Meu nome é Eva / SKAM

Uma R i v a l i d a d e


Eu sai pilhada e magoada. Eu estava naquela fase da vida que não me orgulhada de nada.

Eu só faço merda.

Simples.

Qualquer um que me vise falaria "essa menina ae só faz merda" está tatuado na minha cara.

Provavelmente meu avô está lá chateado e até mesmo me julgando, mas as vezes não tem como corrigir nossos erros. Eu afasto as pessoas, mas não é só porque quero... É meio que automático e isso começou a afetar novamente minha convivência com os meus familiares e amigos.

Naquele momento eu estava sem rumo, por isso andava pelos arredores do acampamento, o céu já estava coberto pela escuridão e acabei admirando aquele momento.

Era intrigante.

Fascinante.

Acho que fiquei nessa por um bom tempo e só me distrai mesmo quando fui pega de surpresa pela movimentação nas matas. — Mas que porra está acontecendo? — Pensei, ao me levantar do tronco e caminhar de forma afobada para a parte mais escura, já que eu estava perto da trilha ainda e lá havia iluminação.

E quando fui me esconder entre a árvore, senti braços fortes rodearam minha cintura e tamparem minha boca, me fazendo querer gritar do susto.

VOU MORRER.

Sentindo meu corpo se agitar, resmungo com a mão do desconhecido na minha boca e mordo-o, fazendo ele soltar palavrões, mas isso não impediu ele de me carregar.

— Me solta porra. — Gritei agoniada.

— Fica quietinha irritante. — Uma voz desconhecida disse e isso me deixou um tanto irritada.

Logo avisto uma claridade se aproximar e meu corpo é jogado contra o chão, meus olhos passam rapidamente para as meninas amarradas, quero dizer, meu olho só para em Noora assustada. — Que merda é essa? — Minha voz soou alta e quando tento me levantar, alguém me joga contra o chão novamente.

— Capitão... Achei mais uma perdida. — O idiota atrás de mim disse para um rapaz que se aproxima e logo meus olhos reconheceram ele.

— puta que... — Ambos dissemos juntos.

— Eva? Porra... — Ele olhou para o cara e xingou-o alto. — Mas que merda... Justo a neta mimada do dono?

— Mimada... Você vai ver quem é mimada quando eu arrastar a sua cara no chão. — Resmunguei irritada. — Então é melhor me soltar logo... Seu idiota, antes que eu dedure essa palhaçada aqui.

Ele apenas sorriu e percebi que a rivalidade dos acampamentos só estava piorando. Mas o que está acontecendo?

— Sua...

Antes que ele terminasse a frase, vi Noora soltar um "babaca" e isso tomou a atenção dele.

— O que você disse namorada do William?

— Noora. — Ela retrucou. — Meu nome é Noora e não namorada... E eu disse que você é um babaca. Quer que eu repita?

Eu não pensava que Noora era tão confiante e ela me surpreendeu, me fazendo até arregalar os olhos.

Senti eles começarem a amarrem minhas mãos e soltei diversos palavrões.

Eu estava irritada, com medo e chateada.

— Vamos deixa-las aqui... Meninas. — Ouvi as meninas reclamarem alto e suspirei assustada.

O capitão, sendo a unica maneira que o conhecia, já que nunca descobri seu nome verdadeiro. Aproximou-se e ficou face a face comigo. — Ingrid vai amar saber que você voltou.

Aquilo mexeu comigo e senti meu rosto esquentar de raiva.

— Nos vemos por ai garotas...

Com essa despedida, todos os rapazes foram embora e ficamos apenas nós. Mas antes eles foram cavalheiros e resolveram estourar as luzes, nos deixando apenas com a luz da lua.

— O que vamos fazer?

Uma das garotas perguntaram, mas não a conhecia e apenas dei de ombros e olhei para Noora.

— Preciso ligar para o Will. — Ela disse ao olhar para sua perna também amarrada e eu tentei movimentar minhas mãos, mas eles haviam apertado muito.

— Merda. — Me levantei, já que era a única que não estava com a perna amarrada. — Vou voltar.

— Vai mesmo... No escuro. — Noora resmungou sarcástica.

— Você é legal apenas de manhã é? — Indaguei sarcástica.

Ela ignorou o que eu disse e ficou quieta por um tempo, até soltar um gritinho animado. — Pega o meu celular... no meu bolso.

Eu me aproximei dela e acabei rindo quando vi ela virar sua bunda na minha direção. — Oh loco meo... Não quero ver bunda não. — Ok, eu ficava nervosa em situações como essa e isso significava: conversas aleatórias. — Vamos lá.. — Virei o meu corpo e tentei achar o volume do bolso e quando achei, tirei-o com agilidade e joguei ele no chão. — E agora?

Ela soltou um suspiro.

— Ligação de emergência. — Quando ela disse isso o celular começou a tocar.

Tecnologia mandando lembranças.

Logo ela colocou no viva voz e isso me fez revirar os olhos, mas fiquei perto do celular porque é a unica claridade.

As meninas estavam surrando algo, como "é tudo culpa dela..." ou "namorada dele"

Eu não tenho namorado.

Então é culpa da Noora?

— Ei Noora. — Uma voz rouca soou pelo celular.

