Maria, Where Did You Go?

Pool party (parte 2 de 2)


XXXXX

- Então... vamos? – falei, fugindo do assunto.

Levei todos no meu carro, direto pra casa de Frank, óbvio que não podíamos ir todos na moto de Tré. Era impressionante como Maria se dava tão bem com Mike e Tré, e eles se conheciam há tão pouco tempo. De vez em quando – ok, quase sempre – eu sentia um pouco de ciúmes. Mas sabia que eram só amigos.

- Ei Billie – Maria disse, se debruçando no banco do motorista pra falar comigo – o seu amigo não vai ficar chateado por vocês estarem levando uma... Desconhecida pra casa dele?

- Ih, relaxa – respondi – o Frank é super gente boa. Ele vai gostar de você.

É, a última parte me preocupou um pouco.

Logo que entramos na rua de Frank conseguimos ouvir a música. Provavelmente haveriam gritos dos vizinhos. E sirenes de polícia.

- É ali? – perguntou Maria, apontando pra uma enorme casa no fim da rua.

- É sim – respondeu Tré – o cara é rico.

- Deu pra ver...

Estacionamos poucos metros atrás da casa dele, o lugar já estava cheio de carros. Festa na casa de Frank era assim, mal começava e a rua já estava cheia de carros.

- Ei Maria – falei, quando percebi que ela estava ligeiramente pálida – não precisa ficar nervosa ou com vergonha, você vai curtir.

- Eu sei, mas... E se ele não foi com a minha cara? E se eu fizer alguma coisa idiota?

- Colega, do jeito que a gente vai beber, todos vamos fazer coisas idiotas, relaxa – disse Mike, por trás.

Maria riu, mas percebi que ela tinha ficado ainda mais nervosa.

- Obrigado pelo seu comentário tranqulizador – falei.

Tré bateu, ou melhor, espancou a porta, chamando por Frank.

- Frank, atende essa porra! – gritava ele.

- Tré, Mike, Billie! – disse Frank, logo que abriu a porta. Com um copo de cerveja na mão, diga-se de passagem – Que bom que vieram, entrem!

Entramos. Maria estava segurando forte em minha mão. Não entendi muito bem o porquê de tanto nervosismo, mas deixei quieto. Aquele era o jeito dela.

- Onde está Gerard? – perguntou Tré.

- Só um minuto – disse Frank – Gerard! Vem aqui!

Logo Gerard chegou, com seu típico cigarro pendurado na boca e caído pelo queixo, e parou ao lado de Frank. Ele parecia um pouco mais sóbrio que Frank, e ainda nem era de noite.

- Ei, Gee! – disse Tré.

- E aí, caras. Quanto tempo, né? – disse Gerard.

- Ahm... Billie... E quem é sua amiga? – perguntou Frank.

- Ah, Frank, Maria, Maria, Frank.

- Prazer – disse Maria, saindo de trás de mim.

- Prazer – disse Frank, pegando em sua mão.

Ele olhou Maria da cabeça aos pés, fixando o olhar em suas pernas, o que me incomodou um pouco. E me fez ter vontade de lhe dar um soco na cara – coisa que eu só fazia poucas vezes.

E percebi que ela ficou corada.

- E esse é meu amigo, quase irmão, que mora comigo, Gerard – continuou Frank.

- Prazer, Maria – disse Gerard, abraçando-a.

- Então, que a festa comece – disse Frank.

- Ué, cadê o Tré? – falei, procurando por ele. Mike apontou para um canto onde tinham várias garotas e muitas, mas muitas garrafas de cerveja.

- Ah, já era de se esperar – falei, rindo pelo nariz.

- Cerveja? – perguntou Gerard, tirando três garrafas de cerveja da bandeja de um garçom (sim, esses caras são ricos) – Você bebe, Maria?

- É, na verdade bebo sim, só que eu fico meio maluca quando bebo.

- Pior que fica mesmo – disse Mike, bagunçando o cabelo de Maria – mas você é maluca naturalmente, então não fica muito pior.

- Ei! – disse ela, rindo.

- Uma maluquinha do bem – completei, passando o braço em volta de seu ombro.

- Vocês são...? – perguntou Gerard, apontando pra nós.

- O quê? – falei, já tirando o braço do ombro dela – Namorados? Não, não...

- É, somos só... – ela disse – amigos...

- Vem aqui, Maria – disse Frank, puxando-a pela mão – vou te mostrar uma coisa. Gosta de rock?

- Sim, adoro.

- Então vai gostar disso.

Fui atrás deles, só por precaução. Sabem como é, né.

Frank a levou para seu estúdio, mais ou menos parecido com o que eu tinha em casa – só que o meu era melhor – cheio de guitarras, baixos e coisas do tipo. Ele sabia que garotas, principalmente garotas como Maria, ficavam loucas com aquilo.

- Uau! – disse ela – Você toca em uma banda?

- Sim, tenho uma banda chamada My Chemical Romance.

- Que maneiro! Adoro bandas de garagem.

