Thor estava sentado no Cofre de Odin, observando os itens expostos, mais especificamente uma luva dourada que Odin obtivera das mãos de um conquistador espacial, cujo nome o Rei de Asgard mantinha em segredo, quando Loki chegou.

– Odin está fraco, caro irmão.

Ambos eram filhos de Odin e de Frigga, rei e rainha de Asgard.

– Sim, Loki, o Sono de Odin se aproxima. Mas isso nada interfere na batalha de hoje.

Os asgardianos estavam de partida para Jotunheim, preparados para enfrentar Laufey e os Gigantes de Gelo e recuperar a Caixa dos Invernos Antigos, que nas mãos de Laufey, governante dos Jotuns (os Gigantes de Gelo de Jotunheim), era extremamente perigosa.

– Não foi isso que quis dizer, Thor. Odin está fraco demais para batalhar. Isso significa que, mais uma vez, o herdeiro de Asgard irá liderar o exército em uma guerra e eu serei deixado de lado.

Ele levou um tempo para compreender a notícia. Thor iria liderar a batalha contra os Gigantes.

– Foste deixado de lado novamente?

– Não se preocupe, irmão. Eu irei lutar ao seu lado.

O Príncipe de Asgard observou o sorriso suspeito no rosto de Loki, mas não teve tempo de fazer nada. Uma névoa verde envolveu o Deus da Trapaça, e, quando se dissipou, um guerreiro de Asgard se revelou.

– Sou Amindyn e lutarei ao seu lado, senhor. Lealdade ao Deus do Trovão.

– Bom disfarce, irmão. Apenas uma falha: Amindyn é um nome digno de uma bela dama.

Loki, ou melhor, Amindyn, deixou um brilho de ódio passar rapidamente por seus olhos antes de responder.

– Nome de mulher, você julga? Só por isso vou mantê-lo.

– Sem fazer drama, Loki. Só dei minha opinião.

Encerrada a conversa, saíram juntos do Cofre de Odin e partiram em direção ao Trono de, bem, de Odin. Ao lado do Rei de Asgard, que parecia velho e doente, estava Frigga, preocupada.

– Pai! – Thor correu em direção a Odin. – O senhor está bem?

Frigga abaixou a cabeça ao ver que Odin não respondeu.

– O sono começou, Thor. Mas não deixe que isto tire sua concentração na batalha. Lute por Odin e Asgard, filho. Estando ambos bem ou não quando você retornar.

– Lutarei por você também, mãe. Frigga, Deusa da Terra, Rainha de Asgard, eu a proclamo governante enquanto eu estiver na batalha.

Amindyn observava tudo, quieto.

– Oh, filho, não diga bobagens. Sabes que não posso governar.

– Estás enganada, mãe. Asgard já foi governada por uma mulher. Lady Nydma de Asgard, avó de Bor, pai de Odin.

– Por um breve período, sabendo que seu marido faleceu enquanto estava grávida de seu filho.

– Adar, o Jovem, pai de Bor.

– Está na hora de irmos, Lorde Thor – disse Amindyn.

– Vá, filho. E pense em mim quando derrotar Laufey.

– Pensarei em você a batalha inteira.

Frigga sorria quando Amindyn e Thor deixaram o Trono de Odin e partiram rumo a Bifrost, a Ponte do Arco-Íris. No caminho, em meio a todos os guerreiros de Asgard que marchavam para a Bifrost, Thor se perdeu de Amindyn e se encontrou com quatro guerreiros asgardianos, Lady Sif, Hogun, Fandral e Volstagg, que eram amigos seus há tempos.

– Thor Odinson! – cumprimentou Volstagg, rindo. – Há quanto tempo, não?

– Nos vimos ontem, Volstagg – corrigiu Hogun, não entendendo que era uma piada.

– Ora, Hogun, era uma piada de nosso velho amigo Volstagg! – exclamou Fandral.

– Certo, guerreiros, podem me deixar a sós com Thor? – pediu Lady Sif.

Os três concordaram, rindo, e se afastaram.

– Senti sua falta – disse Thor.

E então Sif deixou ele embalá-la em seus braços e beijá-la, se tornando por um momento a donzela mais feliz dos Nove Reinos.

– Eu também – ela respondeu.

E juntos caminharam até a Bifrost, conversando sobre problemas e novidades. Quando chegaram até o portal, cheio de guerreiros, Thor cumprimentou Heindall, protetor do portal, brevemente e entrou no portal.

Quando abriu os olhos novamente estava em Jotunheim. Nevava, e a neve já cobrira toda a paisagem visível. Jotunheim era frio e praticamente feito de gelo, mas não nevava. Isso era efeito da magia da Caixa dos Invernos Antigos.

– Vamos, Thor – disse Fandral ao se aproximar. – Vamos lutar e derrotar esses monstros.

Thor sorriu e fingiu concordar, mas estava mais preocupado em tentar encontrar Amindyn. Não conseguiu, pois teve que avançar e liderar uma investida asgardiana contra um enorme palácio de gelo. Gigantes de Gelo caíram encima deles como meteoros assim que se aproximaram.

– Por Odin! Por Asgard! E por Frigga! – bradou Thor.

Assim, os asgardianos avançaram nos Jotuns.

Diferentemente dos demais asgardianos, Amindyn seguiu seu próprio caminho. Se separou do exército assim que entrou em Jotunheim e seguiu pela lateral do castelo. Não encontrou nenhum Jotun até chegar a um santuário de gelo.

