Sans estava deitado preguiçosamente no sofá de sua casa, a TV se encontrava ligada em um canal aleatório, mas o mesmo já havia parado de prestar atenção nela, suas pálpebras estavam pesando e ele estava prestes a cair no sono.

─ SANS! Se você vai dormir, então desligue a TV e vá para o seu quarto. ─ O grito acabou o despertando de sua quase soneca. Sans se espreguiçou e virou a cabeça na direção onde havia escutado a voz, se deparando com seu irmão que estava em frente à porta de entrada da casa.

─ Hey bro, vai para algum lugar?

─ Sim! Undyne pediu minha ajuda para escolher um presente de dia dos namorados para Alphys. Estou indo me encontrar com ela no shopping. ─ Ao ouvir a fala de seu irmão, Sans bateu com a mão em sua testa.

─ Puts, eu esqueci totalmente que hoje era o dia dos namorados. Acho que vou tomar um banho, divirta-se no shopping. ─ Ele desligou a TV e se levantou do sofá, indo em direção ao banheiro.

─ Você vai visitá-la? ─ Sans parou no meio do caminho e respondeu com um aceno de cabeça. ─ Bem, então mande minhas lembranças a Frisk, até mais tarde irmão. ─ Papyrus deu um último aceno e saiu. Logo em seguida, Sans foi para o banheiro tomar seu banho.

─ Que belo namorado eu sou, esqueci o dia dos namorados. ─ Depois de alguns minutos de auto-repreensão, Sans começou a pensar em qual presente iria comprar para Frisk. Optou por comprar um buquê de flores vermelhas, as favoritas dela.

Ao sair do banheiro foi em direção ao seu quarto para terminar de se arrumar. Vestiu seu casaco azul favorito, uma blusa branca e uma calça preta, nos pés calçou um tênis preto. Quando terminou de se vestir, se olhou no espelho para ver se estava tudo em ordem e penteou seus cabelos negros com os dedos. Ao terminar de se arrumar, pegou sua carteira e saiu da casa, indo em direção a uma floricultura que havia aberto recentemente ali perto.

Alguns minutos depois, ele havia chegado a sua primeira parada. Era uma pequena floricultura com as paredes cor de rosa, ao entrar Sans se deparou com os mais variados tipos de flores e plantas, de todas as cores e tamanhos. Ele se dirigiu até o balcão da loja onde se encontrava um rapaz que possuía cabelos pretos com mechas rosa, ele estava tão concentrado em admirar suas unhas recém pintadas que não havia notado que Sans tinha entrado na loja.

─ Com licença, eu gostaria de comprar algumas rosas. ─ Disse chamando a atenção do rapaz, que quando notou sua presença, lhe lançou um sorriso caloroso.

─ Oh, me desculpe darling, eu não tinha te visto ai. Seja bem vindo a minha loja, sou o Mettaton. ─ Disse estendendo sua mão para Sans, que retribuiu o cumprimento.

─ Sou o Sans.

─ Então Sans, que tipo de rosas você procura?

─ Rosas vermelhas, eu quero um buquê delas.

─ Rosas vermelhas? Uma ótima escolha! Irei preparar o buquê agora mesmo. ─ Mettaton foi até a vitrine e pegou um vaso com as rosas requisitadas, ele voltou para o balcão e remexeu um pouco na parte detrás dele, pegando os materiais que precisaria. Mettaton começou a preparar o buquê e depois de alguns minutos em silêncio, resolveu se pronunciar. ─ Você mora aqui há muito tempo darling?

─ Sim.

─ Bem, eu gostaria de saber se você poderia me levar até alguma lanchonete onde eu possa almoçar. Eu sou novo aqui e ainda não conheço muito bem o lugar.

─ Claro, eu conheço uma ótima lanchonete que fica aqui perto.

─ Fantástico! Muito obrigada darling. Aqui, terminei seu pedido. ─ Disse entregando o buquê para Sans, que ficou maravilhado e deu um sorriso discreto, aquelas flores lembravam muito sua amada.

─ Ficou incrível, quanto te devo?

─ Não me deve nada. Considere como um presente de amigo. ─ Disse dando uma piscada para Sans. Ambos saíram da loja e Mettaton a trancou, então Sans o guiou pelo caminho até uma lanchonete, depois de cerca de 15 minutos eles finalmente chegaram lá.

─ Bem, é aqui. Se estiver aberto a sugestões, recomendo que peça a torta de caramelo e canela, é deliciosa.

─ Aceitarei a sua recomendação darling. Eu o convidaria para comer comigo, mas acho que você deve estar com pressa para ver a sua namorada, ela deve ser uma garota bem sortuda por ter um namorado tão atencioso. Bem, obrigado por ter me trazido até aqui, até logo. ─ Mettaton deu um aceno e adentrou o lugar, o que fez soar o sininho que estava pendurado em frente á porta.

─ Hehe...Eu diria que ela foi um pouco azarada por ter me conhecido. ─ Sussurrou para si mesmo. Ele ficou por mais alguns segundos encarando a lanchonete, o motivo? Foi naquele lugar onde ele e Frisk haviam se conhecido. Depois de alguns minutos retornou ao seu trajeto e as memórias daquele dia começaram a fluir pela sua mente.