— William...

— O que aconteceu? — Ele perguntou rapidamente e percebi que o tom dela foi desesperador.

Noora estava assustada.

— Os garotos do acampamento rival nos pegaram... e...

— O QUE? Como?

— Ohhh, cara... Se você ficar quieto ela conta. — Resmunguei já irritada. — Estamos na floresta... Perto da trilha principal, entre a cachoeira e a montanha... Trás lanterna e uma tesoura, porque esse nó não vai sair nunca... Agradeço. — Me intrometi na ligação e comecei a tagarelar.

— Quem é você?

— Ele é meio lento né... — Sussurrei para Noora e ela revirou os olhos ao ver que a ligação havia sido desligada.

Logo todas ficamos quietas e o clima ficou estranho sobre nós.

Olhei para Noora que agora parecia um tanto deslocada. — Desculpa por mais cedo. — Disse baixinho e vi ela abrir um breve sorriso e concordar.

— Desculpa por te seguir.

Acabei rindo. — Isso é um costume feio...

Ela sorriu e ficou quieta, no fundo queria que ela tagarelasse para não começar a me sentir assustada pela situação. Mas cada um lida de uma maneira.

E como se fosse uma luz no final do túnel ou no final da floresta, vi três nos iluminarem e as meninas soltaram gritinhos animados. Suspirei aliviada e logo vi três corpos tomarem nossa visão e percebi que os rapazes tinham aparência de mais velho e Skam realmente não tinha idade.

— Noora. — Um loiro disse ao se aproximar e o analisei, vendo que ambos faziam um casal top.

— William. — A voz dela soou mais carregada. — Nos solta logo... Por favor. — Ele concordou e começou a solta-la.

Senti alguém começar a me soltar e sorri aliviada ao me virar, porem logo meu sorriso desmanchou e o obrigada morreu no ar.

— Eva? — A voz soou um tanto confusa e meus olhos arregalados chamou atenção do casal ao lado.

— Você conhece ela Chris? — Willian perguntou para o moreno.

— Não... — E eu não menti, ele não me conhecia e o pouco que sei dele já não me agrada. O babaca que marca um encontro e fica aos beijos com outra.

Super legal.

E maduro.

— Obrigada. — Disse para eles e peguei meu celular no bolso, logo liguei a lanterna e sai daquele lugar.

Que dia.

Mas que diaaaa.

Caminhei desesperadamente entre as árvores e liguei para Vilde.

Quem é Vilde? Minha única friend do ensino médio. Motivos? Ela foi odiada e eu também, ai resolvemos unir nossas forçar.

O telefone tocou muito, até porque já estava de madrugada e acabei suspirando um pouco entediada.

— Alo... — Foi a primeira coisa que Vilde disse.

— Vilde... Você não vai acreditar no que está acontecendo aqui. — Disse entre gritos e logo baixei o meu tom. — Não posso gritar.

— Não... Eva. — Ela estava brava, pois podia sentir a respiração pesada dela. — E nem quero saber, eu estava dormindo... merd... — Ela parou a frase no meio e controlou-se.

— É sério... Eu fui sequestrada, amarrada, encontrei um demônio gato... — Disse desesperada. E logo tampei minha boca, me xingando mentalmente por falar isso em voz alta.

— Você está bêbada meu amor? — Ela indagou. — Porque se você estiver bêbada e me ligando, eu vou ficar brava...

Quando eu percebi que a coisa estava ficando séria, apenas suspirei.

— É sério... — Eu acabei deixando um tom triste dominar minha voz e acredito que aquilo acordou-a, pois ouvi barulhos de movimentação.

— O que aconteceu?

— Eu acabei de dizer Vilde. — Resmunguei.

— Ok, você viu um demônio... Ahaam. Eu acredito que você está delirando.

— Não estou.

— É... Não está mesmo. — Ela disse. — Você está triste. Por que?

— Eu... — Suspirei ao chegar perto do chalé e fiquei lá perto da porta. — Eu cheguei já fazendo merda, sabe? Sei que isso não é novidade, mas... Estou cansada disso e ai acabei sendo idiota com uma menina, briguei com meu avô... Fui andar e fui sequestrada pelo acampamento rival... Ai fui salva por uns garotos e um deles é um....

— Essa palavra é feia, não fale assim dele. — Ela me corrigiu, como uma mãe.

— Enfim... — Cortei ela.

— Quem é a pessoa?

— Chris. — Minha voz soou baixa e olhei para os meus pés, que batiam freneticamente contra o chão.

— A Chris... Aquele amorzinho de pessoa. Por que está chamando ela assim? EVAAAAAAA.

A Chris é uma menina que Vilde conheceu no acampamento e as duas viraram bff, sério, nunca vi uma amizade tão forte.

Ambas conversam até hoje e como naquela época estava namorando, eu não conviva muito com elas e nem lembro muito da Chris.

Mas eu tinha dito que era um menino, certo? A loira ainda está dormindo, só pode.

— Não é a Chris... É O Chris. — Enfatizei o "o" e recebi apenas o silencio da garota.

Silencio.

E até imaginei que ela havia desligado na minha cara.

Mas não tinha.

Então se ela está chocada. Por que eu não estou?