Aquilo era melhor do que mágica.

Melhor do que dobrar a realidade aos seus meros caprichos.

O peso dela sobre seus joelhos, as pontas dos dedos dela dentro de sua camisa semiaberta, dedilhando seu peito como se ele fosse um delicado instrumento de corda, o arranhar leve de suas longas unhas decoradas. Os lábios dela em seu pescoço, molhados, quentes, a respiração morna em seu ouvido e o riso abafado contra sua pele.

Ela era melhor do que mágica, embora mágica não fosse algo que faltasse a ela.

Pois, de várias formas, ela era sua igual. Ainda que não pudesse enxergar as ondas que seus atos faziam na realidade tão claramente quanto ele, ainda que não pudesse enxergar o inevitável futuro que a aguardava, o destinado coração partido que causou a si mesma quando cativou o dele daquela forma, ainda que não pudesse prever o amargo fim daquele beijo. Não ainda.

Então, ele tentava ser como ela, inocente, embora não fosse um adjetivo que ela usaria para definir a si mesma, especialmente naquele tipo de situação. Mas ela era inocente para ele, pois tinha o poder que ele não tinha, o privilégio de estar em um lugar somente e não ser assombrado pelo futuro. Ela estava ali por inteiro, quente e lasciva, em seus pensamentos somente o agora, nenhuma preocupação com o que virá. Ele a invejava por isso e, enquanto entremeava os dedos dos cabelos longos demais e a trazia para mais perto pela cintura, tomando cuidado para fazê-lo utilizando abertura no kimono, nunca fechado modestamente, para fazer com que as sensações providas por ela fossem mais reais, ele expurgava o futuro de seus pensamentos preenchendo-os com a realidade do presente, da dádiva que era tê-la em seus braços e que, ele sabia, tinha data para chegar ao fim.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.