O santuário era uma cabana de gelo coberta por neve. Havia um arco como entrada, então era possível enxergar uma enorme tábua congelada com uma caixinha preta em cima. Atrás dela estava Laufey. Amindyn tentou não ser visto, mas era tarde demais.

– Aproxime-se, asgardiano – chamou o governante dos Jotuns.

– Eu deveria matá-lo agora. Ou então chamar os outros. Por que permite que eu me aproxime?

– Eu confio em você, Loki.

O guerreiro gelou. Como ele sabia sua verdadeira identidade? Depois de pensar por um momento, Amindyn removeu o disfarce.

– Bem melhor, Deus da Trapaça. Não vai me interrogar nem nada do tipo?

– Já que você falou nisso, vou. Como me reconheceu?

– Sabia que ia me questionar. Ninguém deveria questionar um ai quando este afirma ter visto seu filho.

– NÃO FALE MAIS NADA, CRIATURA DESPREZÍVEL! EU SOU FILHO DE ODIN! COMO OUSA ME INSULTAR DE TAL FORMA?!?!

– EU NÃO ESTOU MENTINDO! – por um momento Laufey elevou a voz. – Odin roubou de mim o meu primogênito. Através de uma magia antiga, disfarçou a pele azul do bebê. E então o criou como sendo cria dele e de Frigga. Ainda acha que estou mentindo? Entre e veja com seus próprios olhos.

Quando Loki entrou, teve um dejavú. Havia anos que tinha pesadelos com aquele exato lugar, nos quais era um bebê torturado por demônios.

– Sim, Loki. Você é meu filho. Aceite isto.

– Como Odin pôde. Mentir para mim a minha vida inteira. Agora ele despertou a ira do Deus da Trapaça!

– Isso, Loki. Leve a Caixa dos Invernos Antigos se quiser. Use-a para matar Odin enquanto ele dorme. Mas antes, tenho mais uma coisa para contar. Quando você era um bebê, foi prometido em noivado.

– Ah, era só o que me faltava. Para quem?

– A feiticeira Angerboda, descendente dos Jotuns.

– Posso conhecê-la?

– Sim – disse uma voz feminina vinda de trás dele.

Quando Loki se virou, viu uma mulher azul. Usava uma tiara dourada que prendia seus cabelos negros e um vestido vermelho.

– Você é Angerboda?

– Sou.

E então, em um acesso de raiva e loucura, Loki disparou um feitiço em Angerboda e a transformou em uma serpente.

– O que você fez?! – Laufey estava pasmo.

Loki se virou para ele e lançou uma bola em chamas. No exato momento em que ia morrer, Laufey abriu a Caixa dos Invernos Antigos e absorveu as chamas. Estas fizeram a caixa brilhar com uma cor alaranjada e azulada ao mesmo tempo. E então o santuário desmoronou em cima de Laufey, que morreu rindo. Loki se teleportou para longe, e levou a serpente Angerboda consigo.

O castelo desmoronou na frente dos asgardianos. As pedras que o compunham, feitas de gelo, atingiram o chão e se quebraram em vários pedaços. Estes começaram a flutuar e se reconstruir, desta vez com outra forma. A forma de um enorme Gigante de Gelo. Ymir, o Inverno Vivo.

Thor ordenou que se retirassem imediatamente, e então chamou por Heindall. O portal da Bifrost se abriu e engoliu os asgardianos, salvando-os do deus antigo.

–Quem era ele? – perguntou Lady Sif para Thor, que estava sentado no Trono de Odin, ao lado de Frigga.

– Ymir, o Inverno Vivo. Um deus antigo – explicou Thor.

– Odin, Ymir e o demônio Surtur são, juntos, a trinca dos deuses antigos – contou Frigga.

– E Odin é o único com bom senso? – perguntou Sif – O único em quem podemos confiar?

– Exato – respondeu Thor.

Sif ia dizer mais algo, quanto as entradas se abriram. Loki entrou na sala, segurando um cajado dourado com uma serpente verde enrolada nele.

– Ora, ora, meu irmão! Mal Odin entrou em seu Sono e você já roubou o lugar dele? Que coisa feia, irmão.

– Loki? – Frigga estava pasma.

– Pensou que eu estava morta, bruxa? Ousou pensar isso de mim?

E então el caiu no chão, desmaiada, e começou a ser arrastada pela magia de Loki. Quando chegou aos pés dele, Loki encostou a base do bastão no pescoço dela, e a serpente desceu e abocanhou-o. Frigga não gritou, pois estava inconsciente. Mas Thor sim.

– Mãe! Como você pôde, Loki? Matar a mulher que te trouxe à vida e criou você...

– Ela NÃO É minha mãe! Ela era uma estranha para mim. Na verdade, uma mentirosa. Odin também não era meu pai. Sou filho de Laufey, o falecido líder dos Jotuns. Ele morreu cedendo sua alma para que Ymir pudesse retornar. E, de certa forma, fui eu que o matei. Mas isso não vem ao caso. O fato é: vou ACABAR COM TODOS OS ASGARDIANOS!

– Não! Eu o impedirei!

– Não, Thor, você não vai.

Com essas palavras, Loki lançou um feitiço em Thor, o mandando para outro dos Nove Reinos. Midgard.