Meu nome é Eva / SKAM

Uma cerveja e uma nova l e m b r a n ç a


Eu segui meu cronograma, e Sana me acompanhou. Ela riu diversas vezes ao meu lado, enquanto nós duas liamos os posts do jornal Skam. Por incrível que pareça, Sana é meio naja, real. Ela passou o dia inteiro me contando fofocas do acampamento e isso acabou me distraindo totalmente.

— Sana?

Já estávamos no finalzinho do dia e acabei encarando Sana, que estava focada em um livro e me ignorava totalmente.

— Sana? — Tentei novamente.

— O que foi Eva? — Ela disse fechando o livro com tudo e me encarando de forma desafiadora.

Acabei rindo ao revirar os olhos e dei de ombros. — Sabe o William?

— Aham. — Ela me encarava, esperando eu prosseguir e quando percebeu que eu estava quieta, voltou a tagarelar. — O William tem namorada Eva, não se envolva nessa enrascada... Sério. — Ela me alertou e acabei sorrindo com sua atitude. — Se você quer beijar na boca, tem milhares de pessoas sem sua metade da laranja... Por favor né.

Eu soltei uma gargalhada. — Eu não estou interessada no William, deixa eu terminar de falar... — Revirei os olhos e suspirei. — Ele me chamou para beber...

— Você quer ir? Vai.

— Deixa eu terminar de falar. — Disse ao vê-la me cortar tantas vezes. — Então... — Olhei para a varanda e sorri divertida. — Que tal você ir comigo, hm?

— Ele convidou você Eva... Por favor né. — Ela pareceu um pouco chateada de repente.

— Vamoooos.

— Não... — Ela se levantou e entrou no chalé e aproveitei para segui-la, observando-o vazio.

— Por que?

— Ninguém me convida para essas coisas.

— Foda-se, estou te convidando. — Disse vendo-a arrumar sua cama e me ignorar, e logo tratei de me jogar na cama dela.

— Não é a mesma coisa.

— Porra Sana... Claro que é. Sociais são assim pô. — Tentei faze-la mudar de opinião.

— Não sei.

— Vamos, e se não for legal nós duas damos uma sumida deles.... Hm? — Pisquei meus olhos de forma meiga, tentando convence-la.

— Ok. — Ela disse ao jogar o travesseiro na minha direção e logo isso me arrancou um gritinho animado e me joguei nos ombros dela, para abraça-la, vendo ela rir ao me empurrar contra a cama novamente.

— Ai ai.

Ignorei o resmungo dela e corri para o banheiro e tomei um banho demorado e só sai quando Noora começou a gritar do outro lado, dizendo que havia pessoas para tomarem banho.

Aproveitei que estava no banho e coloquei uma meia calça por debaixo do pijama, e como blusa coloquei uma cinza.

Sai revirando os olhos.

— Que saco Eva. — Uma menina gritou e entrou no banho, logo uma saiu com suas roupas e disse que tomaria banho no chalé do lado.

Ficando só eu, Noora e Sana.

Todas ficamos quietas e eu aproveitei para mandar mensagens e ficar visualizando minhas redes sociais.

Logo Noora e Sana tomaram banho e todos foram "dormir", se é assim que eu pudesse dizer. Quando o relógio deu 00h, as outras meninas já haviam dormido e Noora foi a primeira a se levantar e se aproximou da minha cama. — Você vai?

Revirei os olhos enquanto me levantava e tirava minha calça de moletom, meu travesseiro foi jogado na direção da cama da Sana que resmungou baixinho e começou a se arrumar também.

Eu coloquei minha saia e puxei um tênis qualquer, logo prendi meu cabelo em um rabo e olhei para as meninas. — Por onde vamos? — Disse baixinho.

Sana deu de ombros.

E Noora nos guiou até a janela, ambas não questionamos nada e as seguimos.

Acabei pegando uma jaqueta no meio do caminho, até porque odiaria passar frio.

Quando conseguimos sair com certa dificuldade, acabei agradecendo mentalmente. Até porque quase dei de cara com o chão.

— Que merda... A janela... sério Noora?

Ela riu e deu de ombros. — A porta faz barulho. — Murmurou e olhou para Sana, sorrindo de forma angelical.

