Megaman Saga

Conexão Zero - Parte final


Celleron era uma cidade muito bonita. Principalmente de manhã, logo após o nascer do sol. A essa hora, alguns dos cidadãos já estavam acordados e se preparavam para trabalhar. Outros ainda dormiam. E alguém hibernava.

– Bom dia, guardião! - Nesse momento, X, que estava deitado na cama, automaticamente acionou seu sistema, até agora em modo de economia de energia.

– Bom dia, han... Não perguntei seu nome? - A jovem de cabelo castanho liso e rosto angelical, logo respondeu:

– É Brulie - Estendeu a mão, cumprimentando - Mas pode me chamar de Brul. Todos me chamam assim - Sua feição alegre parecia não ir embora. Brul era muito extrovertida, nem parecia que tinha 16 anos.

– Ah ok - X olhou para seu medidor de energia, quase cheio - Bem, acho que a hibernação me fez bem...

– Que ótimo! Agora vamos rápido, ou vamos perder o café da manhã! - Antes que X avisasse que não ingeria coisas orgânicas, Brul já o puxou pelo braço, arrancando-o do quarto.

Já acordado, Alry estava em meio a vários equipamentos, com uma chave de fenda na mão, aparentemente consertando algo. Estava também sem a armadura que o "Guardião Vermelho" construiu. Isso já não parece tão complicado depois que você pega a prática, pensou, ao levantar um arpão, que acabará de construir com uma corda, uma lança e um canhão, esse último, tecnologia nômade. Alguns dos dispositivos criados por seu líder, também conhecido como Zero, precisavam ser regulados.

– Isso aqui é muito preciso. Talvez se eu ajustar para um nanômetro para a direita

– Alry estava quase imóvel, com as ferramentas de precisão na ponta dos dedos...

– Hey, Alry, vamos tomar café! - O susto fez com que ele caísse em cima do resto dos dispositivos, sobretudo, os já regulados.

– Brulie! - Seus olhos a fuzilavam, o suficiente pra ela ir se esconder atrás de X.

– Guardião, abra caminho, pra eu pegar essa ai... - O mesmo permaneceu parado, sem saber o que fazer.

– Ei, o que está acontecendo nesta casa?!

– É o Alry, pai, quer me pegar! - O velho já conhecendo sua filha não deu ouvidos.

– Alry, filho, se acalme. Você sabe como a Brul é agitada, não ligue pra ela.

– O quêêêÊ! Pai, você não vai me defender? - A jovem saiu de trás de X, agora mais calma. Nessa hora Alry jogou a chave de fenda no chão com tudo, fazendo ela voltar.

– Desculpe senhor Seuller - O olhar dele agora era de raiva. Muito mais do que por uma simples interrupção de seu trabalho - Eu não entendo como sua filha consegue manter esse sorriso no rosto, diante de tudo que está acontecendo.

– Alry não... - Tentou interromper, Seuller, o velho senhor da casa.

– Mesmo com o ataque dos nômades, mesmo com a difícil situação em que estamos, mesmo com o rapto da...

– Alry já chega! - Ordenou agora Seuller, enquanto Brul com os olhos cheios de lágrimas se manifestou:

– Ela só não está aqui por sua culpa! - Ela correu para o seu quarto. O silêncio em seguida fez X perceber que algo ainda não estava claro sobre a história dele.
Foi então que Alry saiu, e logo em seguida X.

– Ei, espera - disse X - O que você ainda não me disse? - Alry então parou e sem se virar, falou:

– Na invasão dos nômades, eu estava no parque com a filha do senhor Seuller.

– Brulie? Você se refere a ela como filha do Seuller. Ela não é sua irmã?

– Não. Eu não sou filho do Seuller. Pelo menos não de sangue. E também não estou falando da Brul.

– Estou confuso...

– Seuller tem duas filhas. Beiol e Brulie, a mais nova...

FLASH BACK

Alry costumava levar Beiol ao parque todo fim de semana. Não chegaram a ser namorados, mas era quase isso.
Nesse dia, ela o levou até o centro do parque, onde estava a estátua em homenagem a Genn, o fundador da cidade. Esse era o seu lugar favorito de toda Celleron.

– Você realmente admira esse cara, não é mesmo? - Perguntou a ela.

– Sim. Todos o vêem como a pessoa que deu o primeiro passo para tudo aqui nascer, mas na verdade, ele é muito mais do que isso - Ela respondeu, muito parecida com a irmã, mas mais alta e não tão agitada.

