Meus Sete Clichês

Capítulo 05: “Aconchego”


E a maneira como gguk me encarou, me fez sentir como ele estava decidido sobre isso; me fez lembrar que Jeong não era mais aquele garotinho super protetor que chorava todas as vezes que via sua irmã magoada, ou, aquele irmãozinho bobo que vinha correndo para meus braços toda vez que caçoavam dele.

Vi que Jungkook agora era o homem que seria o meu grande apoio, e que, sem dúvida, me protegeria de tudo que poderia me machucar. E esse pensamento me deixou muito orgulhosa.

“…. Pronta para outra partida? ” Questionou desafiador.

“Com toda certeza! ” Me apoie em sua mão ao me levantar. “Se prepare, pois desta vez, quem vai ganhar, sou eu. ”

(…)

Tenho que admitir: eu nunca estive tão errada na minha vida. Quando chegamos em casa, me esparramei no sofá – na posição mais confortável que consegui encontrar até o momento – e não planejo sair daqui até que possa voltar a respirar normalmente, parece que com aquele último desafio que ditei ao meu irmãozinho, o fez buscar energia das profundezas malignas de sua mente competitiva, e, destroçar o resto de minha pessoa que ainda lutava para sobreviver naquela quadra de basquete. E enquanto eu checava o quão suado ficara meu sutiã vi gguk saindo da cozinha e vir em direção ao sofá, me estendendo uma garrafa d’água, parecendo oferecer um pouco de misericórdia.

“O que achou do jogo desta vez?” Perguntou enquanto suspendia minhas pernas para sentar em um canto do sofá, para depois repousá-las em seu colo.

“Você ainda pergunta? Você acabou comigo.” Respondi com um sorriso soprando depois de tomar um gole d’água. “Até acho que terá de me carregar de novo para o quarto.” Brinquei. “Há muito tempo que eu não praticava, e você se aproveitou de meu corpo fraco e cansado da viagem, para ter mais chances no jogo” Nem sei onde recolhi essas migalhar de orgulho para responder daquele jeito. “Mas da próxima vez, não deixarei tão fácil pra você.”

“Que má perdedora.” Disse ainda sorrindo, e então notei gguk passando de leve suas mãos em minhas pernas, não pude evitar tencionar um pouco meus músculos em consequência, até sentir a massagem sútil sobre elas. “Você sempre fala esse tipo de coisa quando vê que estou ficando melhor do que você.”

“Como é que é?!” Questiono indignada, levantando o dorso para alcançá-lo e bater de leve em suas costas pela provocação. “Nem vem com essa, que absurdo! Fala como se você fosse bom em tudo.” O vi começar a gargalhar prepotente. “Bom mesmo você é em suar que nem um cachorro, isso sim, encosto a mão em você e fico toda empapada! Vá tomar um banho, Jeongguk, antes que você ensope esse sofá! Vai! Anda!” Indireto minha posição e começo a empurrá-lo para fora do sofá, e sem se queixar ele vai em direção as escadas ainda em risos. “E vê se toma cuidado para não enlamear todo o banheiro, quero ir logo depois.” Finalizo falando mais alto para ele possa me ouvir das escadas.

“Senhor, o que eu fiz para receber uma irmã dessa?!” Posso ouvir ele gritar de volta.

“Você teve muita, muita sorte! Nem ouse reclamar de mim em minha presença!”

(…)

Depois de um banho, que me fez lamentar cada minuto que passei jogando sem o devido aquecimento prévio, e um pequeno lanche – que Jeongguk fez, é claro, pois não estava em condições de levantar daquele sofá mais uma vez – passei o resto da noite tentando assistir um pouco de televisão, já que não tinha nada melhor para fazer que envolvesse ficar deitada sem se mexer.

Jeongguk ficou assistindo um canal esportivo por sei lá quanto tempo, pois mal passara alguns minutos e eu já estava cochilando.

