Minha

Bad news or Good news?


CAPITULO 20 – BAD NEWS OR GOOD NEWS?

Santana cruzou os braços, indignada, estendendo seu iPhone.

“Essas fotos me renderiam uma vida de favores, Berry.”

Rachel revirou os olhos, mais uma vez, se voltando para encarar a morena e entregando-lhe o celular, depois de deletar as últimas fotos armazenadas.

“Acredite, Santana, estou salvando sua vida...”

Brittany escondeu o sorriso com uma das mãos.

“Elas são uma fofura, Rach.” A dançarina concluiu, contemplando as duas garotas no sofá.

Completamente alheias ao mundo ao seu redor, Quinn e Elise se aninhavam ainda mais em um abraço ‘amigável’, ambas adormecidas no sofá da sala de estar dos Puckerman. A festa já havia acabado oficialmente há algumas horas, e as duas maiores celebridades presentes se entregaram ao cansaço antes mesmo do último convidado dizer adeus.

Embora ela não soubesse exatamente como as duas haviam acabado dormindo uma sobre a outra, Rachel não conseguiu conter o sorriso ao vê-las abraçadas. Sua melhor amiga, seu amor do passado, enroscada ao lado da mulher que Rachel amaria por toda a eternidade. O mais puro retrato de paz e tranquilidade. Um enorme contraste entre a versão consciente da relação das duas.

“Já são quase três horas da madrugada, Berry. É melhor acordar as bonitonas, se vocês quiserem carona até o hotel.”

Rachel suspirou. Santana tinha razão. Lima era uma cidade pequena, seria pouco provável que houvessem taxis transitando pelas ruas a essa hora. Talvez não tivesse sido uma boa ideia ter um ataque de ciúmes quando o atendente da locadora de carros, um antigo colega de turma de Quinn, começou a tagarelar o quanto sua namorada conseguia chamar mais atenção agora do que em seus tempos de líder de torcida.

A pequena morena se ajoelhou ao lado do sofá, sussurrando gentilmente, acariciando o rosto de sua amada.

“Quinn? Vida, acorde. Nós precisamos ir. ”

Quinn se remexeu, franzindo o cenho, murmurando palavras incoerentes. Acordar Quinn Fabray não era fácil.

“Amor, escuta. Você-”

“Hmmmm, Rachel, cala a boca. Eu quero dormir.” Elise resmungou, interrompendo Rachel e esticando a mão até alcançar o rosto de Quinn, literalmente apalpando a face da garota. Rachel estapeou o próprio rosto. ‘Ótimo Elise, agora uma das duas vai sair voando desse sofá...’

Sem dúvidas, no segundo seguinte, Quinn abriu os olhos, imediatamente se dando conta da situação. “Mas, que diabos, Scott!!!!” O berro da loira, acordou Elise, que ao perceber sua posição comprometedora sobre sua ‘pseudo inimiga’, pulou para fora do sofá quase se jogando sobre Rachel.

“Maldita, Fabray! Quer me matar?” Elise gritou de volta, já do outro lado da sala.

Rachel respirou fundo. ‘Se essa gritaria continuar, a vizinhança vai acabar chamando a polícia...’ Santana deu um passo à frente, cruzando os braços.

“Ô estressadinha número 02, cala a boca porque há poucos minutos você estava felizinha, ressonando toda tranquila agarrada aquela amostra grátis de busto que alguns tem a audácia de chamarem de peitos da Quinn...” – e se voltando para Quinn, continuou. “...E você estressadinha número 01, vê se fica na sua e quieta essa maluquice, porque a senhorita Hollywood estava muito confortável, toda abraçadinha junto ao projetinho de ruiva de pelúcia da Broadway. São mais de três da madrugada, estou exausta e já cansei de gritaria! Eu quero minha cama, os peitos da Brittany e paz!”

Quinn e Elise encaravam Santana com expressões mortificadas. ‘Pelo menos as duas, aparentemente, resolveram obedecer.’ Rachel mordeu o lábio, escondendo um sorriso, sentando-se junto a Quinn no sofá, imediatamente sentindo sua namorada se aninhar em seus braços. Do outro lado da sala, Elise cruzou os braços se encostando na parede.