- Alô! – falei – Guitarrista da maior banda de punk rock do mundo aqui! – minha tentativa de chamar sua atenção falhou. Ela não tirava os olhos de Frank.

- E o que você toca? – ela perguntou.

- Guitarra e baixo. Ah, e também sei cantar.

- Depois, pode cantar pra mim?

- Do jeito que vamos ficar bêbados essa noite, não posso te prometer – ele respondeu, rindo. – Ei, vamos pra piscina.

Eles seguiram pra piscina, onde metade das pessoas ali já não estavam mais sóbrias. E isso incluía Tré e Mike.

- Ei, Frank – chamei – e drogas? Tem, né?

- Tem sim, estão com o Gerard, atrás da cozinha. Ah, Billie, cuidado, tem uns drogados muito loucos aqui.

- Pode deixar.

Fui até Gerard, ele já devia estar em seu quarto cigarro, não parecia lá muito normal.

- Ei Gee – chamei – me vê um baseado aí.

- Só um, Billie?

- Por enquanto, só. Tenho que ficar sóbrio.

- Pra quê?! É uma festa cara, se solta.

- Você não tem ideia de como essa frase foi gay.

Ele riu. Não por causa do meu comentário, acho que ele tinha exagerado no fumo. E a festa só estava começando.

- Ficar sóbrio? – pausa para a risada de quase cinco minutos de Gerard – Ficar sóbrio, como assim? Mas pra quê?

- Ficar de olho em uma pessoa.

Nesse momento, fiz a única coisa que eu não podia ter feito. Eu olhei pra Maria – que, por acaso, estava recebendo um cigarro de Frank.

Gerard seguiu meu olhar e foi para o meu lado.

- Você gosta dela, né?

- Não, não. Não gosto da Maria. Só me sinto na obrigação de protegê-la...

- Sei, sei. Então tá, as bebidas você pode pegar com qualquer garçom, mas as drogas, só comigo. Quando quiser, passa aqui, por conta da casa.

- Valeu, Gee. – falei, erguendo o cigarro.

Fui na direção de Frank e Maria. Ela já estava com os olhos avermelhados, não sei quantos cigarros Frank devia ter dado a ela em tão pouco tempo, mas ela era nova demais pra ficar fumando tanto.

- Frank – falei, segurando seu ombro – você ta drogando a Maria?!

- Ué, qual o problema? Ela me disse que fumava.

- E fuma, mas é só um cigarro, no máximo. Ela não usa maconha, cocaína ou essas coisas mais radicais, não.

- Ah, que pena. Mas pra tudo tem uma primeira vez, né? E parece que ela está curtindo.

- Ok, ok, mas cuide dela. Não vá deixar ela fazer alguma besteira.

- Eu acho que eu que vou fazer uma besteira com ela – ele disse, com um sorriso malicioso no canto do rosto, novamente me fazendo ter vontade de lhe dar um soco.

Nos aproximamos de Maria, que parecia já estar se enturmando com a galera.

- Ta curtindo, Maria? – perguntei.

- Claro! – ela respondeu, rindo. Não porque eu fui engraçado, e você sabe o motivo.

- Olha – falei, sério, segurando seus ombros – Não vá fazer nenhuma besteira, ok?

- Ai Billie, relaxa! Ta parecendo meu pai! Eu sei me cuidar!

Depois desse fora eu até me afastei um pouco.

Passaram uns três garçons do meu lado oferecendo cerveja, e eu recusava o tempo todo. Estava fumando o mesmo baseado a quase 10 minutos, o que estava começando a me irritar, e eu não conseguia me concentrar só na maconha. O que era realmente difícil de se acontecer.

- Ei Bill – chamou Mike, aparecendo ao meu lado. Seu hálito já cheirava a cerveja, e ele não estava muito normal – O que ta fazendo?

- Tentando me concentrar na maconha, mas não ta dando certo.

- Por que não?

- Porque eu só consigo me concentrar em uma coisa.

Pausa. Mike estava pensando.

- Desisto, o que é?

- Uma pessoa.

- Frank? – ponderou.

- Quase.

- Ah, Maria?

- Sim.

- Eu sabia que você gostava dela.

- Não, seu babaca, não gosto dela, só que... ela já fumou uns três baseados, só por causa de Frank. E isso está me incomodando.

- E daí? Ela fuma, não fuma?

- Sim, mas só cigarro, e não drogas ilícitas. Se ela tivesse menos de 18, seria crime.

- Mas ela já tem mais de 18, então relaxa. Ela sabe se cuidar. Curte a festa.

Dei de ombros. Me aproximei de Maria e Frank, de novo. Aquele papo furado de Frank estava me dando vontade de vomitar.

- Ei Maria, olha aqui – ele disse, arregaçando a manga de sua blusa, mostrando seu bíceps, argh. Minha salvação era que Maria estava tão aérea, que não se lembraria de nada – Eu malho duas vezes por semana, sabia?

Revirei os olhos. Não estava mais aguentando aquilo. Me aproximei por trás e empurrei Frank, com toda minha força, dentro da piscina.

É, eu tinha acabado de empurrar o dono da festa dentro da piscina.

