— Peço perdão pela minha aparição desavisada, Vossa Majestade, mas tenho assuntos urgentes e confidenciais — ele direcionou seu olhar para as Selecionadas — para tratar com a senhora e principalmente com seu filho.

Ele tinha cabelos ruivos e uma pele já não mais tão branca em decorrência do sol, sardas também salpicavam seu rosto pelo mesmo motivo. Seu terno azul petróleo tinha um corte muito específico, e talvez por esse motivo familiar, que na opinião de Madelyn o deixava muito bonito. Medalhas de gratificação em seu peito refletiam as luzes da rua, tão como o crucifixo em seu pescoço.

— Resolveremos isso a caminho do palácio. — disse o príncipe, que após isso se virou para suas noivas — Como temo que não nos encontraremos mais essa noite, boa noite, senhoritas. — E entrou no carro, logo após sua mãe.

As jovens começaram a fazer o mesmo, entrando nos carros pretos com as janelas tão escuras quanto. Carros blindados. Carros reais.

— Nossa... — disse Roxane enquanto se ajeitava no banco, Natasha sentava ao seu lado.

— Quem era nosso magnífico Sor.?

— Sor. Wolfgang, 23 anos, o homem mais novo a integrar a Santíssima Guarda Irmã. Filho do rei com uma Dama da Guerra. Meu pai o conhece. — Krystall batia a porta atrás de si.

Ah, as Damas da Guerra. Mulheres comuns que se aproveitavam das épocas para se deitarem com os exércitos. Não eram prostitutas de profissão, mas sim por oportunidade. Ouvira sua mãe uma vez enquanto conversava com uma amiga que esse tipo era pior que uma simples meretriz já que “não tinham honra o suficiente para estar na lama e muito menos para nunca terem entrado”. Madelyn discordou, mas também não abriu a boca.

— Bem, nunca te disseram que, seja encontrada na lama, seja na jazida, a beleza da pepita continua a mesma?

— Mad! —Krystall lhe deu um tapinha em seu braço desnudo.

— Qual o problema? Eu só achei o nosso senhor irmão-do-príncipe bonito.

— Meio-irmão, e você sabe muito bem qual o problema, Madelyn. Lembre-se, a pepita, nesse caso, é de ouro de tolo.

A jovem bufou, fazendo voar alguns fios do cabelo castanho que escapavam do penteado. Ficou quieta por um momento, observando as antigas esculturas e estruturas clássicas de Capitólia com seus prédios de vidros.

Tinha o achado bonito. E daí? Não sabia que ter uma opinião era pecado. Desde que ela não deixasse tomar liberdades, estaria tudo bem.

“Liberdades” que sabia que metades das meninas ali já haviam deixado algum jovem ter. E sinceramente, apesar de isso ser proibido, o príncipe havia sido tão amável com ela no baile que duvidava que ele fosse puni-la. “Você teve os lábios tocados, então? Para a forca!” Essa ideia era apenas cômica na cabeça de Madelyn.

Mas para Natasha, só pelo fato de estar ali em Capitólia, elas deveriam ser santas.

Capitólia. Capitólia. Capitólia.

— Vocês não acham engraçado a capital do reino se chamar Capitólia?

— Era o nome da mãe de Cyan I. — respondeu Roxane

— Eu sei, mas mesmo assim é engraçado.

— Coitada de Capitólia. Imagine a dor que deva ser a de um parto de trigêmeos, eu já morro de dores quando me faz a regra. — comentou Krystall.

— Se Deus quiser logo na minha primeira gravidez parirei três meninos para o príncipe. — disse Natasha.

— Para isso Nossa Alteza deveria ser tola o suficiente para te escolher ao invés de mim. — A voz de Roxane era brincalhona.

— Ele vai precisar de uma esposa com seios fartos para amamentar seus filhos e não de uma mulher com esse projeto de peito. — Respondeu no mesmo tom.

Roxy colou a mão sobre o busto com uma cara debochada. Todas ali caíram na risada.

O carro parou, abrindo a porta automaticamente. Todas elas desceram, a família real não.

Jornalistas estavam ali para recebe-las. Apontando suas câmeras para todas, mas principalmente para Ye-na. Duvidara que fosse apenas por sua resposta no Jornal de Ember.

A pobre jovem havia deixado uma mancha de sangue no tecido azul na parte das suas nádegas. As irmãs tentavam levar a menina o mais rapidamente para dentro do palácio, mas os jornalistas as seguiam como se fossem conseguir alguma coisa com isso. Até onde sabia, persegui-las seria inútil, a família real jamais deixaria imagens que humilhassem uma das Selecionadas ir a público.

As vezes ela esquecia do quanto os Galkanji tinham de controle.