“Eu não estava toda felizinha...” A ruiva reclamou com um muxoxo. “Mal dava para apoiar direito a cabeça nesse busto inexistente... meu rosto ficou todo dolorido por ter passado tanto tempo apoiado em um monte de costelas.”

Quinn girou de uma vez na direção dela, rosnando de volta.

“Pois eu vou arrancar seu rosto fora, Scott, e num instante a dor passa!”

Santana revirou os olhos, jogando as mãos para cima. “¿Señor, por qué sólo darme la lata?¿Qué He hecho yo, Señor?”

“Okay. Chega!” Rachel se levantou, intervindo na briga. “Que fique registrado que eu, Rachel Barbra Berry, estou plenamente satisfeita com o tamanho e formato dos seios da minha namorada, portanto, a opinião de vocês duas não tem validade. Ponto final!”

Elise ergueu os braços dando de ombros.

“Uma pena. O assunto estava ficando interessante...” A voz de Noah Puckerman chamou a atenção das quatro garotas na sala. “O quê? Qualé! Peitos! Eu gosto de peitos!”

Talvez para provar seu ponto de vista, Puck esticou as mãos flexionando as palmas, abrindo e fechando os dedos, como se estivesse apalpando algo. Brittany imitou o gesto nos próprios peitos, sacudindo os ombros e soltando beijinhos para Santana.

“Então vá atrás de um par disponível para você cuidar, Puckerman!” Quinn berrou irritada atirando uma almofada na direção dele.

“Vocês garotas são muito estressadas, sabia?” Puck se levantou de seu cantinho no palco, aonde até alguns minutos, ele tirava uma boa soneca. “Eu vou subir, fiquem à vontade. Inclusive se quiserem me fazer companhia.” Ele acrescentou com um sorriso sem vergonha, exibindo os músculos dos braços, antes de subir as escadas correndo, desviando da enxurrada de almofadas que atravessavam o ar.

“Todo mundo parece bem acordado agora, San! Nós já podemos ir? Quero deixar todo mundo no hotel e correr para cama continuar o que estávamos fazendo no banheiro há algumas horas.” Brittany rodopiou no lugar abraçando Santana, ignorando completamente a comoção ao seu redor.

Elise, Rachel e Quinn trocaram olhares estupefados, ao mesmo tempo que a dançarina girava Santana em seus braços, apertando o rosto de sua namorada contra seu busto. Santana não pareceu se incomodar, com um sorriso malicioso ela aconchegou o rosto junto ao decote do vestido de Brittany, envolvendo a loira com os braços.

Elise revirou os olhos, resmungando algo entredentes, caminhando em direção a porta de entrada. Rachel sacudiu a cabeça, oferecendo sua mão a Quinn, que por sua vez, abriu os braços, estendendo as mãos para ela com um sorriso manhoso estampado no rosto.

“Quero um beijo para levantar.”

Rachel sorriu de volta, antes de beijá-la.

“O casalzinho Faberry já terminou?” Quis saber Santana, já parada junto a porta de saída, com Brittany e Elise ao seu lado.

Quinn grunhiu baixinho, mas deixou Rachel a puxar do sofá. As duas já se preparavam para apanhar seus casacos e se juntarem ao grupo aguardando na porta quando Puckerman chamou.

“Hey, garotas... Preciso de ajuda aqui...”

As cinco voltaram até a beira da escada ao verem o rapaz descendo os degraus devagar, carregando Michele em seus braços. Elise abriu caminho entre elas, subindo os degraus em segundos.

“O que houve com ela?” Ela perguntou preocupada, examinando as feições da garota nos braços de Puck.

“Não sei.” ele respondeu ajustando o peso da garota em seus braços agora que Elise estava praticamente puxando Michele para junto dela. “Acho que apagou... Cheguei no meu quarto e ela estava lá...”

Rachel se aproximou, colocando a mão sobre o ombro de Elise, em um pedido silencioso para que ela se afastasse e deixasse Puck descer as escadas.

“Onde está o Finn? Ele não deveria estar com ela?”

“Não faço ideia, Rachel.” Puck respondeu franzindo o cenho. Ele desceu o resto dos degraus seguido de perto por Elise. “Mas, ele não vai escapar de explicar o que aconteceu. Pode deixar.” Ele concluiu sem se importar em esconder sua irritação.