Noora não parecia se incomodar com Sana e aquilo me deixou mais animada.

Nós três estávamos um pouco atrasadas. — Eu disse para eles que nos encontraríamos lá... — Noora explicava, enquanto nos guiava pelo lado externo no acampamento. Ela foi até a portaria dos fundos e lá um carro nos esperava. — Boa noite, senhor...

Noora foi na frente e Sana foi comigo atrás.

Logo o carro começou a se movimentar e o silencio dominou o local, suspirei irritada e olhei intrigada para Noora quando o carro parou em um mercadinho. — Já voltamos. — Ela olhou para trás e fez um sinal para descermos. — Precisamos comprar bebidas... Sabe? Para entrar.

Revirei os olhos. — Legal. — Disse irônica. — Preciso lembrar que não temos idade para isso?

— Eles nem pedem RG Eva. — Noora disse.

Olhei para Sana e ela não parecia gostar muito disso.

— Prefiro ficar aqui esperando.

— Obrigada por nada Sana... Eu pensei que já eramos cúmplices de possíveis crimes. — Resmunguei sarcástica e acabei rindo ao puxar Noora. — Nos deseja sorte...

Noora riu e juntas caminhamos em direção ao estabelecimento, Noora respondia mensagens no celular o tempo todo.

— Por que não foi com o seu namorado? — Indaguei quando entramos e percebi que era uma loja normal de beira de estrada, suspirei e fomos até as bebidas alcoólicas.

— Ele precisa do espaço dele... Prefiro manter um limite de tanta aproximação.

Concordei e tratei de deixa-la escolhendo as bebidas e fui até a parte dos doces, onde peguei vários e me encontrei com Noora já no caixa.

— Eu sei que vocês são menor de idade.

Revirei os olhos ao jogar os doces no balcão e sorrir para o senhor. — E eu sei que o senhor vai deixar a gente levar... — Minha voz soou ameaçadora.

— Eva... — Noora me advertiu e me empurrou para o lado. — Me espera lá fora.

— Oi? — Quando ela me encarou de forma ameaçadora, percebi que ela não estava brincando. Essa menina realmente estava me mandando esperar lá fora.

Idiota.

— Ok, mãe. — Disse ao sair da loja e me encontrei com sana encostada no carro.

— E ai?

— Noora está lá dentro tentando comprar. Mas o cara sabe.... Então né.

Os olhos de Sana se arregalaram e acabei rindo baixo com sua pergunta. — E se ele ligar para a policia?

— Não seja tão negativa Sana. — Disse cutucando-a no braço e quando vimos Noora sair com as sacolas, entramos no carro e esperamos a loira fazer o mesmo.

— Aqui está os seus doces... — Irritada, Noora me entregou a sacola com os doces e as bebidas.

Tirei todos os doces e coloquei na minha jaqueta, logo puxei a sacola da bebida e abracei-a.

Quando chegamos no local, olhei para aquela movimentação e percebi que era uma festa perto de um lago.

Estava cheia.

Tipo, cheia demais.

As pessoas pareciam felizes, muitas estavam apenas conversando sentadas no chão.

Não parecia uma festa, era só pessoas confraternizando e colocando o papo em dia.

Acompanhei Noora e ambas entramos, eu confesso que não parei para pensar como seria esse "sair para beber", mas agora parando para pensar, é só pessoas, álcool e musica.

A social na beira do lago não me chocou, pelo contrario, a região aonde ficava o acampamento Skam era repleto de lagos.

E devido ao alto índice de acampamento na redondeza, duvidei que festas poderiam ser bem comuns.

Mas como antigamente eu não era a pessoa mais sociável e nem havia idade para beber, então não estava a par de tantas informações.

Como se estivesse incomodada com a minha demora para se locomover, Sana me puxou para o seu lado e juntas seguimos Noora.

Ela digitava no celular desesperadamente.

Olhei para os lados e acabei sorrindo para a menina ao meu lado, e vi que ela parecia intrigada também.

Puxei a outra sacola da mão da Noora e dei a minha, pois a dela tinha cerveja. — Não tem ninguém para pegar as bebidas, então... — Sorri sarcasticamente. — Vamos beber Saninha.

