Thor, Fandral, Volstagg, Lady Sif, Maria Hill, Jane Foster e o Hulk ainda estavam no local onde um dia ficara a Árvore da Sabedoria. Um idoso, pensou Hill, ainda incrédula. O Hulk Vermelho estava desmaiado no chão, ao lado do corpo de Erik Selvig. Onde a árvore estivera de pé, um senhor calvo de roupas amarelas estava morto.

Foi ela quem avistou primeiro o grupo que vinha pelo mesmo caminho que haviam percorrido. Os agentes Rommanoff e Barton vinham, acompanhados por Hogun e um cavaleiro de armadura prateada e azul. Antes que eles chegassem, Thor se virou para ela.

– Lady Hill, o que a S.H.I.E.L.D. sabe sobre Stephen Strange?

– Deixe-me ver... Ex-cirurgião. Trabalhou no Hospital Metro-Geral de Nova York, mas se aposentou após um acidente de carro que tirou o movimento de suas mãos.

– Algo mais?

– Desapareceu. Recuperou misteriosamente o movimento das mãos e tornou a realizar cirurgias, desta vez para criminosos. Novamente sumiu do mapa. Voltou para Nova York anos depois, com um mordomo oriental. Desde então passou a atuar como místico, e se tornou o Doutor Estranho. Por diversas vezes se envolveu com pessoas como Tony Stark, Norman Osborn e Wilson Fisk. Há registro de uma única vez em que solicitou a ajuda da S.H.I.E.L.D., mais especificamente do diretor Fury. Relato de roubo.

O Deus do Trovão ia dizer algo mais, mas foi interrompido pelos recém-chegados.

– Thor Odinson? – era Hogun. – Sou eu mesmo novamente. Trago à sua presença o mais nobre dos nobres o mais honroso dos honrosos... Balder, o Bravo.

– É um prazer, Vossa Alteza.

– O prazer é meu, nobre guerreiro. De onde vem?

– Passei longos anos perdido em Nffleheim, terra dos Elfos Negros de Malekith e Alflyse. Mas sou asgardiano, não tema. Onde está Odin?

– Dormindo o Sono de Odin. Provavelmente sonhando com campos verdejantes e batalhas vencidas.

– E a rainha, Frigga?

– Morta. Assassinada por meu irmão desertor, Loki.

– Ouvi sobre ele. Um homem determinado, com uma mente genial, porém voltado para ideais obscuros.

– Há quanto tempo está de volta, Balder?

– Alguns dias. Estava indo de encontro a Heimdall, que foi próximo a mim quando vivi em Asgard, e me deparei com estes três. Perguntei pelo príncipe, e me guiaram até aqui.

Hogun já havia ido falar com Fandral e Volstagg.

– É ele mesmo? – perguntou Volstagg.

– O próprio. Balder Odinson.

– Devemos falar para Thor? – era Fandral.

– Não. Balder me pediu. Com o devido tempo, confessará.

– Não sei se é o certo. E Sif? Ela se lembra dele? – Volstagg ainda relutava.

– Muito provavelmente não. Era um bebê quando Balder foi embora.

– Creio que possamos ocultar isso – afirmou Fandral.

– Aceito com uma condição. Ela não virá – ordenou Volstagg.

– Se assim tiver que ser, Angela não virá. Creio que nem Balder quer isso.

– Está bem.

Eles se viraram na direção de Thor, que conversava normalmente com Balder.

– Espere, está me dizendo que sabe para quem Loki trabalha?

–Acredito que sim, Vossa Alteza. Recorda-se do Mentor? É o filho dele.

– Eros?!

– Não, o mais novo, Thanos. Ele tem uma história* de rancor contra todo o Universo.

– E o que ele busca?

– As Joias do Infinito.

– Joias do Infinito... Espere, a Joia da Mente está com Loki, a do Poder na Terra, a do Tempo, a do Espaço e a da Alma estão desaparecidas e a da Realdade...

– Com Thanos.

– Isso não explica porque ele deu duas delas para Loki.

– Ele só deu a Joia da Mente. A do Poder estava com Odin, e Loki a roubou –lembrou Lady Sif ao se aproximar.

– E a Joia da Mente ainda está com Loki, imagino.

Loki aproximou-se do lago. Sabia que Thanos não reagiria bem quando soubesse o paradeiro da Joia do Poder. Enfiou seu cajado bem fundo e esperou. Desta vez, porém, a imagem de Thanos não apareceu na água. Loki ouviu uma voz o chamar.

