Meu nome é Eva / SKAM
Skam e suas S u r p r e s a s
Claro que aquilo é uma pergunta.
Ela usou o tom de pergunta, Eva. — Minha mente sarcástica me respondia.
Suspirei, de forma tão profunda que podia sentir meu corpo estremecer com um frio imaginário.
— Eu nasci aqui... Acho que essa é uma boa resposta né? — Acabei dando de ombros. — Os seus pais... — Fiz uma pausa para pensar na pergunta. — Eles pegam pesado nessa questão de serem conservadores?
Ela deu de ombros também. — Eu me acostumei... Mas agora quero voar um pouco, sabe? Acho que nossa mente começa a indagar o que é certo ou errado.
— Estamos nos construindo... Com pensamentos que pode nos levar a algum lugar ou não. — Completei. — Mas o importante é está feliz, certo? — Indaguei ao sorrir de leve para ela. — No final é isso que importa.
Ela concordou e logo o silencio se instalou no nosso ambiente, ambas nos escondemos nos nossos próprios pensamentos e agradeci por isso. Porque naquele momento, eu queria pensar... Pensei no que o Skam representava para aquelas pessoas.
Obrigação.
Refugio.
Duvida.
Construção.
Skam era isso, era você fazer parte de algo.
Meus olhos se desviaram para o meu avô e me peguei sorrindo para ele, o mesmo estava conversando com um grupo de pessoas, sendo elas os funcionários do acampamento.
A animação dá mesa deles contagiavam aquele local e sorri ainda mais quando os olhos dele me encontraram. — O que foi? — Ele sussurrou.
Eu mostrei a linguá ao dar de ombros e isso o fez rir, logo Hulk me encarava também e fiz o mesmo com ele.
Me levantei e fui até a pia, onde deixei os pratos junto com os outros.
VILDE MENSAGEM: EVA, EVAAAAAAAAAAAAAA. Tenho uma surpresa para você, corre até a entrada do acampamento.
Eu ri.
Vilde era louca, mas sempre me fazia surpresas interessantes. Será que ela estaria vindo para o acampamento?
Busquei o grupo da Noora e nada deles. Sai de maneira desconfiada e acabei procurando-os e acabei chegando na entrada como foi me pedido e me choquei ao ver o acampamento rival e os meninos e meninas Skam discutindo.
Essa não seria a minha surpresa.
Decidida a não me intrometer, viro de maneira discreta... Porem não tão discreta assim, pois ouço meu nome ser chamado.
— Eva? — Aquela voz me fez suspirar e volto a fita-los, incluindo todos que estavam lá.
Do nosso acampamento haviam cinco: Noora, William, Chris, uma garota e um outro menino.
Do acampamento rival: Jonas, Isak, Ingrid, Sara e um loiro.
— Eu já estou de saída. — Disse de forma automática.
— Por que? A festa acabou de começar. — Ingrid disse e revirei os meus olhos.
— Eu acho que já está de bom tamanho eu ver o rostinho de vocês na escola. — Disse de forma defensiva.
— Aposto que o rosto de alguém você está com saudades.
Eu me afastei e ignorei o que foi dito, mas não adiantou, nunca adianta. — Você continua sendo uma vadia medrosa.
Não Ingrid, aqui não.
Eu dei passos decididos na direção dela e senti meu rosto esquentar. — Você não está na escola, Ingrid... Tenha cuidado com o que você diz. — Quando tentei me aproximar ainda mais, Jonas me barrou, sua mão foi até o meu pulso e aquilo me fez olha-lo de forma ameaçadora.
— Eva.
Aquele tom dele me fez ficar tão, mas tão brava que acabei puxando minha mão com certa violência. — O que é Jonas?
— Você não é assim.
— Porra... Sério bebê? — Indaguei ao rir alto. — Você é tão sínico... que me deixa até comovida.
— Você... — Ingrid tentou me agredir, mas diferente das ultimas vezes eu estava preparada para isso e fui para cima dela, e novamente Jonas me segurou, o braço dele passou por minha cintura e a familiaridade do toque me incomodou.
Skam x rivais.
— Solta ela cara. — A voz de Chris me despertou, até porque eu estava focada em uma Ingrid raivosa.
Tão raivosa que Isak e Sara a segurava.
