Minha

Tell me, will you stay or will you run away?


Cap 24 - Tell me, will you stay or will you run away?

Meses atrás – NYC

Elise sentiu novamente aquela coceirinha na ponta do nariz, desta vez, acompanhada de uma risadinha. A ruiva gemeu, agitando os braços diante de si ainda sonolenta, porém bem-disposta a arrancar das mãos daquela pessoa irritante a arma letal utilizada para assassinar seus belos sonhos.

“Bergman...Eu vou esgoelar você.” Ela ameaçou com a voz rouca.

Agora rindo sem restrições, Michele se aproveitou do fato de sua co-estrela ainda estar enrolada nas cobertas, e obviamente semiacordada, para driblar seus braços, voltando a cutucar seu nariz com a longa pena de pavão que ela havia usurpado de um dos vasos decorativos sobre a escrivaninha do quarto de dormir da enorme suíte onde a diva vivia.

“Não dá para levar essa ameaça a sério enquanto você estiver com esse treco na cara, Elise.” Ela disse, se referindo a máscara tapa olho ainda no rosto da atriz; uma peça toda aveludada, estampada com o desenho da cara de um guaxinim de olhos fechados. Tinha até orelhinhas pontudas. Uma fofura.

Elise sentou-se de vez na cama, tirando a máscara do rosto.

“O que raios você está fazendo aqui a essa hora da madrugada, em plena segunda-feira?” Uma ruiva descabelada e visivelmente irritada, rosnou rangendo os dentes.

Sem perder o bom humor, ou o sorriso, Michele passou a pena pelo rosto de Elise mais uma vez, como se estivesse espanando algo do nariz dela.

“Nós combinamos de ir caminhar no Central Park. E não é madrugada! Já são seis horas da manhã!”

Elise queria voar no pescoço dela. Mas... foi acometida por espirros. Aparentemente seu nariz havia sucumbido aos ataques de cócegas e decidira entregar os pontos com uma sucessão de pequenos atchim acompanhados de leves sacudidas de cabeça, que faziam sua cabeleira sacudir para cima e para baixo.

Michele mordeu o lábio inferior, inclinando levemente a cabeça para o lado.

“Você é linda.”

Elise quase se engasgou em meio a um dos espirros, e agora tossia compulsivamente, tanto, que seus olhos marejavam. Mesmo assim, ela ainda pode ver a ternura colorindo aquele olhar cor de mel da garota na sua frente. Ela parecia contemplar Elise como se apreciasse algo muito querido, com o rosto sereno, um sorriso no canto da boca, olhos um tantinho apertados. Imediatamente o de Elise coração acelerou.

Então, num piscar de olhos, Michele sentava-se ao seu lado na cama, dando tapinhas nas suas costas com aquela expressão risonha de sempre. Sem nenhum resquício do semblante anterior.

“Pronto. Pronto. Agora vamos logo, sua dorminhoca! Já devíamos estar à caminho do parque!” Michele levantou, puxando Elise pelas mãos não encontrando resistência por parte de sua colega, que deixou-se ser empurrada para dentro do banheiro da suíte. “Cinco minutos, Elise! Vou procurar algo para você vestir.”

Elise piscou os olhos abobalhada. ‘O que exatamente foi aquilo?’ Ela sentiu um tremor percorrer seu corpo e apoiou os braços sobre o balcão da pia, buscando seu reflexo no espelho. Ela estava corando. Muito. Quer dizer, mais que muito, absurdamente!

“Segundas-feiras são supostamente meus dias de folga, sabia?” Elise abriu a torneira, enxaguando o rosto.

“Exatamente por isso que precisamos tirar o máximo de proveito do dia.” Michele respondeu encostada junto a porta, estendendo uma toalha para Elise.

A ruiva sentiu as bochechas esquentarem e tentando disfarçar, pegou a toalha virando de costas e começou a enxugar a face.

“Você está planejando transformar isso em rotina, não é mesmo Bergman?” Resmungou.

“Lógico!” Michele respondeu automaticamente. Elise sentiu o mesmo tremor estranho percorrer seu corpo. Nervosa, ela rodou nos calcanhares para encarar a colega, já apontando o dedo na direção dela.

“E como você planeja continuar invadindo meu quarto?” E depois de uma pausa, ela franziu o cenho. “Falando nisso, como foi que você passou da recepção do hotel sem ser anunciada?”

Michele revirou os olhos dando de ombros, estendendo um moletom de Elise no ar na altura dos olhos, aparentemente bastante interessada na estampa temática da banda The Killers.

“Porque toda a staff sabe que beijar você é meu ganha pão.” Ela disse casualmente e o queixo de Elise caiu. “Taí, nunca imaginei que Elise Scott gostasse de The Killers.” Ela continuou tranquilamente, jogando o moletom sobre o ombro dando as costas para ela, deixando Elise boquiaberta, parada feito uma estátua na porta do banheiro.

