Mestres Dos Espíritos

Aliza Felix, e a Macumba Saravá


Chegamos na casa da Aliza de noite, como sempre. Como eu sou um fantasma, eu não posso me cansar. Mas ás vezes eu sinto como se fosse um pé no saco voar pela cidade toda com uma garota de 55 quilos nas costas, mas não me atrevi a perguntar o que ela comia com medo de perder minha parceira. Vocês sabem que eu preciso dela pra me ajudar a me tornar o mais forte.

Falcis tocou a campainha e da casa saiu uma senhora vestida com roupas negras, a marca oficial dos Necromantes.

- Oi vovó! – Disse Falcis.

- Oi querida! – Disse Aliza, abraçando sua neta. – O que a traz aqui? Fiquei sabendo da briga com a sua mãe.

- Bom, eu...

- E quem é seu amigo fantasma?

- Este é O Fantasma da Noite Eterna.

- Ah, olá Noite Eterna!

- Espera – retruquei. – Como você sabe que eu sou um fantasma?

- Você tem a mesma aura de pânico dos fantasmas do tipo Miragem.

- Puxa vida, não é a toa que você foi a parceira do Relógio.

- Ora, não fiquem aqui fora, entrem, eu fiz pastéis de queijo.

Nós entramos, a casa dela era normal, mas em alguns locais tinha sutis alusões aos espíritos, como uma gota pintada num quadro, mas que na verdade era uma chama azul (símbolo dos Fogos- Fátuos), uma iluminura no rodapé que parecia uma flor, mas que se olhada de cabeça para baixo parecia uma caveira, entre muitas outras bizarrices.

- Então, o que os trás até a minha casa?

- Bom – respondeu Falcis – O Noite Eterna me salvou quando eu fui atacada por um Poltergeist. Depois, a mamãe me mandou para um hospício e ele me salvou de lá. Atualmente estamos sendo procurados, mas eu prometi que o ajudaria em seu sonho de possuir todos os poderes dos diferentes tipos de espíritos. Ele é amigo do Fantasma do Relógio, que nos disse que era seu parceiro e nos mandou falar com você, e depois falar com Yoh Asakura para fazer o ritual que selamento de união do sei lá o que dos espíritos.

- Ah! Que interessante... Podem ter certeza de que vocês jamais esquecerão o ritual. – Ela olhou pra nós de um jeito que me deixou assustado. Esse tal de ritual estava com a maior cara de cilada. – Mas vocês não conseguirão ir muito longe do jeito em que estão. Falcis, olhe pra você. Não tem nem mesmo uma arma ou técnica especial para ajudar seu parceiro. Vamos lá para fora, vamos fazer um pequeno treinamento.

Nós todos saímos para o quintal (que não estava lá muito limpo, com muitas folhas mortas espalhadas pelo chão). A vovó Aliza falou:

- Muito bem. Falcis, deite no chão e feche os olhos.

- Ok. – Ela deitou no chão e fechou os olhos.

- Agora, Noite Eterna, me ajude a fazer um círculo envolta dela.

Ela foi me guiando e me ajudando a desenhar um círculo. Depois desenhamos linhas de forma que o círculo virou um diagrama macabro. Ela me mandou buscar velas, incenso, uma galinha preta, três mulheres brancas e um macaco. As mulheres estavam cada uma segurando um castiçal enquanto vestiam roupas velhas de sacerdotiza oriental enquanto entoavam cânticos macabros. Eu vesti (ou melhor, botei uma roupa ilusória) um tipo de vestes tribais que cosnistiam em uma calça velha de fibra de madeira e um colar de ossos. Aliza estava com a mesma roupa, mas portava um enorme bastão enfeitado. E o macaco, coitado, foi atado a uma lápide antiga com escrituras arcanas para ser sacrificado. E a Falcis continuava deitada no meio do diagrama. Acho que ela dormiu. A essa altura, os vizinhos corriam, tapavam os olhos das crianças, faziam o sinal da cruz, e tinha até um padre tentando me exorcizar (mas ele é quem correu de mim). Depois eu fui instruído a dançar em volta do diagrama uma dança tribal enquanto as mulheres cantavam e uma delas batia num tamborim. A velha Aliza ficava de olhos fechados, movendo as mãos no ar e recitando palavras em alguma língua morta.

