Milenares

12 de setembro de 2052, Cidade de Nova Iorque.


12 de setembro de 2052, Cidade de Nova Iorque. Localização atual: planeta Terra.

— Qual a sua história? – o loiro pergunta a mulher que encarava a noite estrelada, enquanto tinha seu corpo relaxado na rede.

Ele estava ao seu lado, sentado na cadeira e a outra garota se ocupava de preparar o chá dentro de casa.

— Eu tenho muitas, qual você quer saber? – ela pergunta virando para ele por um segundo, mas logo retornando sua atenção para o céu.

— Aquela de como você sobreviveu aqui com os mundanos – ele fala e ela assente com um sorriso.

— Bem, comigo foi semelhante como aconteceu com você, cheguei confusa e desnorteada, e a Jennie foi atraída até mim, como se fosse uma espécie de bússola, parece que ela tem uma ligação muito especial com o nosso mundo – Asterin tomou um fôlego e logo continuou – ela me abrigou por alguns dias, enquanto eu me adaptava ao seu mundo, no início não falei nada a ela sobre nós, ela só soube quando eu consegui um trabalho em uma editora, comecei como uma leitora qualquer e depois comecei a trabalhar com correção, depois virei escritora, na verdade foi meu exemplar que ganhou a atenção dos diretores.

— Sobre o que você escreveu?

Ela solta uma risadinha e olha para ele, não precisava de uma resposta direta, ele sabia que ele havia sido o tópico daquele livro, ou pelo menos sua raça era.

— O livro acabou virando uma ficção científica misturada ao sobrenatural, eles adoraram a minha ideia sobre seres alados que foram criados para proteger o universo, fugindo da criação dos anjos ou nefilins.

— Vou querer dinheiro pelos direitos autorais – Jimin fala debochado e ela ri, Jennie havia ensinado a ele sobre a sobrevivência humana, e o uso de dinheiro era uma delas.

— O que mais você colocou no livro?

— Tudo, as histórias da nossa vida, nossa guerra, as almas, as âncoras, tudo – ela sorri nostálgica, sentia falta dos seus, e mais ainda do seu passado – então eu fiquei famosa, com uma cara anônima, e foi aí que eu contei a Jennie que tudo aquilo era real.

— No início eu não acreditei, mas quando ela me mostrou que podia ler meus pensamentos, eu tive um choque – Jennie fala sorrindo, se aproximando com uma bandeja que continha as xícaras.

— Obrigada – Jimin agradece pegando uma pra ele e tomando um pouco do líquido – Asterin, você disse que foi uma de nós, o que houve com suas asas e com sua âncora?

A mulher para com a xícara no caminho da boca, ele havia tocado em um tópico sensível, e mesmo que ela mesma tivesse revelado em partes que era uma deles e teve as asas arrancadas, ela não havia dado tantos detalhes sobre aquela noite que se assolou em sua vida e nem esperava que o outro fosse perguntar.

— Xiumin – foi a única coisa que ela falou, após tomar um gole do chá dela, e ele entendeu, porque ele estava lá, e mal sabia ele que ela era aquela que deu as asas para impedir seus próprios aliados de matar sua âncora, o que não adiantou em nada, pois as duas coisas aconteceram e ela virou uma nômade.

— Você era a Ashee, a âncora de Xiumin, a alma gêmea de Yoongi? – ele pergunta, perplexo demais para processar em silêncio.

— Sim, agora eu sou Asterin, a primeira nômade, que foi traída pela própria raça.

Os dois se calaram, claramente não precisava mais de palavras para eles entenderem aquilo. Agora tudo estava explícito, o motivo dos nômades tentarem tanto arrancar a pedra das mãos dos Milenares.

— Ast, o nosso traidor foi morto no mesmo dia em que você perdeu Xiumin, Namjoon o matou – Jimin fala cautelosamente.

— Ele não era o único Mochi, havia uma legião deles, por isso os nômades mataram tantos milenares – Asterin sorri triste – mas ainda há um, não sabemos onde ele está, ou com quem, mas achamos que estava entre vocês sete, por isso deixá-los com a pedra era tão perigoso.

— Não acho que um de nós seria estupido o suficiente para soltar Chronos – Jimin de repente respira com dificuldade, não desejava começar a desconfiar dos seus, mas precisava voltar para Anteros, e ter certeza de que podia confiar neles de olhos fechados – onde está a pedra?

— Em um lugar seguro – ela segura o colar e o arranca, mostrando a ele – avista de todos, onde quem o quiser precisa passar por mim.

— Precisamos voltar pra Anteros – Jimin olha da pedra para ela, ele não desejava aquele objeto, só desejava ter sua família de volta e acabar com aquela guerra.

— Nós iremos Mochi, assim que encontrarmos o portal – ela sorri para ele e de repente uma luz muito intensa se acende no céu.

— O que é aquilo? – Jennie aponta para cima, atraindo a atenção deles dois – é...

E foi naquele momento em que souberam que Chronos havia se soltado, pois a Terra parou por 10 míseros segundos, mas que para eles fora uma eternidade.

E uma eternidade maior para o homem que usava de todo o seu poder para trancar as portas que haviam sido abertas, o núcleo estava quente, brilhante em larvas de fogo, assim como a porta que tinha um metal resistente. Mas aquele lugar não aguentou, assim como ele, e a prova daquilo foi o seu corpo desfalecendo ao chão, quando o núcleo finalmente eclodiu, causando um grande impacto no tempo, Chronos estava ali a muito tempo, teve tempo suficiente de se fortalecer, pois a energia dos Milenares servia-lhe de alimento, todos aqueles mortos em nome do bem maior, havia soltado o seu pior pesadelo.

Os outros correram para fora do castelo a tempo de ver toda a cidadela voar pelos ares, trazendo os joelhos do Kim aos chãos, enquanto o nome do seu amado ecoava por sua garganta. Ele estava sentindo, a dor da perda, duas vezes pior, pois Namjoon e Jin eram os únicos Milenares que tinham um ao outro como âncoras e almas, e perder os dois de uma vez era devastador, era pior do que mil facas atravessando seu corpo, era insuportável, e por isso ele desmaiou, sendo amparado por Hoseok, que segurou seu tronco, impedindo-o de cair sobre o solo.

Todos eles estavam tristes com aquilo, mas não havia tempo de sentirem, precisavam sair dali, precisavam correr, mas não houve tempo, e em um piscar de olhos, eles já não estavam mais ali, estavam em outro lugar, um lugar muito pior do que o anterior, se é que podia ser considerado assim.