– Bom, acho que eu sou uma dessas pessoas, por que também o conheço apenas por isso rsrs

– Você não conhece a lenda do Guardião Azul? - Alry continuou rindo, mas conseguiu se lembrar disso.

– Sim. Dizem que a muito tempo aconteciam disputas pelos territórios entre seres com habilidades especiais e que Genn era um deles, protegendo Celleron como o Guardião Azul rsrs Que besteira!

– Isso não é besteira, Alry. Genn foi sim um guardião - Não adiantava pois Alry não queria acreditar naquela história aparentemente fantasiosa.

– Ah Beiol, eu nunca vi uma história tão falsa, e olha que eu já ouvi umas bem bizarras rsrs

– Mas Alry, eu... - Ela foi interrompida por um barulho de explosões e tiros.

– O que está acontecendo? - Os dois correram para ver de onde estava vindo aqueles sons. Ao se deparar de longe com um exército de nômades, destruindo tudo que viam pela frente, os dois ficaram espantados.

– Temos que ajudá-los! - Ela gritou.

– Não, vamos ficar aqui, Beiol! - E a puxou para atrás dos muros que cercavam o parque. Enquanto isso, os nômades continuavam sua baderna, capturando tudo que encontravam de valor.

– Alry, não podemos ficar aqui parados. Minha irmã pode estar em perigo. Meu pai... - sem pensar duas vezes, Beiol saiu correndo, no meio da confusão.

– Beiol! Não! - Alry deixou o medo de lado e foi atrás dela. Já perto da casa, vários deles mantinham Seuller e Brulie no chão. Um dos capangas pegou a pequena Brulie pelos braços, a erguendo e a deixando com as pernas penduradas.

– Me solta, grandão! - O "grandão" ria, olhando para seus companheiros.

– Calma garota, nós estamos precisando de mocinhas assim pra servir o chefe háháhá - Todos riam da cena. Nessa hora a irmã mais velha apareceu, chamando a atenção dos nômades.

– Ei, deixa minha irmã em paz! - Alry também já estava ali, logo atrás dela.

– Ou o quê? háháháháhá

– Me leva no lugar dela, mas por favor, não machuque ela - Alry ficou aflito.

– Beiol, o que você está...

– Hum, gostei da ideia. Você é bem melhor que essa pirralha! Eu poderia levar as duas, mas vou deixar ela só pra não ocupar espaço! - Ele largou a Brul no chão de uma só vez, e em seguida Beiol abaixou a cabeça a sua frente. Alry segurou ela pelo braço antes que fosse pra perto dos nômades.

– Me deixa, Alry... - O nômade chamado de grandão sacou um bastão eletrificado e com um só golpe atingiu Alry de baixo pra cima no estômago, o jogando pra trás.
Sem poder fazer nada, ele observou Beiol ser capturada e acabou ficando inconsciente com o golpe.

FLASH BACK

– Você percebe, Guardião. Eu deixei que a levassem. Minha covardia me fez perder a única pessoa que realmente amei - X se aproximou de Alry.

– Quando enfrentamos aqueles nômades, lá no meu mundo, eles te mostraram ela presa. Isso mostra que ela ainda está viva, apesar de tudo.

– Sim mas...

– Se me levar até Zero, ou o Guardião Vermelho, como você o chama, nós podemos ajudá-lo a salvá-la! - Alry fez uma expressão de quem não tinha uma boa noticia pra dar.

– Eu não posso te levar até ele, porque ele já não está mais aqui.

– Como assim, Alry. O que aconteceu com Zero?

– Bom, depois de nos treinar e se recuperar cem por cento, ele decidiu enfrentar Trevian. Com a ajuda da equipe, chegamos próximo a fortaleza dos nômades e lá ele desafiou o chefe deles, que já sabia de sua existência. Sabia que era ele o responsável pela rebelião de alguns dos nossos.

– Mas ele perdeu para Trevian. Zero foi derrotado?

– Pelo contrário. Ele não só venceu como estava prestes a acabar com Trevian de uma vez por todas, mas no ultimo instante, ele sacou um aliado muito poderoso...

– Quem?

– Fracc, a besta robótica originada de sua tecnologia. Não só capturou meus aliados da resistência, como eu mesmo vi o Guardião Vermelho cair diante dele - X ficou paralisado. A ultima esperança que tinha de ver seu parceiro vivo estava acabada.

– Então você me enganou? Me trouxe aqui com a desculpa de que Zero estaria a minha espera, mas na verdade só queria mais um aliado! - X ativou seu canhão, que começou a carregar energia...

