Scarlett Wilkins

Caminho até a sala do delegado assim que Tiffany sai. Não consigo esquecer a conversa que eu e meus amigos tivemos horas atrás no hall do teatro.

— O que aconteceu aqui? - Frank sussurra enquanto algumas pessoas se amontoam no agora vazio salão. Eles estão ali para observar o corpo de Maddie ser levado.

— Ela destruiu nossas vidas - Tiffany sussurra.

— E onde você estava? - pergunto a ela. - Você, entre todos nós, é a que mais tem motivos.

— Todos temos nossos motivos - Sebastian intervém. - Madison destruiu todos nós de alguma forma diferente.

— Se ninguém contar, ninguém irá desconfiar - Adam murmura. - Devemos fazer uma promessa.

— E desde quando algum de vocês cumpre com as promessas que faz? - rosno, revoltada com a frieza diante de tudo que estava acontecendo. - Vocês lembram da nossa primeira promessa? Depois da morte de Jackson, prometemos ficar juntos. Em Cancun, você - viro para Tiffany - quebrou o Girl Code dormindo com Bash. Desde então Madison mudou. Você nos destruiu, Tiffany. Você e você - aponto para Bash. - Se não fosse por vocês, ela não teria se tornado um ser odiável.

— Qual era o seu motivo? - é tudo o que Sebastian me pergunta.

— Não é da sua conta - tento mudar o rumo da conversa - e, apesar dele, eu a perdoei em seus momentos finais. É por isso que não vou participar de promessa alguma.

— Você vai - Bash agarra o meu braço - ou eu contarei para todos que nós somos apenas cúmplices da morte de Jackson e não os culpados. Contarei quem o matou de verdade.

— Isso só prova que a sua palavra não vale nada - me solto do seu enlaço e me retiro do hall, parando para respirar na calçada do teatro, onde algumas pessoas esperam pelos manobristas trazerem seus carros.

Fico temerosa. Não duvido nada que Bash contaria a verdade. Acima de tudo, tenho certeza que ele entregaria seus amigos para salvar a própria pele.

§§§

Durante a tarde do dia seguinte, uma gravação foi vazada. Uma breve discussão entre Frank e Maddie, onde ela confessava o mal que havia feito a ele e ele a chamava de repulsiva. Isso só fez aumentar o alvoroço. O discurso de Tiffany na formatura foi reprisado em vários canais e o momento que ela levou o tiro foi gravado e não parava de ser comentado nas redes sociais.

Tomo um banho quente e quase choro. Apesar de todo o mal que ela me fez, Maddie foi minha melhor amiga nos últimos tempos. Mesmo que soubesse que seu pai era o responsável da minha desgraça, me ajudou. Então me apunhalou pelas costas.

Realmente, não sabia o porquê de me sentir tão mal. Nossa amizade jamais foi verdadeira da parte dela. Tudo o que ela fez foi me destruir e acabar com a minha relação com o homem que eu amava.

Mesmo assim, ela não merecia morrer.

Quando está escurecendo, visto uma roupa qualquer e vou na delegacia depor. Bash chega junto comigo.

— Espero que o plano ainda esteja de pé.

Não respondo.

— Não se esqueça que eu deponho depois de você. Sua liberdade dependerá do que você disser.

Respiro fundo. Entro na sala do delegado quando sou chamada.

E minto.

— Não consigo imaginar que algum de nós faria qualquer coisa para machucar Maddie - declaro. - Sempre fomos melhores amigos e mesmo sabendo que Tiffany e Bash a traíram, ela jamais demonstrou raiva disso. Parecia ter perdoado os dois. Não sabia que ela guardava rancor.

— Onde você estava quando Madison levou o tiro?

A noite passada reprisa em minha cabeça. Respiro fundo enquanto as lembranças me atingem como ondas em rochas.

Eu havia me retirado para os fundos do salão, mas uma mão segurou o meu pulso.

— Eu sei sobre você e meu filho.

É Joseph Hartfold.

— Você está atrasado. Não há mais nada entre nós.

— Quanto você quer para deixá-lo em paz para sempre?

A risada fica presa em minha garganta. Engulo a indignação e faço o riso escorrer pelos meus lábios.