Quanto a minha dança, isso não era problema, afinal, modéstia á parte, eu sou um excelente dançarino. Já espiei muitas aulas das bailarinas. Já dancei no Grande Teatro Excelsior na frente de mais de oito mil pessoas. Enfim, enquanto todo mundo fazia a macumba, Falcis começava a suar, se contorcer um pouco e fazer expressões diferentes, hora de dor, ora de raiva, ora de tristeza. Ás vezes ela gemia, ás vezes chorava, ás vezes dava gritos assombrosos que chegavam perto dos de uma Banshee. Ao fim de cerca de 15 minutos de macumba, Aliza encerrou girando seu cajado, lavantando-o, gritando “OISH!” e batendo ele no chão. Falcis se levantou de uma só vez de um jeito muito bizarro, como se alguém puxasse ela pra ficar de pé, mas não tinha ninguém puxando. Ah, quase esqueci de dizer que o macaco fugiu enquanto a gente cantava e dançava, mas a velha disse que não fazia mal, e ao invés de um macaco sacrificou a galinha preta.

- Falcis, você agora está pronta. Você pode usar as técnicas de necromante .

Falcis tinha um olhar perdido como se ela fosse um zumbi. Não disse uma palavra, só moveu a cabeça positivamente.

- Desperte. – Aliza estalou os dedos e Falcis voltou ao normal.

- Ai, que dor de cabeça. Não pensei que ser Necromante era tão bizarro.

- Muito menos eu. – Falei. – Mas agora finalmente somos parceiros e podemos ir á caça.

- Ainda não. – Disse a velha – Este ritual foi para despertar a Falcis, não para selar sua parceria. Isso é com o Yoh.

- Ô velha macumbeira do capeta! Porque não falou logo!

- Falcis, vamos testar seus novos poderes.

- Certo vovó!

- “Das profundezas da dimensão Phantasma, eu invoco... Espírito do Mal!”

Um portal se abriu no chão e dele saiu um pequeno fantasma negro.

- Agora vamos lá. Você pode sentir a energia negra fluindo no seu corpo. Tente transformar essa energia em uma forma real, como uma esfera ou arma.

- Certo! – Disse Falcis. Ela juntou cruzou as mãos na frente do peito, fechou os olhos e dois anés de energia giratória se formaram um “X” á sua volta, e quando ela abriu os olhos, levantou as mãos para cima e gritou “Hex Chainsaw!” os dois anéis voaram na direção do fantasma cortando ele em quatro pedaços, mas ele não morreu.

- Ótimo, agora tente formar uma arma com a energia!

- Ok, vamos lá!

Eu sabia que ela ia invocar uma foice. Eu já vi muitas garotas usando foices como armas. Não é mesmo, Maka, Goth, Vica, Charon, Morte, Miyuki e as leitoras da fic do Luca? Só que ao invés disso ela invocou uma roupa estilo Sakura Card Captor gótica e um cetro com uma caveira chibi na ponta.

- Minha técnica especial, Drider Suit! Hyaaaaaaaah!!! – Falcis correu, deceu o cetro na cabeça da criatura e a derrotou. Depois ela voltou ao normal.

- Sem comentários. – Falei.

- Err... Não era isso que eu tinha em mente Falcis, mas pelo menos deu certo...

- Obrigada vovó!

- Agora, quero que os dois treinem. E vão falar com o Yoh. Se cuidem, os dois.

Eu botei minhas roupas normais, e voei com ela nas costas para o nosso próximo destino.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.