Masquerade

Quando o passado bate em sua porta...


Scarlett Wilkins é a última a chegar na delegacia. Todos seus ex-amigos estão esperando, assim como odelegado Robin Chandler, um homem atarracado, de cabelos grisalhos e olhos azuis fortes e intensos.

– Srta. Wilkins - ele a olha por completo, assim como os outros presentes. - A senhorita está atrasada.

Era madrugada. Três horas e dezesseis minutos, para ser mais exata. Scarlett achava um absurdo ser obrigada a ir à delegacia aquele horário.

Ela sempre tentou esconder alguns fatos da sua vida, como o fato de ser uma prostitua de luxo depois que tudo aconteceu. Sua vida deu um giro completo no ano passado e então tudo aconteceu. Apesar dos seus esforços, nenhum segredo pode ficar oculto por muito tempo, não quando você está dentro da elite novaiorquina.

Scarlett olha para suas roupas: uma meia-calça arrastão preta, short curto e rasgado com a estampa da bandeira dos Estados Unidos, um top preto com um casaquinho da mesma cor por cima, bota de cano curto preta com tachinhas negras e um bracelete dourado liso de ouro verdadeiro que ela havia ganhado do seu atual namorado. O cabelo castanho escuro liso estava solto e a maquiagem era básica: lápis ao redor dos olhos verdes, uma sombra marrom fraca e um batom da cor da pele, isto é, claro.

– Estava trabalhando.

Não era exatamente verdade. Ela havia deixado de ser prostituta há algum tempo, mas não tinha que dar satisfações da sua vida para ninguém.

– Agora que todos estão aqui, por favor, vamos para a minha sala - Robin Chandler os conduz até uma sala pequena. - Por favor, sentem-se.

Ele se senta em uma cadeira de couro giratória. Em frente a sua mesa há duas cadeiras parecidas e mais duas iguais na mesa do escrivão, que seria igual a do delegado se não fosse pelo tamanho reduzido. Há um sofá de couro marrom com três lugares mais atrás, com um quadro do mar da cidade. Atrás do delegado Chandler há uma janela e as persianas prateadas são fechadas pelo escrivão. Não há muita decoração no local.

Scarlett se senta na cadeira em frente a mesa do delegado, ao lado de Adam van der Windsor. No sofá do fundo sentam-se Sebastian Scotterfield e TiffanyMorgenstern, de mãos dadas. Franklin Wentworth fica sozinho na cadeira em frente a mesa do escrivão.

– O que nós estamos fazendo aqui exatamente? - Tiffany pergunta. - Madison morreu há tanto tempo.

– Amanhã fará um ano - Scarlett diz, lembrando. Todos parecem meio nostálgicos, para o bem ou para o mal.

– O outro delegado foi mandado embora. É impossível que depois de tanto tempo o assassinato de uma cantora famosa não tenha sido solucionado.

– Você é de Washington - Scarlett percebe pelos certificados na parede.

– Sim - ele concorda. - Eu pretendo solucionar esse assassinato em poucas semanas - Robin olha para os adolescentes ali na sua frente. - Todos vocês receberam uma intimação e eu tenho cinco mandatos de prisão aqui na minha gaveta, um para cada.

Scarlett sente um arrepio percorrer a sua espinha.

– Vocês não sairão dessa sala até eu ter todas as minhas respostas. Não me importa quanto tempo vocês tenham que ficar aqui, tenho café e muitos policiais de plantão. Tenho mandatos.

– Você não pode fazer isso - Sebastian murmura. - Nós demos o nosso depoimento há um ano atrás. Não pode ser que tudo tenha recomeçado...

– Quem não deve não teme. Vamos, me contem tudo.

Foram tantas coisas... Scarlett não gosta nem de lembrar. Foi o ano mais agitado de toda a sua vida. Tantas mudanças, segredos revelados, fantasmas do passado retornando e tanta desgraça que se abateu sobre a sua família, principalmente... depois teve a morte da Madison...

Ela se lembra de quando ela e os amigos foram chamados para ir a delegacia depor. Eles haviam prometido que não contariam nada.

Eles juraram.

Ela também se lembra das palavras frias de Madison meses atrás depois que traiu Sebastian.

Promessas foram feitas para serem quebradas, ela dizia. Se fossem para serem mantidas, seriam feitos juramentos.

Scarlett nunca contou as pessoas tudo o que Madison havia feito por ela. Por mais que todos a julgassem e muitas vezes a amiga fosse detestável, ela havia a ajudado quando ninguém mais o fez.

Ela precisa contar. Ela não aguenta mais guardar tudo aquilo para si...

– Tudo começou há dois anos atrás - ela começa - quando nós voltamos de Cancun.