O navio zarpou...

Um garoto se viu ser abandonado mais uma vez...

A mão se estendeu, enquanto o vento soprava. O garotinho corria na direção do navio, que estava cada vez mais distante. Não podia mais alcança-lo...

Assim como em um sonho, o mesmo despertou. Aquecido pelas cobertas de uma cama aconchegante.

Estava na parte de cima de uma beliche.

Descalço, desceu os degraus de ferro. Devagar... " Que silêncio "

A sombra de uma pessoa deitada na parte de baixo o assustou, os pés deslizaram e o garotinho foi ao chão. " Encontrei seus olhos vermelhos"

O garoto se levantou e ajeitou as roupas indiferente. Estava em um dos quarto do convés do navio.

A mão se estendeu saindo de baixo da beliche, apontando para suas roupas depostas sobre uma cadeira de ferro... E ao toca-la percebera que estava úmida, assim como o chão que pisara.

Os olhos se abriram surpresos.

Tomando a roupa em mãos, deixou o quarto as pressas.

Os sapatos foram esquecidos...

Olhos que observavam pelas portas para um corredor longo.

O garotinho seguiu incansavelmente pelos corredores do navio. Procurava uma saída... ou seria alguém? E as mãos e estenderam, abrindo a porta de um salão principal.

Sentiu algo macio sobre seus pés e algo parecia brotar entre seus dedos... sangue

Um passo foi dado para trás. Corpos de cadáveres bem vestidos se espalhavam pelo chão.

Oliver correu novamente.

Braços estendidos procurando por alguém. " Quem eu deveria encontrar?"

Seguiu em busca da cabine do Capitão.

Corredores que iam se modificando lentamente por onde passava...

O presente se tornava passado...

E logo podia ver pessoas bem vestidas circulando pelo corredor... " Todas andavam na minha direção"

Apertou os olhos e continuou correndo entre as pessoas, que pareciam observa-lo.

" Eu tinha visto primeiro... porque estão olhando para mim?"

Um passageiro chamou sua tenção:

— Ei garoto! Pare de correr! Aqui não e lugar de ficar brincando.

O corredor se bifurcava. " E agora? para onde ir?"

Dois caminhos. E um deles, havia um corredor de uma unica porta.

O coração bateu forte. " Ele esta lá "

Quando o passo fora dado, braços doces o envolveram... Um rosto que somente sorria. Um vestido tom de azul marinho, que se mesclava ao uniforme úmido do garotinho.

Um sorriso que não foi retribuído...

E foi arrastado para longe...

Um quepe foi deixado para trás.

A moça dizia e repetia:

— Não conte nada a ele!

— Vou te devolver aquele inferno de lugar, se não me obedecer.

Hematomas que se estendiam nas pernas... nos braços e nenhuma lagrima.

" Vamos dividir o inferno?"

O garotinho sorriu.