Era uma manhã chuvosa, Sans estava na rua indo em direção ao seu trabalho, ele arrastava seus pés lentamente pelas calçadas molhadas, não estava nada afim de trabalhar naquele dia, pois estava chovendo e fazendo bastante frio. Por conta de sua lentidão, acabou se atrasando e quando chegou ao local foi recebido pelo olhar mortal de sua chefe.

─ Sans venha aqui, quero falar com você. ─ Disse Lori, uma morena de cabelos negros. Ela era a dona do restaurante e a chefe de Sans. Ele a seguiu em direção ao almoxarifado que havia na cozinha, já se preparando para a bronca que levaria. ─ Sans, já é a terceira vez nessa semana que você se atrasa. Olha, você é um bom funcionário, mas se continuar não levando o trabalho a sério, eu terei que demiti-lo.

─ Ok ok. Eu prometo que não irei mais me atrasar.

─ Eu falo sério.

─ E eu também, prometo pelo Paps que não irei mais me atrasar. ─ Lori o olhou um pouco desconfiada, mas deu de ombros.

─ Ok, estou contando com você. Agora vá trabalhar, uma pia de louça o espera.

─ Que? Mas chefinha...

─ Mas nada! É a sua punição por ter se atrasado. ─ Sorriu vitoriosa. ─ Bem, eu tenho que sair para resolver algumas coisas, até logo. ─ Lori saiu do almoxarifado, deixando Sans sozinho se amaldiçoando mentalmente por ter se atrasado, então o som de pratos se quebrando chamou sua atenção

─ Puta merda Frisk. Preste mais atenção, já é a segunda vez que você faz isso! Se continuar assim você vai acabar com todos os pratos. ─ Sans saiu do almoxarifado, para ver o que estava acontecendo e se deparou com a cena de Sarah, sua colega de trabalho, dando um sermão em outra garota que ele não conhecia, logo presumiu que ela era nova. ─ O que estão olhando? Voltem para o trabalho e Frisk, recolha esses cacos.

Todos que estavam olhando a cena rapidamente voltaram ao que estavam fazendo, Sarah saiu da cozinha enquanto a garota começou a recolher os pratos quebrados do chão. Sans resolveu ir até ela, para ajudá-la a recolher os pratos e tentar confortá-la, ele sabia melhor que ninguém como era chato levar bronca na frente de todos.

─ Hey kiddo, não esquenta com ela. A Sarah é bem esquentada mesmo. ─ Disse quando se aproximou da garota. Como Sans a ajudou, os dois logo terminaram de recolher todos os cacos do chão. ─ Você é nova aqui, certo? Eu sou o Sans. ─ Estendeu sua mão para cumprimentar a garota, que retribuiu o aperto de mão e deu um sorriso. Ela colocou uma das mãos em seu bolso, retirando de lá um bloco de notas e uma caneta, depois de rabiscar algumas coisas no bloco, o mostrou a Sans que o leu com certa curiosidade.

“Obrigado por me ajudar Sans. Me chamo Frisk, prazer em conhecê-lo. E quanto a Sarah, não se preocupe, nós somos amigas e ela apenas estava tentando me ajudar.” Era o que dizia no bloco, Sans logo entendeu a situação, Frisk não podia falar.

─ O prazer é meu kiddo. Se precisar de qualquer coisa me avise, estou as suas ordens. ─ Disse sorridente. Sarah havia retornado a cozinha e ao avistar a cena, foi imediatamente na direção dos dois.

─ Frisk você tem trabalho a fazer. E Sans, a pia de louça o espera. ─ Frisk se retirou e voltou ao seu trabalho, Sans iria fazer o mesmo, mas foi parado por Sarah que segurou seu pulso. Ele estranhou a atitude da colega e apenas olhou por cima do ombro, para indicar que ele estava ouvindo. ─ Mantenha suas mãos longe da Frisk, ela não é como essas garotas com quem você sai. Se pisar na bola com ela, vai magoá-la para valer e se você magoá-la, eu arranco suas bolas. ─ Disse num tom ameaçador.

─ Calma. Eu não quero nada com ela, só estava tentando fazer com que ela não se sentisse desconfortável, por que um certo alguém gritou com a garota na frente de todo mundo em seu primeiro dia. ─ Sarah lhe deu uma tapa, mas ele apenas riu do ato.

─ Já está avisado, se fizer algum mal a ela eu te mato.

─ Ok ok, prometo que não irei me aproximar dela com esse tipo de interesse.

─ Hm, eu acho bom. ─ Sarah soltou seu braço e se retirou do local, Sans suspirou e foi em direção a enorme pia de louça que o esperava.

Sans deu uma risada fraca, ele realmente não era bom com promessas, pois quebrou todas as promessas que fez naquele dia. Às vezes ele pensava que teria sido melhor se o mesmo fosse um homem de palavra e tivesse as cumprido, mas se ele tivesse o feito, teria perdido a oportunidade de conhecer a pessoa incrível que Frisk era e não teria tido a honra ser seu namorado. E de nada adiantava pensar em mudar o passado, suas escolhas não poderiam ser desfeitas.