Mente de Coordenadora Pokémon

A contabilização do melhor amigo e inimigo


Meu nome é Mirian Miller e me tornei uma Coordenadora Pokémon para conquistar uma taça em homenagem a minha mãe que está doente. No entanto, fui tão mal em minha jornada que acabei presa, através de uma armação, acusada de ser caçadora ilegal e falsificadora. Depois de sair da prisão, com uma pequena ajuda do atual Campeão da Liga Pokémon de Kanto, fui desafiada a conquistar uma vaga no Grande Festival para assim descobri o verdadeiro passado da minha mãe e as pessoas que armaram para que eu fosse presa.

Estou morrendo de medo disso tudo, mas acho que nada se compara a ter meu melhor amigo dizendo que vai matar meu pokémon no palco.

Mente de Coordenadora Pokémon
Episódio 06: A contabilização do melhor amigo e inimigo

— Eu disse que íamos nos encontrar na próxima luta! - Laris sorria e pulava com Mirian. - Eu só preciso vencer meu adversário ali e então... O que foi? -

Mirian estava parada com um olhar estático para um dos lados do palco. Parecia ver um fantasma ou coisa desse tipo. A agitação no palco parecia ter fim enquanto Gray pedia, gentilmente usando o microfone, para que Mirian deixasse o palco junto a seu pokémon para que a próxima luta pudesse iniciar.

Farfetch’d percebeu que era hora de sair do palco e preparou-se para isso. Não havia acompanhado os melindres recentes de sua treinadora, que parecia em transe. Apesar de capturado a meses, só passara com ela pouco mais de duas semanas e só tinha uma certeza sobre ela, preocupava-se com ele e era totalmente aérea. Seria normal ela distrair-se com algo. Resolveu que sairia por conta própria do palco, já que novamente escutava os pedidos de Gray para fazê-lo.

Mas, Mirian não escutava nenhuma única palavra que era dita. Nem mesmo sentia Laris tocando-a com insistência, apenas caminhava na direção do adversário de Laris.

— Vo.. Voc... Você? - Gaguejando Mirian alcançou o competidor e abriu os braços para abraçá-lo em meio as lágrimas.

Negro, cabelos crespos, altura de pouco mais de um e oitenta, um sobretudo tudo negro com calça, cinto, camisa e sapatos pretos. Aquele era o rapaz a quem Mirian muito devia, a muito não via e que muito sentia falta. Muitos o chamavam de Maurício Malta, mas ela o chamava de melhor amigo.

Mirian o apertou no abraço em meio a lágrimas, querendo dizer um monte coisas que talvez se resumiam bem naquelas lágrimas que derramava naquele momento.

— Desculpe-me... - A voz dele saiu casual deixando Mirian ainda mais nostálgica.

— Eu é que peço desculpas por tudo. - Mirian disse apressada.

— ... porque vou matar seu pokémon neste palco. - Ele completou a frase fazendo Mirian arregalar os olhos assustada com o que ouvia.

A sua frente, dentro de seu campo de visão, parado próximo a entrada do corredor que dava saída do palco, seu pato pokémon a espera da estranha cena terminar. Aquele a quem ela não conseguiu derrotar, aquele a quem ela salvou, aquele que aceitou que ela fosse sua coordenadora, mesmo percebendo que ela não tinha habilidades para aquilo. Aquele pokémon que a fez ter sua primeira vitória numa batalha de concurso agora era ameaçado por Maurício, o melhor amigo de sua coordenadora.

Se havia algo errado em tudo aquilo Mirian não conseguia dizer. Mas, foi então que percebeu que ela envolvia Maurício em um abraço terno e apertado, mas não havia nada vindo por parte. Seus braços sequer se moveram para abraçá-la, mesmo que friamente. Ele ficou apenas parado, mas na emoção que estava de reencontrá-lo após tanto tempo, não havia reparado nisso.

Retirou os braços dele, limpando o rosto e já começando a rir, pronta para encontrar um rosto zombeteiro e segurando uma gargalhada. Sim, Maurício não era a pessoa mais brincalhona do mundo, mas não perderia a oportunidade pregar uma peça em Mirian depois dela ter abandonado-o. Não haveria outra explicação, pois o Maurício que conhecia era uma pessoa que jamais deixaria alguém se machucar, então não teria como ele ferir outro ser vivo a ponto de matá-lo.

— Vamos garota, está nos atrasando! -

Elliot Gray, o Mestre de Cerimônias, começou a empurrar a perdida Mirian. Já haviam perdido tempo demais com aquela situação.

Agora o palco estava livre ara Laris e Maurício se enfrentarem na próxima rodada do Concurso Pokémon de Vermilion. A plateia estava agitada e parecia não questionar o que havia sido a cena de Mirian a instantes atrás, no máximo desejavam que aquela batalha acabasse logo para que Mirian enfrentasse o negro e ver um conflito entre eles surgir diante de todos.