É, eu tinha acabado de envergonhar o cara na frente da garota que ele estava dando em cima.

É, eu provavelmente seria morto.

É, aquela foi a coisa mais foda que eu podia ter feito naquela festa.

- Armstrong! – gritou ele, “batendo” na água.

Eu não consegui nem ficar nervoso ou com medo do que os amiguinhos dele iam fazer comigo, eu ria tanto que não conseguia enxergar ou ouvir nada que estava acontecendo.

- É uma festa na piscina, Frank, tem que se molhar! – falei, a barriga doendo de tanto rir. Até Maria estava rindo.

- Ah, isso não vai sair limpo, não! – gritou ele, e puxou o meu pé, me derrubando dentro da água.

Quanto subi à superfície de novo, sacudi meu cabelo um pouco. Frank sorria de um jeito doentio, como eu nunca havia visto, devia ser por causa das drogas. E eu ainda estava rindo. Algumas pessoas que estavam na beira da piscina, de roupa, pularam também. Maria deu uma olhada no que estava acontecendo e resolveu pular também.

Alguém aumentou o volume da música – Gerard, provavelmente –, e as pessoas começaram a sair da piscina e ir na direção de um salão. Tinha muito tempo que eu não ia na casa de Frank, mas devia ser algum tipo de boate interna, porque tinha umas luzes muito doidas lá.

- Ei Gee – chamei, antes de ele entrar no salão – me vê mais um baseado?

- Claro, Bill. Agora você está entrando no espírito.

Dei uma tragada inicial extremamente exagerada, precisava relaxar um pouco.

Mal entrei no salão, e vi Frank e Maria se agarrando num canto. Não estavam exatamente se beijando, mas ah, você entendeu. Quando finalmente se separaram, fui até Maria, pisando com força no chão.

- Maria! – falei, minha voz soou um pouco séria e autoritária, mais do que eu gostaria – Cara, olha só o teu estado! Quantos tu já fumou?

- Ei, relaxa, eu to bem!

- Não, você não ta. Não consegue falar uma frase sem rir! E você já está cheirando a cerveja.

- Cara, eu to bem! Eu sei me cuidar! Se eu digo que to bem, é porque eu to bem!

Dei de ombros, ainda preocupado, mas saí de perto. Logo Frank apareceu ali de novo, com um copo de cerveja na mão, e um cigarro na outra. Aliás, dois cigarros. E deu um pra Maria. Aquilo era a gota d’água, eu sabia que ele estava tentando deixá-la inconsciente pra poder transar com ela depois. Frank era mesmo um filho da puta.

- Cara, sai de perto dela – falei, empurrando Frank pra longe de Maria.

- Ei, cara qual é a tua? – ele disse.

- Sai daqui, não quero você perto da Maria. – segurei o braço dela, impedindo que ela fosse para perto de Frank.

- Billie, me solta! – ela dizia, tentando se livrar de minha mão.

- Maria! – segurei seus ombros, forçando-a a olhar em meus olhos – Você não percebe! Você já fumou muito mais do que eu! Você é nova demais! Isso vai ser horrível pra você! Por favor, para! To te pedindo, como amigo!

Ela não respondeu, parecia envergonhada. Frank e metade do salão olhavam pra mim naquele momento. Senti meu rosto queimar, soltei Maria e fui pra fora, onde Gerard estava.

- Eu não sei o que aconteceu lá dentro, mas coisa boa não foi – ele disse, quando percebeu que eu estava chegando. Joguei o baseado, quase no fim, longe e sentei-me ao lado de Gerard.

- Eu não faço nada direito! Eu só queria proteger a Maria...

Passou uma hora, duas, três. Já era de noite. E a festa seguiu madrugada adentro. Quando a música começou a ficar baixa e os bêbados começaram a cair, fui até o salão. Maria estava caída, em cima de Frank. Bêbada e drogada. Não era essa a imagem que eu tinha da minha Maria.

Peguei-a no colo, e tirei o cabelo de seu rosto. Ela dormia tão calma, fiquei com muita pena, ela mal se lembraria do que havia acontecido.

- Cara – apareceu Mike ao meu lado, seguido por Tré. Os dois riam e soluçavam, e tinham um cheiro de cerveja horrível – você ta sóbrio?

- Mais ou menos – respondi – mas sim, eu levo a gente.

Gerard nos mostrou a saída e me ajudou a colocá-los no carro. Maria foi no colo de Tré, no banco de trás.

- Obrigado, Gee – falei – por tudo.

- Quando precisar relaxar a mente – ele disse, dando uma tragada no cigarro – to aqui.

Seguimos para casa. Tré e Mike desabaram no sofá, um por cima do outro. Levei Maria para meu quarto, e coloquei-a na minha cama. Não, não é o que você está pensando, seu pervertido!, mas eu não vou deixá-la sozinha depois de um dia inteiro bebendo.

Seu short estava manchado de cerveja. Tirei-o dela, um pouco sem jeito, a cobri e deitei ao seu lado.

- Espero que amanhã você não se lembre de nada... Eu realmente espero...