Alguns segundos depois, Elise reagiu quase tropeçando nos próprios pés na pressa de segui-la.

“Como assim toda a staff...Por que você está tirando a roupa, Bergman?!” A voz dela subiu duas oitavas, completamente escandalizada, vendo Michele trajando agora somente um top lilás e calças legging pretas, arremessando a blusa que vestia anteriormente sobre a cama.

“Eu gosto de The Killers.” Michele disse simplesmente, enfiando-se no moletom. “Tem um cheiro bom.” A garota anunciou sorrindo, enquanto dava fungadinhas na gola.

Elise podia sentir sua artéria temporal pulsar descontroladamente reverberando um zunido por todo seu crânio. ‘Eu vou ter um derrame. Ela vai me dar um derrame!’, pensou desesperada.

“Eu acho bonitinho como você fala com sotaque britânico todas as vezes que fica nervosinha! ” Michele apertou o nariz de Elise deixando o quarto as gargalhadas. “Dois minutos, Elise!”

Minutos depois, Elise aparece na antessala com uma expressão contrariada.

“Eu não estou nervosinha.” E tomando os óculos escuros que Michele já se preparava para colocar, continuou. “E é normal às vezes ter um pouco de sotaque, porque passei os últimos anos vivendo em Londres!”

Michele inclinou a cabeça para o lado. Elise estava vestido seu moletom da Adidas.

“Essa roupa é minha.”

“E daí?” Ela disse com petulância. “E esse óculos também é seu.” Ela enfiou os óculos escuros na cara, erguendo o queixo. Michele arqueou as sobrancelhas e com um sorriso sem vergonha estampado no rosto declarou.

“Gosto de você nas minhas roupas.”

Elise tropicou nos pés logo na saída do quarto.

CALA A BOCA, BERGMAN!” Ela berrou batendo a porta com força. Seu rosto estava tão vermelho quanto a cor do batom que ela geralmente usava.

A gargalhada de Michele só aumentou quando ela ouviu Elise se desculpando fervorosamente com a camareira no corredor, por causa do estrondo que sua saída dramática havia causado.

...

Dias de hoje

20:00 PM - Paris

Michele desviou o olhar da foto postada em seu perfil no Instagram há alguns meses.

Uma foto de Elise corada pelo esforço da corrida matinal, sentada em um dos bancos no Central Park, olhando para ela por cima das lentes dos óculos, fazendo biquinho.

Elas não haviam nem mesmo começado a caminhar quando o lado competitivo de Elise aflorou e ela resolveu aumentar o ritmo das passadas. No instante seguinte as duas já corriam pelo passeio. Michele, mais resistente, nem mesmo transpirava, já Elise, que não era adepta a corridas, não aguentou mais de quinze minutos e foi obrigada a fazer uma parada.

“Você faz o quê? Treina todas as manhãs para uma maratona?” Reclamou a ruiva, sem ar, completamente injuriada, sentando-se no banco mais próximo.

“Também pratico Kung-fu.” Michele esticou os braços, e deu alguns pulinhos no ar para se manter aquecida. Diante dela, Elise balbuciou algo incompreensível de olhos arregalados. “Quer aprender?”

“Não!” A outra se apressou a responder. “Por acaso toda essa energia não tem fim? Você ensaia quase dez horas por dia, faz Kung-fu, está terminando a faculdade, estuda espanhol, e ainda tem tempo para me acordar as segundas-feiras em um horário que só pode ser considerado indecente para correr no Central Park!”

“Como você sabe que estudo espanhol?” Michele perguntou admirada.

Elise puxou os óculos escuros – que descansavam ao seu lado sobre o banco – e os colocou no rosto, cruzando os braços e as pernas. Seu pé esquerdo se agitava para cima e para baixo no ar.

“Ouvi algo sobre isso durante o último almoço com a equipe.” Ela admitiu de má vontade, sentindo o rosto esquentar ainda mais.

“Hey, Lise.” Chamou a morena. Elise voltou-se para ela e viu Michele com o celular na mão, câmera apontada em sua direção. “Sorria. Quero registrar esse momento.”

Deslizando um pouco os óculos do rosto, somente o suficiente para mostrar seus belíssimos olhos verdes se estreitando, Elise ameaçou com um biquinho indignado.

“Pare de me torturar e me pague um café, Bergman. Ou vou desmaiar nesse instante e você vai ter que carregar meu corpo esgotado até o hotel!”

Depois disso, Michele guardou o celular, a puxado do banco e de braços entrelaçados elas seguiram para o Starbucks mais próximo para satisfazer o vício em cafeína da ruiva. Ela havia feito o upload da foto ainda na cafeteria, com Elise ameaçando roubar-lhe o celular caso Michele ousasse colocar na legenda que ela não havia aguentado correr nem dez metros.

