Maze

O2 - "will you play this game?"


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Maze, Chapter O2

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Thomas estava em uma sala escura e fria, a respiração forte e o corpo enrijecido.

Essa era a sala do Edifício da Justiça onde os tributos eram hospedados por pouquíssimo tempo para receber as últimas visitas de seus parentes. Ele tinha apenas a avó. Mas será que ela viria? Ela está muito velha e provavelmente deve ter desmaiado ao ver seu único neto, o único vestígio de família, indo para um jogo de vida ou morte.

Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, viu a porta se abrindo e sua avó entrando com dois Pacificadores logo atrás, avisando que restavam “apenas cinco minutos”.

Sem dizer uma única palavra, ele foi correndo até ela e lhe deu um abraço bem apertado, encostando seu rosto no ombro dela, pedindo em uma mensagem subliminar conforto e assim foi atendido. Mas por pouco tempo.

– Tome isto. – ela ergueu a mão e mostrou um broche para ele. – Use isto na arena.

Thomas franziu o cenho, aparentemente confuso, mas não disse nada, apenas pegou o broche da mão dela e começou analisa-lo. Era um broche de ouro realmente bonito, ou melhor dizendo, deve ter sido realmente bonito. Porque agora estava desgastado, a cor desbotada e cinzenta, mas o broche em si continuava intacto.

O círculo dourado desbotado e com asas ligadas nele de um tordo no centro segurando uma pequena flecha pelo bico. Era assim o tordo e causava um enorme dèjá vu. Ele já havia ouvido desse broche... Ele não sabia exatamente aonde, mas sabia que significava algo importante.

A senhora fechou o broche nas mãos do garoto. Seu olhar era uma mistura de desespero e medo.

– Não deixe ninguém pegá-lo. Não, não deixe... Nunca! – agora o olhar dela tomou um ar fissurado e perturbado. – Ele é a coisa mais importante de Panem. Ele era do tordo e agora... é seu.

Thomas arregalou os olhos. Katniss Everdeen... Este broche foi dela, da menina em chamas, a garota que fez a Capital cair. E agora, o broche era dele. Mas quem era ele? Ele era ninguém.

A única coisa que carregava que era importante era seu sobrenome.

– Vovó, eu não... – ele parou bruscamente, tentando achar as palavras certas. – Pra que isso? E eu não posso usar nos Jogos um broche que significa uma revolução...

– Você pode e deve. – ela praticamente implorou, segurando as mãos do neto com mais força. – Use-o sempre, mas apenas o mostre quando...

– Acabou o tempo.

Os Pacificadores haviam entrado e depois, retirando a avó de lá. Thomas havia ficado sozinho novamente. Mais do que nunca.

Ele olhou para o broche mais uma vez.

O símbolo da revolução agora estava em suas mãos. O que isto significava? Que ele teria que recomeçar outra e oprimir de uma vez por todas a Capital? Como? Como poderia? É apenas um símbolo e ele está sozinho nessa com quarenta e três pessoas contra ele.

Depois do encontro, todos os tributos foram encaminhados para o trem em caminho à Capital.

– Quem será nosso mentor? – perguntou o moreno alto e forte, o garoto chamado Caine, enquanto andavam em direção ao trem. – Eu ouvi falar que os antigos tributos tinham mentores que eram os antigos vitoriosos...

– Eu acho que não teremos. – confessou Thomas. – Acho que vai ser tipo o primeiro Jogo Vorazes, aonde não existia nenhum vitorioso ainda. É cada um por si, mesmo.

Caine não disse nada, mas ao balançar a cabeça para Thomas, pareceu que estava de acordo e achava a mesma coisa.

O trem da Capital era espetacular, com uma decoração elegante e leve, com todas as paredes brancas e com vários acessórios ali e ali. Para quem quer matar uma pessoa dolorosamente, está dando cortesias e luxo demais.

Aydee exclamou um suspiro encantado olhando todos os cantos do trem, com os olhos azuis mais arregalados que o normal. Lena, por outro lado, se reencostou em um canto do trem e focou os olhos em suas próprias mãos, estalando os dedos loucamente.

– Espero que tenham gostado do trem, garotos.

Lena quase deu um pulo ao perceber que o homem esquisito da Capital da colheita estava ali, parado, observando-os com um sorriso estranhamente diabólico nos lábios. E ao ver sua reação assustada, abriu o sorriso ainda mais, de orelha a orelha.

– Meu nome é Freddo. – prosseguiu o homem andando de um lado para o outro em volta dos jovens. – Mas, vocês podem me chamar de Fred. – agora seu sorriso praticamente rasgava seu rosto. – Em breve chegaremos a Capital... Isso não é esplêndido, garotos? Mas agora, vão! Vão para seus aposentos, tomar um banho para comerem o jantar sem estarem com esse cheiro horrível!

Thomas olhou-o indignado enquanto Caine fechava os punhos, provavelmente os dois estavam evitando bater em Freddo, porque se fizessem isso, entrariam em uma situação muito pior do que todos já se encontravam no momento.

Sem mais nenhuma palavra, todos foram em direções opostas e cada um entrou em seu quarto. Thomas primeiro foi ao banheiro, se impressionando mais uma vez com o luxo posto no lugar, especialmente por nunca ter visto um chuveiro realmente e muito menos uma banheira. Pra quê tantos perfumes e esses líquidos todos? Um balde de água e um sabonete já era o suficiente para tomar banho.

Intrigado e irritado ao mesmo tempo, começou a se despir e entrou no chuveiro sentindo a água morna percorrer seu corpo. Era uma sensação gostosa, especialmente para aqueles que estão acostumados a tomar baldes de água fria todos os dias.

Depois do banho, voltou e colocou as novas roupas que estavam colocadas na cama. Eram confortáveis e graças a Deus não eram da moda à la Capital.

Retirou dos bolsos da roupa suja o tordo e o encarou por alguns segundos.

– Uma nova revolução está por vir... – murmurou para si mesmo. – Ou será que não?

A pergunta não era bem essa, a pergunta realmente era:

“Eu vou lutar contra ou vou jogar com a Capital?“.


REMEMBER. SURVIVE. RUN.