- Quem ta tocando piano? – perguntei, indo na direção do som.

- Acho que é o Billie.

Segui o som, e cheguei até uma pequena sala, com vários instrumentos musicais. Pelo menos umas quatro guitarras, duas baterias, baixos, baquetas, palhetas. E, bem no meio da sala, um piano de cauda, vermelho. E a melhor parte, Billie estava ali, sentado, tocando. Uma versão para piano de “Are We The Waiting”. Eu nem sabia que tinha uma versão para piano dessa música, mas eu estava adorando. Era muito linda.

Starry nights, city lights

Coming down over me

Skyscrapers and stargazers

In my head

Are we we are, are we we are the waiting unknown

This dirty town was burning down in my dreams

Lost and found city bound in my dreams

And screaming

Are we we are, are we we are the waiting…

And screaming

Are we we are, are we we are the waiting…

Forget me nots, second toughts

Live in isolation

Heads or tails and fairytales in my mind

Are we we are, are we we are the waiting unknown

The rage and love, story of my life

The Jesus of suburbia is a lie

And sreaming

Are we we are, are we we are the waiting…

And screaming

Are we we are, are we we are the waiting… unknown

Are we we are, are we we are the waiting…

And screaming

Are we we are, are we we are the waiting… unknown

Are we we are, are we we are the waiting… unknown

Ele se virou e percebeu que eu estava ali. De início, ignorou minha presença, e eu olhei pra baixo envergonhada. Ele se voltou para o piano novamente.

- Oi, Maria.

Andei até ele e dei um sorriso. Ele fez um gesto para que eu sentasse ao seu lado e sorriu.

- Não sabia que tinha uma versão pra piano dessa música.

- Eu fiz esses dias.

Assenti. Fitei as teclas do piano. Era realmente um piano muito lindo. Bem, pra mim, qualquer piano era lindo. Eu também tinha um, mas era bem, mais modesto.

- Você... Ainda ta chateada comigo? – ele perguntou, quebrando o silêncio.

Fiz que não com a cabeça.

- Esquece isso. Já passou. Mas por que você ficou tão irritado?

- Ah cara, sei lá. Eu mal trouxe você pra cá e o Tré já dorme contigo. Fiquei com raiva né.

Assenti, compreendendo. Queria muito que ele tivesse dito “fiquei com ciúmes”.

- Você sabe tocar alguma música nossa? – ele perguntou.

Não falei nada, comecei a tocar a primeira parte de ¡Viva La Gloria!, que é tocada no piano, e ele cantou. Queria que aquele momento durasse pra sempre.

- Você toca bem – ele disse, quando terminei.

- O-obrigada – falei, gaguejando um pouco.

- Ei, eu não tinha reparado nessa tatuagem na sua mão.

- É, eu fiz hoje.

- Sério? Que maneiro. Fez mais alguma?

Levantei minha blusa, e mostrei o dragão.

Depois disso o assunto morreu. Ficamos em silêncio por algum tempo, até que ele se levantou e saiu. Fiquei ali naquela sala por algum tempo, só reparando nos instrumentos. E falei pra mim mesma, que sorte foda que eu tenho. Quantas pessoas não dariam a vida pra estar no meu lugar.

Olhei pela janela, o sol estava se pondo. O céu estava em um tom cor-de-rosa maravilhoso, e por um momento desejei estar em casa, ao lado de John. Ah meu Deus, John! Quanto tempo faz que não falo com ele! E eu não tenho notícias dele, ah Deus, e se ele estiver mal? E se ele teve um problema no coração de novo? Calma Maria, relaxe. Se estivesse alguma coisa errada sua mãe teria te ligado. Ah meu Deus, meu telefone! Estava desligado!

Corri para meu quarto, e peguei o telefone. Liguei-o rapidamente, desesperada. Assim que ele ligou, se houvesse alguma ligação perdida, chegaria alguma mensagem. E chegou. Dizia: Seu número recebeu ligações de 000-000-00 (é ruim que vou contar o número da minha mãe aqui). Mas a ligação havia sido no dia que eu fugi. Então não deiva ter nada de errado.

Me acalmei e voltei para a sala de música. Sentei na cadeira em frente ao piano e tentei me lembrar de alguma música para tocar. Pensei muito, até que lembrei de uma que costumava ouvir quando era um pouco menor, que passava toda hora em um programa na Nickelodeon. (N/A: queria que vocês ouvissem a música enquanto lêem essa parte, pode ser? c: http://www.youtube.com/watch?v=WwUw9DV-6mE)

Personality, imortality
I saw its raining outside,
it's raining outside,
the changing

Personality, rashionality
fame has died
you think that you pride
and you're gone

and I'm waiting, ahhhh
I'm slaving for this moment
I just can't wait anymore, oohh
ooohhh ahhhh

Changing, waiting
Changing
Waiting

The big style,
isn't worth the while, uuuh
She screams at me
Seems to be that we're fading

All my photographs,
all the perfect laughs
are gone from me
Seems to be that we're changing

Personality, rashionality
fame has died
you think that you pride
and you're gone

and I'm waiting, ahhhh
I'm slaving for this moment
I just can't wait anymore, oohh
ooohhh ahhhh

Changing
waiting
Changing
waiting

Changing
waiting
Changing
waiting

Quando terminei a música, senti que tinha alguém atrás de mim.

