Meu amado é um lobisomem

Capítulo 33: Surpresa - Shouya e Hanabi - Parte III


O casamento de Shouya e Hanabi ocorreu em Fevereiro, no dia dos namorados. A família e amigos compareceram ao santuário para a cerimônia e a festa foi na praça central. Como tiveram apenas um mês para os preparativos, não fora nada luxuoso, porém tiveram bastante ajuda.

Sana, mãe de Hayato, ficou encarregada com os preparativos. Ela amava casamentos e cuidou de tudo no casamento do filho mais velho juntamente com a nora. E no casamento de Hanabi, ela também tinha a ajuda de Haru. Tsuki se aproximou mais de Hanabi durante aquele tempo e a ajudou a escolher sua Yukata de casamento junto com Ame e Mai. As meninas ficaram animadas com o casamento e ainda mais pela gravidez. Estavam ansiosas para irem à primeira ultrassonografia de Hanabi para saber o sexo do bebê, que seria na semana seguinte.

Ao passo que os preparativos eram feitos no departamento feminino, no departamento masculino, Shouya tinha a ajuda de todos na construção da casa. Ela não ficaria pronta em apenas um mês, porém com a ajuda de Yuzo, Takashi, Hayato e Ichiro, tudo ficaria pronto em questão de meses. E enquanto a casa era construída, Shouya e Hanabi iriam morar na casa de seus pais, o que deixou Ame feliz.

A data se aproximava cada vez mais e os convites foram distribuídos para os colegas de Hanabi no colégio. Algumas meninas descobriram que Hanabi estava grávida, pois sua barriga magra possuía agora a redonda saliência. E o assunto não foi mantido em segredo. Logo todos descobriram e, além de ficarem decepcionados por Hanabi casar, os rapazes que gostavam dela também ficaram pela gravidez. O que a fazia apenas achar graça de suas expressões.

Porém, com tudo resolvido, faltava algo extra: seu pai.

Hanabi ainda estava em dúvida se deveria convidá-lo, porém Shouya conversou com ela. Estavam em seu quarto, na casa da mãe de Hanabi, e conversavam deitados na cama.

— Sua mãe e as meninas me ajudaram muito. – ela sorria – Está tudo pronto.

— Meu pai e os outros também estão ajudando com a casa. Acho que antes do bebê nascer já vai estar pronta. Espero que não fique desconfortável por morar com meus pais e minha irmã enquanto isso.

— Claro que não. – ela sorriu – Seus pais são ótimos e vai ser ótimo morar com Ame.

Shouya sorriu.

— As pessoas já confirmaram a presença?

— A maioria. – disse ela – Algumas vão estar viajando e outros vão comemorar o dia dos namorados com o namorado ou o marido ou esposa.

— É. Dia dos namorados. – ele sorriu.

— Hum. – ela assentiu – Vai ser ótimo. – sorriu.

Shouya beijou sua testa, sorrindo em seguida. Porém precisava tocar em um assunto possivelmente delicado.

— Hana-chan.

— Hum.

— E seu pai?

Ela o olhou, pensando.

— Não sei.

— Não estou pressionando, nem o conheço. Estou perguntando por você. Você quer seu pai aqui?

Hanabi ficou calada, pensando. De fato, ela queria. Mas não queria que sua mãe ficasse chateada. Então depois de Shouya ir embora, Hanabi abriu seu guarda-roupa e fitou a caixa de sapatos onde guardava os cartões do pai. Sentou-se no chão, abrindo-a e procurando o papel com o número de telefone dele. Esperava que o número continuasse o mesmo. A chamada demorou um pouco a ser atendida, porém quando ouviu a voz de seu pai, seu coração pareceu ter parado em sua garganta.

— Alô?... Alô?

— Ahm... – ela gaguejava – Pai?

— Hanabi?

— É.

— Meu Deus, pensei que nunca iria querer falar comigo.— disse ele, aliviado.

Ela ficou contente em ouvir isso, pois pensava que ele não queria mais falar com ela.

— Como você está? Vai terminar logo o colégio, não é? Tem namorado?— ele riu.