‘Quem mais pode dizer que consegue tirar Elise Scott da cama assim tão cedo as segundas-feiras? ’ #grumpyElise #adorable #mondaymorning #shestolemytrackshirt

“Que hashtag é essa? Eu não sou mal-humorada! E você roubou minhas roupas primeiro!!!” Elise caia mais uma vez em uma das suas provocações, inconscientemente entonado a voz com um sotaque britânico.

Elas passaram o dia juntas, com Michele arrastando Elise para sua casa para um jantar caseiro e uma sessão de filmes chineses de kung-fu. Já era quase meia-noite quando a ruiva retornou para o hotel, alegando que se Michele a acordasse de madrugada novamente ela provavelmente se jogaria da ponte do Brooklyn.

Um meio sorriso surgiu no canto dos lábios de Michele por causa da lembrança. Seu coração sempre batia mais forte nesses momentos, porque tê-la ao seu lado, sempre, trouxe aquela sensação de contentamento.

Sim, elas não tiveram um começo cor de rosa. Elise realmente se esforçou para encarnar a personagem da megera na tentativa de se proteger. Algo que ficou bem claro para Michele no dia em que ela segurou uma Elise tremendo entre soluços, nos degraus das escadarias nada glamorosas entre o oitavo e o quinto andar do Raven Hills, logo depois da confusão seguida da sua ‘serenata’ para Rachel. Foi naquele instante que ela viu além daquela máscara de prepotência de diva da Broadway.

Um dos pensamentos mais recorrentes na mente de Michele naquela noite foi ‘Ela não merece você e você não precisa dela, Elise.’ Ela tentou várias vezes dizer isso em voz alta, mas algo pareceu a impedir todas as vezes. Mas isso não a impediu de oferecer todo conforto que seu abraço poderia trazer. Elas tomaram sorvete (vegano), comeram cookies (também veganos) e assistiram dois filmes da saga Harry Potter. Antes do segundo filme terminar, Elise estava aconchegada em seu ombro agarrada a um dos travesseiros.

‘Desculpe por ter sido alguém...difícil.’ Ela murmurou e Michele sorriu.

‘Você me deu sorvete, cookies e Harry Potter. Está mais que perdoada. ’ Ela respondeu estendendo o dedo mindinho. ‘Amigas?’

Elise encarou sua mão por alguns segundos antes de juntar se mindinho ao dela.

‘Não que isso signifique que goste desse seu suéter horrível.’

‘Posso viver com isso...’

Foi o que ela disse...

Depois disso foi inevitável. Dia após dia, esse sentimento continuou a crescer. A cada ensaio, cada toque acidental ou coreografado, a cada provocação, e principalmente, todas as vezes que Elise corava por sua causa. O tempo passava e a mente de Michele continuava a abrir lacunas para abrigar mais detalhes sobre Elise Scott em sua memória.

Infelizmente, ela sabia que não podia ser sincera sobre esses sentimentos. Então ela decidiu dispersar essas ilusões sobre sua co-estrela investindo em seu relacionamento com Finn. Ele era sua única saída, até porque Elise ainda se agarrava a imagem do seu eterno amor por Rachel Berry mesmo depois de ter sido rejeitada.

Nessas horas Michele realmente detestava o quanto alguns aspectos de sua aparência física se assemelhavam aos da outra morena.

Pequenas, esbeltas, de pele levemente bronzeada e cabelos castanhos (os de Michele naturalmente ondulados) lábios carnudos e talvez a cereja do bolo; o nariz romano.

Evidentemente, que embora compartilhassem certas semelhanças, elas não eram assim tão parecidas no todo. Afinal, muitas pessoas compartilham os mesmos aspectos físicos, mas são diferentes quanto a formato do rosto, cor dos olhos, largura dos ombros, quadris e por aí vai. Porém, para alguém tão aficionada por Rachel Berry como Elise, Michele temia ser unicamente alguém cuja a aparência poderia sempre consolá-la.

Às vezes, quando achava que Michele não estava olhando, Elise a observava como se estivesse perdida em seu rosto, buscando por um outro alguém... Saber disso era o que motivava Michele a continuar a sufocar seus sentimentos, e a perseguir a felicidade ao lado de Finn.

Noite após noite ela se perguntou quando isso iria acabar, quando ela finalmente poderia se desfazer de todas essas barreiras em volta de seu coração e estar livre para ser capaz de oferecer a Elise sua mais sincera e devota amizade.

Ela tentou.

“Michele? Nosso carro chegou. ” Jesse tocou seu ombro suavemente, a trazendo de volta do passado para a recepção do hotel, onde eles esperavam pelo carro que os levaria para jantar. Ele havia permanecido ao lado dela em silêncio, muito ciente do quanto a jovem atriz precisava desse espaço para pensar.