— Você não parece tão assustador. - Comentou Laris ao perceber que mesmo diante toda a cena seu adversário permaneceu todo o tempo encarando-a. - Não sabia que tinha amigos, ainda, mais como a Mirian. -

Maurício não mudou a expressão, um rosto sério de olhar casual que parecia esperar que o adversário fizesse algo. Não ocorreu resposta através da sua boca, mas definitivamente Laris escutou a resposta vindo.

— O que é isso? -

Mirian estava parada no corredor ainda tentando se refazer. Seu melhor amigo havia dito a ela que mataria seu pokémon e ela acreditou ser alguma brincadeira, mas não teve tempo de comprovar. Agora, apenas sentia o ginásio tremer ao som de um brado, vindo da plateia, que ela não entendia o significado. Brado que era a resposta para o questionamento de Laris sobre Maurício ser ou não assustador.

— O que é Dark Mau? -

Mirian escutava com perfeição quase toda a plateia gritando aquele nome. Era como se chamassem por aquilo e apesar de parecer uma ovação, sentia que havia algo de obscuro naquele brado.

— Não é o que, e sim quem. -

Uma voz surpreendeu Mirian no corredor que virou-se assustada. Era Evans, o seu adversário anterior. Ele parecia nervoso.

— Evans! - Mirian olhou para o jovem e de repente abaixou a cabeça sem graça. - Desculpe-me pela cena no palco, acho que exagerei, né? -

— Não. - Disse Evans suspirando. - Fiquei surpreso com sua atuação final, você ainda não sabe exatamente o que está fazendo, mas é uma coordenadora. -

Mirian sorriu por alguns instantes, mas a plateia continuava a gritar pelo tal Dark Mau a deixando arrepiada. Parecia que o clima em todo o ambiente estava ficando pesado.

— Eu fico assim também quando ele está no palco. - Disse Evans. - Esse cara que abraçou com tanto carinho é um coordenador iniciante chamado de Dark Mau. O cara é assustador! Não havia percebido que se vencesse eu teria que enfrentá-lo, estou com pena de você. -

— Maurício não é assustador! - Disse Mirian. - Excêntrico e estranho, mas não a ponto de assustar. - Maurício era o melhor amigo de Mirian desde sempre, seu amigo jamais meteria medo em alguém da forma que Evans dizia. - De qualquer forma, Laris me parece uma ótima coordenadora. -

Evans olhou para Mirian com vontade de perguntar se por ventura ela não estava confundindo as pessoas, mas preferiu apenas olhar para o pokémon de Mirian. A menina reparou no ocorrido e fez o mesmo. Seu pokémon estava tenso, parecia contrair os músculos, seu bastão era segurado com muita força e seus olhos refletiam algo que parecia medo.

A jovem Miller ficou olhando seu pokémon, sem saber ao certo se realmente era medo que via nos olhos dele. Aquela ave era corajosa e guerreira, lutou contra dezenas de pokémon sem mostrar temer nada.

Dizem que os pokémon tem uma sensibilidade maior que a dos humanos. Eu me sinto desconfortável, mas não sei se é medo o que estou sentindo. Será que isso vem mesmo do Maurício? Mirian desviou o olhar para o palco tentando entender o que amedrontava seu pokémon.

— A esquerda, Laris! E a direita Dark Mau! - Gray anunciava o início do próximo embate. - E o tempo está rolando! -

E a plateia se calou. O ambiente ficou ainda mais pesado. Mirian e Evans aproximaram-se da ponta do corredor para ver a disputa e viram que Laris estava com uma expressão de medo. Ambos já haviam liberado seus pokémon, Laris usava um magnamite.

A primeira vez que vi um desta espécie ele estava acamado no centro pokémon a beira da morte. Ainda bem que Maurício jamais faria isso com… Eevee?

Mirian se lembrava do estranho pokémon acamado que estava no centro após uma batalha arrasadora contra um Eevee. Aquela batalha ficou gravada em sua mente como algo terrível. Se o clima estava estranhamente pesado, para Mirian, ao menos, quando a fala de morte feita por Maurício foi dita, agora tudo parecia potencializado pela aparição daqueles dois pokémon.

Devido a posição em que estava, atrás de Maurício, Mirian não conseguia ver o que estava assustando a Laris.

A jovem negra parecia engolir sua fala anterior de seu adversário não ser tão assustador. Ela parecia prender a respiração e hesitar em fazer qualquer movimento.

Eu tinha um Eevee. Ele evoluiu para Jolteon. Sempre foi sorridente, sempre foi amável, era um pokémon fofo que mesmo quando zangado ainda parecia uma gracinha. Vi diversos dessa espécie e nenhum é como esse. Eu o vi em outras apresentações e concursos, já tinha esse olhar malvado e cruel, mas nunca apresentava esse tom sanguinário. Será que é assim que seus adversários o veem? Laris sentiu a pressão do momento.

