Meu Príncipe Às Avessas

Capítulo 15 - A um Beijo de distância



\"\"


Alguns dias depois.


Estava deitada na cama, pensando nos últimos dias e em tudo o que tinha acontecido. Eu e Loki ficamos boa parte do tempo no apartamento dele, obviamente trabalhando, e eu por um lado fiquei um pouco frustrada, e além do mais, Loki havia ignorado a parte de “descanso” que o médico havia o mandado cumprir, mas ao menos em meio ao trabalho brincávamos um pouco um com o outro, mas eu sentia que algo faltava, e era isso que eu vinha pensando naquele momento.

Isso até Nana abrir a porta do quarto. Ela havia acabado de voltar do conservatório onde dava aula.

– Por que está tão pensativa? – ela me encarava com um meio sorriso.

Eu a encarei e me levantando ficando agora sentada em posição de meditação.

– Nana, posso te perguntar umas coisas?

– E sobre o que seria?

– Relacionamentos?

– Hum, já sei, tipo você e o Loki – ela disse, mas mudou a expressão ao ver minha cara apática – o que há maninha?

– Sei lá, como eu posso dizer – eu cocei a cabeça – Nana, como é o seu relacionamento com Balder?

– Maravilhoso, por quê? – ela perguntou.

– Não foi bem isso que eu quis perguntar, é... – eu corei – bem... o quão longe vocês foram?

Nana gargalhou.

– Maninha, quê isso? – ela ainda ria, mas depois mudou de tom ao ver a minha cara suplicante – Oh céus, a coisa séria?

– Não por esse viés – eu disse – é que como eu posso dizer, eu não tenho muita experiência com isso ainda, e o Loki às vezes parece distante... sabe?

– Ah – Nana sentou ao meu lado – puxa, ah, Sigyn talvez ele seja tímido.

– Não – eu falei – ele age meio estranho desde que me pediu em namoro para papai. Cheguei a pensar que papai falou alguma coisa que o deixou assustado.

– Bem, pode até ser, pois você sabe como o papai é – disse Nana – mas eu entendo você – ela então riu maliciosa – você está sentindo falta de um contato mais físico, sabe, “uma pegada”.

Eu corei violentamente.

– Nana!

Ela riu.

– Eu não tenho vergonha, o toque faz parte da construção de um relacionamento, e além de outras coisas. Eu e Balder, por exemplo, somos praticamente cumplices.

– Então vocês dois já...

Nana riu.

– Mas é claro! – ela falou – Bem... é que alguns casais fazem, já outros preferem se guardar, vai de cada um. Mas no caso de vocês é ainda muito cedo.

– Ei! Eu não disse em nenhum momento que queria transar com ele! – eu respondi corada – é que às vezes ele nem parece me ver como namorada dele, sei lá.

– Então dê uma indireta – Nana respondeu – tome a iniciativa, talvez Loki seja um pouco lerdo.

– Não, ele não parece ser do tipo lerdo – eu respondi fitando um quanto qualquer.

– Então – Nana colocou uma das mãos no queixo com uma expressão pensativo – ou ele não tem muito jeito com relacionamentos, ou ele deve ser inexperiente.

– Loki inexperiente? – eu falei imaginando aquilo com uma piada.

– Por que, não? Balder me falou que ele era muito reservado.

– Olha, eu acho melhor a gente ficar por aqui mesmo – eu falei – vou ver o que vou fazer quanto a isso.

– Na hora certa você vai saber o que fazer – ela me deu uma piscadela – é sempre assim.

No outro dia eu estava de novo lá. Loki havia optado por almoçarmos fora, ele foi naquele restaurante a quilo, que eu frequento o que me deixou muito surpresa, e diferente da outra vez, ele pegou um prato bem cheio. Depois disso fomos tomar um sorvete. As manchas que ele tinha na pele devido à alergia haviam desaparecido por completo, e ele parecia mais corado e saudável.