— Eu não preciso do seu dinheiro sujo.

— E você acha que de onde que vinha seus luxos? Do meu dinheiro sujo - é a vez de Joseph sorrir –, do dinheiro que seu pai pegava de mim e depois gastava na Red Night. Gastava com garotas como você, que estavam ali por dívidas familiares e que acabaram ficando presas nesse mundo.

— Eu tive sorte de ser uma exceção.

— A sua sorte foi a fraqueza de Zachary, mas isso não acontecerá novamente. Meu filho jamais ficará muito tempo com uma garota como você.

— Não se preocupe, Joseph. Não há a menor chance disso acontecer novamente.

— Ótimo.

Foi então que ouvimos os tiros. Joseph abriu a boca em surpresa, mas seu olhar quase revelada seu desespero. Era como se ele soubesse que Maddie havia sido baleada e que morreria em seguida.

Corremos para o hall, mas já era tarde. As pessoas fugiam desesperadas, enquanto Grace corria em sentido contrário com Zac em seu encalço. Drake Morgenstern sobe no palco e encara Maddie enquanto Joseph liga para o hospital.

— Aqui é Joseph Hartfold, preciso de uma ambulância urgente. Madison foi baleada.

Drake diz alguma coisa, Maddie murmura e sorri. Há sangue para todos os lados. O cirurgião-chefe do HH faz um não com a cabeça para Grace, que grita. Zac a segura e tenta puxá-la para longe. Depois de muito se debater, ela cede e sai do hall aos prantos.

Aproveito que Joseph fala ao telefone e subo ao palco. Drake segura a mão de Maddie.

— Sinto muito por isso. Você poderia...

— D... - sua voz quase não sai. -Não.

Ele assente com a cabeça e levanta, dando lugar para mim. Me ajoelho, sem ligar para o sangue em meu vestido.

— Maddie...

— Eu não queria...

— Eu sei. Eu acredito em você - falo. - Poupe esforços, por favor. Já estão vindo te ajudar. Você vai sair dessa.

Ela sorri, suando frio. Seu cabelo loiro está um emaranhado de suor e sangue, o belo penteado se desfazendo.

— Eu não quero.

— Maddie, você não pode desistir de viver.

— Eu destruí... tudo - sua visão está embaçada. Não há como saber se são lágrimas ou se é a morte se aproximando. Talvez ambos. - Tudo.

Não havia mais o que ser dito. Era verdade. A banda estava desfeita, ela havia revelado o segredo de todos do grupo. Não teria mais amigos.

— Eu ainda estou aqui. Sua família, Maddie... seus pais te amam tanto. Zac te ama tanto...

Ela segura minha mão.

— JPMorgan Chase. Dameron Riles - sua mão tenta segurar a minha, mas o sangue faz ambas escorregarem. S231-B7.

— Maddie... por favor...

Sua mão escorrega de vez, tento pegá-la, mas não adianta mais. Ela se foi.

Não conto as últimas palavras para o delegado. Não conto para ninguém sobre o banco, para falar a verdade. Prometi a mim mesma que o que quer que fosse, era algo entre mim e Madison e ninguém entraria no meu caminho.

§§§

No dia seguinte, fui até o JPMorgan Chase. O imponente prédio negro era quase assustador. Homens de terno para todos os lados, o perfume doce caríssimo espalhado pelo ar. Havia poucas mulheres por ali, a maioria com roupas escuras e cabelo curto, já beirando seus quarenta com alguma plástica.

— Com licença - chamo por um dos seguranças. - Eu procuro por Dameron Riles.

— Você tem horário marcado?

Sorrio sem pretensão.

— Não creio que será necessário.

O segurança fala algo em seu comunicador e logo aparece uma mulher loira com um grande coque na cabeça. Seu salto baixo martela no chão, me dando certa dor de cabeça. Ele conta para ela da nossa conversa.

Ela me olha por completo. Uso um jeans pré-lavado e uma blusa preta de manga comprida. Sabia que ali era chique, mas não pensei em aparecer como se fosse uma deles. Parece que estava errada.

— Não será possível falar com o sr. Riles sem horário marcado - ela sorri para mim com desprezo. - Sinto muito.

Era óbvio que não sentia.