Michele não disse nada ao levantar-se. Ele ofereceu seu braço, e os dois caminharam pelo lobby do Four Seasons até onde o motorista os aguardava.

...

14:30 PM - NYC

Tony estalou os dedos e alongou os braços. Ao seu lado, Rachel massageava a têmpora com a ponta dos dedos com o cenho franzido, analisando um dos documentos de uma das pilhas diante deles.

“Metade desses documentos não faz sentido.” A morena resmungou. “Ou podemos seguir com a construção do centro ou não.”

“Já enviei uma solicitação para a prefeitura, pedindo um detalhamento maior do planejamento essencial para realizarmos o projeto.” Tony puxou um dos formulários sobre a mesa. “Aqui. Tudo documentado.”

“Perfeito. E quanto as pastas do New Direction? Alguma novidade com os projetos de ampliação para a ala de atendimento do berçário?” Rachel quis saber, dando seguimento a pauta de trabalho.

“Estou para receber os retornos da equipe para até o final da tarde.” Tony fez uma pausa. “Você já assinou os papeis que St. James solicitou? Sobre a liberação da verba publicitária da bissemanal do musical? Eles precisam aproveitar a renovação do contrato do painel de Led na Times Square para manter a negociação anterior.”

Rachel coçou a cabeça, procurando por alguns papeis dentro de uma das caixas à sua esquerda.

“Já.” Finalmente ela puxou uma pasta de papelão roxa de dentro da caixa. “Aqui.” A morena olhou de relance para o monitor do laptop diante de Tony e fez uma careta. “Ainda ajustando os envios com os chineses?”

O rapaz suspirou. “Depois de muito tentar, consegui que a remessa de material hospitalar para o centro de recuperação aqui em New York fosse liberada para entrega em três meses...Mas agora, a depender dos retornos da prefeitura, as obras podem não estar concluídas até lá. Estou pensando como fazer. Melhor alugar um galpão para armazenamento por precaução?”

Quinn se aproximou da mesa de jantar onde Rachel e Tony trabalhavam, desabando sobre a cadeira ao mesmo tempo que colocava a babá eletrônica sobre a mesa.

“Nigel ainda está surtando?” Rachel perguntou com um olhar compreensivo.

Quinn respirou fundo. Colocar Charlie para dormir, enquanto lidava com seu empresário, que literalmente estava tendo uma crise ao telefone, tinha sido um desafio.

“Estou permanentemente proibida de...” Quinn levantou os dedos para demonstrar aspas. “Agir como RP de Elise Scott até segunda ordem. Ele está preocupado com o que a mídia vai dizer de mim, se em meio a um escândalo envolvendo meu pai, eu resolvo ficar ‘flertando’...” Ela usou as mãos para mostrar aspas novamente. “...com Elise via Instagram.” A loira finalizou revirando os olhos.

Rachel deu de ombros.

“Na minha opinião mostra o quanto isso tudo não tem nenhuma relação com você. Mas...não sou a pessoa indicada para ir contra Nigel... ou contra sua equipe de RP. De qualquer forma, eu achei o que você fez muito bonito.”

Foi a vez de Quinn dar de ombros.

“Não concordo com o jeito como ela resolveu lidar com os problemas dela com Michele, mas acho que elas devem ter a oportunidade de se resolverem antes de haver alguma especulação da mídia sobre isso.”

Rachel olhou para Tony e os dois sorriram. Quinn fechou a cara, se levantando automaticamente.

“Eu até pensei em fazer lasanha para o jantar, mas esse seu sorrisinho está me fazendo mudar de ideia sabia?”

Tony arregalou os olhos, cutucando uma igualmente aterrorizada Rachel. “Faça alguma coisa! Eu adoro essa receita dela!” Ele murmurou aflito e Rachel sacudiu a cabeça, boquiaberta.

Vida. Amor? Espera! Foi impressão sua! Nãoooo me olhe assim... Você tem razão! Toda razão! Rachel má! Rachel má!”

Tony observou Rachel correr atrás de Quinn, a seguindo até a cozinha, e riu maquiavelicamente se divertindo às custas da morena.

“Isso aê, Rachel! Lembre-se a última palavra tem que ser sua: ‘Sim, senhora!’”

“Cala a boca, Tony!” Rachel berrou lá de dentro.

Tony continuou rindo, até seu celular começar a vibrar sobre a mesa e ele atender sem nem ao menos checar o número.

“Tony falando, no que posso- Senhorita Nakamoto?” E de repente ele estava de pé. “Não! Quer dizer, sim! Sim, senhorita-Yumiko! Eu ia dizer Yumiko! Foi impressão sua! Nãoooo diga isso... Você tem razão! Toda razão! Tony mal! Tony mal!”

