Marvel: Os Maiores Heróis da Terra

Tudo fica mal quando acaba mal


Stephen Strange desceu até o andar em que os visitantes estavam. Cumprimentou alegremente aos quatro feiticeiros que lhe aguardavam. Eram eles Clea, nascida na Dimensão Negra, sobrinha de Dormammu; Doutor Vodu (Jericho Drumm), o haitiano especializado nas artes místicas vodu; Doutor Druida (Anthony Druid), o mestre da hipnose; e Druida (Sebastian Druid), filho do Doutor Druida.

— A que devo a presença de vocês aqui, na Torre dos Vingadores?

— Eu também não sei, sinceramente. Meu pai quis que eu viesse — disse Sebastian.

Os olhos de Stephen passaram do gordo filho para o magro pai.

— Anthony?

— Clea, conte a Stephen o que você viu.

— Havia um Gigante Sem Mente em Nova York. Ele foi contido por agentes da S.H.I.E.L.D., mas isso certamente nos abalou.

— De fato. Quem acham que foi? Mordo?

— Não. Mordo permanece onde você e o Motoqueiro Fantasma deixaram.

O Doutor Vodu pensou um pouco.

— Você tem certeza de que Dormammu está completamente selado em Sanctum Sanctorum?

— No dia em que parti com os Vingadores estava.

— Quanto tempo, aproximadamente?

— Uma semana.

— Wong estava lá, eu presumo.

— Sim.

— Mais alguém?

Pensou um pouco e lembrou-se de Sharon.

— Sharon Carter, agente da S.H.I.E.L.D. treinada.

— E ela está em sua residência por quais motivos? — perguntou Clea.

— Irmã de uma amiga à qual prometi que ajudaria Sharon a se recuperar após um sequestro.

Clea se acalmou.

— Pois bem, essa tal Sharon Carter deve ter libertado um Gigante Sem Mente.

— Permaneço descrente. Vou me comunicar com Wong para ver o que ele tem a me dizer.

— Não acho que seja o certo a fazer.

— Por que não, Anthony?

— Veja bem: se for Wong ou Sharon o culpado, como se pode ter certeza de que são eles mesmos? Podem muito bem ser servos do Lorde da Dimensão Negra.

— Anthony tem razão. Stephen, você sabe como meu tio é perigoso.

— Sim, Clea. Dormammu é um ser terrível.

Parou um pouco antes de continuar.

— Vocês estão certos. É muito arriscado falar com Wong ou Sharon. Mas o que faremos, então?

— Esperaremos — disse o Doutor Vodu. — É o que Papa Jambo me diria para fazer, se estivesse vivo.

— Acredito que o Ancião concordaria.

— Certo, estamos resolvidos.

Clea trocou um olhar com Doutor Druida.

— Ah, claro. Filho e Jericho, eu quero que venham comigo, por favor. Deixemo-los a sós.

Os três magos se retiraram.

— Stephen, meu amor...

Ela ia se aproximar para beija-lo, mas Strange recuou.

— Não, Clea. Por favor. Eu já segui em frente.

— Está se relacionando?

Ele se calou.

— Stephen, qual o nome dela?

— Estou em um relacionamento com meu cargo.

— Entediante. E a não-maga da qual Anthony me falou?

— Não-maga?

— Qual o nome dela mesmo? Bela? Linda?

— Linda Carter?

— A própria.

— O que tem ela?

Clea olhou-o com raiva.

— Sabe muito bem.

Doutor Estranho suspirou.

— Eu e Linda não estamos juntos. Foi apenas um beijo.

— Claro. Um beijo e uma noite de amor. Stephen, se está tentando me poupar da mágoa, a verdade é o melhor caminho.

— Estou sendo sincero. Foi apenas uma vez, quando estávamos buscando pelo Diário de Agamotto. Eu já a conhecia antes de me tornar discípulo do Ancião.

— Mas...

— Já basta, Clea. Não irei mais falar sobre isso. Sou o Mago Supremo da Terra e não tenho tempo para relacionamentos.

Bufando, Clea resolveu mudar de assunto.

— Está com o Diário aqui?

— Lá em cima, em meus aposentos na Torre. Não vivo aqui, porém Stark insistiu em colocar um aposento para mim.

— Busque-o. Vou pedir que Jericho faça uma análise.

Stephen se virou e começou a subir, evitando pensar em Clea ou em Linda. De repente, as luzes se apagaram. Olhou preocupado pela janela, procurando por um motivo para a queda de energia. Arrepiou-se ao ver naves enormes sobrevoando Nova York.

Enquanto isso, em Sanctum Sanctorum, Sharon Carter estava parada atrás de uma parede, com a arma carregada. Observou a invasora conversar com Wong, que fora amarrado, e analisou-a. Era uma mulher com cabelos compridos negros e um vestido verde, o qual tinha um grande decote.

— Vamos, Wong. Não tenho muito tempo. Onde Stephen guarda o Diário de Agamotto?