— Kame, preciso dos relatórios do Walton em cima da minha mesa quando voltar do almoço.

— Sim, sr. Riles.

Olhei para cima. Eu imaginava que seria um homem velho e arrogante, mas ele era jovem, lá com seus vinte e cinco anos. Cabelos até o ombro em um tom castanho tão claro que beirava ao loiro, olhos variando entre o azul e o verde, além da barba maior do que eu considerava bonito, porém para ele tinha caído super bem, dando um ar de mais velho. O terno risca giz estava apertado em seus braços. Era bem sexy, para falar a verdade.

Então ele me viu. Me analisou e torceu o nariz.

— E ela é...?

— Dameron Riles - o chamo. - Vim a pedido de Madison Hartfold.

Seu olhar se manteve impassível. Era incrível como olhos tão vivos poderiam ser tão neutros.

— Madison morreu - ele fala.

— S231-B7.

Seu olhar flamejou.

— Kame, busque meu almoço, sim? Traga algo para a amiga de Madison também.

— Mas sr. Riles, você nunca gostou de almoçar no escritório...

— Hoje abrirei uma exceção - ele força um sorriso e dá meia-volta, indo em silêncio até o elevador.

Quando chegamos em sua sala, ele fecha a porta. É enorme. Há um degrau na entrada no piso de mármore branco e eu quase tropeço por não ter visto. Sua mesa é grande e escura, todos os outros móveis brancos, nada como imaginei o escritório de um bancário, sempre tão sérios e usuários de cores mais escuras. Havia uma enorme vidraça cobrindo uma parede inteira, nos dando um bela visão dos outros prédios de Nova York.

— Então, srta. Wilkins...

— Eu nunca disse meu nome - o interrompi.

— Madison me avisou que você viria.

Um arrepio percorre a minha espinha.

— Ela também me disse que você viria com perguntas.

— Maddie, quando estava morrendo, me disse para vir até aqui. Não sei o porquê, mas...

— Madison tinha uma conta conosco. Uma conta farta, podemos assim dizer. O HH também é nosso associado, então tínhamos um acordo de retirar certa parte dos ganhos do hospital e depositar na conta da srta. Hartfold.

— Você roubava dinheiro para ela - assumo o óbvio.

— Sim. Então ontem o dinheiro foi retirado.

— Mas se era uma quantia tão grande só poderia ser retirado por Maddie... e isso é impossível.

— Ela me avisou que um homem viria com uma procuração para fazer a retirada.

— Ele veio...?

— Pela manhã.

— Maddie morreu de noite. Então...

— Foram milhões, srta. Wilkins. Não muitos, mas ainda assim, milhões.

— E por que você está me contando isso tudo?

— Eu devo a Madison. Tenho uma eterna dívida com ela e ela me disse que você era a única pessoa para quem eu poderia falar sobre isso.

— Tá... mas o que eu devo fazer com essa informação? O que tem de tão importante que ela usou seus últimos momentos se esforçando para falar?

— Tanto dinheiro deixa um rastro. Eu o segui.

— Então quem quer que tenha usado a procuração está gastando o dinheiro que Maddie roubou.

— Sim. Os gastos vem de Berna.

Respiro fundo. Parece que eu tiraria os casacos de pele do fundo do guarda-roupa, afinal até onde eu me lembro, na Suíça faz mais frio que nos Estados Unidos.

§§§

O corpo de Maddie foi liberado. Drake Morgenstern disse que por causa da autópsia a cerimônia seria feita de caixão fechado. Seu caixão era grande, em um tom de marrom escuro. Haviam tantas coroas de flores espalhadas pelo salão, a maioria das pessoas de preto. O padre estava alguns minutos atrasado, então os presentes circulavam e conversavam baixinho.

Bash encara o caixão. Não há ninguém por perto. Me aproximo e vejo seus olhos vermelhos.

— Não há ninguém aqui para você fingir chorar.

Ele me olha de canto de olho, depois vira-se para me encarar.

— Eu não estou fingindo.

— Todos sabem que os casos de Maddie acabaram com você. Ser feito de idiota no dia da formatura, com todos por perto...

— Eu tive raiva, sim, mas jamais desejei mal para Maddie.