Sana revirou os olhos quando entreguei as outras bebidas para ela segurar e abri a garrafa de cerveja. — A mais barata? Sério?

— Você nem deveria reclamar, Eva... Até porque não vi você pagando nada. — Sana retrucou com um humor tão acido, que até fiz careta.

— Porra Sana... Por que tanto estresse? — Levantei minha mão livre. — Desculpa.

Revirei os olhos e abri a garrafa, logo tome-ia. Nem ligando por ser um litro, claro que foi difícil beber. Mas como não tem copos, vai assim mesmo.

— Lá vamos nós. — Disse ao se aproximar do grupo de Skam, sendo o mesmo grupo que Noora andava.

— William... — Cumprimentei-o de forma robótica. — Garotos... garotas. olá.

Eu estava parecendo uma imitação barata da Siri do iphone, e aquilo me fez segurar um sorriso enquanto dava outro gole.

— O que ela está fazendo aqui? — Ouvi uma das garotas perguntar ao apontar para Sana. — Pensei que vocês e festas não combinavam.

O tom maldoso me fez encara-las atentamente pela primeira vez desde que cheguei em skam. Ambas me encararam também, mas minha analise não demorou muito, pois meus olhos se focaram em um Christoffer cheio de garotas ao seu redor.

Interessante.

Desviei os meus olhos e suspirei. — Pensei que vocês não ficavam longe dos rios... Mas me enganei.

— Como assim? — Uma delas perguntou.

Mas dei um sorriso sarcástico.

Ok, eu era contra xingar pessoas.

Mas qual é, as vezes não dá para fingir que não ouve essas provocações.

Nesse momento minha vó está lá no céu falando "querida, ódio não se combate com ódio..."

Dois minuto se passaram e o silencio dominou o grupo.

Climão.

— Meninas. — Chris chegou e colocou o braço em volta do ombro de William, que fitava Noora em pedido de socorro. — Sana... — Chris sorriu para ela. — Fico feliz em vê-la por aqui... Ainda bem que temos alguém legal no nosso grupinho de merda. — Como se soubesse exatamente o que dizer, ele acabou arrancando um sorriso de Sana que parecia está perdida em pensamentos.

— Tão mentiroso. — Ela murmurou, mas ainda continuava a sorrir.

Eu não sabia que eles se conheciam, mas pelo visto á um certo respeito entre eles.

— Eu pensei que eu era legal. — Noora disse cutucando Chris, que logo resolveu abraçar o casal.

— Você também... Desculpa.

Para evitar demonstrar um sorriso, tomei outro gole da cerveja e desviei meus olhos para o pessoal que conversavam alto. Analisei e logo voltei os olhos para o grupo, que tagarelavam um assunto qualquer.

Só despertei da analise, quando alguém tomou a garrafa de cerveja da minha mão.

— Puta que... — Minha voz soou um pouco assustada ao olhar para trás.

— Olá vadia. — A voz meio rouca e meio puxada DA Chris me fez arregalar os olhos.

— Chris.... — Um sorriso abriu em meus lábios e acabei rindo.

— Oi? — O Christoffer respondeu, e aquilo me fez rir tão alto. Que até mesmo a Chris acabou por se juntar, ela já sabia da história do meu Karma com o mesmo apelido que o dela.

Todos ficaram bem confusos, e aposto que estavam nos achando bem loucas por sinal.

— Ai meus coelhinhos... — Ela colocou a mão no coração e sorriu para Christoffer e aproximou-se dele, onde o fitou atentamente. — Olá Chris... — Suas mãos foram para a bochecha dele e apertou-as. — Eu sou a Chris... O amor da vida da Eva.

— Coitadinha. — Disse com um falso espirro.

— Eu achando que você diria que era o amor da minha vida. — Ele fez um biquinho ao colocar sua mão sobre a dela e puxa-la para um abraço. — Prazer Chris, é uma honra conhece-la...

— Eu gostei dele. — Ela disse olhando para mim. — Quem diria em Chris...

O tom malicioso dela me fez revirar os olhos e acabei sorrindo.

— Olá. — Ela disse sorrindo para todos.

Tirei a cerveja da mão dela. — Quanto você bebeu, hm?

— Um pouquinho.