“Não me interessa o tipo de explicação que o gorila vai dar, eu vou quebrar a cara dele...” Elise murmurou entredentes sem tirar os olhos de Michele. Ela deu um passo à frente e estendeu os braços. “Pode deixar, Puck. Eu assumo daqui. ”

Puck inclinou a cabeça para o lado, surpreso, analisando a ruiva de cima a baixo. Elise bufou, revirando os olhos.

“Puckerman, durante os últimos meses, temos ensaiado diariamente, às vezes, mais de oito horas por dia, um musical de quase uma hora e quarenta de duração. São vinte cenas e dezoito números musicais. Em três deles, eu carrego Michele subindo e descendo de uma escada cenográfica de quase três metros e meio de altura, durante um solo que termina em Mi 7. Tudo isso, usando um salto quinze. Levá-la até o carro, não será um problema. Acredite.”

“Tudo bem...ela é toda sua...” Ele concordou impressionado, ajudando a ruiva a tomar Michele em seus braços.

“Estamos resolvidos? Ótimo! Vamos pegar o carro, Britt. Esperem junto ao Jipe do Puckerman.” Santana e Brittany seguiram na frente para posicionar o veículo mais em um ponto mais próximo à entrada da casa. Rachel e Quinn se despediram de Puck, logo depois do rapaz passar Michele para Elise. A ruiva girou nos calcanhares com Michele segura em seus braços. Como ela esperava, carregar a morena até o carro não seria um desafio. O problema seria acordá-la. O hálito dela exalava álcool. Um detalhe que estava deixando Elise furiosa. ‘Michele não costuma beber desse jeito...’ Ela pensou travando o queixo.

“Sinceramente, Finn Hudson você é um idiota.” Quinn sussurrou, digitando furiosamente uma mensagem em seu celular. Rachel mordeu o lábio, puxando sua namorada para junto de si. Sua intuição estava lhe dizendo que essa história era bem mais complicada do que parecia, e se ela quisesse descobrir a verdade, teria que conversar com Finn, antes que Quinn ou Elise esgoelassem o rapaz.

“Ela não deveria ficar sozinha essa noite... Não sabemos o que aconteceu...” Rachel sussurrou, dando um beijo na testa de Quinn.

“Ela não vai ficar sozinha.” Elise apertou Michele junto ao seu corpo. “Eu vou cuidar dela.”

Rachel franziu o cenho, talvez sua intuição estivesse certa. Ela lançou um olhar curioso na direção de Elise, observando o jeito que sua amiga aconchegava Michele em seus braços e como o semblante de Michele havia relaxado. Mesmo inconsciente, a garota parecia desconfortável nos braços de Noah, se remexendo constantemente, como se procurasse por algo. Mas, no momento que Elise a segurou junto a si, Michele automaticamente se aninhou junto a ela, como se reconhecesse o abraço da ruiva. Rachel olhou de relance para Quinn, que estava encarando Elise boquiaberta, e percebeu que não tinha sido a única a notar a mudança.

“Tudo bem.” Rachel concordou.

...

COUNTRY INN SUITES - NA MANHÃ SEGUINTE

“Rachhhheeelll... por quê?”

A juba loira desapareceu em meio as cobertas, se escondendo da claridade que invadia o quarto.

“Quinn meu amor, já são quase nove horas!” Rachel gargalhou espanando as cortinas com as palmas das mãos. “Eu já fiz minha rotina de exercícios diários, tomei meu café da manhã, solicitei o serviço de quarto para trazer o seu café da manhã, que por sinal, já chegou, respondi meus e-mails mais urgentes, inclusive autorizando Tony a dar segmento na negociação daqueles três contratos milionários com Tóquio, Dubai e a China...Ah, também falei com Luc sobre aquele problema no disjuntor da cozinha, lembra? Ele vai chamar o eletricista ainda hoje.”

O rosto da loira surgiu em meio a bagunça dos lençóis.

“Desde que horas mesmo você está acordada?”

Rachel inclinou a cabeça para o lado, tentando esconder um sorriso torto.

“Desde das seis da manhã...”

“De qual fuso horário?”

Rachel revirou os olhos, caminhando até a cama e sacudindo os lençóis.

