chata quando quer ?

Ela me olhou como se tivesse pedindo permissão.

– Tudo bem pequena, pode ir.

– Então, até amanhã estranho. - ela me abraçou e eu disse:

– Andy.

– O que ? - ela perguntou confusa, o que me fez sorrir, ela ainda não sabia meu nome.

– Andy, meu nome.

– Óh sim. - ela corou. - Bom, até amanhã Andy.

– Até amanhã, Anabell.

Nos fitamos e sorrimos.

– Ande Anabell. - sua mãe disse um pouco mais friamente.

Ela me deu um beijo na bochecha e correu ao encontro da mãe. Amanhã você não escapa guria. Ri com meu pensamento bastardo e fui terminar de beber meu Whisky, em meu amado e precioso sofá. E como eu sou um exemplo de como as pessoas não têm preguiça, acabei dormindo por alí mesmo.