Ela achou graça.

— Eu estou bem. Em abril vou para o último ano. E tenho namorado, por isso liguei.

— Como assim?

— Ele se chama Shouya. É o irmão da minha amiga. É um pouco mais velho que eu, mas ele é incrível.

— Isso é ótimo, mas... Queria me contar que tinha namorado?

— Não. É que vamos... Nos casar.

Ele se silenciou por um momento, surpreso.

— Você gosta mesmo dele, não é?

— Sim. – ela sorriu – Na verdade Shouya iria me pedir depois da formatura, mas eu... Eh... Estou grávida.

Mais um silêncio, porém longo dessa vez. Após esperar uma resposta, que não veio, Hanabi respirou fundo.

— Pai?

— Quanto tempo? É menino? É menina?— perguntava, animado.

— Vou fazer cinco meses, mas não sabemos ainda.

— Você é muito nova, mas isso é ótimo.

— Obrigada. Então... Eh... Você vem ao casamento?

— Claro!

Hanabi sorriu.

— Vou enviar o convite. Mas pai... Pode vir apenas você?

— Ah... Entendi.

— Não tenho nada contra ela, nem a conheço, mas...

— Não quer magoar sua mãe.

— É.

— Tudo bem.

— Obrigada. Hum... Qual o nome dela? Eu nunca quis... Sabe.

— Tudo bem.— ele sorriu – Riko. E... Você tem uma irmã. Nana.

— Sério? – Hanabi sorriu – Gostaria de conhecê-la um dia.

— Nos avise quando o bebê nascer, iremos visitá-la.

— Sim! – ela sorriu, feliz – Tchau, pai.

— Tchau, filha.

Ao desligar a chamada, Hanabi se viu mais uma vez feliz.

No dia do casamento, tudo ocorreu como o planejado. Shouya e ela chegaram ao santuário vestidos em suas Yukatas. Shouya vestia uma Yukata verde-escuro e Hanabi uma rosa com detalhes florais. Estava linda e pela quantidade de tecidos, nem parecia estar grávida. Seu cabelo estava preso em um coque no lado direito com uma presilha de lírios. Shouya não parava de sorrir enquanto a olhava. E quando o pai de Hanabi chegou, ela ficou ainda mais feliz. Ao final da tarde, Shouya e Hanabi estavam casados. Seu sonho havia se concretizado.

No final da semana, Hanabi e Shouya já moravam com os pais dele e Ame. Ficaram no quarto de Ame, que era também o quarto de Shouya antigamente. Algumas das caixas de Hanabi continuavam na casa de sua mãe, não havia muito espaço para suas coisas no quarto de Ame. Os livros de Shouya agora ficavam temporariamente em uma das prateleiras de Ame. Ela não estava incomodada, na verdade estava bastante feliz de ter o irmão morando com ela de novo.

Haru fora visitá-las no sábado e as três estavam no quarto, conversando.

— Como estão indo as coisas? – Haru perguntou – Onde está Shouya?

— Trabalhando. – disse Hanabi – Ele disse que prefere que eu fique em casa por causa do bebê. Está trabalhando em tempo integral e também no caixa, no meu lugar.

— Ele está trabalhando muito. – disse Ame – Principalmente na casa com os meninos. Ichiro disse que ele é ótimo no que está fazendo.

— Takashi também diz isso. Shouya sempre foi bom nesse tipo de coisa. – disse Haru – E como está indo com a gravidez?

— Está começando a pesar um pouquinho, é diferente. – ela sorriu.

Haru achou graça.

— Eh...

— O que foi? – perguntou Ame, desconfiando de algo.

Hanabi a olhou, percebendo agora algo mais.

— Acho que... Takashi vai me pedir em casamento.

— O que! – ambas exclamaram em coro.

— Shh!

— Como sabe? – perguntou Ame.

— Há algumas semanas, numa sexta-feira eu acho, ele não veio para casa comigo depois das aulas. Disse que precisava sair por algumas horas para ver alguma coisa que não me lembro, mas acho que saiu da cidade. E quando voltou estava com uma caixinha dentro do casaco. Eu senti quando o abracei, mas ele desconversou.

