Mil congelou. Admitir sentimentos para si mesmo era inadmissível. Não era uma pessoa com emoções próprias, não passava dum copo para encher com as dos outros.

Estava errado. Félix estava tornando Mil algo errado.

De repente, o homem agarrou-lhe. Félix jogou ambos na cama e encheu aquela forma de cócegas. O garoto não lutou, apenas riu baixinho. Em algum momento, o toque frenético, porém carinhoso de Félix conseguiu, com ridícula naturalidade, superar os triques da metamorfose e Mil, que nunca sentira os clientes tocando-lhe, gargalhou alto.

Talvez pela primeira vez.

Félix parou.

― Você não é ele, né?

Mil engasgou.