— Jamais revelarei, Morgana.

A mulher, Morgana le Fay, se virou para ele com raiva.

— Conte-me. Ou eu libertarei Dormammu.

— Nem sob ameaça.

Ela estendeu a mão na direção dele. Um brilho começou a surgir da ponta de seu dedo indicador. Tentando salvar Wong, Sharon atirou. Sua mira, porém, não foi precisa, contudo conseguiu desconcentrar Morgana por tempo suficiente para Wong se posicionar.

O mordomo de Stephen Strange fez um esforço para soltar seus braços enquanto Morgana se afastava, buscando por Sharon. Wong rolou para fora dali, soltando seus pés e correndo até uma caixa. Abriu-a, apontando para Morgana.

Tentáculos verdes brotaram dali e a puxaram. Ela foi jogada contra a parede, pois Wong fechou a caixa e não permitiu que o monstro a devorasse. Pegou o corpo inconsciente de Morgana e amarrou. Se a teoria de Wong a respeito dela estivesse certa, Morgana le Fay já estava em Sanctum Sanctorum havia um tempo, e fora ela quem libertara um Gigante Sem Mente.

Wong precisava comunicar Stephen. Urgentemente.

— Sharon, precisamos ir. E rápido. Temos que chegar até a Torre dos Vingadores. Acredito que Stephen já tenha retornado.

— Vou leva-la para a S.H.I.E.L.D.

— Arriscado demais. Estamos falando de Morgana le Fay, meia-irmã do rei Arthur.

— O rei Arthur das lendas?

— O próprio.

Ela gelou.

— O que faremos com ela?

— Vou lançar um feitiço do sono nela. Assim, poderemos leva-la conosco.

— Certo.

Wong pegou um livro e folheou-o. Em seguida, pronunciou algumas palavras sobre Morgana.

— Ótimo, vamos.

Quando saíram de Sanctum Sanctorum, entraram no carro. Em seguida, seus olhos se depararam com as naves alienígenas sobre Nova York.

Enquanto isso, Sam Alexander vivia sua vida normalmente em casa. Sua mãe estranhava que ele não estivesse por aí, usando seus poderes como outros super-heróis, mas respeitava a escolha do filho. Ele estava parado no quintal, e ela observava a atenção dele para o céu.

— Filho? Há algo de errado com o céu?

— Venha ver com seus próprios olhos, mãe.

A mulher caminhou para fora. Ela se arrepiou ao ver aquele cenário: enormes naves, e uma caindo em direção ao seu quintal. Essa uma era diferente das outras, era uma nave xandariana.

— Para dentro, Sam. Agora!

Os dois entraram na casa. Ela tentou ligar a televisão, mas estavam sem energia. Ouviu o enorme som da nave se chocando contra o chão, e então os gritos da vizinha. Viu Sam caminhar corajosamente na direção do capacete e o pegar, colocando-o na cabeça e se aproximando da nave.

— Fique aqui, mãe.

Então, a nave se abriu. Dela saiu um rosto familiar para ela: Richard Rider. Junto dele estavam outros seres estranhos: uma mulher verde, um homem verde musculoso com marcas vermelhas, um guaxinim, um cão, uma árvore e um humano com estranha máscara.

— Eva, é bom revê-la. Meus pêsames por Jesse.

Uma garotinha surgiu atrás das pernas de Eva Alexander. Era a irmã de Sam, Kaelynn.

— Tio Richard?

— Kaelynn!

Ele a abraçou.

— Senti sua falta, Kaelynn. Pena que não posso brincar agora. Eva, estes são os Guardiões da Galáxia. Está vendo essas naves? São de Thanos, o Titã.

— Thanos?

Antes que ele explicasse, uma transmissão urgente surgiu na televisão apagada.

Na Torre dos Vingadores, Stephen Strange chegava junto dos outros. Eles observavam uma televisão de tela plana, que ligara sozinha em meio àquela torre sem energia elétrica. Uma figura surgiu ali.

Os Vingadores Secretos e o Comando Selvagem aterrissavam com sua quinjet no Triskelion. Surpreendentemente, não havia luz nenhuma acesa no prédio. Notaram as naves que sobrevoavam a cidade de Nova York.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou Rogers.

Uma das naves começou a virar na direção deles. Estava passando bem próxima ao Triskelion. O Capitão América lançou seu escudo, acertando aquela nave, que caiu atrás da quinjet. Todos entraram apressados dentro do prédio, onde estava Zeb, que agora trabalhava no prédio.

— Soldado Zeb, o que sabe sobre essa invasão?

Zeb se voltou para eles. Ele segurava uma rosa branca tingida de roxo.

— Oh, olá, Capitão. Bom que voltou. — Ele olhou para o Sargento Fury. — E você...?

— Sargento Nick Fury.

— Nick Fury? Mas esse é nosso secretário-geral.

— Sou o pai dele.

O agente se espantou.

— Prazer. Sou o agente Zebediah Killgrave.