– Não, Guardião, não foi essa minha intenção - X mirou Alry - Você servirá sim de grande ajuda, mas ele não foi totalmente destruído. Talvez desligado, mas ainda temos uma chance, se você me ajudar a resgatá-lo, junto com Beiol e o resto da resistência! - X desativou seu canhão.

– Eu irei ajudá-lo, porém, se estiver mentindo, eu mesmo o colocarei junto a seus companheiros...

X

A missão estava bem clara. Entrar na fortaleza nômade sem serem vistos e resgatar Beiol, Zero e os aliados. Para X que estava acostumado a entrar sempre invadindo tudo, esse não era o melhor plano, mas por não conhecer realmente o inimigo, deixou pra Alry decidir o que fazer.

– Até aqui, estamos seguros - Avisou Alry - depois disso, se formos pegos, perderemos por estarmos em menor número.

– Eu estou acostumado a invadir bases cheias de inimigos. E muitas das vezes estava sozinho.

– Entendo essa sua vontade de sair quebrando tudo, mas eu não sou de lata, mesmo com armadura, posso morrer...

– Tudo bem, faremos do seu jeito, mas só pra constar, eu também não sou de lata! - Os dois seguiram se aproximando. A fortaleza não estava totalmente fechada, pois ainda estava sendo construída. Por isso muitas de suas partes possuíam aberturas, por onde passavam vários nômades e pessoas capturadas de Celleron, obrigadas a trabalhar na construção.

– Esse é um dos dispositivos que o Guardião criou, ele consegue produzir hologramas nos maquiando diante dos nômades.

– Não sabia que Zero entendia tanto assim de tecnologia. Vai nos ajudar a entrar na fortaleza.

– Sim, mas tome cuidado, eu não consegui regular eles com precisão. Estava fazendo isso hoje cedo, mas a Brul me atrapalhou - Com os dispositivos, os dois miraram os nômades, e a imagem deles foram digitalizadas, criando hologramas perfeitos.

– Vamos lá - Rapidamente se infiltraram no meio da construção. Logo acharam uma entrada e por lá foram.

– Precisamos achar o lugar onde eles estão presos - Sussurrou Alry. Eles passaram por corredores e sempre davam de encontro com alguns nômades, sempre mal encarados.
Em uma das passagens, havia a esquerda um parede de vidro, com visão para um salão enorme, num andar a baixo. A quantidade de aparelhos e coisas químicas revelou um laboratório.

– Vamos X, temos que continuar!

– Vai indo na frente, eu tenho que ver uma coisa - Sem entender, Alry continuou, e X ficou observando o laboratório. Nele, estava alguém não parecendo um nômade, com um jaleco branco, visto de costas. A sua frente uma capsula. Ao digitar uma senha num painel, a capsula se abriu, e dentro havia alguém conhecido por X.
– Zero! - Gritou X, fazendo o de jaleco branco se virar assustado. Antes que pudesse ver quem era, X saltou quebrando o vidro e atirando nos cabos ligados a capsula. Ao aterrizar, foi caminhando na direção do estranho local.

– Ei não me machuque, eles me obrigaram... - Sem ouvir nada, X o empurrou.

– Saia da frente! - Ao se aproximar, ele confirmou. Era mesmo Zero, seu parceiro que pensou estar destruído. Terminou de arrancar os cabos dele e o tirou da capsula, colocando-o no chão, mesmo sem nenhum sinal de vida - vamos, Zero, desperte, eu estou aqui, X, seu parceiro! - Ele continuava tentando fazer com que o amigo acordasse, mas não adiantava.
X Abaixou a cabeça, desolado, pensando que não havia mais jeito de salvá-lo. De repente um som de dentro de Zero acionou seus sistemas. Ele abriu os olhos.

– Zero! Você está bem? - O mesmo movimentou a cabeça um pouco pro lado.

– Quem é... você? - X se observou e lembrou que estava com um holograma. Imediatamente o arrancou, voltando a sua forma normal.

– Sou eu, Zero. X, seu parceiro!

– Você é o guerreiro azul que aparece nas minhas memórias... Você me conhece?

– Eu... - Um alarme tocou, fazendo X olhar pra trás. O cara do jaleco branco estava com a mão num botão vermelho, possivelmente o acionador do alarme.
Já em outro lugar, Alry percebeu o som daquele sinal e ficou esperto. Ao se deparar com uma porta ao final de um corredor, se lembrou da imagem da prisão onde Beiol estava e sabia que ali era o lugar. Ao colocar a mão na maçaneta, um nômade apareceu.

