Me Apaixonei Por Um Imbecil

"Ela tinha visto tudo."


P.o.v Austin

Ok, acho que na minha mente eu posso confessar isso, a Ally já está me assustando. Não, eu nunca a achei aquele tipo de garota pegajosa - como a Kira - mas as reações que ela estava tendo desde que nós saímos de casa para ir a essa festa eram assustadoramente imbecis, se posso assim dizer. O Dez e a Trish caminhavam tranquilamente em nossa frente, enquanto ela estava agarrada ao meu braço esquerdo, e me afastava de qualquer tipo de "Ameaça Feminina", ou seja, ela realmente não queria que tombássemos com A Vizinha.

– Você viu? - Eu ouvi sua voz encher meus ouvidos e me virei para encara-la.

– O que? - Tentei afrouxar um pouco o seu aperto em meu braço.

– Aquelasinha ali, que passou te secando inteirinho, provavelmente deve ser amiguinha da... - Ela começou mas eu a interrompi, parando nós dois no meio do caminho, enquanto a Trish e o Dez, que estavam completamente distraídos, seguiram em direção de uma casa que estavam a mais ou menos cinco metros de nós. Dava para perceber que era ali a festa, pelo simples fato de terem mais de umas quinhentas pessoas ao redor da casa e ter uma música tocando que dava para ouvir dali onde estávamos.

– Ally Para! - Falei curto e grosso, pra ver se ela entendia, mas nem isso.

– Parar com o que? - Eu realmente não sabia se ela estava se fazendo de ingênua ou se não tinha reparado na maluquice que estava criando.

– Com essa paranoia, caramba! Isso já está enchendo o saco, sabia? Esquece esse negócio de Vizinha, ela mal me importa! Sabe o que isso prova? Prova que você não confia em mim, não confia na minha fidelidade em você! - Ela soltou o ar dos pulmões e ficou um pouco vermelha, não sei direito porque.

– E por que eu deveria confiar? Moon, você sempre foi o pegador do colégio, sempre ficando com todas as garotas, sempre as traindo e tudo mais, EU nunca tive uma prova de que você era mesmo fiel a alguém! E se você quer saber, eu to tentando preservar aquilo que eu acho que é meu, porque eu gosto de você, eu tive a infelicidade de me apaixonar por você nesses poucos dias e olha, eu já me perguntei muito se estou fazendo a coisa certa ou isso é apenas mais um erro para eu pôr na listinha de erros da Ally, mas não, eu insisto em não me preocupar com isso, em deixar rolar, vai ver o que acontece não é? - Ela parou de falar, respirando fundo, e eu percebi que o os dois que á poucos estavam caminhando em nossa frente haviam parado para assistir a essa, vejamos, DR. - E agora quem não se importa mais sou eu! Pode se divertir Austin, com vizinhas ou que porra seja! Se quiser pega até o Elliot, só não me faça acreditar em algo que não exista, para depois me decepcionar. - Ela terminou de falar, me deixando totalmente estático e sem palavras. Vi-a fungar um pouco e adiantar os passos, ficando ao lado da Trish e a puxando para irem. Cheguei ao lado do Dez, que me olhou e depois seguiu comigo.

– Isso passa, cara. - Ele me disse.

– O negócio é que eu não estou lidando com uma mimadinha qualquer da Marino e sim com a Ally, Dez. Então, sabe-se lá se vai passar ou não. - Nós continuamos a caminhada em silêncio, até chegarmos a tal festa.

O som estava muito alto, e eu não conseguia identificar qual música tocava. Éramos constantemente empurrados por pessoas que se sacudiam e se remexiam no ritmo da música. Eu estava meio perdido, afinal não conhecia ninguém ali, e a Ally nem queria falar mais comigo. Eu fiquei com o Dez um pouco, até ele desaparecer no meio da multidão. Eu ainda conseguia ver um flash dos cabelos da Ally no meio do povo, ela dançava com a Trish e de vez em quando jogava uns olhares para mim, mas logo os desviava. Eu poderia tira-la de lá, porque a dança dela realmente não estava me agradando, mas o meu orgulho falou mais alto. Eu não era de fato o único culpado naquilo tudo, isso se existisse mesmo algum culpado. Mas eu tinha meus motivos, e ela estava sendo infantil com aquilo, levando a brincadeira do "Vizinha Interessante" muito a sério. Ela sabia que eu gostava dela, eu também sabia disso, então por que diabos eu iria me interessar por uma puta duma vizinha? Fala sério.

A frente da casa onde estava tendo a festa era em frente mesmo a praia. Os grandes portões dela estavam abertos, deixando ver a grande área de dentro e a piscina repleta de bexigas de ar coloridas e confetes. Tinham mesas com petiscos e ponches espalhadas por toda a área, inclusive na areia, onde muitas pessoas dançavam, conversavam - tentavam pelo menos - e se pegavam. Eu peguei uma bebida qualquer que um garçom passava oferecendo e meti goela adentro. Tinha um gosto estranho, era doce e amargo ao mesmo tempo. Identifiquei o álcool na bebida e reparei que o garçom que servia devia ser só um ano mais velho que eu, ou ter minha idade, ou seja, com certeza não deveriam estar oferecendo bebida alcoólica ali, mas pelo visto a dona da festa não se importava com aquilo. Eu decidi não beber mais, até porque não queria arranjar problemas ou ficar bêbado e fazer merda. Mas enquanto tomava um refrigerante fui abordado rudemente nas costas por alguém, uma pessoa bateu em minhas costas bem forte, eu quis dizer.