A pequena raposa felpuda de pelos amarronzados, de Dark Mau, realmente encarava o Magnamite de Laris, como se fosse o pior inimigo de sua vida. Parecia impaciente para partir ao ataque contra o pokémon de metal de qualquer forma.

— Pelo visto vai ficar parada. Então eu ataco! - O tom não era mais casual. A voz de Dark Mau, a alcunha pela qual atendia nos palcos, agora realmente parecia forte, grave e assustadora. - Bola das Sombras e Ataque Fantasma. -

Eevee atirou sua Bola das Sombras na direção de Magnamite, mas como se ele estivesse ainda mais alto do que estava. Laris olhou a trajetória sem entender para onde ele estava apontando e quando voltou seu olhar de volta para Eevee, ele já não estava mais lá.

Arregalando os olhos Laris olhou em volta e apenas escutou o barulho de algo rompendo o solo do palco. Olhou para baixo a tempo de ver seu pokémon ser acertado por baixo. Era um Cavar que havia feito o pokémon desaparecer. Magnamite foi acertado de baixo para cima, sendo lançado mais alto e chocando-se contra o Bola das Sombras lançado anteriormente.

Sentindo o choque do ataque Magnamite foi acertado pelo Eevee que já estava no alto, girando com seu rabo brilhando em um cinza metálico e urrando como um monstro.

Laris viu seu pokémon brilhar vermelho e de repente vir com velocidade em sua direção e entrar no seu bolso de forma inesperada. Ela tremeu em seu lugar com os olhos arregalados. Seu coração palpitava forte e ela já não conseguia escutar a plateia gritando por Dark Mau ao mesmo tempo que o telão mostrava que Magnamite havia perdido por abandonar o palco.

— O que foi aquilo? -

Nos corredores Mirian parecia tão chocada quanto Laris, no palco. Esperava que Evans respondesse para ela, mas era apenas Farfetch’d quem estava ao seu lado, já que o garoto parecia ter fugido. Ainda assim, Mirian teve certeza que o que acabara de ver não havia sido algo normal, pois seu pokémon estava tão apavorado quanto ela.

Se Mirian duvidava do medo que sua ave estava sentindo antes, agora ela não tinha dúvidas diante a tremedeira que seu pokémon apresentava.

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O que realmente é o medo? Mirian havia sentido em sua jornada a ponto de ganhar um novo significado para ela. Nunca foi uma garota corajosa, mas tinha certeza que os medos que uma coordenadora pokémon passava em sua vida não deveriam ser como aqueles que ela estava vivendo.

Sentada sozinha na sala de espera ela conversava com Farfetch’d a poucos instantes de começar sua próxima partida, justamente contra Maurício. Ela estava com medo, mas não sabia exatamente dizer o motivo. No entanto, sabia que precisava passar confiança e tranquilizar seu pokémon que ficara apavorado diante da cena que vira.

— Não se preocupe que ele é meu melhor amigo. - Disse Mirian. - Parece assustador, mas você é forte e sei que não vai machucar você! -

O pokémon bateu asas e estufou o peito mostrando que não estava com medo. Mas, de certa forma Mirian sabia que ter assistido a batalha não foi nada bom para o pokémon e nem para ela. Realmente Maurício era assustador nos palcos e parecia poder fazer o que havia dito que faria, matar seu pokémon no palco.

— Então vamos lá! - Disse Mirian preparando-se para sair e sendo seguido por seu pokémon, mas, de repente, ela parou e virou-se para ele, abaixando-se e encarando-o nos olhos. - Se por ventura você sentir que vai se machucar ou pior… - A frase de Maurício ressoava na cabeça de Mirian. - Defenda-se como você sabe fazer, mesmo que eu não comande, ok? -

— FAT! - Gritou o pokémon.

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Talvez o momento mais difícil da vida de uma coordenadora pokémon fosse enfrentar pessoas conhecidas na segunda fase. Quando se enfrenta um desconhecido é você tentando encantar o público com seu pokémon, suas habilidades e os desafios que o adversário lhe envia. Você poderia admirar o adversário, você poderia conhecer todos os seus melhores movimentos, mas você não enxerga nele todo o trabalho duro acima do seu.

O que não acontece quando enfrenta um amigo. Você sabe dos pontos fortes e fracos, sabe das mazelas e dificuldades que a pessoa possuí. Sabe dos sonhos e do que cada passo significa.

Maurício estava nos concursos para ajudá-la, mesmo ele sonhando em ser Mestre Pokémon. Ao menos, era o que Angel havia lhe dito. Seu melhor amigo estava sacrificando seus sonhos por ela ser incompetente e ela não podia ignorar aquilo.