— Você a traiu. Quando eu lhe dei a oportunidade de contar, você me enganou, dizendo que tudo acabaria. Então Tiffany engravida!

— Você não sabe nada do nosso relacionamento, Lett. Não diga algo que você pode se arrepender depois.

— A única coisa que eu me arrependo é do que eu não disse - sussurro, me preparando para sair, mas seu braço segura meu pulso.

— Apesar de tudo, eu a amei. Eu ainda a amava - ele murmura, muito próximo ao meu ouvido. - Pensei que ela estivesse disposta a deixar de lado os meus erros porque me amava também, mas parece que me enganei.

§§§

Sebastian Scotterfield

O padre fez as orações, Grace não conseguiu falar, então Joseph falou por ela. Apesar de não derramar uma lágrima, era visível a tristeza em seus olhos. Um homem sempre imponente agora andava de cabeça baixa.

Depois disso, carregamos o caixão para os jardins. Joseph e Zac na frente, eu e Adam no meio, Frank e Drake no fundo. Quando o caixão é içado para baixo, vejo Phillip Khan com óculos escuros, observando tudo de longe. Assim que me vê encará-lo, ele vai embora.

É um dia de sol, com poucas nuvens cobrindo o céu. Parecia um dia bonito demais para tamanha tristeza. Respiro fundo quando sinto meu nariz arder junto com meus olhos. Apesar de tudo o que ela já havia me feito, eu ainda conseguia ficar triste por sua morte.

Eu deveria estar agradecendo. Por meses quis me livrar das suas chantagens. Quando descobri sua traição, apesar da dor, pensei que finalmente estava livre. Mesmo não estando mais preso, não me sentia feliz com isso. Pelo contrário, cheguei a me lamentar, pensando em quantas coisas poderia ter feito diferente para que Maddie não chegasse a esse ponto. Eu me culpei.

Era incrível esse efeito que ela tinha sobre mim, sobre todos nós. Mesmo tendo feito coisas erradas, ela fazia com que nós nos sentíssemos culpados. E isso não acaba em vida. Até morta ela consegue fazer isso.

Morta. Haviam se passado três dias, mas ainda assim parecia tão irreal...

A verdade é que eu não sabia o que dizer. Não sabia se a amava Maddie ou se a odiava, talvez um pouco dos dois. Agora jamais saberei.

Havia um cara tocando uma música muito triste no violino. Ouvi Wendy sussurrar para Lett que era Wings, da Birdy. Sorrio diante de algumas lembranças.

Um dia, cheguei na casa de Maddie de surpresa. Deveríamos ir para Los Angeles naquele final de semana, afinal faziam seis meses que estávamos juntos, e eu havia prometido a ela aquela viagem. Meu pai, porém, me arrastou até Washington para um de seus julgamentos. Porém, voltei para Nova York sexta a noite para ver Maddie. Quando cheguei, Zac abriu a porta e disse que ela estava no banho. Subi junto com o pacote de Burger King que havia comprado no caminho.

Quando cheguei no quarto, porém, ela já havia saído. Estava com os cabelos loiros molhados e um roupão branco. Cantarolava enquanto penteava os cabelos.

We watched the day go by

Stories of what we did

It made me think of you

Ela sorri e para de cantar quando me vê.

— Bash! - e corre para me abraçar. Quase deixo o pacote com os lanches cair quando ela me beija, mas o deposito em cima de uma mesinha e a puxo para mais um beijo, seus fios molhados ricocheteando em minha pele.

— O que você estava cantando?

— Wings - ela fala, ainda sorrindo. - Birdy. O que você faz aqui?

— Bem sugestivo, não? Wings, Birdy... bird.

Ela sorri.

— Assisti meu pai condenar mais um cara por assassinato. Então peguei o primeiro avião para Nova York.

Seus dedos gelados enlaçam meu pescoço, seus olhos brilham como nunca e eu jamais a vi sorrir tanto.

— Eu te amo - ela sussurra.

Quando me levanto para pegar o lanche em cima da mesinha ele já está frio, mas nós não ligamos, pois tivemos a noite mais incrível de todas. Pelo menos era o que eu pensava.