“Quinn Fabray! Nigel agendou uma conferência por Skype para daqui a uma hora! E antes de encontrarmos com seus colegas na reunião do coral, aquela diretora maluca exigiu alguns minutos do seu tempo, lembra? Vamos logo! Está na hora!”

Quinn rolou para longe dos lençóis, se esticando sobre o colchão, exibindo seu corpo, as belas pernas e abdômen torneados completamente à mostra, já que ela decidira vestir um de seus infames baby-dolls na noite anterior. Rachel estreitou os olhos.

“Eu não acredito... Você quer me distrair!”

Quinn deu uma risadinha e Rachel atirou um travesseiro nela, que foi prontamente agarrado pela loira, visivelmente satisfeita por ter conseguido o que queria, enfiando o rosto no travesseiro.

“Não. Aqui está quentinho e tem seu cheiro. Quero ficar aqui...” Disse a loira, voltando a tomar posse dos lençóis, se enrolando novamente em meio as cobertas, espiando Rachel por uma fresta com um olhar maroto.

A morena mordeu o lábio ao notar o jeito que aqueles olhos a observavam. Ela estava sorriso com certeza, extremamente satisfeita por ter vencido a batalha. ‘Ahhhh, mas duas podem jogar esse jogo’.

Rachel tirou a camisa. Ainda em seu esconderijo, Quinn arregalou os olhos.

“Sério?” Rachel cantarolou, dando alguns passos para trás, saindo da linha de visão dela.

Intrigada com a atitude provocante, Quinn abandonou sua toca para investigar melhor os arredores. Seus olhos cor de avelã não demoraram a perceber Rachel no pé da cama, usando somente um top azul-claro, enquanto despia lentamente o short.

“Se você prefere ficar aí enrolada com meu cheiro em um monte de lençóis, não me resta muito, a não ser aproveitar um longo banho... so-zi-nha...”

Quinn engoliu seco ao vê-la se afastar em direção ao banheiro, se desfazendo do sutiã por cima do ombro. Em um piscar de olhos, os lençóis voaram para o lado, e Rachel estava rendida junto a parede do banheiro.

“Mudei de ideia. Seu cheiro é mais gostoso quando está misturado ao meu.” Quinn sussurrou pressionando seu corpo junto ao dela.

“Muito possessiva?” Rachel sussurrou de volta.

“Só um pouquinho...”

“Sei... um pouquinho...”

“Cala a boca e me beija, Rachel.”

Sem esperar por mais, Rachel uniu seus lábios aos dela.

...

NO MESMO ANDAR, NO QUARTO NO FINAL DO CORREDOR.

Michele podia sentir sua cabeça se partindo ao meio.

“Eu vou morrer...” gemeu, se enroscando nos lençóis.

“Todos nós vamos. Mas, por enquanto, vamos curtir sua ressaca, Bergman.”

Se não fosse pelo enjoo, Michele certamente teria pulado da cama.

“Elise?”

“E por acaso você conhece alguma outra ruiva estonteante com o mesmo nome?”

‘Oh não...’ Agora Michele tinha absoluta certeza, ela ia morrer. Elise Mary Scott, dentre todas as pessoas de Lima, por quê? Exatamente a única pessoa que Michele não estava preparada para encontrar. Não nesse estado deplorável. Não depois de ontem...

Kurt Hummel provou ser uma daquelas pessoas irritantemente observadoras. Mas, talvez, ele só estivesse atestando o óbvio, e se isso fosse verdade, a culpa era dela. Finn, o seu namorado, passeava livre e solto por toda a festa, enquanto ela criava raízes no sofá, com os olhos fixos em sua colega de elenco. Nenhum movimento da ruiva passou desapercebido. Michele acompanhou cada gesto, cada interação social, cada rapaz mais ousado, que se atreveu a se aproximar dela e como ela os dispensava minutos depois com um sorriso. Seu coração galopou em seu peito todas as vezes em que uma daquelas Cheerios oferecidas tentava a sorte, com drinks em mãos, ou exibindo dentes em sorrisos exagerados, gargalhando ridiculamente de algo que Elise dizia. O copo descartável em suas mãos jazia mutilado, seu rosto ardia de raiva. Michele estava à beira de causar uma cena de ciúmes, se levantando do sofá, abrindo caminho aos tapas até Elise e a puxando pela gola daquela jaqueta preta de couro, que definitivamente não era sexy, unindo seus lábios com um beijo possessivo.