O Capitão se perguntou sobre aquele sobrenome, que lhe era familiar, mas ficou quieto.

— Pois bem, vou leva-los à doutora Danvers.

— Mas soldado, não temos energia e há uma invasão ocorrendo.

— Ah, verdade.

Zeb se virou para Steve.

— Você não deve se preocupar com a invasão.

— Acho que... você está certo. Equipe, venha. Vamos conversar com Carol Danvers.

Killgrave disfarçou um sorriso.

Enquanto isso, os Defensores se reuniam na clínica da Enfermeira Noturna, em China Town. Diante deles havia uma tela, na qual Jessica Jones mexia, procurando por qualquer rastro do Demolidor.

— Acha que vai conseguir encontrar o Matt?

— Não acho, tenho certeza. Se alguma organização pode acha-lo, é a A.K.A. Tenho uma sede em Hell’s Kitchen que nos pode ser muito útil. Temos lá equipamentos de investigação profissional. Tudo o que precisamos é...

De repente, as luzes se apagaram. Jessica pegou rapidamente a arma ao ouvir passos. Será que eram aquelas naves do lado de fora? Olhou em volta e viu Punho de Ferro desmaiar no chão. Em seguida, Harpia e Enfermeira Noturna. Luke Cage e Cavaleiro da Lua caíram em seguida. Ela sentiu as mãos a puxarem e a seringa perfurar sua nuca. Caiu no chão e a última coisa que viu foi uma mulher chinesa de vestido com uma seringa e vários chineses entrando na clínica.

Uma limusine vinda do aeroporto internacional chegava a um prédio: a embaixada da Latvéria. Esse homem era Victor Von Doom, o Doutor Destino. Ele subiu até sua sala e se sentou perante a escrivaninha. Ligou o computador e discou um número no celular, marcando o seu como privado.

Edifício Baxter. Com quem gostaria de falar?

— Reed Richards.

O homem se ausentou um pouco. Quem voltou a falar foi Reed.

Pois não?

A máscara que Victor pôs na cara mudou sua voz.

Olá?

— Reed Richards? Sou eu!

Doutor Destino?! Mas você devia estar morto! Victor, como...?

— Um monarca que se preze sabe como fazer os outros pensarem o que ele quer que pensem a seu respeito.

— O que você quer?

— Você sabe.

Não, Victor.

— Não? Pois então...

Mas então a energia foi cortada.

BÔNUS

A nave Santuário I estava emitindo rajadas sonoras que bloqueavam a energia elétrica da cidade de Nova York.

— Korath, tem certeza de que conseguiremos encontrar a última Joia do Infinito faltante neste planeta?

— Sim. Acredito que a Joia da Alma esteja por aqui.

Thanos caminhou até um painel, que lhe mostrava a posição e o estado de suas naves.

— 15 dias. Esse é o tempo que darei para Krees, Skrulls ou Chitauris encontrarem a Joia da Alma por aqui.

— Isso não significaria que a Igreja Universal da Verdade estaria aqui?

— Eles estão por toda parte. Isso não seria uma novidade.

— Magus...?

— Ou a Matriarca. Seja qual for, não poderá ficar no caminho do Titã Louco!

— Ninguém jamais o faz, Thanos. Mas devemos tomar cuidado. A Terra é um planeta com seres comuns fracos, contudo há aqueles que possuem grande poder.

— Não se preocupe. Eu dou conta deles.

— Não tenho dúvidas, senhor.

Thanos continuou olhando para o painel.

— Vamos nos espalhar pelo planeta.

Olhou os nomes locais no mapa.

— Os Skrulls já foram ao Norte, para a região do Canadá e da Groenlândia. Quero Krees indo para a região da Ásia e da África, e Chitauris na Europa. Ah, e mais Skrulls nas Américas Central e do Sul.

— Muito bem. Suas ordens serão cumpridas.

— Mais uma coisa.

— Diga.

Ele analisou o mapa.

— Envie naves para patrulhar o oceano. Quero que a Terra esteja cercada nesses quinze dias. Ah, e trate de acionar a invisibilidade de todas.

— Certo.

Quando Korath saiu, Thanos admirou uma estátua da Morte.

— Morte, a Terra está repleta de seres insignificantes. Por isso, serão a primeira vítima de Thanos e da Manopla do Infinito! A primeira de muitas dedicadas a você!

Mexeu em um teclado, e uma espécie de projetor surgiu e o analisou.

— Povo da Terra, meu nome é Thanos, o Titã. Estou aqui para fazer-lhes sofrer. Porém, podemos adiar isso com um acordo. Darei a vocês quinze dias. Quinze dias para que encontrem um artefato de enorme poder. Se não o encontrarem, morrerão um por um. Cumpro minha palavra, pois ela está acima de qualquer palavra. Então, dou-lhes minha palavra. Vocês podem morrer ou adiar o inevitável.

Essa gravação foi transmitida para todo o planeta, através das naves alienígenas.