As horas passam e conversamos sobre besteiras, Maddie com o roupão totalmente aberto e eu com o lençol cobrindo o abdome. Seus cabelos já secaram e eu enrolo mechas em meus dedos.

— Cante para mim.

— O quê? - ela questiona, depois de muito tempo em silêncio.

— Daquela menina que você falou.

Sinto ela sorrir próximo ao meu peito.

I just wanna be by your side

If these wings could fly

Quando as lembranças se encaixam com o presente, sinto meus olhos voltarem a arder. Não quero voltar para a minha realidade, por isso me enterro em minhas memórias.

We'd remember tonight

For the rest of our lives

E eu realmente lembraria. É a melhor lembrança que eu tenho dela, uma que eu manteria para sempre.

— Bash? - Grace toca meu ombro. - Está na hora.

Assinto. Pego um punhado de terra e a deixo escorrer pelos meus dedos direto para o caixão. Grace havia me pedido para ser o primeiro e eu havia aceitado. Lembro-me de como os cabelos de Maddie saiam dos meus dedos pela manhã quando fui para casa depois daquela noite.

— Eu percebi que jamais disse - sussurro, quando o sol entra pelo quarto.

— O quê? - ela murmura, sonolenta demais para prestar atenção. Sabia que provavelmente ela não se lembraria das minhas palavras ou pensaria que era um sonho. Seus braços me enlaçam e seus olhos permanecem fechados.

— Eu também te amo - beijo sua testa e saio de fininho da cama, com a certeza de que acabaria tudo com Tiffany assim que a visse.

E realmente terminei. Ficamos separados por um mês, até que uma noite eu bebi demais em uma festa, discuti com Maddie, Tiffany estava lá e...

Jamais me arrependeria de minhas filhas. Só pensava que tudo poderia ser diferente se eu jamais tivesse ficado com Tiffany em Cancun. Eu amava Madison, tinha a certeza disso, apesar da raiva que me inundava todas as vezes que brigávamos, e ainda assim eu a traí. Sabia que ela havia ficado com outros caras por ressentimento, para se vingar. E eu sabia que era minha culpa.

Não conseguia deixar de me culpar pela sua morte. Prometi a mim mesmo que eu o acharia. Não importava o que me custasse, eu devia isso a ela.

Outras pessoas depositam terra em cima do seu caixão. No horizonte, vejo a janela de um grande carro preto se fechar e ele partir, provavelmente Khan. Com tantos jornalistas presentes, mesmo a distância, não consigo deixar de pensar se seu assassino assiste a tudo aquilo.

Já é tarde quando saio de meus devaneios. A maioria das pessoas já foi embora. Lett, porém, ainda está ali, encarando a lápide de Maddie.

— Sei que fui duro demais com você aquele dia no teatro - digo. - Ela recém havia morrido e eu estava lá dando ordens, dizendo para todos como agir, pedindo para vocês mentirem...

— Sim, você foi - ela concorda, sem me olhar.

— Maddie costumava ser nossa líder. Ela nos juntou e fez de tudo por nós, apesar dos pesares. Agora que ela se foi, eu senti que deveria proteger o grupo, mesmo que isso significasse omitir certas coisas.

— Nós prometemos sobre Jackson. Madison fez todos prometerem me proteger e vocês aceitaram. Não preciso de ninguém jogando isso na minha cara quando as coisas ficam difíceis.

— Eu sinto muito - murmuro. - Jamais faria algo que te prejudicaria, Lett, espero que você saiba disso. Depois da formatura e agora que Maddie se foi, sinto que nós vamos nos separar, cada um para seu canto e seremos nada mais do que desconhecidos.

Ela finalmente se vira para me olhar.

— Realmente não foi você, não é mesmo?

Sinto uma lágrima traidora escorrer por minha bochecha.

— Eu a odiava, mas também a amava. Nunca mataria Maddie, nem mesmo sabendo o que ela fez com todos nós.

Lett respira fundo.

— Tem algo que eu preciso te contar, mas você não pode nem sonhar em contar para ninguém, está me entendendo?

Concordo com a cabeça. Ela me puxa para perto de uma árvore.

— Envolve o banco JPMorgan Chase, um homem chamado Dameron Riles e uma procuração com dinheiro roubado sendo gasto em Berna.