Sou levada à Arena às pressas - obviamente, é claro. Não poderia ser diferente, certo?

Noah arranca uma tira de sua camisa e amarra bem firme sobre o meu ferimento.

Quando chegamos ao Instituto - finalmente descobri um nome para a Arena - me sento no chão, com as costas apoiadas na lateral da arena e da arquibancada.

Ouço passos e vejo três vultos se aproximando rapidamente.

– Hey, Big Brother - cumprimento.

Mitchel sorri para mim, com os olhos úmidos.

– Hey, Little Sister.

Olho para Sam.

– Hey, Caso Perdido. - digo, sorrindo de leve, me lembrando de como a apelidara quando a conheci.

– Caso Perdido? - ela ri nervosamente. - Ele é o Irmão mais Velho, e o meu apelido é Caso Perdido? Sério?

Rio também, fracamente, e gemo quando uma pontada de dor irrompe de meu ombro.

– Oi, Tanni - cumprimento a figura mais baixa do trio.

– Oi, Bel. Tudo bem que a gente morreu, mas você também não saiu muito bem dessa, né? - Ela brinca, tentando disfarçar a preocupação.

Há poucos dias, eu realmente acreditava que meus melhores amigos estavam mortos. Agora, só o que sinto é alívio por estar errada.

Sarah, que saíra correndo assim que chegamos, volta nesse momento, com uma garota Rubi.

A única coisa que percebo nela é em seus olhos - castanhos, quase negros, brilhantes e infantis... assim como os meus.

A garota Rubi se ajoelha do meu lado, devagar e cuidadosamente.

– Oi - ela diz, com a voz doce e acolhedora. - Sou Greta. Eu vou tentar te ajudar, mas pode doer um pouco, ok?

Confirmo com a cabeça e ela apoia a mão em meu ombro.

Onde ela me toca, sinto força. Me sinto bem como quase nunca estive, mas, quando a sensação alcança o ferimento, algo muda.

Onde esperava sentir alívio, sinto uma dor aguda, agonizante, que expulsa o ar de meus pulmões.

Outra pessoa se ajoelha, dessa vez do meu lado esquerdo. Demoro quase um minuto para indentificá-lo.

– Psicopata - cumprimento, no tom mais sério e formal que consigo, juntando todo o ar que ainda me resta.

– Suicida - Jake devolve o cumprimento, no mesmo tom. - Quer fazer o favor de ficar viva? Prefiro matar você eu mesmo.

Ele acaricia devagar meu rosto com as costas da mão. Onde ele me toca, sinto alívio, e a sensação começa a se espalhar. Quando alcança meu ombro, a dor do ferimento diminui até que tudo o que eu sinto são as familiares e reconfortantes pontadas das aulas de educação física.

Respiro, aliviada.

– Obrigada, Jake - agradeço.

Ele olha para minha ferida com atenção.

– Seu corpo está cuspindo a bala - ele diz. - Acho que ficou presa em algum tecido, ou sei lá.

Absorvo as palavras e fecho meus olhos. Quase dois minutos depois, ouço o tintilar da bala contra o chão.

Sinto a vida voltando para meu braço e a força, para meu corpo.

Então, as mãos que me tocavam se afastam.

Abro os olhos devagar.

Instintivamente, é o meu braço que não fora atingido pela bala que uso para me afastar da parede.

– Bom - olho para meus três amigos, à minha frente. - Parece que estamos todos vivos, afinal.

Todos riem da brincadeira, e logo depois, eu rio também.