Depois do rápido passeio, nós voltamos para o “trabalho”, estávamos os dois absortos cada um com seu notebook, e então aquela sensação de angústia voltou a me incomodar. Deu um suspiro e ele então me fitou com seus óculos de leitura.

– O que há? – ele perguntou indiferente.

– Nada – eu disse.

E ele não falou nada e continuou a digitar. Depois de alguns segundos eu não aguentei e falei sutilmente.

– Me sinto tão carente – falei, mas ele não disse nada – você não acha nosso namoro tão estranho?

Vendo que ele não me olhava eu continuei.

– Eu penso que está faltando alguma coisa – eu continuei - sei lá, algumas conhecidas falam que um bom namoro tem carinho, abraços, e longos beijos...

Notei que apesar de ele não me encarar, vi que ele parecia está atendo.

– ... uma coisa a mais, mas a gente não faz nada disso – eu soltei um muxoxo – acho que você não parece está tão interessado em mim assim, ou tem medo de mim...

Ouvi um notebook se fechando de maneira brusca, pisquei os olhos e o encarei, ele me fitava serio. Ou melhor, irritado.

Ops! Não achei que ele fosse ficar irritado

– Ah, então eu sou um medroso? – ele disse com sua voz gélida.

Loki então se levantou e caminhei em minha direção, eu é claro me levantei e recuei para trás.

– Era... brincadeira – eu falei um pouco assustada.

– Brincadeira? – ele disse chegando perto – Brincadeira? Acha isso divertido?

– Não – eu falei sentindo a parede atrás de mim.

Ele parou a poucos centímetros de mim, e eu podia sentir o seu hálito quente batendo contra o meu rosto.

– Vou lhe dizer uma coisa, Sigyn, então você supõe que eu esteja com medo, ou que eu seja frio, certo? Pois bem, eis a verdade, eu estou com medo. E sabe por quê?

Meus olhos se arregalaram, ele continuou com a mesma expressão fria.

– Porque eu perco o controle quando estou perto de você. Por acaso faz ideia do quanto eu me controlo, cada vez que eu sinto o aroma do seu cabelo – nisso ele segurou uma mexa do meu cabelo e inalou fechando os olhos – quando sinto vontade de toca-la e abraça-la.

Ele me pressionou contra a parede, meu coração pulava dentro de mim, e meu estomago se contorcia querendo soltar milhares de borboletas.

– Loki... – foi a única coisa que eu disse.

Ele então aproximou seus lábios nos meus de maneira demorada, que aos poucos se tornaram intensa, de começo fiquei paralisada, mas aos poucos fui acompanhado seu ritmo e lhe dando passagem.

Ele me segurou contra o seu corpo e minhas mãos passearam por seus cabelos, bagunçando-os. Já as mãos deles passeavam por minhas costas, a sensação era maravilhosa, mas tivemos que interromper pela faltar de ar.

Nós encaramos com olhos semicerrados.

– Espero que esteja satisfeita, sua reclamona – ele disse maroto.

– Não – eu disse corada – eu quero mais um...

– Gulosa – ele disse com um olhar de malicia, e me beijou de novo.

Porem o clima foi cortado pelo latido de Fenris, eu e Loki o encaramos ao mesmo tempo.

– Shhh!

Fenris nos encarou sem entender, acho que ele queria comida. Mas, devido ao ‘clima’, ignoramos a fome do pobre cachorrinho.

Loki me puxou para perto da mesa onde ele se sentou e em seguida me fazendo sentar no colo dele, ele mergulhara o rosto na parte de trás da minha cabeça só para cheirar o meu cabelo, ele mal sabia, mas aquilo me deixava toda arrepiada.

– Posso perguntar uma coisa? – eu falei me aconchegando melhor.

– O que seria?

– Onde aprendeu a beijar tão bem? – eu falei fechando os olhos e esboçando um pequeno sorriso.

– Eu sempre praticava com laranjas – foi a resposta dele, antes de me beijar de novo.