“Isso aê, Tony! Lembre-se a última palavra tem que ser sua: ‘Sim, senhora!’” Rachel tinha um sorriso enorme estampado no rosto, observando Tony encostada junto ao arco da sala de jantar. O rapaz sentou-se novamente na cadeira, derrotado, celular no ouvido, e rosto tão vermelho quanto sua pele dourada permitia.

“Sim, senhorita...” Ele murmurou junto ao aparelho.

...

20:20 PM – La Bauhinia - Paris

Papa, fez questão de um quarteto de cordas para acompanhar o piano essa noite.” Jocelyn riu. “Ele não poupa esforços para agradar a sua estrela preferida.” Ela continuou e Sean cutucou Elise.

“Pode incluir Sinatra na programação? Você sabe que adoro Sinatra.”

Elise revirou os olhos.

“Vou pensar a respeito.”

“Alguma chance de desfrutarmos da sua companhia e a de Chris para o jantar? Ou esse imprevisto na cozinha tornaria isso impossível? ” Lana quis saber.

Depois da chegada de sua filha, Christophe se despediu deles, deixando o grupo aos cuidados de Jocelyn, pois precisava da atenção a algo na cozinha. A jovem francesa então tomou à frente, os guiando pelo salão até uma mesa reservada na área central do primeiro piso.

O La Bauhinia tinha uma planta que destacava o formato oval da parte central do salão, onde o pé direito era bem alto para abrigar o belíssimo lustre de cristais. O salão inferior tinha vista aberta para o piso do mezanino, arrodeando todo o espaço central do primeiro piso como se fosse uma bancada sustentada por colunas de mármore jade, e o acesso se dava através de duas escadas também em mármore jade, levemente curvadas em um meio arco logo depois do longe de entrada do restaurante.

“Talvez. Mas, não há nada para preocupar-se. Na verdade ele está testando uma receita nova e precisa fazer os follow-ups com a equipe. ” Ela contou em tom conspiratório quando eles já estavam acomodados. “Ele está tentando recriar um bolinho típico italiano, Arancino, que é basicamente...”

“Um bolinho de arroz recheado e frito.” Completou Elise automaticamente.

Todos à mesa pareceram surpresos. Mas, foi Jocelyn que deu voz ao que todos pensaram.

U-lá-lá. Desde quando Elise Scott conhece tanto assim da culinária italiana? Pensei que todas aquelas calorias te davam tontura.” Brincou a francesa.

Por um momento, Elise pareceu surpresa consigo mesma, como se nem mesmo houvesse percebido o que dissera, então ela ergueu as sobrancelhas, dando de ombros. “Ouvi um colega de elenco falando sobre algumas receitas.” Ela revirou os olhos. “Nada de especial.”

A ruiva limpou a garganta, tentando livrar-se do nó que se formara de repente.

“...O recheio mais comum é molho de ragu de carne, mas como sou vegana, não tenho carne em casa. Você gosta de berinjela? ” A voz de Michele se projetou em sua mente, junto com a memória da primeira vez que ela jantou no apartamento da morena. A mesma noite que ela cochilou no sofá, com a cabeça sobre o ombro dela durante um interminável filme chinês repleto de cenas de lutas, depois de um dia todo acompanhando Michele para todos os lados.

“Será que Christophe deixou tudo pronto? Eu vou falar com os músicos. Com licença. ” Disse Elise se levantando.

Henry franziu o cenho e já se preparava para abrir a boca, quando Sean enfiou seu celular na cara do adolescente, pedindo uma selfie com o filho. Lana, por sua vez, observou Jocelyn acompanhar Elise com o olhar.

...

Columbia - Ohio

Santana não era muito conhecida por ser uma pessoa paciente. Britanny era seu lado doce...e Britanny não estava ali, então ela não tinha motivos para exercitar sua ‘doçura’ com Francine Fabray.

“Pela milésima vez, Fabray. Procure. Outra. Pessoa. ” Porque infernos a irmã mais velha de Quinn tinha que ser tão teimosa e cabeça dura quanto ela?

“E pela milésima vez, Dra. Lopez. Não. Posso. Confiar. Em. Mais. Ninguém. ” A mulher que se assemelhava tanto a sua melhor amiga a encarou novamente, apoiando os braços sobre a mesa que as separava.

Santana revirou os olhos. Encurralada na cafeteria, um erro amador.

‘Por eso mi abuela siempre decía: no vayas a un lugar donde no haya una ruta de escape...’ Tudo bem que ela estava se referindo em como agir em situações de emergência, ou atentados...mas Francine Fabray poderia se encaixar nessa categoria, não é? E Santana deveria ter sido esperta o bastante para perceber isso quando a loira ensaiou encurrala-la na saída da delegacia e a seguiu até a cafeteria.

Francine respirou fundo e sentou-se.

“Santana. Você e Quinn são amigas desde sempre. Por isso, eu sei que você vai fazer de tudo para protege-la. Não estou dizendo que ele não deve pagar por todos os crimes que cometeu, só não quero que certas coisas passem para o conhecimento do público.” E ela desbloqueou o celular para mostrar a página de um site de fofocas de L.A. “Principalmente agora.”