— E o tempo está rolando! -

Mirian escutou o anúncio de Gray liberando o combate. O telão já mostrava as fotos com a barra de pontuação, a jovem olhava procurando um sinal de que seu melhor amigo estava bem enquanto o jovem olhava sério como se não houvesse outra pessoa ali na sua frente, apenas um obstáculo.

A pequena raposa olhava para o pato como se fossem inimigo de eras. Farfetch’d sentia aquele olhar e além de não entender o motivo, sentia a pressão. Mas, não demonstraria fraqueza diante o adversário. Tremera e ficara apavorado com o que assistira anteriormente, mas se precisava enfrentá-lo, por Miriam, o faria.

— Bola das Sombras e Ataque Fantasma! -

Talvez tivesse sido o pior comando que Maurício poderia ter dado para enfrentar Mirian, ao menos para a menina que ficara tão assustada com essa combinação anteriormente, que não conseguiu reagir.

A Bola das Sombras lançada para uma posição acima de Farfetch’d. A raposa desaparecendo e surgindo justamente abaixo da ave que é lançada para cima sem ter como se defender pela surpresa e chocando-se contra a esfera de energia escura lançada anteriormente. Sentiu os dois ataques e pensou que desmaiaria devido à velocidade com que seu corpo foi lançado de um lado para cima e interceptado no meio do caminho.

Entendeu que seria o mesmo movimento que viu anteriormente e soube que sua coordenadora não conseguiria comandar o que fazer naquela situação, pois eram questão de segundos. Ele sabia que ou agia por conta própria ou morreria. Apesar disso, uma coisa era ter esse entendimento em seu espiritoo, mas outra era fazer algo no curto espaço de tempo.

Eevee apareceu alto girando seu corpo em um golpe de Rabo de Ferro. Tentou, com seu bastão de alho-poró deter o golpe, mas o máximo que pode foi usá-lo para impedir que recebesse um ataque na cabeça.

Um rugido forte e um brilho estranho e mais um Rabo de Ferro veio contra o pato que tentou novamente usar o bastão para evitar que fosse acertado em cheio, mas sentiu sua asa pesada. A tentativa anterior de defender-se falhou, evitando apenas o golpe na cabeça, mas o resultado era uma asa quase dormente devido a ter tentado segurar o impacto.

Eevee acertou em cheio Farfetch’d, fazendo a ave de Mirian ser lançada contra o solo com força criando uma cratera no chão e levantando muito poeira.

— Farfetch’d! - Gritou Mirian assustada e preocupada com seu pokémon, mas um pequeno sinal sonoro a fez olhar para o telão, os seus pontos zeraram. - Como? -

A poeira abaixou e Eevee estava de pé a olhar sinistramente para a ave que apoiava em seu bastão para ficar de pé. Não aparentava sangrar ou ter quebrado algo, mas visivelmente estava surrada e a ponto de desmaiar. Se realmente ainda tinha forças para ficar de pé, se era orgulho, ou simplesmente medo de desmaiar e ser finalizado e nunca mais levantar, ninguém saberia dizer

A raposa parecia estar com raiva, como muita raiva. Os dois se encaravam, mas Eevee deu as costas para a ave e foi em direção ao seu coordenador que continuava olhando sério.

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— Você passou a noite toda sentada aí? -

A voz pareceu despertar Mirian pois ela saltou da cadeira assustada, olhando em volta como quem tentava se situar. A enfermeira Joy olhava surpresa e algumas pessoas pareciam segurar um riso da cena que viam logo pela manhã na recepção do Centro Pokémon de Vermilion.

Mirian havia saído palco em choque com a certeza que aquele Eevee usado por Maurício realmente tinha a intenção de matar Farfetch’d em pleno palco. Não foi só o olhar de ódio que a raposa lançou sobre Farfetch’d ao final da batalha que durou menos de um minuto, mas foram os movimentos e a impossibilidade de seu pokémon conseguir defender-se naquela velocidade.

Ataque Fantasma não era um movimento oficial, era apenas uma combinação de movimentos treinados em sequência que o coordenador nomeava para esconder suas reais intenções e golpes. Entender isso Mirian entendia, mas nem ela nem Farfetch’d conseguiam enxergar todos os movimentos e aquilo assustava.

O resultado foi mais uma vez ser retirada do palco pelo Mestre de Cerimônias. Ela esperou até o final do concurso onde Dark Mau, o Maurício, saiu vitorioso e então foi tentar falar com ele, mas ele havia desaparecido. Sem encontrá-lo, correu para o Centro Pokémon onde sentou em uma cadeira de frente para a entrada. Maurício teria que ir para o Centro Pokémon, mais cedo ou mais tarde e ela falaria com ele novamente, desta vez sem chorar. Ao menos ela queria que não houvessem lágrimas na conversa.

— Desculpe-me por isso Joy, eu achei que ela se cansaria de esperar, peguei no sono e não percebi que ela não voltou para o quarto. - A mãe de Mirian chegava a recepção e percebia a situação que havia sido criada pela filha.