— Então como descobriu?

— Ele escondeu na gaveta, debaixo de algumas blusas. Achei quando guardei algumas blusas. – ela achou graça – Estou um pouco nervosa. Agora que sei, acho que ele vai me pedir a qualquer minuto.

— E você quer?

— Claro! – ela sorriu – Muito.

Ambas sorriam.

— É só o nervosismo mesmo. – disse Haru, suspirando – Mas... Quando vocês vão fazer a ultrassonografia?

— Essa semana. – Hanabi sorriu – Shouya vai comigo e Ame quer também, assim como Mai. – achou graça.

— Claro que vamos! – Ame exclamou, rindo.

Ao anoitecer, Shouya chegou. Haru já havia ido para casa e Ame saíra com Ichiro. Hanabi lia um livro para um trabalho do colégio e sorriu ao ver Shouya entrando no quarto. Ele sentou ao seu lado e a beijou, beijando em seguida sua barriga.

— A ultrassonografia é na terça-feira, às 10h. – disse ela.

— Vou pedir folga, vou com você.

Hanabi pensou.

— Shouya.

— Hum?

— Ele vai ser como você, né?

Shouya a olhou.

— Está preocupada?

— Não, mas... Tem como ver pela ultrassonografia?

— Não. Minha mãe não quis fazer nenhuma ultrassonografia quando estava grávida de mim e nem quando estava grávida de Haru. Mas depois que nascemos como bebês normais, ela fez na gravidez de Ame. E ela apareceu como um bebê normal.

— Então, além disso, vai nascer como um bebê normal?

— Provavelmente.

— Mesmo assim tenho medo, estava pensando nisso. Como vai ser no hospital?

— Não sei. – ele pensou – Meu pai fez os três partos da minha mãe. Eles sabem tudo sobre partos.

Ela sorriu.

— Quer que eu o tenha em casa?

— A escolha é sua.

— É nossa escolha proteger nossa família.

Ele sorriu.

Na terça-feira, Shouya, Hanabi e Ame foram para o consultório médico. Ao chegarem, Mai estava esperando por eles na porta e sorriu animada ao vê-los chegarem. Após esperarem serem chamados, a secretária chamou Hanabi pelo nome e todos entraram na sala. Quando a médica os viu, sorriu de forma surpresa.

— Bem, realmente há muitas pessoas querendo saber o sexo.

Eles sorriam e Hanabi foi preparada, subindo na cama e levantando a blusa. A barriga de cinco meses estava um pouco maior e tomava sua forma oval. Ame e Mai ficaram próximas do monitor enquanto Shouya ficara ao lado de Hanabi.

— Vamos lá. – disse a médica, pondo o gel na barriga de Hanabi e pegando o bastão para espalhar o gel.

No monitor eram mostradas manchas, que Hanabi e Shouya não entendiam muito bem. A médica analisava cuidadosamente a imagem enquanto movimentava o bastão sobre a barriga de Hanabi.

— Ora, ora...

— Está tudo bem? – Shouya perguntou.

— Está tudo ótimo. – ela sorriu – São gêmeos.

Ame e Mai exclamaram repentinamente, pulando e se abraçando enquanto Hanabi colocava a mão sobre a boca, emocionada. A médica apertou um botão e todos começaram a escutar um som como “Tum-tum” de forma que ecoava, sendo dois sons quase em sintonia.

— Esse é o som dos corações deles. Querem saber o sexo?

Ao confirmarem, a médica visualizou e desenhou na tela, apertando algumas teclas.

— É um casal.

Hanabi sorriu, Shouya beijou sua cabeça. Ao saírem do consultório, pararam na calçada ao notarem que Hanabi havia parado de repente. Shouya a olhou, estava de mãos dadas com ela e não entendia. Ela o olhou e sorriu.

— Vamos ter gêmeos.

— Vamos. – Shouya sorriu – Vamos ter gêmeos.

Hanabi o abraçou, sendo acolhida em seus braços. Logo teriam uma família.