Santana arregalou os olhos para a manchete. A matéria tinha sido publicada há duas horas.

‘Quinn Fabray adota criança de rua, depois que mãe biológica morre por overdose.’

Mierda.” Santana agarrou o aparelho para ler a notícia. Isso não podia estar acontecendo agora. Principalmente depois que o FBI tinha acabado de apresentar inúmeros documentos que ligavam Russel Fabray a um caso onde uma organização clandestina que promovia o tráfico de crianças e recém-nascidos, comprando de mães adolescentes desesperadas os filhos que elas não poderiam manter. Incluindo o agravante de uma dessas mães ter sido encontrada morta em um beco próximo a áreas de tráfico dos subúrbios de Columbia – por overdose— após ter tentado contatar a polícia para reaver seu filho. Aparentemente, o envolvimento de Russel com essa organização não era novidade para alguns membros da família.

Santana fechou os olhos. Se a mídia divulgasse que o pai de Quinn é cumplice na morte de uma jovem mãe adolescente...

“Ninguém tinha certeza...” Francine começou.

“Cala a boca, Francine.” Santana ergueu o olhar, silenciando a loira imediatamente. “Se toda essa sua repentina preocupação com sua irmã caçula for realmente genuína, e não uma tentativa deplorável de salvar a sua cara perante a sociedade, você vai me ouvir e vai fazer exatamente o que eu disser. Porque eu sinceramente eu não consigo mais conceber o quanto todos vocês só serviram para trazer magoa e sofrimento para vida da minha amiga.”

A pedido de Quinn, o depoimento gravado de sua mãe não havia abordado sua gravidez na adolescência. Por vários motivos, Quinn quis preservar pelo menos essa parte de sua vida. Já doía bastante ter toda sua vida exposta, com depoimentos sobre os abusos, a negligencia e a forma como seu pai havia relatado sua experiência de tentar libertar a filha durante o incidente com Alex.

Mas agora... a única saída era abrir o jogo. Expor as feridas de Quinn Fabray e mostrar quem era o verdadeiro monstro da história.

Francine assentiu.

“Eu farei o que você pedir. Só deixe minha mãe fora disso, por enquanto, okay?”

Santana a encarou por um momento. “Farei o possível.” E tirou o celular do bolso.

“Agente Redfield? Santana Lopez. Preciso que venha a cafeteria da esquina da delegacia agora. Não uma conversa off-record. Sim. Estou com a filha mais velha dele aqui comigo.”

Depois que a advogada desligou, Francine respirou profundamente.

“Vamos precisar conversar com outra pessoa. Ele, na verdade, é uma testemunha que pode corroborar tudo o que tenho a dizer.”

“Quem?” Santana quis saber.

“Finn Hudson.” Francine respondeu. “Ele estava lá na noite que isso tudo começou.”

...

De volta à New York, Yumiko Nakamoto não estava nem um pouco satisfeita em ser chamada pôr um dos oficiais de justiça do estado, justo quando tinha acabado de começar uma reunião.

“Sabe quanto tempo levei para conseguir essa vídeo conferência, Tavares?”

Rodrigo Tavares ergueu as mãos, bem ciente o quanto a bela mulher diante dele podia até parecer uma bonequinha japonesa, mas quando a ocasião pedia, ela era podia ser mais medonha que um daqueles samurais com aquelas armaduras assustadoras.

“Calma, Nakamoto. Estamos com um problema naquele caso novo do garotinho que abrimos a adoção hoje. ” E ele estendeu um tablete para a assistente social. “A família do pai biológico acabou de vender a história para a impressa. O juiz está furioso porque também surgiram vídeos e fotos com o rosto do menino.”

Os olhos puxados dela pareceram crescer absurdamente. O documento que o rapaz assinou, também firmava um compromisso de desvinculação absoluta com a criança. Ele não poderia intervir, nem teria nenhum acesso futuro ao menor, muito menos deveria saber que ele já estava sendo adotado.

O quê?” Ela olhou para a chamada da matéria, recém atualizada em um desses sites de fofocas sobre celebridades.

‘Quinn Fabray adota menino de rua depois que mãe adolescente abandonada por pais preconceituosos é encontrada morta. Família do pai biológico da criança conta em exclusividade como abriu mão da guarda do menino para que ele tivesse melhores oportunidades.’

“Rachel Berry pagou pelo funeral da garota. Não é tão difícil conectar os pontos.” O oficial continuou.

Aquele...” E ela saiu praguejando em japonês, agarrando seu casaco na saída do escritório. Já ciente que deveria acompanha-la, Tavares respirou fundo antes de correr atrás dela.

...