Mirian levantou-se, ainda com suas roupas de apresentação e olhou em volta. Ela estava triste, não ligava para a suposta vergonha que estava passando logo ao amanhecer. Passou a noite toda sentada na porta do centro esperando por Maurício, mas ele não apareceu. Ou se tivesse aparecido, enquanto ela havia pego no sono, havia a ignorado.

— Uou! Quanto gente a sete da manhã. - Laris chegava ao centro, passando pela porta de entrada, estranhando tanta gente ali. - Aconteceu alguma coisa? Sabia que dormir no ginásio após jantar com o Tenente Surge e Dark Mau iria me fazer perder alguma coisa importante! -

— O que? - Mirian virou-se para ela rapidamente. - Ele estava lá? -

Mirian agarrou a negra procurando respostas. Laris sentiu um certo desconforto e percebeu que tudo estava rodando em torno da nova amiga. Tirou os braços dela, delicadamente, de cima de si e deu alguns passos para trás.

— Ele estava hospedado lá até agora cedo. Mas, agora ele já saiu. - Disse Laris que fez uma careta. - Você tomou banho depois da apresentação? Não está cheirando muito bem. - A menina disse sem graça. - Por sinal, você dormiu? Está péssima! –

Algumas pessoas riram e acabaram dispersando, indo em direção aos seus afazeres. Alguns queriam café da manhã e outros apenas sair para seus treinos matinais. Aquela cena toda com Mirian já não era tão interessante.

— Ele... Foi embora sem falar comigo? - Mirian pareceu receber a notícia como uma bomba. Não ligou em relação a terem falado que ela estava fedendo ou qualquer outra menção de sua aparência lastimável. – Ele não foi simplesmente dar uma volta ou outra coisa, realmente saiu da cidade? -

— Bem... - Laris percebeu que havia realmente um querer por parte de Mirian para com o rapaz negro que aparentemente a ignorava e não deveria. - Ele saiu de mochila e tudo, acompanhado pelo Tenente Surge. Até achei que iriam passar aqui, mas o pokémon dele sequer foi tocado no dia de ontem, então só estava cansado. -

Mirian deixou que toda a tristeza e desamparo acabassem de aparecer nela. Virou-se para o corredor que daria nos quartos e começou a caminhar.

— Conversamos no refeitório em trinta minutos! Laris, gostaria que se juntasse a nós. - Disse Angel ao chegar na entrada d centro, sem se incomodar com o motivo de toda aquela reunião na entrada. - Vou entender se precisar de mais tempo, parece que não conseguiu descansar desde o final do concurso. - Angel fez um menear com a cabeça percebendo que algo havia acontecido.

Mirian apenas olhou para trás, processou a informação de forma lenta. Angel realmente era bem delicada ao dar as informações e ao ser tão rápida ao chegar, só percebendo depois que algo havia acontecido, significava que a senhorita Olimpo respeitaria o espaço de Mirian, mas que seu assunto era importante.

Acabou levando uma hora para Mirian terminar de tomar um banho e dirigir-se ao refeitório do Centro Pokémon de Vermilion. Devido à quantidade de pessoas naquele horário Angel acabou deixando que Mirian tomasse seu café, sem dizer nada a respeito do que se tratava aquela reunião matutina. Foi apenas as nove da manhã, quando o refeitório esvaziou que Angel começou a falar.

— Infelizmente só chegou ontem a noite. Mas, aqui está! - Uma pequena caixa foi aberta onde Mirian pode ver seis esferas reduzidas, metade vermelhas e metade brancas, que ela identificou de imediato serem pokebolas, bem como um estranho relógio preto e azul bebe. - Teste! -

Mirian pegou o relógio e ficou olhando, sem conseguir entender do que ele se tratava, mas admitia que combinava bem com a sua roupa de apresentação. Apertou um dos botões do relógio e então escutou.

“Sou a Olimpo-Time. Pokeagenda em forme de relógio desenvolvida para coordenadores pokémon filiados ao Grupo Olimpo.”

Mirian piscou surpresa e olhou para Angel. Wanda sorriu interessada enquanto Laris pareceu curiosa com a menção de uma pokeagenda para coordenadores.

— Peça informações sobre um pokemon. - Disse Angel. - Basta falar próximo a ele. -

— Como era o nome daquele pokémon de ontem? - Perguntou Mirian a Laris. - Usado pelo Evans. -

— Jigglypuff. - Disse Laris.

— Informações sobre Jigglypuff, por favor! - Disse Mirian.

Laris riu da situação dela sendo educada com um relógio. Mas, calou-se ao escutar a voz da pokeagenda sendo emitida, bem como um holograma surgindo do visor do relógio.

“Jigglypuff. Pokémon balão cantora. Coordenadores gostam do pokémon devido à aparência meiga e bonita. Sua Canção de Ninar é uma arma poderosa para as apresentações com música ou para situações onde o coordenador pretende evitar longas batalhas.”

