Me encontre, Will
“Você sente, Will?”
“Você vê, Will?”
“Não, é impossível ver.”
“Veja, Will, veja a realidade através da barreira.”
Will Graham acordou assustado, o corpo molhado pelo suor. A voz de Hannibal ainda parecia sussurrar em seus ouvidos como um demônio, quando ele retirou a camisa, buscando o ar com dificuldade. A luz da sala estava acesa, se levantou e encontrou os cachorros deitados tranquilamente, dormindo sobre o tapete de frente à lareira acesa.
Não se lembrava de tê-la acendido naquela noite.
Suspirou, esfregando as mãos nos cabelos bagunçados. Ainda podia sentir a sensação do frescor da loção pós barba de Lecter. Balançou a cabeça, ocupando a mente com novos pensamentos.
Na cozinha, após beber toda a água da garrafa, Will buscou toalhas para colocar sobre a cama, voltando a dormir e sonhar com o psiquiatra. Eram sonhos cada vez mais reais, como se eles possuíssem uma conexão que não havia como ser quebrada.
Não, não depois de tudo o que viveram.
Não depois de Will ser usado, revirado mentalmente por aquele homem.
Não depois de ele ter se entregado e apunhalado pelas costas com a verdade.
Não depois de Will desejar sentir mais uma vez o gosto dos lábios do psiquiatra pressionando os seus.
Will sentia-se violado de todas as formas possíveis. E, pior, sentia-se culpado por permitir que Hannibal Lecter entrasse em sua vida, na sua mente, nos seus sonhos.
E nunca mais seria o mesmo.
O sangue escorria pelas paredes, afundando sua cama em uma piscina vermelha. Estava afundando quando uma mão o segurou com força, fazendo-o emergir do sangue. Will respirou com dificuldade, tossindo o sangue engolido.
“Você sente, Will?”
“O que? O que eu devo sentir.”
“Sinta a verdade. Abrace-a por completo, Will. Venha!”
Chovia lá fora, Will acordou deitado em sua cama, com um toque de mão sobre seu abdome. Ele gemeu, extasiado e confuso, sentindo um arrepio percorrer sua espinha, a mão acariciando sua pele com sensualidade até o sexo adormecido.
A mão substituída pela boca, sugando-o de forma possessiva e excitante. Will apertou as mãos nos lençóis molhados de suor. Os dedos dos pés retorciam quando alcançava o prazer, até sentir o corpo preenchido pelo prazer.
Will abriu os olhos, despertando novamente, estava sozinho no quarto. Suado, enlouquecido. Ouvindo a voz de Hannibal em sua mente.
“Me encontre, Will. Estou a sua espera.”
A conexão existia por algum motivo. E Will iria encontrá-lo e captura-lo, novamente.
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