– Olá, Loki.

Era o Outro, um dos servos mais próximos de Thanos, líder dos Chitauris.

– Outro.

– O que queria falar com Thanos?

– A Joia do Poder me foi roubada. Tony Stark a pegou.

–Homem de Ferro tem uma Joia do Infinito?! Meu senhor ficará muito... descontente.

– Sei que Stark é uma ameaça para nosso senhor, mas...

– Já basta, Loki – era Ronan, o Acusador, se aproximando.

–Você falhou com Thanos! – gritou um terceiro alienígena, de pele verde e orelhas pontudas, ao se aproximar. Loki logo o reconheceu como Dorrek VII, rei dos Skrulls.

– Por favor, senhores, se acalmem.

–Não! – gritou Dorrek VII, irritadiço.

– Não grite, Dorrek. Tenha bons-modos como um Kree – disse Ronan, sorrindo.

– Argh, vocês Krees que fiquem com suas regras de etiqueta. Sou um Skrull, não preciso disso.

– Krees e Skrulls, sempre discutindo – sussurrou o Outro. – vocês vão se comportar ou vou ter que falar com Loki sozinho?

– Se Dorrek se comportasse, não teríamos esse problema.

O Deus da Trapaça viu nisso uma oportunidade de continuar aliado a Thanos.

– O que seria de Thanos sem mim, só com esses três panacas? – disse, bem baixinho, para si mesmo. – Senhores, exijo falar com Thanos pessoalmente.

– Você não tem mais esse direito, Loki – disse o Outro.

O bastão de Ronan brilhou. A voz de Thanos dele saiu, ordenando:

Tragam Loki para a minha presença. Cuidarei dele eu mesmo.

Loki sorriu.

– Vão abrir um portal ou terei que fazer isso sozinho?

– Abriremos – afirmou o Outro, olhando repreensivo para Ronan e Dorrek VII.

Amora entrou na caverna de Skurge. Atrás dela, o corpo de Angerboda flutuava meio metro acima do chão. Sentado em um banco de pedra improvisado, o Executor a observava.

– Skurge, meu amor, trago ótimas notícias!

Ele permaneceu sério.

– Temos um lugar entre os guerreiros de Thor! Todos esses anos com Balder, atrás de sabemos lá o que, finalmente compensaram. O verdadeiro herdeiro de Asgard nos deu seu perdão!

Em vez de falar algo, ele apenas levantou. Amora se aproximou dele e segurou-o pelo queixo.

– Não fique triste comigo, querido. Sei que você não gosta de Thor, mas só precisamos ir para a Terra. Depois podemos abandoná-lo e ir atrás de quem realmente interessa. Aquele belo herói da Terra de quem Thor falou está vivo, posso sentir. Em breve encontraremos o tal Nick Fury.

Skurge indicou com seu machado o corpo de Angerboda.

– Ela? Uma amiga de Lorelei. Pode nos ajudar a encontrá-la na enorme prisão que os humanos julgam segura. Em breve terei minha irmãzinha de volta, e não há nada que Thor possa fazer para nos impedir.

–Lorelei...

– Sim, Lorelei. Minha irmã pode ser tola, mas pode convencer qualquer homem a servi-la.

O Executor abaixou o machado e sorriu para Amora. Ela repousou a mão na bochecha dele e sorriu de volta. Oh, Skurge. Sempre tão manipulável..., pensou consigo mesma.

Thor olhou para Balder.

– Mas por que Thanos quer as Joias do Infinto?

– Pelo mesmo motivo que qualquer terrorista quer uma arma.

– Poder? Para conquistar metade do Universo?

– Thor, você é tão fascinado pela Terra que me surpreende que não saiba nada sobre nossa história – disse Jane Foster. – Gengis Khan, Adolf Hitler, Napoleão Bonaparte, Nero, Osama Bin Laden, Ivan, o Terrível...

–Johan Shmidt, Wolfgang Von Strucker, Heinrich Zemo, Helmut Zemo, Arnim Zola, Mandarim, Alexander Pierce, Aldrich Killian – completou Maria Hill.

– Enfim, o que eles têm em comum além da busca pelo poder?

– Ora, mas não é óbvio? – perguntou Balder.

Foi Lady Sif quem respondeu.

– Eles tentam obter o poder com o maior número de mortes possível.

– Exato.

– Você está insinuando que o que Thanos quer é... UM GENOCÍDIO EM ESCALA UNIVERSAL?! –foi Jane Foster quem surtou.