— Como eu consigo uma? - Laris sorriu animada.

— Estamos acabando de desenvolver. Só temos 5 rodando pelo mundo, aqui em Kanto só Mirian e Maurício tem. - Disse Angel. - Mas, ficarei feliz de conversarmos a respeito de uma para você. -

Mirian contraiu-se ao escutar o nome do Mauricio. Ainda estava tentando acreditar que ele havia ido sem falar com ela. Suspirou tentando espantar aquele pensamento, mas felizmente sua mãe percebeu seu estado de espírito e resolveu ajudar a mudança de assunto.

— Se não é para falar da pokeagenda relógio, por que chamou Laris? - Questionou Wanda.

— Contabilização de pontos da segunda fase. – Disse Angel que não reparou que a mãe de Wanda chegou a torcer o nariz. - Vi Laris fazendo uns cálculos durante a batalha de Mirian e depois também. Existe um estudo, que eu não compreendo bem, sobre contabilização dos pontos da segunda fase. Sabe do que estou falando? Conhece e se incomodaria de falar sobre? -

— Conheço sim! E não me incomodo em dividir essa informação não, é algo para todos! Pode ser até útil conversamos sobre isso. Ainda estou com dificuldades de enxergar tudo o que existe naquele Ataque Fantasma de Dark Mau. - Laris comentou e reparo que Angel ficou sem graça. - Eu sei que ele é do Grupo Olimpo, mas uma mão lava a outra e convenhamos, ele participou de oito concursos e ganhou os oito. Se Mirian e eu quisermor ir ao Grande Festival, precisamos entender como aquilo funciona e nos defender. -

— O que? - Mirian parou assusta. - Ele venceu oito concursos? -

— Quanto mais fitas ele tem, menos fitas estão disponíveis para outros coordenadores. - Comentou Angel tentando diminuir a importância das oito fitas, para não gerar um mal estar com Laris. - Não conversei com ele ainda, após o primeiro concurso em que saiu vitorioso, mas se ele parar de participar dos concursos, vai ficar sem saber qual o nível dos demais em relação a ele. Infelizmente acaba prejudicando, indiretamente, pessoas como você Laris, que tinha tudo para vencer. -

— Não se preocupe! - Laris Sorriu. - Não vejo a caça por fitas extras como algo ruim, na verdade é só uma estratégia. -

Mirian, no entanto, não conseguiu abandonar o pensamento que seu melhor amigo estava classificado para o Grande Festival como um coordenador perfeito. Era como se ele tivesse nascido para aquilo e a verdade era que ele sonhava em ser Mestre Pokémon.

— Comece do começo, pois nunca ouvi falar em contabilização em nada oficial. - Disse Mirian tentando deixar aqueles pensamentos sobre Maurício de lado.

— Bem... Não é algo oficial. - Diz Laris. - Os manuais oficiais da Coordenação Pokémon, de várias regiões, dizem que a cada ação bem-sucedida de seu pokémon a barra de energia de seu adversário cai. Não fala como se dá ou quantidade e isso é algo terrível. -

— Por que para cada evento os juízes mudam e isso significa que a forma de avaliar muda. - Disse Wanda. - Mas, isso é para coordenador do tipo artista, que cada performance, por mais idêntica, é uma nova apresentação e pode gerar uma pontuação diferente. -

— Exato! - Disse Laris. - Para aqueles que encaram coordenação como esporte existem alguns estudiosos que dizem que aquela pontuação é a mesma e totalmente matemática. - Laris procurou algo nos bolsos, até que encontrou uma pequena folha rabiscada, cheia de cálculos. - Essa seria a tabela que os matemáticos da área vertente atlética se baseiam. -

O papel estava bem rabiscado, mas era possível identificar o que eram as possíveis regras da tabela. Basicamente, cada coisa que ocorria dentro da batalha gerava um decréscimo de pontuação para um dos lados.

Executar um movimento era um ponto a menos para o adversário.

Se o movimento fosse feito com precisão, qualidade ou ao menos sem dificuldades era um ponto a menos para o adversário. Mas, se apresentasse algum problema na execução seriam três pontos a menos para o usuário.

Ao executar o movimento poderia fazer um decréscimo de mais 2 pontos no adversário se o movimento viesse a ser uma variação do movimento, usado de forma incomum, original, efeito ou postura diferente.

Se o adversário não conseguisse se defender, esquivar ou anular o ataque era mais um ponto perdido. Mas, se a defesa fosse executada, aquele que atacou perdia 2 pontos.

Atingir o adversário parcialmente gerava 1 ponto a menos ao atingido. Se fosse golpe em cheio eram dois pontos. Mas, se fosse entendido que o golpe fosse crítico, mais forte que o normal, eram 3 pontos.