‘Droga.’

Ao invés disso, Michele disparou até a cozinha, agarrando a primeira garrafa de wine cooler ao seu alcance e virando todo o conteúdo goela abaixo. A festa passou como um borrão depois disso. Quinn, Brittany e Santana dançando, Rachel de queixo caído, muitos gritos e aplausos... Elise e Noah sentados em uma das caixas de som. Ela lembrava vagamente de caminhar até eles, decidida a dar vazão a todos esses sentimentos malucos que se agitavam dentro dela, mas Finn Hudson, o seu namorado, decidiu rodopiá-la em seus braços.

‘Wow. Parece que alguém resolveu aproveitar a festa!’ Ele disse junto ao ouvido dela, e por um momento, Michele sentiu seus joelhos enfraquecerem. Ele era um bom rapaz. Ela gostava dele, mas... Seus olhos dispararam novamente em busca de Elise em meio à multidão, somente para avistá-la junto a um grupo de garotas-hienas com saias curtas demais.

Ela puxou Finn para a pista de dança depois disso.

Ela deveria ter aproveitado a companhia dele até o final da festa, devia ter fechado os olhos, ter forçando todos esses sentimentos a permanecerem escondidos dentro de alguma redoma dentro dela. Era só uma confusão. Isso e a quantidade de álcool em seu organismo estavam causando uma espécie de colapso nervoso.

Evidentemente essa teoria era tão furada quanto uma peneira, o que ficou bastante óbvio quando Elise e Rachel resolveram acertar os ponteiros em um dueto.

‘Jon Bon Jovi, Hearts Breaking Even’, como se já não bastasse saber o quanto Elise ainda amava Rachel, ela ainda teve que assistir uma performance do quanto esses sentimentos ainda a faziam sofrer. ‘Oh, sim.’ E para piorar, Finn resolveu puxar ainda mais a corda ao redor de seu pescoço, dizendo ‘Pelo menos agora essas duas colocaram um ponto final em tudo. É bom que essa ruiva siga logo com a vida, e arrume alguém que queria ela de verdade’. Foi o princípio do caos...

Ela não se lembrava exatamente como ele foi parar no chão da cozinha, mas ao julgar pela expressão dele e das outras pessoas ao redor, estava bem claro quem era o culpado. Seguindo seu instinto, ela correu. Subiu as escadas, invadindo o primeiro quarto a vista. A briga começou quando Finn entrou no quarto.

Ela não lembrava de muito. Ele gritou, ela gritou de volta. Ele talvez tenha chutado um cesto de roupas, ou a parede. Ela o mandou sair.

‘Ela não sente o mesmo por você... Você só vai sofrer...’ Foram as únicas palavras que ficaram gravadas em sua memória... Depois disso ela apagou.

O mais irritante de tudo isso, era que ele tinha razão. Porque, sim, se dane o mundo, contrariando todo o bom senso ela havia se apaixonado por Elise Scott. Não havia mais como continuar negando. Ela estava completamente apaixonada por sua colega de elenco. Provavelmente desde aquela maldita tarde de verão, quando aquele maldito sorvete de casquinha escapou de suas mãos, sujando toda aquela maldita blusa de grife. Há! Chegava a ser inacreditavelmente ridículo! Michele sempre sonhou em viver um romance épico, uma paixão incontrolável, algo capaz de fazê-la perder a noção da realidade, e cá estava ela, completamente perdida. Finn era o certo, Finn era seguro, Finn poderia fazê-la feliz... e ela seria feliz ao lado dele. Ela viveria nos braços dele, adoraria aquele sorriso, o jeito de menino, a ingenuidade charmosa... Ela o amaria pelo resto de sua vida se ela não existisse.

Elise.

Elise que não sentia nada por ela.

Elise que provavelmente continuaria a devotar sua vida ao grande amor de sua adolescência.

Elise que apesar de estar mais gentil, com certeza não a enxergava de verdade.

Michele não era tão ingênua, ela sabia o quanto sua semelhança física com Rachel perturbava Elise. Quantas vezes ela sentiu os olhos de sua colega passeando por seu rosto, certamente buscando por mais semelhanças...buscando por Rachel.