– O que mais pode ser feito com todas as Joias do Infinito reunidas?

– Não sei... Não se pode usá-as para o bem?

Fandral, Volstagg e Hogun se entreolharam.

– Não – Volstagg respondeu.

– Isso foi determinado há muito tempo, quando elas foram divididas entre diversas espécies – Hogun começou. – A entidade mais poderosa de todas, o Tribunal Vivo**, vendo que as entidades brigavam entre si pelas Joias, decretou que elas deviam ser mantidas em lugares muito distantes, disfarçadas em outras formas. A Joia da Realidade foi concedida ao líder dos Eternos, aquele chamado Kronos (avô de Thanos), sob a forma de um pingente roxo. A Joia do Poder foi concedida ao mais forte dos deuses (sendo eles asgardianos ou olimpianos), Bor (pai de Odin), sob a forma de um pó mágico chamado Éter. A Joia da Alma foi concedida a um antigo exército espectral, a Igreja Universal da Verdade, na forma de um casulo misterioso que até hoje pulsa em algum lugar do Universo. A Joia da Mente foi concedida à Inteligência Suprema da Tropa Nova Xandarina, na forma de uma pequena joia. A Joia do Espaço foi concedida ao Outro, um ser muito poderoso que criou seu próprio exército orgânico, os Chitauri, que a enviou para algum lugar distante antes de ser capturado por Thanos, apesar de ter se tornado próximo a ele. Por fim, a Joia do Tempo foi mandada para o único viajante temporal de inteligência erroneamente julgada inferior, o faraó egípcio Rama-Tut, de Midgard, que, ao morrer, a transformou em um artefato muito poderoso. A partir desse momento, o Tribunal Vivo decretou que qualquer um que as unisse novamente deveria ser julgado inimigo declarado de todo o Universo.

– Mas aconteceu algo – prosseguiu Fandral – que o Tribunal Vivo não previra. O irmão do eterno Kronos, Uranus, criou um artefato que era capaz de unir todas as Joias. A Manopla do Infinito. Em uma batalha colossal, da qual todos os portadores das Joias participaram, Odin Borson, filho de Bor, recuperou a Manopla. Mas esse é o plano de Thanos: recuperar a Manopla do Infinito e usar todas as Joias para matar metade do Universo que o desprezou e ridicularizou.

– Hulk querer esmagar Thanos! – gritou o Hulk, lembrando a todos de sua presença ali.

– Tem um pequeno problema. Quando estava sob controle de Angerboda e Loki – contou Hogun –, a loba levou a Manopla.

– Ah, não. Isso significa... que Loki vai entregá-la para Thanos – disseram todos, exceto Hogun e o Hulk, em uníssono.

Thanos caminhou para trás do seu trono. Lá havia uma estátua da mais bela de todas as senhoritas (ao ver dele): a Dona Morte. Uma entidade milenar, portadora de almas e poderes de quantidade infinita. Ou quase.

– Eu prometo para você, minha bela dama – ele começou a falar. –Terá quantas almas desejar, e então tornar-te-ei a mais poderosa entidade de todas! Maior que o Tribunal Vivo e mais poderosa que o próprio Um Acima de Todos! Matarei todos para você, seja ele mortal ou entidade! Infinito, Eternidade, Ego, Caos, Ordem, Galactus... Nenhum deles será páreo a mim, o Escolhido da Morte para honrar sua memória!

Ouviu o som da porta se abrindo e voltou para seu trono. Quem entrou foi Nebulosa.

– Ele queria muito falar com o senhor. Não consegui impedi-lo.

Loki entrou pela porta, em suas mãos o cajado com a Joia da Mente. Nebulosa se retirou, deixando-os a sós.

– O que quer, Loki?

– Vim compensá-lo por sua gratidão para comigo.

– Colocou sua vingança em prática?

– Não. Devolver-te-ei a Joia da Mente em breve.

– Então que trazes para mim?

– A Manopla do Infinito.

Thanos sorriu.

– Sabes como me deixar endividado, não é mesmo, Loki?

O Deus da Trapaça sorriu de volta. Caminhou até Thanos, fazendo a Manopla do Infinito surgir em suas mãos. Ajoelhou-se perante Thanos e colocou na mão dele a Manopla. O Titã Louco colocou o cotovelo no joelho e repousou a testa na Manopla do Infinito.

– Loki, recupere para mim a Joia do Poder – pediu Thanos.

– Como o senhor ficou sabendo?

– Não sou tão estúpido a ponto de depender do Outro, de Ronan e de Dorrak VII.