Eu tentei me soltar e logo Jonas tratou de fazer isso, até porque William e Chris ameaçou em fazer isso por ele.
A mão de Jonas passou por meu rosto e ele puxou minha face para encara-lo.
— Já fez amiguinhos é? — A pergunta tinha duplo sentido e aquilo incomodou até mesmo Noora que se colocou ao meu lado.
— Está preocupado é? Não deveria... — Sorri secamente e acabei fitando a sacola na mão dele. — Mas que merda é essa? — Puxo a sacola e fito as latinhas de tinta. — Vocês estão zoando com a minha cara... — Eu empurro Jonas com força e isso faz ele se afastar. — Porra... Vocês querem mesmo ir tão baixo? Saem daqui, antes que eu quebre a sua cara no meio.
— Eva... — Jonas tentou se explicar, mas ele sabia... Ele sabia que Skam era importante para o meu avô e meu avô era tudo para mim.
— Sai Jonas.
Ele me fitou contraditório, mas Isak o puxou e logo eles estavam saindo e olhei para minha mão que estava tremula.
Noora colocou a mão no meu ombro, mas tratei de tira-la. — Para vocês isso é diversão, mas para meu avô não... Aqui é a vida dele e vocês não podem tirar isso. Quando vocês vão entender que brincadeiras como essa tem reação, talvez não com vocês... Mas alguém sempre sai machucado. — Suspirei e mordi meu lábio ao virar para olha-los.
— De onde você conhece eles? Até porque tudo isso começou faz três anos e você não estava aqui.
— O acampamento é bem antigo. — Dei de ombros ao entregar a sacola para Noora. — E isso não importa. — Eu estava bem abalada e no final meus pais erraram feio ao pensar que isso me deixaria melhor.
As pestes te encontram em qualquer lugar.
Pensei em voltar e esquecer dessa surpresa da Vilde, talvez ela só estava me trollando.
Mas como um sinal do céu, uma van para e buzina diversas vezes e acabo reconhecendo aquela van. — Merda. — Acabo correndo até ela e a porta se abre, me fazendo olhar a pessoa que estava lá dentro. — Chris. — Digo ao rir alto quando vejo aquela menina louca com um óculos escrito "2018". — O que você está fazendo aqui?
— Entra ai. — Ela disse e logo descordei. — Andaaaa Eva, antes que o Hulk atrapalhe nosso role.
Um pouco desconfiada, decido entrar e encaro-a chocada. — O que está acontecendo aqui?
— Vilde disse "salve minha amiga... ela está ficando louca".
Revirei os olhos. — Aham.
— Ok, ela pediu para eu ver se você está de boas... Mas menina, eu fui entrar de forma ilegal... Pensei em tudo "deixo minha van escondida e vou andando até achar ela". Mas ai vi o barraco e pensei que ferrada você já está... Então — Ela ligou o carro e isso me fez sorrir. — Pega o meu celular.
Peguei o celular e entreguei para ela e vi-a ligar para alguém, logo a voz estridente da Vilde tomou conta do ambiente e ela colocou o celular no meu colo.
A Chris sendo Chris, passou a fofocar sobre tudo que havia acontecido e algumas vezes tive que narrar a história. Fiquei sabendo que o pessoal do Skam havia pego eles no "pulo", ou seja, eles estavam se preparando para pichar os muros e eles barraram.
Vilde perguntou o que senti ao ver eles e bom... Eu não sabia o que responder, até porque era a mesma sensação de quando estávamos na escola.
Muitos sentimentos em um só coração.
Chris me levou para uma lanchonete beira de estrada e lá ficamos conversando sobre tudo, a mesma conseguiu me distrair e me fez rir muito sobre suas palhaçadas.
Ela tinha uma energia diferente e acabei me adaptando com a loucura dela.
Agradeço por ela ser uma das melhores amigas de Vilde, pois a Chris vê o mundo de uma maneira diferente.
Acabou que voltamos para Skam 2 horas da manhã e provavelmente ninguém contou nada para meu avô, pois ele não havia dado sinal de vida.
Chris me deixou lá e abracei-a totalmente agradecida.