O enjoo fez sua visão borrar, ela não sentiu que chorava, até as lágrimas umedecerem sua face.

Elise a alcançou. Correndo as mãos por seu rosto, salgando as feridas a cada toque, a cada caminho percorrido por seus dedos, a cada segundo a mais em que seus olhos vasculhavam por sinais de dor em seu corpo.

“Michele? Você está bem? Aonde dói?”

“Porque você está aqui?”

A rispidez na voz dela fez Elise parar. Michele recuou, fugindo do alcance dela, se encolhendo junto a cabeceira da cama, escondendo o rosto entre ondas de cachos castanhos.

Elise sentiu o sangue ferver em suas veias. Algo acontecera. Se deixando governar pela raiva, ela avançou até a morena, a tomando pelos ombros, forçando a garota a olhar em seus olhos.

“Ele machucou você de alguma forma? Ele disse ou fez algo que não devia? Porque se ele ousou... eu...”

“O quê?”

Elise calou-se, se afastando mais uma vez.

“Você faria o quê, Elise?... e por quê? Por que você seria a responsável por defender minha honra, caso isso fosse necessário? Porque somos amigas? Não se preocupe...não foi nada além de uma briga de casal... Eu me exaltei, tive uma crise de ciúmes sem sentido. Discutimos. Eu o mandei ir embora. Ele foi. Eu dormi. Fim da história. Se a bomba relógio na minha cabeça não rachar meu crânio, vou ligar para ele e pedir desculpas...”

Elise sentiu seu estômago revirar. Porque ela estava agindo daquele jeito? Aonde estava sua doce Michele? Seu estômago pesou ainda mais... ‘Sua Michele?’

“Entendo...” Ela conseguiu sussurrar.

Elas permaneceram em silêncio por alguns minutos.

“Você... Você o ama de verdade, não é?” a ruiva perguntou. Seus olhos buscaram o calor do olhar da garota acuada junto a cabeceira da cama, sem saber ao certo o porque havia perguntado aquilo, ou porque seu coração pulsava angustiado.

As irises cor de mel encontraram o verde vibrante dos olhos de Elise.

“Amo.”

A ruiva recuou mais um passo. Ela sentia como se algo dentro dela houvesse quebrado. De repente o ar não pareceu ser suficiente. O quarto estava ficando pequeno.

“Então...” Ela sentiu um nó na garganta e pigarreou. “Você devia dizer isso a ele...”

Michele desviou o olhar.

“Eu vou...” Elise continuou, enquanto caminhava até o banheiro. “Preciso trocar de roupa. Tem algumas pílulas para dor de cabeça no criado mudo.”

...

Rachel encarava a tela do seu Ipad irritada.

‘Porque raios eu não estudei chinês?’, ela deslizou o dedo pela tela, decidida a enviar uma mensagem para Tony, solicitando um tradutor especializado em negócios e economia. ‘Será que existem cursos relâmpago de mandarim? Tony precisa aprender mandarim o mais rápido possível...’

Um celular começou a tocar em algum lugar no quarto.

“Meu amor, seu celular!”

“Rach, atende para mim? Ainda estou com espuma no cabelo!” Quinn gritou do banheiro.

Rachel revirou os olhos. Quando o assunto era ‘ficar pronta na hora certa’, Quinn encarnava todas as características femininas já estereotipadas pela sociedade.

“Hey, Nigel. É Rachel. Quinn está no banho. Desculpe, vou conectar o Skype assim que ela sair.”

Rachel o ouviu suspirar.

“Essa menina nunca vai aprender a ser pontual... Rachel, não se preocupe, tenho uma reunião importante e não vou poder esperar por ela. Você pode avisá-la que seu pai confirmou o retorno das filmagens para o início do próximo mês?”

“Uau! Já? Isso foi rápido. Pensei que eles estivessem tendo problemas com o casting!”

“Eu também pensei, mas aparentemente os roteiristas encontraram uma saída incrível para o roteiro que resolveu o problema em segundos. Eles decidiram escalar uma atriz para co-estrelar ao invés de um ator para preencher a lacuna do Miller. É lógico que eles ainda querem marcar uma leitura com as duas juntas, mas aparentemente a garota é muito boa e já está tudo certo.”