— Chris... — Disse desconfiada.

— O que foi mãe?

Revirei os olhos.

Tomei um gole e suspirei entediada.

Logo uma conversa começou e Chris começou a tagarelar do lado de Sana.

Acabei sorrindo com isso e mandei uma foto delas duas para Vilde.

"você vai perder a sua segunda melhor amiga"

foi o que disse no comentário.

Resolvi me afastar um pouco e fui dar uma volta, as únicas luzes que iluminavam o local era de pequenas fogueiras.

E só de dar diversas voltas eu já havia bebido um litrão sozinha e quando parei para sentar em um das pedras enormes que eu percebi que estava levemente tonta.

— Isso está tão chato assim? — Uma voz conhecida me despertou dos meus devaneios e acabei sorrindo para um ser loiro e belo.

— Even.

Ok, eu não estava tão chocada assim.

Even era do acampamento rival, mas diferente dos outros. Ele não se metia nessas encrencas, ele odiava.

— Minha doce Eva. — Ele sentou ao meu lado e me encarou atentamente. — Você continua um chuchuzinho.

— Você sabe que odeio esse apelido... ainda mais porque eu não gosto de chuchu. — Resmunguei ao cutucá-lo. — E você continua lindo... Como um céu azul feito para me iluminar.

Ele riu alto e revirou os olhos. — Idiota.

Coloquei a garrafa vazia no chão e olhei para a dele, que parecia cheia. — posso?

Ele deu de ombros e me entregou. — Você pode tudo, querida... Não sou eu quem te controla aqui. — Piscou em minha direção. — Você está bem?

Concordei.

— Estou perguntando sobre aquilo que aconteceu....

— Eu... — Suspirei fundo. — Estou... Fui eu quem fez a merda.

— Não se culpe... — Ele me olhou atentamento. — Aquele dia foi louco, mas sei lá... você não estava tão louca assim.

— Estava sim bebê...

Even me encarou atentamente e me viu virar a cerveja, e deixou que sua cabeça tombasse na curva do meu pescoço e lá ficou.

Ambos fitávamos o céu atentamente.

— Você está bem com tudo isso, Eva?

— Eu não vou beber como daquela vez... Sabe? — Sorri um pouco triste. — Eu sinto vergonha... Mas qual é Even, eu fiz tanta merda já, mas aquela...

— Você se arrepende de ter traído ele?

— Um pouco... Mas estou seguindo o baile. — Olhei-o por canto de olho e vi-o sorrir.

— Você sempre segue o baile.

O vento gelado bateu contra minha face. E acabei abraçando meu corpo e isso fez barulho em meu bolso que estava os chocolates.

— O que é isso Even? — Indagou confuso e me encarou quando colocou a mão nos meus bolsos. — Não é droga né? — Ele enfiou a mão no meu bolso e pegou os chocolates e acabou rindo alto. — O que é isso? tráfico de doces?

— Não Even... Isso é... Eva menos bêbada.

A risada foi alta, eu acabei rindo junto e suspirei. — Que merda bebê... — Ele disse e um silencio reinou, ainda mais quando os olhos dele se focaram na embalagem do doce e vi-o começar a abrir. — O Even de uns meses atrás... Ok, o Even de todos os dias diria para você beber mais... fumar e abrir seu coração para as loucuras. — Ele pegou uma mecha do meu cabelo e começou a enrola-la. — Mas eu não quero te dizer isso... — Ele me entregou o doce e sorriu. — O que você quer fazer, Eva?

Eu sorri, era um sorriso agradecida pela atitude dele. Even era um cara totalmente envolvido em todas as merdas da vida, eu conheci ele porque o mesmo não suportava o Jonas e isso me surpreendeu. Porque todos amam o Jonas, enfim, logo peguei empatia pelo mesmo e ai estamos nos esbarrando por quase dois anos.

Nossa amizade envolve: encher a cara e se divertir.

Dei uma mordida no chocolate.

— Eu quero dançar... — Estendi a mão na direção dele. — Você aceita dançar comigo, Even?

Ele abriu um sorriso malicioso e deixou que eu puxasse ele, onde aproveitou para guardar os outros doces na minha jaqueta.

— Vamos lá Eva.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.