– Angerboda.

– Sim, a feiticeira Jotun. Ficaria triste ao saber que ela está em posse da Encantor?

– Amora?

– Sim, a Deusa da Sedução. Agora vá. Mate Tony Stark por mim e me traga a Joia do Poder.

Loki bufou e seguiu em direção à porta.

– E só volte aqui quando estiver com ela.

Maria Hill já estava pronta para ir embora com todo o grupo. Antes que pudesse pedir para ir até a Bifrost, Thor se aproximou dela para pedir algo.

– Leve Jane para casa em segurança, Hill. Pretendo ficar aqui com os dois Hulks.

– Acho que deveria vir junto – protestou Hill. – Quer dizer, você precisa encontrar o tal do Stephen Strange.

– Sim, eu sei. Mas Asgard não é nada sem mim. Minha terra precisa de mim.

Balder se aproximou.

– Desculpem a intromissão, mas vocês sabem que, sem Heimdall, não há como usar a Bifrost, não?

– E onde está Heimdall?

– Muito provavelmente em Jotunheim.

– Em Jotunheim, terra dos Gigantes de Gelo? Não podemos ir para lá com Ymir a solta!

– Por enquanto retornemos para o castelo de Asgard. Lá conversaremos melhor.

O grupo assim fez. Marcharam em direção ao castelo dourado, visível no horizonte, e lá chegaram em alguns minutos. Foram até a sala do trono, onde uma pequena surpresa os aguardava.

No trono de Odin, congelado e amarrado de pé, estava Heimdall, sua espada enfiada na barriga. Balder correu até ele.

– Heimdall, não! Por favor, Heimdall, não...

O rosto escuro de Heimdall se virou um pouco. Em palavras vagas, quase inaudíveis, Heimdall se lembrou do antigo amigo.

– Salve Balder... herdeiro de Asgard.

Thor ia voar até Heimdall, mas travou. Herdeiro de Asgard?, pensou. Se Balder era o herdeiro do trono... Era se irmão mais velho.

– Thor, não é o que você está pensando.

– Você é meu irmão?

– Não... Está bem. Sim, eu sou. Sou Balder Odinson, o Bravo.

– Algum de vocês sabia?

Hogun, Fandral e Volstagg se entreolharam.

– Vocês três sabiam e não me contaram? – ele voou até o corpo de Heimdall e pegou a espada ensanguentada. – Fique com seu trono, Balder. Estou indo para Midgard. Onde eu realmente sou alguém.

Com essas palavras, saiu da sala, seguido por Maria Hill, Natasha Rommanoff, Clint Barton, Jane Foster e pelo Hulk, que carregava o corpo de Erik Selvig e o inconsciente Hulk Vermelho. Foi até o salão de Heimdall e ativou a Ponte do Arco-Íris. Antes de ir, jogou no chão a espada do falecido guardião.

– Como estão indo os doutores, Karl?

Quem perguntara fora Herbert Edgar Wyndham, agora em sua armadura roxa e verde. A questão fora dirigida ao seu assistente, o doutor Karlin Malus.

– Curt Connors levantou diversas informações sobre regeneração, estudando lagartos, estrelas-do-mar e planárias. A pesquisa do doutor Drew sobre aranhas está realmente fascinante, principalmente se levar em consideração as teias artificiais que ele replicou. Quanto a Miles Warren, o trabalho dele é o mais interessante. Clonagem, Herbert. Ele descobriu uma forma de clonar pessoas.

– Esses doutores estão a um passo da evolução. E as cobaias?

– A cobaia número 1 está se adaptando à pele nova. A cobaia número 2 se adaptou às asas novas. A cobaia número 3 realmente pensa que é uma tigresa. E a cobaia número 4... Seus dentes aumentaram de tamanho.

– A evolução da espécie humana é lenta. Mas necessária. Se não podemos avançar para além do Homo sapiens sapiens naturalmente, vamos impor a evolução. Por que não podemos ser a espécie Homo animalia?

Karlin Malus sorriu.

– Tem razão, Lorde.

– Devo minha mente aberta a um gênio incompreendido. O Mandarim.

– Realmente o admira, não é?

– Sim. Esquecemos ele por enquanto, está bem? Concentre-se em impedir que os doutores saiam do controle.

Principalmente o doutor Warren, pensou. Miles Warren fora um professor que se apaixonara por uma de suas alunas. Isso o deixara um tanto louco, o que preocupava Herbert. Mas não tirava de Warren todo seu potencial para evolução.