20:40 PM – La Bauhinia - Paris

Lana se aproximou de Elise que conversava com os músicos junto a saída da cozinha. No salão, o pianista já tinha iniciado uma apresentação, porém o quarteto de cordas quis ajustar alguns detalhes antes de se posicionarem.

“Christophe disse que gostaria de anunciar minha entrada, então acho que essa pode ser a deixa de vocês...”

Os músicos assentiram. “Acho que funciona bem assim.” Um deles disse, e depois chamou a atenção dos colegas para seguirem para o salão. Lana colocou a mão sobre o ombro de Elise.

“Tem certeza? Como sua amiga e empresária, devo dizer que se você não está se sentindo emocionalmente bem para cantar, podemos sempre dar um jeito.”

Elise segurou a mão dela entre as suas.

“Vou ficar melhor depois que colocar isso tudo para fora.” Ela fez uma pausa. “Faz sentido?”

“Algumas pessoas preferem gritar com a cara enfiada no travesseiro, ou esmurrar uma parede...” Lana ironizou, usando a mão livre para afastar uma mexa de cabelo da testa da atriz. “Você sempre preferiu abusar do drama.”

“Tenho talento para isso. Quem pode me julgar?” Elise quis brincar, mas o sorriso não convenceu Lana. “Deixe o celular no ponto...talvez valha a pena gravar um vídeo.” E ela seguiu para encontrar Christophe que havia aparecido na saída da cozinha.

Lana suspirou, tirando o celular do bolso.

“Eu realmente espero que valha a pena...” Ela murmurou para si mesma, voltando para à mesa a tempo de ver o Chef Christophe anunciar o mimo especial da noite a todos os presentes no restaurante.

...

A música foi o que Michele primeiro percebeu ao entrar no La Bauhinia. Os acordes do piano introduzindo a melodia, logo seguida pela potente e belíssima voz da mezzo-soprano, preenchendo o ambiente com seu timbre aveludado.

I know that when you look at me, there's so much that you just don't see. But if you would only take the time, I know in my heart you'd find… oohh, a girl who's scared sometimes, who isn't always strong. Can't you see the hurt in me? I feel so all alone. I wanna run to you…”

“Eu não disse? Eis a rainha do Melisma.” Disse Jesse com um gesto teatral indicando a mulher à frente de um quarteto de cordas e piano de cauda, do outro lado do salão oval.

“…Won't you hold me in your arms, and keep me safe from harm? I want to run to you, but if I come to you, tell me, will you stay or will you run away?”

Michele deu um passo adiante, subindo as escadas para o mezanino, observando Elise à distância. Lá de cima, ela logo encontrou um lugar junto a uma das colunas onde podia vê-la sem ser vista.

“Each day, each day I play the role of someone always in control, but at night, I come home and turn the key, there's nobody there, no one cares for me. Oh oh, what's the sense of trying hard to find your dreams without someone to share it with? Tell me what does it mean…”

A voz de Elise era naturalmente marcante, e seu suporte respiratório incrível. Ela facilmente carregava extensas passagens com extrema facilidade. No começo, Michele muitas vezes perdeu a concentração por ter sido completamente arrebatada pelo talento dela, principalmente pela forma como Elise sempre transitava do fortíssimo ao pianíssimo, criando frases incríveis, exaltando a letra da música exatamente onde deveria ter mais força, ou suavizando a voz com um vibrato perfeito para expressar ainda mais emoção. Mas agora, a voz que ressoava pelo restaurante ia mais além...

“…I wanna run to you. I wanna run to you. Won't you hold me in your arms and keep me safe from harm? I want to run to you. But if I come to you, tell me, will you stay or will you run away? Run away, No…

...ela estava colocando todo seu coração naquela performance. Não havia uma única pessoa que não estivesse hipnotizado por ela... era algo deslumbrante, indescritível, tão intenso e poderoso que fazia seu corpo tremer. Até mesmo Jesse estava paralisado diante do que podia-se dizer ser a melhor performance de Elise em toda sua carreira.

“…oh, I need you here, I need you here to wipe away my tears, to kiss away my fears…If you only knew how much I wanna run… to you. I wanna run to you. Won't you hold me in your arms and keep me safe from harm? I, I run to you. But if I come to youtell me, will you stay… or will you… run…away?

No instante em que a voz dela se dissolveu com o último acorde, todo o salão, sem exceção, levantou-se para aplaudir. Várias pessoas tinhas os olhos levemente marejados, e outras tantas não conseguiam esconder o fascínio no olhar, completamente absorvidos pela presença da atriz.

No primeiro piso do restaurante, Elise agradecia as palmas, chamando atenção para os músicos que a acompanharam. Michele viu um homem de aparência distinta, trajando um uniforme de Chef, atravessar o salão aplaudindo entusiasmado, abraçando a ruiva calorosamente, e sendo retribuído com semelhante carinho e um sorriso. Uma mulher que ela desconhecia também havia se levantado da mesa para cumprimentar Elise.

