— Sangue —

Uma explosão.

Dor.

Minha mão latejava enquanto o vermelho deixava meu corpo.

Sangue!

Era tudo o que eu conseguia enxergar.

Sangue!

Podia sentir ele escorrendo pela ferida em meu braço.

Sangue!

Um tiro certeiro o feriu, surpreendendo-nos.

Sangue!

Podia sentir o cheiro metálico de seu sangue misturado ao meu enquanto aquele liquido viscoso escorria pelo buraco em seu peito.

O tiro o acertara em cheio, levando-lhe todo vigor.

Deixando-me a observa-lo cair.

Minha mão decepada doía, mas nada se comparava dor de ver o sangue quente escorrer pelo corpo do único homem que dizia me amar.

Ele me amava? Queria viver comigo?

Palavras e mais palavras.

Era sempre assim!

As pessoas me faziam promessas, jurando amor e uma vida feliz para logo depois deixarem-me a carregar sozinha o fardo doloroso da perda.

Havia perdido meus pais muito cedo e com isso nada mais havia sido o mesmo.

Eu era apenas mais uma menina má perdida pelo mundo. Esquecida por todos, tendo de viver de roubos.

O homem não conhecia aqueles sentimentos utópicos como a compaixão e o amor. Nem mesmo uma criança era polpada.

Era por isso que eu havia entrado nesse jogo de morte.

Queria ser Deus e acabar com todo o sofrimento de quem não o merecia.

Não queria que mais nenhuma criança passasse pelo mesmo que eu.

Eu apenas queria criar um mundo melhor, mas com isso acabei mergulhando de cabeça no maior inferno de toda minha existência.

Minha vida não tinha cor, mas isso havia mudado quando o conheci, mesmo que eu não quisesse admitir isso em voz alta.

Meu orgulho não deixava!

Meus olhos queimavam enquanto abraçava seu corpo mole junto ao meu.

Era cômico como eu, a maior terrorista da atualidade, estava apaixonada por um homem da lei, um simples policial.

Era realmente hilario e agora eu poderia estar rindo se ele não estivesse praticamente morto em meus braços.

Ah como doía vê-lo daquela maneira!

Suas palavras ecoavam por minha mente.

"Case comigo, Uryuu!"

— Sim — sussurrei.

"Você é minha."

— Sim — repeti arrastando seu corpo frio desajeitadamente, enquanto seus assassinos ainda nós perseguiam, encurralando-me.

Não havia saída alguma!

"Viver os dois juntos é melhor que ficar sozinha."

— Sim... E-Eu quero viver com você... Então não morra aqui... — pedi serreando os dentes.

Por que ele não me ouvia?!

"Case comigo, Uryuu!"

— Sim — minha voz já não saia, mas mesmo assim eu queria que ele me ouvisse.

Eu agora eu aceitaria me casar com ele!

Sim, eu não iria mais negar. Queria me casar com ele. Queria construir uma nova família ao lado dele, mas agora tudo parecia perdido.

Isso era revoltante!

— Não morra!

Som de passos.

Eu estava cerca e sem nenhuma munição.

"Eu havia perdido aquele jogo"

O som de disparos automáticos ecoaram por meus ouvidos.

Pensei que a morte seria mais dolorosa, mas a dor nunca veio.

A morte se tornara gentil e indolor?

Atordoada, abri meus olhos para encontrar os seus uma ultima vez.

"Depois você vai se casar comigo e pendurar as chuteiras como terrorista"

Por quê?

Por quê?!

Por que ele estava se sacrificando por mim?!

— Nishijima — balbuciei encarrando-o.

Por que ele me amava?!

Com um pequeno sorriso e um olhar gentil ele me protegera mais uma vez. Ele fora meu escudo, deixando as balas perfurarem seu corpo espalhando toda a cor vermelha pelo chão branco.

Ele me amava?! Por que ele me amava?!

Por que estava decidido a morrer por mim?!

Aquilo tudo era uma grande merda!

Talvez conhece-lo tenha sido uma grande merda, pois o que eu faria com todo aquele sentimento patético que somente crescerá dentro de mim?

O que eu faria com todas as memorias e planos que vinham a minha mente agora que ele já não podia ficar mais ao meu lado?

Por que ama-lo era tão fácil?

Por todos os infernos. Eu não queria dizer adeus!

Não tê-lo mais por perto seria uma tortura.

Mais uma vez eu estava perdendo tudo diante de meus olhos e não estava sendo dramática.

A vida nunca sorriu para mim, nem mesmo quando a infância ainda me dava esperança, por que agora seria diferente?

Minha historia era uma comedia repleta de um humor negro e hostil, onde o policial sem vida roubara o coração de uma jovem criminosa internacional.

Isso sim deveria ser considerado um grande crime!

Mas quem pagaria por essa sua infração seria somente eu, pois viver sozinha era meu carma.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.