(…)

Acordei sentindo um aperto em volta de minha cintura. Direcionando meus olhos para baixo vi que estava embrulhada num cobertor felpudo, como também notei que a extensão do sofá-cama foi estendida e estava deitada sobre ele, pelo silêncio vi que a televisão já estava desligada, e quando finalmente olho em direção ao aperto, vejo Jeongguk enlaçado a minha cintura, deitado de lado sobre minhas costas.

“Te acordei?” Sussurrou assim que me sentiu virando o rosto em direção ao seu. “Desculpe, eu só estava ajeitando melhor sua posição.” Se justificou parecendo estar um pouco receoso, apertando um pouco mais um de suas mãos que estava de forma persistente um pouco acima de meu quadril.

“Há quanto tempo estou dormindo?” A primeira coisa que pensei para falar, numa forma de tentar ignorar a sensação um pouco desconfortável que suas mãos me acariciando causavam.

“Você mal ficou acordada para ver toda a apresentação dos jogadores na televisão.” Respondeu rindo baixinho em meu ouvido e se aconchegando de forma mais rente ao meu dorso, uma das mãos que estava em minha cintura já deslizava quase que imperceptivelmente ante minha barriga. “Quer ir para a cama?” Senti suas palavras soprando novamente, bem próximo ao meu ouvido, me fazendo ter um leve arrepio familiar.

“Não quero me levantar agora.” Sussurrei de volta. De forma alguma subirei todos aqueles degraus que estão no caminho para o meu quarto, imaginar a subida me deixava ainda mais cansada. “Vou continuar dormindo aqui, maninho.” Respondi pausadamente, mal abrindo meus lábios, sentido a inércia do sono, não tendo certeza se realmente respondi audivelmente. Tanto que a letargia acabou me deixando indiferente – quando estava prestes a adormecer por completo – das impulsões superficiais que senti junto ao meu quadril, mas talvez somente fosse a ventilação que vinha contra o cobertor.

“Então eu ficarei aqui também.” Ainda pude ouvir ao longe gguk sussurrar, mas de alguma maneira tive o impulso para dar de ombros em sua resposta, murmurando alguma monossílaba inaudível.

Ainda me lembro da sensação do aperto delicado e gentil dos braços de Jeongguk sobre meu corpo, sua respiração calma e constante rente ao meu pescoço me trazia um rasto muito aconchegante, que quando já via por mim, estava em sono profundo mais uma vez.

(…)

O ventilador ainda estava ligado, lançando um ar frio contra o meu rosto, Jeongguk continuava adormecido ao meu lado, me abraçando desajeitadamente, com suas pernas em volta das minhas, enquanto seus braços se mantinham perto de meus quadris num apoio modesto.

Tentei afastar suas mãos, porém, repentinamente, senti-as me segurarem com mais firmeza, e quando virei meu rosto, vi gguk sorrindo para mim, no mesmo momento em que senti seus pés passaram de raspão em meu calcanhar enquanto ele se despreguiçava. No entanto, no momento que abriria a boca para falar algo, consegui ver em reflexo seu rosto se aproximar novamente, e antes que eu me desse conta, já sentia-o inalar o ar profundamente quando pôs seu rosto entre a curva de meu pescoço.

“Dormiu bem?” Me sobressaltei ao sentir a vibração de sua voz rouca sobre minha pele, que somente pude manear meu rosto em resposta. O vi se levantar do sofá e se espreguiçar novamente. “Quer tomar café?”

E em um piscar de olhos ele já sorria novamente – me fazendo rever por um instante o garotinho fofo com os olhinhos inocentes que acostumava me acordar todas as manhãs – e não pude nega retribuir esse sorriso.

“Sim, é claro…” Respondi ao me levar, juntando-me a ele, que ia em direção a cozinha.

Não importa quando tempo se passasse, para mim, Jungkook, será sempre o meu querido e carinhoso menininho, que terei orgulho de chamar de irmão.