Se o adversário ficasse sentindo o ataque por muito tempo, ou demonstrasse de forma gritante ter sentido o efeito era um ponto a menos.

Se repetisse um movimento em sequência, perdia 3 pontos. Acreditasse que é preciso executar dois ataques para poder executar o repetido novamente.

Aproveitar-se de movimento adversário é 2 pontos para diminuir do adversário.

Realização de Combinações ganha fatores de multiplicação 2 de toda a pontuação dos movimentos vezes a quantidade de movimentos da pontuação.

— Não são tantas regras. - Disse Mirian. - Sempre é exato? -

As três se debruçaram para observar a folha e perceberam que haviam rabiscos de lápis da menina feitos na folha. A aparentemente tentando calcular alguma das batalhas.

— Na maioria das vezes. - Diz Laris. - Ocorre que essa é a mais usada, mas existem outras tabelas semelhantes e como a Associação de Cordenação Pokémon nunca se manifesta oficialmente quando a isso fica sempre a dúvida. Às vezes ocorre como nas Batalhas de Dark Mau que você não consegue enxergar todos os movimentos e isso atrapalha o cálculo. - Ela mostrou alguns dos seus cálculos. - Não é algo para você fazer durante um luta, mas sim antes ou depois. -

— Ah! Então realmente ninguém se preocupa com a pontuação na hora da batalha. - Mirian sorriu e viu a cara de descreditada que sua mãe fez ao escutar aquilo. - Esses cálculos são da tentativa de entender o que Maurício fez? -

Laris acenou com a cabeça e pediu o papel para Angel, que estava analisando-o ainda.

— Ele começa com um movimento que poucos percebem, agilidade. - Diz Laris. - Um movimento executado, 1 ponto. Um movimento bem executado, 1 ponto. Um movimento não anulado, 1 ponto. -

— Só com a agilidade foram três pontos. - Diz Angel. - Incrível que aquele Eevee já é naturalmente veloz e quando faz a agilidade, ninguém percebe no começo, pois não é algo que gere um efeito visual. -

— Em seguida ele lança o Bola das Sombras. Um movimento executado, 1 ponto. Um movimento bem executado, 1 ponto. Um movimento não anulado, 1 ponto. Movimento não defendido, 1 ponto. Acertado em cheio, já que é jogado contra ele, 2 pontos. Não consegue manter a postura e a aparência, gritando de dor pelo ataque, 1 ponto. -

— Sete pontos. - Disse Wanda. - Foram dez pontos nessa jogada. -

— Usando o Cavar temos a mesma situação. Logo vai-se a 17 pontos que perdi. Mais de um terço. - Comenta Laris. - Daqui em diante que não tenho certeza de tudo. Ele chega lá em cima rápido demais para ser um simples salto, então tenho para mim que ele usa o Ataque Rápido para ir tão rápido ao ar para poder continuar sua sequência. -

— Eu percebi isso. - Disse Angel. - Muito mais rápido do que deveria realmente. É uma suposição legal. Ele usa o Ataque Rápido, então 1 ponto pelo movimento. 1 por ser bem executado e 1 por não ser defendido ou anulado. -

— Se realmente for um Ataque Rápido ele usou para se lançar ao ar e não com intenção de dano, então teria ganho 2 pontos por usar de forma distinta. - Diz Wanda. - Por isso que não acho que seja uma contabilização que valha a pena se importar. Nos casos que não conseguimos perceber o movimento, como quem está contabilizando os pontos perceberia? –

— De qualquer forma o ataque rápido daria 5 pontos. - Diz Mirian que percebe que a mãe não estava interessada na contabilização, mas não queria entender o motivo.

— Seis. - Diz Laris. - Porque ao surgir lá em cima deixa o pokémon atordoado, então perde a boa aparência e computa mais 1. São 23 pontos nessa brincadeira dele. -

— Em seguida ele usa o calda de ferro que dá 7 pontos no total. - Comenta Angel. - São 30 pontos. - Além disso ele usa o Rosnar e o Olhar Malvado. -

— Então você também acha que ele fez isso? - Laris parece empolgada. - Eu não sabia se aquele rugido era dele mesmo ou movimento, mas tive a impressão de ver os olhos vermelhos de relance. - Nesse caso, os dois ataques são para assustar e causar aquele efeito de fazer o adversário fugir, né? -

— Eu diria que sim. - Wanda comentou. - Dark Mau cria todo aquele clima de medo em volta dele. -

— Mãe! - Grita Mirian. - É Maurício! -

A mãe ignora a filha quanto aquilo.

— O Rosnar daria 3 pontos, mas como assusta o deixa com mal aparência, então vai 4 pontos. A mesma coisa com o Olhar Malvado, mais 4 pontos. - Continuou Laris. - 38 pontos que teriam virado 45 já que ele ia aplicar outro Rabo de Ferro e fecharia a pontuação sem que eu pudesse reagir. -

As quatro ficaram caladas pensando naquilo. Mirian se lembrou de sua batalha e viu que foi exatamente o que ocorreu com ela e Farfetch’d. Sua ave era valente e não fugiu e não foi abatida pelos golpes. Mas, ainda assim havia perdido em pontuação.

