Enormes pedaços do teto caem no chão.

Eu nunca imaginara que eles eram tão grossos, mas agora tento desviar de pedaços com quase 2 metros de comprimento, largura e pouco menos de altura.

Sinto quando sou puxada para o lado, instantes antes de um dos pedaços errantes me atingir. Maya me tirou do trajeto do projétil, e estremeço quando vejo o grande objeto a poucos centímetros do meu pé.

– Valeu – agradeço, arfante.

Ambas olhamos para cima, tentando ver o que acabara de atingir a Arena.

.

Algo semelhante a um enorme helicóptero está descendo, mas é visivelmente mais avançado do que os da nossa dimensão – Ëa, como haviam-na chamado no Discurso.

Para começar, é do mesmo material claro que vemos toda hora aqui, nessa dimensão.

Os controles são projeções; nunca consegui entender como poderia ser possível que alguém controlasse qualquer coisa por um controle que é impossível de ser tocado.

E, para terminar, esse helicóptero tem pelo menos o triplo do tamanho de um dos nossos.

Enquanto olhamos, uma longa corda cai do mesmo, alcançando o chão. A corda tem vários laços, e tanto eles quanto a própria corda parecem bem firmes.

Uma voz alta e meio robótica – como é comum às vozes de pessoas normais quando têm seu volume aumentado excessivamente por meios eletrônicos – diz:

– Jogadores sobreviventes – começa. – Agarrem-se na corda se quiserem vir conosco.

Eu e Maya nos entreolhamos. Como assim, ‘vir conosco’?

Trocamos uma rápida conversa de olhares:

‘Acho que vão ajudar-nos a fugir’, Maya parece perguntar. ‘Talvez sejam contra os Jogos’.

Me lembro de como Sarah ficara aflita ao falar deles. Ela realmente parecia preocupada, mas nesse momento é mais fácil imaginar que há uma possibilidade de fuga do que um novo inimigo.

A voz robótica repete a frase. Com esse último estímulo, me decido.

– Vamos! – exclamo, puxando Maya pela mão.

Nós corremos até a corda, a cerca de dez metros de nós. Vemos que os outros Jogadores também vêm.

Eu e Maya chegamos em primeiro.

Faço um gesto para que ela suba na minha frente.

Ela sobe apenas dois metros até sermos alcançadas pelos outros Jogadores.

A Jogadora Âmbar chega antes, e digo que suba também; ela é seguida de perto pelo Esmeralda, que também sobe logo à minha frente.

Começo a subir quando sinto a corda sendo puxada para cima, e ouço uma voz gritando:

– Esperem!

.

A garota Água Marinha está a alguns metros quando a corda começa a levantar.

Olho para o garoto forte acima de mim.

– Se eu estiver caindo, você me segura – digo, com um tom de afirmação, mas ao mesmo tempo indagando.

Ele assente com a cabeça.

Passo rapidamente – ao menos tanto quanto possível sem um apoio firme para os pés e mãos – minhas pernas pelos laços até o joelho.

Estou presa nos últimos laços da corda, mas estou quase fora do alcance da garota.

Então, subimos ainda mais... e mais...

Ela nos alcança. Salta o mais alto que pode, mas sei que não será o suficiente.

Solto os laços que segurava com minhas mãos, e todo o meu peso recai sobre meus joelhos.

No último instante, nossas mãos se tocam.