Quando sai da van, corri para dentro do acampamento e tive que me abraçar por conta do frio. — Que gelo. — Murmurei ao correr até meu chalé, mas antes parei ao ver alguém sentado na frente da porta e aproximei de forma cautelosa e encarei um ser com a cabeça escondida nas pernas. — Olá... — Nada. Me aproximei ainda mais e me agachei ao tirar a touca da pessoa e chacoalha-la e me deparei com O CHRIS, sim, o Penetrators todo vermelho por conta do frio da madrugada e com os olhos cansados, como se ele estivesse brigado com o sono. — O que você está fazendo aqui? Alguma garota te deixou para fora?
Ele pareceu demorar para raciocinar, porem logo revirou os olhos e me encarou atentamente. — Você está viva.
— Eu acho que sim. — Disse meio confusa.
— Sei lá... você entrou em uma van sozinha. — Ele disse se levantando e batendo em sua bunda, para limpar qualquer sujeira que lá tivesse ficado.
— Não mude de assunto. O que você está fazendo aqui? — Irritada, o olhei atentamento.
— Nada.
— Ok, Christoffer Schistad. — Suspirei e ele sorriu com isso. — Por que está sorrindo?
— É porque você se irrita fácil... Parece uma bomba. — O tom dele me fez sorrir e ele sorriu ainda mais. — Pelo menos você sorri, uma bomba com um belo sorriso.
— ok, vai se ferrar. — Disse empurrando-o.
— Ai.
Fez um sinal para ele ficar quieto. — Fala mais alto... Logo acordamos todo mundo.
Ele me encarou atentamente e deu de ombros. — Vou para o meu chalé. Boa noite Eva.
Confusa, apenas concordei. — Boa noite Christoffer Schistad.
Esperei ele se afastar e logo entrei no chalé e apenas me joguei na cama, porem antes ouvi uma movimentação da cama do lado. — Boa noite Eva.
— Boa noite Sana e desculpa se te acordei. — Sussurrei baixinho e deixei que o sono tomasse conta.
***
Acordei animada e atrasada, mas sai do quarto cantarolando Sangria Wine.
O fone de ouvido estava tão alto, que provavelmente ficaria com dor de cabeça se continuasse assim.
Quando cheguei na cantina, que estava vazia. Suspirei ao fazer um passinho e cantei — Yo sé, yo sé, yo sé, yo sé que tú quieres mi cuerpo, eh — Um passo para trás e dois para frente. — Y quieres controlar mi mente, eh — Dei uma rodadinha e peguei a sala da de frutas. — Y todo el mundo quiere ser dueño de ella — Quando fui dar outra rodada, meus olhos se deparam com alguém batendo palma e encaro William e Chris totalmente confusa.
— Seu espanhol é perfeito. — William comentou.
Revirei os olhos com o sarcasmo dele. — E o seu cabelo está perfeito. — Retribui com o mesmo tom e isso arrancou uma risada de Chris.
— Por que está todo mundo teimando com o meu cabelo? — Ele indagou irritado. — Enfim... Estamos fugindo do Hulk. — Ele disse enquanto eu me sentava na mesa e logo ambos sentaram na minha frente, ignorando minha cara feia.
— legal.
— Então... Eva, certo? — Concordei desconfiada. — O que te trouxe aqui?
— Tirando que meu avô é dono... Os meus pais me obrigaram. — Respondi enquanto comia. — E você?
— Meu pai me obrigou também, ai trouxe meu melhor amigo... O Chris.
Concordei ao ver o tom malicioso dele.
— Legal.
— Mas eu gosto daqui... Mesmo sendo obrigado.
— Amor e ódio... Tipo isso. — Respondi e logo ouvi um barulho na porta. — Deve ser o Hulk.
Quando eu disse isso vi os meninos se desesperarem e correrem até o balcão e se esconderem atrás dele.
Mas quando percebi que a pessoa tinha dificuldade em abrir a porta, percebi que não era o Hulk e o que realmente me surpreendeu foi ver Jonas entrar por aquela porta.
— O que você está fazendo aqui?
— Preciso conversar com você. — O tom dele era decidido e aquilo me fez analisa-lo, Jonas tinha uma beleza rara, os olhos claro e a sobrancelhas grossas arqueadas na minha direção me fazia lembras das vezes que ele usava o seu charme para vencer nossas brigas.
A roupa que ele vestia parecia ser quentinhas, mas ele trata de esconder as mãos no bolso como se procurasse algo para esquenta-lo.
Jonas não sabia o que estava fazendo aqui, e isso eu tinha certeza.
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