— Maurício fez os cálculos em cima disso. - Comentou Mirian com muita certeza. - É a cara dele! -

— Vou encontrar uma forma de vencê-lo. - Diz Laris. - Você também Mirian. -

Angel sorriu tentando não emitir sua opinião. Maurício era um coordenador patrocinado pelo Grupo Olimpo e isso significava que precisava protegê-lo. Já havia descoberto duas a três falhas no movimento dele e duvidava que Laris não tivesse percebido também.

— Vou precisar praticar um pouco mais. - Disse Mirian. - E conversar com ele. -

Wanda suspirou. Pensou que talvez tivesse que falar com Mirian que quando ajudou Maurício a assinar o contrato junto ao dela ele estava exalando ódio e mesmo que fizesse aquilo para ajudá-las, não havia a perdoado ainda.

— Venha comigo para Num. Podemos treinar para o concurso de daqui a duas semanas. - Disse Laris. - Depois podemos ir direto para Celadon. Tem uma pessoa lá que tem acesso a todos os vídeos de concursos, podemos ver várias apresentações de nossos adversários. -

— Tenho mesmo que ir para lá para mais uma mostra do livro. - Comentou Mirian pensando na possibilidade. - Vocês partem hoje, né? -

O tempo com a mãe e Angel estava chegando ao fim e sua decisão de voltar aos palcos implicava em retornar a fazer jornada. Era difícil e os traumas anteriores não a abandonavam. Mirian olhou para sua mãe que confirmou com a cabeça. Angel ponderou com a cabeça.

— Tenho que voltar a minha jornada hoje também. - Comentou Angel. - Mas, você vai para Saffron. -

— Lamento! Foi bom te conhecer. - Disse Laris em automático.

— Como assim? - Mirian olhou para Laris e Angel tentando entender o que estava acontecendo. - Por que eu vou pra Saffron? Por que você lamenta? -

— Começou ontem um festival de dez dias em Saffron, é vulgarmente chamado de o Festival dos Milhões. Tem mais gente naquela cidade neste momento do que em muitas regiões por aí! Vai até ter um Concurso Pokémon, a média é sempre de quinhentos participantes. São praticamente duas semanas perdidas naquela cidade. Coordenadores do nosso nível não devem se aventurar nesse festival ou ficaremos um mês inteiros sem conseguir agir. -

Mirian pensou em falar que não estava no mesmo nível que o dela. Mas, parecia assustador ela numa cidade lotada e entrar num concurso de mais de quinhentas pessoas parecia surreal.

— Você vai para Saffron porque daqui a dois dias têm consulta com a Beta. – Disse Angel.

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— Será que todos os meus pokémon vão virar a cara para mim? -

Após a reunião Mirian foi ver como estava seu pokémon. A ave passara a noite em observação e apesar de muito debilitado, não havia quebrado nenhum osso, ou sofrido lesão grave fisicamente. No entanto, não encarava Mirian nos olhos e parecia irritado com algo.

— Eu sei que sou péssima em batalhas e te deixei levar essa surra. Me desculpa, eu espero que nada permanente tenha acontecido com você, assim como aconteceu a… -

Mirian começava a ter seus olhos cheios de lágrimas. Em sua primeira batalha nos palcos sua Audino, pokémon inicial, levou uma surra rápida que resultou em sequelas permanentes. Desde então a e relação delas não era muito boa, apesar de um elo grande ter se formado entre elas.

Ver outro pokémon levar uma surra sem que ela conseguisse reagir a deixava questionando se ela deveria continuar.

— Faat! -

O pokémon gritou chamando a atenção de Mirian. Ela o olhou tentando conter as lágrimas e viu o olhar de quem estava pronto para lutar novamente. Um olhar determinado e uma repetição de Faat insistente, quase como uma ordem a ser seguida.

Mirian não conseguia entender, mas sentia que havia coragem e determinação saindo daquele pokémon e indo até ela, de uma forma estranha. A determinação do pokémon parecia estar invadindo-a. Por um instante ela chegou a pensar em batalhar novamente contra aquele Eevee para derrotá—lo, mas então percebeu que aquele Eevee era de Maurício e não queria lutar contra ele.

— Desculpe-me… não consigo te entender. - Disse Mirian. - Eu não sei o que está sentindo. -

— Orgulho ferido. - Disse a enfermeira Joy aparecendo na sala. - E um orgulho ferido só se cura com revanche contra seu inimigo. -

— Inimigo? - Questionou Mirian, mas em resposta ela recebeu um Faat ainda mais alto de seu pokémon deixando claro que Farfetch’d via Eevee como inimigo.