‘Jocelyn’

Michele não percebeu quando ela havia descido as escadas do mezanino, saindo do restaurante tão rápido, que Jesse mal conseguiu segui-la. A jovem atriz arfava de raiva, ao mesmo tempo que as lágrimas escorriam por seu rosto, enquanto ela caminhava de um lado para o outro no pequeno lounge próximo à entrada do La Bauhinia.

“Como ela ousa?” Michele voltou-se para Jesse quando o rapaz, quando ele finalmente a alcançou. “Quem fugiu? Quem atravessou o Atlântico para se esconder em Paris? E ela ainda se atreve a ficar... a ficar...sofrendo assim?! Até parece que...”

“...você disse que amava outra pessoa e tirou todas as esperanças dela de cogitar ser sincera a respeito dos sentimentos dela por você. Não deixando outra alternativa, a não ser tirar um tempo longe de tudo, para tentar lidar com esses sentimentos, antes de ter que te ver novamente, e como a grande profissional que ela é, ser capaz de cumprir o contrato que assinou?” Jesse completou secamente.

“Você sabia que ela estava aqui...”

“É... eu sabia. Elise tem seus defeitos, mas nunca comprometeria seus compromissos profissionais. Antes de viajar ela me ligou me informando de tudo, inclusive de que não renovaria seu contrato para além dos três meses já estipulados.”

“O quê?”

“Exatamente o que eu disse, Elise não assinou um contrato englobando toda a temporada. Ela é uma estrela e como toda estrela tem uma empresária bem precavida. O contrato dela tem validade de três meses após a estreia, e seria renovado somente se a peça obtivesse o retorno esperado. ” Ele deu de ombros. “Mercadologicamente falando, Elise Scott é uma das atrizes do teatro musical mais cotada do mundo todo, e ouvi dizer que um certo produtor em Londres está rondando Lana há meses tentando conseguir Elise para interpretar Christine Daaé em um revival do Fantasma da Ópera, que correria o mundo em turnês internacionais. ”

Michele sentiu suas pernas enfraquecerem e sentou-se em uma das poltronas do lounge, se curvando sobre si mesma e fechando as mãos contra o peito. Algo dentro dela parecia estar se partindo.

Jesse suspirou.

“Michele?” Ele chamou suavemente, ajoelhando-se diante dela. “Tem certeza que você veio até Paris, simplesmente porque estava preocupada com o musical?”

Ainda em silêncio, a pequena morena esconde o rosto com as mãos e sacode a cabeça negativamente.

Jesse tirou um lenço do bolso do paletó. “Então, talvez essa seja a hora de ser mais sincera consigo mesma, e dizer o que realmente sente? ‘Love will be the gift you give yourself’, não é mesmo?”

“Celine e Barbra? Sério?” Ela enxugou as lágrimas com o lenço que ele ofereceu, dando um meio sorriso. “Você está sugerindo que eu volte lá dentro e sequestre o microfone, por acaso?”

Oh não. Sem drama.”

...

15:40 PM - NYC

Rachel deitou-se no chão da sala, alongando as costas. Na cozinha, Quinn arrumava os ingredientes para preparar o jantar, com a ajuda de Tony. Britanny havia chegado há um pouco mais de uma hora, e grudou no pequeno Charlie. O pequeno acordou no exato momento que Britanny pisou no apartamento, e a jovem dançarina não tinha largado dele desde então. Rachel já previa quais seriam as consequências de expor Britanny a fofura de Charlie, mas...Santana teria que lidar com isso.

Naquele instante ela só queria esticar as costas e quem sabe, tirar um cochilo. Infelizmente, seu celular começou a convulsionar sobre a mesinha de centro e a morena grunhiu, para atender.

“Oi, Santana o quê...”

“Rachel. Estou chegando em New York em algumas horas. Não deixe Quinn ter acesso a internet ou a nenhum noticiário até lá...” A voz dela soava urgente, e podia-se ouvir anúncios de horários de saídas e chegadas de voos como som ambiente.

“O quê...”

Um estrondo na cozinha fez Rachel levantar de uma vez, disparando pela casa até encontrar Quinn sendo apoiada por Tony. Os dois encarando a pequena TV sobre um dos balcões em choque.

‘...Nossas fontes acabam de confirmar que Russel Fabray, o pai da atriz Quinn Fabray, preso essa madrugada quando tentava deixar o pais, está envolvido no então homicídio de Lindsey Houston, de 17 anos, encontrada morta com suspeitas de overdose, em Columbus – Ohio há alguns meses. As autoridades suspeitam que o senhor Fabray faça parte de uma quadrilha que vendia crianças para o exterior e outras regiões do país...’

“Tarde demais, Santana...” Rachel mal conseguiu falar, completamente perplexa.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.