“Quinn vai ficar muito feliz com essa notícia, Nigel. Você sabe o nome da atriz? Pode ser que elas se conheçam.”

“Tenho que admitir que não a conheço. Ela é Australiana, na verdade. Fez alguns trabalhos em Hollywood, mas é relativamente nova no nosso meio cinematográfico. Porém, ela parece ser conhecida na Tv... O nome dela é Alycia Debnam, se não me engano.”

Rachel quase engasgou.

“Minha Quinn vai estrelar um filme com a Lexa?! Eu não acredito!”

“Pelo jeito você a conhece.”

“Se eu conheço Alycia Debnam-Carey?! Nigel, por tudo que é mais sagrado é a LEXA! Eu não acredito que meu pai não me contou isso!”

Do outro lado da linha Nigel gargalhava com o surto de Rachel.

“Se você reagiu desse jeito, então sei que vamos ter uma boa mídia em cima desse trabalho.”

“Boa?! Esse filme vai ser um sucesso!!!! Vai estourar a bilheteria! Eu não quero nem saber, quero estar no set de filmagens e conferir tudo! É a Lexa!”

“Não deixe a Quinn perceber toda essa empolgação ou ela vai ter uma crise de ciúmes!” Nigel voltou a gargalhar. “Ah, e informe a ela que estarei enviando o novo roteiro por email. Conversamos os outros detalhes quando vocês voltarem de Lima. Até mais, Rachel. Cuide da minha menina.”

“Pode deixar, Nigel! Até mais!”

Rachel mal desligou o celular e Quinn saiu do banheiro enrolada em uma toalha.

“Rachel, provavelmente todo o estado de Ohio e arredores estão ouvindo sua empolgação...então, posso saber quem é Lexa e porque ela é o motivo de tanta alegria?”

Ops. Rachel sentiu as bochechas esquentarem.

“Você vai me amar menos se eu admitir que acabei de dar um chilique, porque você vai co-estrelar um filme com uma das minhas atrizes preferidas?”

Quinn franziu o cenho.

“Okay, vou considerar que a preferida dentre todas essas preferidas sou eu. Então, pela lógica, agora só me resta perguntar o que Barbra Streisand tem a ver com essa Lexa?”

Rachel revirou os olhos.

“É lógico que você é a minha atriz preferida, amor...Você e Barbra. Mas, respondendo sua pergunta. Não, Barbra não está envolvida nisso, se esse fosse o caso, eu estaria morta. E Lexa não é uma pessoa, é uma personagem de um seriado para Tv. A atriz que a interpretou foi Alycia Debnam-Carey. Nigel ligou para avisar que as filmagens do longa vão começar mês que vem e que o estúdio optou por contratar uma atriz e não um ator para preencher a lacuna que aquele palhaço deixou, e Alycia foi selecionada para o papel.”

“Alycia... Oh, lembrei! A garota do seriado de zumbis que também fez aquela personagem com pintura facial de guaxinim? A que era apaixonada pela loirinha que caiu do céu?”

Rachel fechou a cara.

“Amor, tudo bem que sua expertise é cinema, mas não custa nada você se dedicar mais um pouquinho e apreciar um bom seriado. Sinceramente...”

Quinn escondeu o sorriso. Duas batidas na porta interromperam o possível monologo de Rachel, e a morena se limitou a comunicar sua amada que ambas estariam realizando uma maratona de seriados ‘importantes’ assim que voltassem para casa.

“Cansei de esperar por vocês duas no saguão!” Santana Lopez quase atropelou Rachel no momento que a morena destrancou a porta.

Quinn correu até onde Rachel jazia sentada no chão, ainda atordoada.

“Santana!? Para quê tanta pressa? Nós só precisamos nos reunir com o Glee Club daqui há uma hora!”

“Infelizmente, Q. Não tive outra escolha. Minha secretária acabou de me encaminhar um e-mail informando a chegada de um pacote com um pen drive recheado com os arquivos de notas da sua bibliografia não autorizada.”

“O quê?”

“Tudo indica que sua mãe finalmente resolveu fazer algo que preste, porque ela enviou o arquivo com o livro que seu pai estava prestes a lançar...”

“Como?” Foi a vez de Quinn sentar no chão, completamente atordoada.