Memories...

Are just memories?


- Pai, mãe, não precisa desse drama todo! Sabem que eu vou voltar nas férias! – disse, pela milésima vez antes de embarcar no vôo para Nova York.

- Você promete?

- Prometo, mãe! E escreverei toda semana.

- Todos os dias. – corrigiu

Eu suspirei.

- Tudo bem, tentarei escrever todos os dias.

Quando anunciaram o vôo pela última vez, decidi que era mesmo a hora de ir.

- Nós te amamos, Mary. – disseram meus pais, num uníssono, o que me fez abraçá-los rapidamente pela última vez.

- Também amo vocês.

Então entrei para o avião que me levaria para a realização dos meus sonhos: a faculdade de Artes em Nova York.

Eu não poderia estar mais animada. Claro que meus pais não queriam que eu fizesse Artes de forma alguma, como qualquer pai normal. Mas depois de tanto eu insistir, eles concordaram que eu tinha grande chance de fazer sucesso com minhas pinturas, minha voz e minha atuação. Sim, gosto de todo tipo de arte, mas desde pequena, meu maior dom é pintar. Ainda me lembro do meu primeiro desenho...

Não sei bem se foi um sonho como meus pais falavam, mas aquilo fora bem real para mim, minhas lembranças de entrar em um mundo de monstros, ver monstros com medo de mim... não parecia nada com um sonho. Dentro do avião, tirei da minha bolsa um pequeno papel dobrado. Ainda não acredito que guardei por tanto tempo. O primeiro desenho que eu fiz realmente com empolgação, sem ser apenas tentando mostrar algo para alguém, ou até rabiscar. Ainda via os traços do Gatinho... ou devo dizer Sully? Enfim, ainda dava para ver seus traços perfeitamente através do giz de cera gasto.

Quinze anos. Aquela lembrança já tinha quinze anos, mas eu não queria jogar fora. Teria sido sonho ou imaginação de criança a empresa Monstros S.A.? Quando eu mostrei o desenho de um dos monstros para mamãe, lembro perfeitamente que tudo o que ela disse foi “owwn, que fofo, querida, continue desenhando!” e depois que saí, escutei-a falando com meu pai “a imaginação dessas crianças está cada vez mais fértil”. Mas não era imaginação. Eu sei disso. Eu... sei? Claro que minhas lembranças são bem detalhadas, mas e se todos estiverem certos? E se for apenas imaginação de criança? Ou um sonho? Isso eu não tinha como saber.

Depois que guardei novamente o desenho, logo adormeci, e quando acordei já havíamos chegado. Ótimo. Eu não via a hora de começar minha nova vida tão esperada! Logo notei que era tudo diferente. Bem mais movimentado, pessoas com pressa o tempo inteiro... lembrava um pouco Monstrópolis.

Tirei logo aquilo da cabeça. Eu tinha que parar de ficar lembrando dos meus sonhos de infância, senão iria continuar me questionando se era ou não verdade, e não queria entrar em outra discussão comigo mesma.

Peguei o táxi e pedi para que me levassem para a faculdade. Ao chegar lá, terminei minha matrícula e um garoto um pouco familiar me apresentou meu quarto e disse que minha colega havia viajado por um tempo, depois saiu. Involuntariamente olhei para trás, para tentar raciocinar de onde eu me lembrava dele.

- Ei! – me ouvi chamar

- Sim?

- Como você se chama?

- James S. Mas a maioria aqui prefere me chamar apenas de James.

- Ah... é que... você me lembra alguém...

De repente, quase pensei que ele me reconheceu. Mas não demorou mais de dois segundos para que ele voltasse ao normal.

- Acho que não nos conhecemos. Você... quer ajuda para desfazer as malas?

- Você se importaria?

- Não mesmo – ele respondeu, com um sorrisinho e entrou novamente no quarto – Então... por onde você quer começar?

- Por aquela mala ali – apontei, logo indo em direção ao armário.

Mas quando abri, tive uma surpresa. Aquele definitivamente não era o armário da faculdade. Ah, não mesmo. A “vista” para aquele armário era a mesma do meu de quando tinha quatro anos: a empresa Monstros S.A. Fiquei apenas, parada, sem saber o que dizer. Então era verdade. Não era imaginação de uma criança...

- Eu sabia... – sem querer sussurrei e senti James atrás de mim.

- Boo?

Então era ele. Eu sabia que o conhecia!

- Gatinho? Você é...

- Humano.

Apenas balancei a cabeça, fascinada.

- Foi por você.

Assim que disse isso, James, Sully, Gatinho, ou seja lá como ele fosse chamado, me beijou, conduzindo-me depois para a entrada de Monstrópolis. Eu não iria ficar para sempre. Mas sabia que, se ficasse perto de James, já estaria feliz.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.