– E aê loirinho! - Era um cara moreno e que usava um topetinho. Ele realmente não me era estranho, mas eu não lembrava de quem era.

– Eu te conheço, cara? - Perguntei a ele.

– Não, e nem eu te conheço. Mas acho que é você mesmo. - Me respondeu e pude sentir seu bafo de bebida.

– Eu mesmo o que?

– O gato da Ally! Prazer bofe, Elliot! - Ele estendeu a mão pra mim e eu apertei-a, tentando arrumar as coisas em minha mente.

– Ah, você é o tal Elliot. O carinha Gay. - Bem, a última parte não devia mesmo ter saído, mas eu queria estar convicto que ele era mesmo homossexual.

– Algum problema contra gays loiro? - Ele se aproximou de mim, e eu temi que ele fosse me beijar, sério, mas aí eu me afastei.

– Não, nenhum. - Respondi-lhe. Ele sorriu cínico para mim. Uns minutos se passaram e eu saboreei mais um copo de refrigerante que eu peguei em uma das mesas. O tal Elliot ainda estava em minha frente, e ficava me encarando sem parar, como se com aquele olhar ele conseguisse me despir ou algo assim. Tudo bem, talvez eu esteja exagerando em relação a isso, mas eu não conseguia pensar em muitas alternativas para um cara gay estar me olhando daquela forma. Daí ele desviou para alguma outra direção e chamou alguém.

– Hey Cassidy! Vem cá! - Aquele nome. Ele não me era estranho também. Pelo jeito há mais pessoas nessa festa que não me são estranhas do que eu pensava. Uma garota loira chegou perto dele e passou um dos braços por seus ombros. Eu a conhecia, eu tinha certeza. E ainda mais com aqueles tipos de roupas, não teria como esquecer. A Cassidy usava um vestido colado preto que ia até menos da metade da coxa, além de um salto muito grande e muito difícil de andar na areia.

– Oi docinho, o que... - Ela direcionou o olhar para mim e em um segundo havia crescido um sorriso enorme em seus lábios. - Oh meu Deus, Austin Moon, é você mesmo? - Ela me perguntou.

– Hã, sou eu sim. E você... Cassidy não é?

– Yeah! - Ela se separou do Elliot, que assistia a cena. Acho sinceramente que eu daria um bom ator, apenas pelo fato das pessoas se dispuserem a assistir a minha vida, só isso. - Cara, quanto tempo loirinho! Sabia que eu sinto falta daqueles seus beijos tão incrivelmente gostosos? - Ela se aproximava cada vez mais de mim, e eu me vi encurralado naquele momento. A Cassidy foi uma das minha ficantes, a qual eu mais demorei para largar. - Estou surpresa em ver você aqui na minha festa! - Ela disse largando um copo de plástico vazio na areia e tentando passar seus braços em torno de meu pescoço, mas eu a afastei.

– Você é a vizinha do Elliot? - Eu perguntei, juro que rezando para que não fosse. O assunto vizinha já me irritou muito nessas últimas horas.

– Sim, sim. Eu mesma! Eu não sabia que você vinha, mas fico muito feliz com você aqui, se é que você me entende, heim. - Ela piscou para mim, e eu tentava arrumar um forma de me safar dela.

– É, o Elliot convidou a Ally e eu vim com ela.

– Quem é Ally? - A Cassidy não estudava comigo, eu a conheci numa balada qualquer, porém ficamos mais do que o previsto, mas eu tratei de dispensa-la o quanto antes possível. Eu não fui um canalha, até porque a própria Cassidy era tipo eu, ficava, transava e depois caía fora, mas ela ficou muito pegajosa e o jeito como ela agia e age - como uma vagabunda, desculpa aí - eu nunca gostei.

– A Ally é minha... Minha... - Eu não consegui terminar a frase. E eu me senti um grande idiota por isso. Eu tinha deixado claro, e ela também, que nós não estávamos namorado. Eu também não poderia dizer que ela era minha ficante, porque isso é ridículo, eu ia dizer para uma ex ficante minha que eu fui convidada por uma ficante pra festa dela, ela não iria me dar ouvidos. E pior, não poderia dizer que ela era minha amiga, porque eu dispensava a ideia de ser "só" amigo da Ally.

Nesse meio tempo entre pensamentos insignificantemente inúteis e a procura de uma boa resposta para dar a Cassidy e afasta-la de mim, que ela me agarrou. Eu não retribuí, claro que não, a única coisa que passava por minha mente era a Ally. E foi justamente ela que eu vi quando eu empurrei a Cassidy para longe de mim. Ela tinha visto tudo.