– Ei, o que quer aqui? - Ele gelou, mas tinha que disfarçar como um nômade.

– Eu ouvi o alarme tocar e vim conferir os prisioneiros - Pensou rápido.

– Ok, mas essa é a minha função aqui! - O próprio nômade abriu a porta e eles entraram. Logo Alry avistou Beiol e seus aliados - Está vendo? Estão todos muito bem trancafiados. Ninguém sai quando eu estou no comando!

– Sei sim, mas... Você tem a chave daqui? - Alry se virou na direção de Beiol e piscou pra ela, que sem entender nada, não teve reação.

– É claro que eu tenho.

– E eu posso ver? - O nômade carrancudo estranhou.

– Quer ver porque? Estou achando você muito curioso! - Alry já estava relaxado no disfarce. Debochado, disse:

– Eu acho que você não tem chave nenhuma, só está querendo contar vantagem!

– O carrancudo tinha um bastão enorme amarrado na cintura, o que fez Alry recuar um pouco.

– Seu babaca! Olha só, o que é isso? - Na hora em que Alry pensou que ia ser golpeado, acabou vendo a chave na mão do nômade. Ficou até aliviado, mas algo inesperado aconteceu. Seu holograma que já não estava preciso, parou de funcionar, revelando seu disfarce.

– Ops... - Alry se afastou, e o nômade com raiva de ter sido enganado sacou seu bastão, eletrificado.

– Então você queria a chave? Háhá Vem pegar! - E foi pra cima de Alry, que desviou a primeira...

– Calma cara! - Desviou a segunda... - Se você se acalmar temos como negociar essa chave ai - tomou o golpe na terceira.

– Tentou me enganar com isso? - Quebrou o dispositivo, mesmo no pulso de Alry!

– Vamos ver se essa sua armadura resiste mais do que esse treco ai Hahá - O nômade levantou o bastão na direção de Alry já no chão, pronto pra rachar sua armadura no meio!

Pvuuuuuhm! - O nômade voou longe, com a rajada de energia que levou. Ao cair, mais ao fundo X mirando, com o canhão saindo fumaça.

–Tem que ser mais cuidadoso, Alry! - Sem nem responder ele pegou a chave da mão do nômade caído e abriu a cela. Primeiramente abraçou Beiol, bem forte.

Saíram também mais três, esses os aliados da resistência.

– Acho que podemos deixar as apresentações pra depois - Disse X, chamando-os para fora.
Ao saírem, a imagem de Zero, mesmo se apoiando na parede, fraco, os confortou.

– Guardião, você está vivo! - Gritou um deles, o mais baixinho.

– Sim, estou. E graças a ele - Apontou X, com um pouco de dificuldade - Eu não estou em condições de liderá-los, sigam ao Guardião Azul!
Sem questionar, todos concordaram e agora viria a parte mais difícil, fugir depois de serem descobertos.

– Agora a aliança está reunida novamente - Afirmou Alry.

– Mas ainda não temos um nome - indagou, o mais baixinho.

– Como você disse que se chama o Guardião Vermelho mesmo, X?

– Zero - Respondeu.

– Pois bem, está batizada a Conexão Zero!

X

Agora que já foram descobertos, X não precisava mais disfarçar. Foi atirando em qualquer inimigo que aparecesse, fazendo os integrantes da Conexão Zero ficarem impressionados, afinal, os nômades sempre foram mais fortes.

– Ali, uma saída - disse Beiol, ao avistar uma comporta iluminada pela luz do sol. X terminou de abri-la com um disparo carregado, mas ao chegarem, todos perceberam que aquela luz na verdade era uma armadilha. A comporta fechou antes que o resto conseguisse passar, deixando apenas X num enorme salão escuro.

WARNING WARNING

– Seja bem vindo... - Uma voz ainda não identificada - você acha mesmo que vai invadir minha base, roubar meus prisioneiros e sair assim?

– Covarde! Apareça e lute! - De repente luzes começaram a acender no teto do salão e o dono da voz se revelou:

– Se é assim - Trevian, o chefe dos nômades, porém bem diferente do que enfrentou Zero. Além de usar as armas, estava também seu corpo modificado pela tecnologia. Um de seus braços biônico. do mesmo lado um olho com uma lente vermelha e uma armadura a nível de Sigma! - Prepare-se... Para morrer!