- Que música linda – quando ele falou, percebi que era Billie. Ele se aproximou e se sentou do meu lado – É sua?

- Na verdade não. É daquela banda, Naked Brothers Band, conhece?

- Dos irmãos Wolff?

- É.

- Ah, conheço.

- Billie, eu não sei compor músicas.

- Aposto que você consegue.

- Consigo nada – falei rindo.

- Consegue sim!

- Ei, Maria – disse alguém atrás de mim, me virei e vi Tré – Eu vou dar uma saidinha agora, quer ir comigo?

Billie me encarou e olhou para Tré logo depois.

- Tré Cool me chamando pra sair? – falei, rindo. Ele riu e ficou um pouco corado – Eu aceito.

- Cuida dela, hein Tré – disse Billie, assim que eu me levantei.

- Pode deixar – ele respondeu.

Fui pro meu quarto, coloquei uma jaqueta de couro e nós saímos.

- Onde vamos? – perguntei, enquanto ele caminhava para a parte de trás da casa.

- Em um barzinho que eu costumo ir às vezes. Tem música lá, é legal.

- É muito longe?

- Não, mas fica tranquila, vamos de moto.

Moto? Ele tinha uma moto?! Eu simplesmente tenho um fraco por caras que têm moto. Era meu sonho ter uma.

Ele se sentou e me deu um capacete. Quando ele deu a partida, cheguei a sentir um frio na barriga de tão bom que era andar de moto. Como era bom o vento no meu rosto, a velocidade... Eu só tinha andado de moto uma vez, com meu primo Patrick, e realmente era muito legal.

Chegamos ao tal bar. Tocava música alta, e boa!, tinha um letreiro verde na porta escrito “Paradise”. Parecia ser muito bom.

- Então, vamos? – disse Tré, quando estacionou.

- Claro!

Entramos lá. Estava tocando uma música eletrônica, parecia Ke$ha. Muita gente dançando e, logo mais estariam bebendo. Só que ainda estava cedo. Mal sentamos em frente ao balcão, Tré começou a beber.

- Tré, manera na bebida aí, a gente tem que voltar pra casa depois.

- Pode deixar, eu me viro.

- Aham, sei.

Dei uma olhada no lugar. A maioria das pessoas aparentavam ter a minha idade, mais ou menos, ia ser legal. Não lembro quando foi a última vez que eu pude sair assim.

- Ei, Tré – chamei, e ele se virou imediatamente – Tem uma garota ali olhando pra você, seja discreto.

Ele foi tudo, menos discreto. Girou a cabeça à procura de uma mulher que estivesse olhando pra ele.

- Você foi discreto que nem um elefante cor-de-rosa – falei, rindo – Ela ta usando uma blusa vermelha e short jeans.

- Tem pelo menos umas dez mulheres vestidas assim aqui.

- E uma meia arrastão.

- Ah, já vi. Então, eu vou lá falar com ela? (N/A: finjam que o Tré não tem namorada, esposa, marida, peguete nem nada ok?)

- Vai lá, mulheres gostam de atitudes. – ajeitei sua jaqueta e ele foi lá.

Mal ele saiu e seu telefone, que ele tinha deixado em cima da mesa, começou a vibrar. Sim, foi errado, mas eu fui ver o que era. Era uma mensagem, do Billie. “Ei, você ta cuidando direitinho da Maria?”

Abri um sorriso instantâneo ao ler aquilo. Respondi “Fica calmo cara, to sim”. Depois coloquei o telefone dele no bolso e fui dançar.

- Maria, viu meu telefone? – perguntou Tré depois de algum tempo.

- Eu guardei, fica tranquilo.

- Ah, ta bem. Quer beber alguma coisa?

- Não, valeu, to bem.

- Tem certeza?

- Aham, de boa. Não vai querer me ver bêbada.

E passou uma, duas, três horas. E Tré bebia uma, duas, três, quatro, cinco garrafas e eu estava começando a ficar preocupada.

- Maria, acho que eu to começando a ficar bêbado – disse Tré. Ele não conseguia falar uma frase sem rir.

- Você acha? Eu tenho certeza. Aliás, é melhor a gente ir embora, já são quase uma da manhã.

- Ta cedo ainda!

- Ta nada! Você ta caindo de tão bêbado!

Ele ia falar alguma coisa, mas só conseguiu rir.

- Argh, já chega, vou te levar pra casa.

Carreguei-o até a moto, e coloquei o capacete nele. Pra você ver, nem conseguindo colocar capacete ele estava. Segurei o guidão, nervosa. Era a primeira vez que dirigia uma moto. Dei a partida, e fui na direção de casa.

- Tré, você está bem? – perguntei no meio do caminho, ele estava quieto demais. Quando dei por mim, ele estava dormindo, apoiado em mim. Soltei uma risada baixa. Quando cheguei em casa, bati na porta. Quem atendeu foi Mike, e pedi pra ele me ajudar a levar Tré para dentro. Largamos ele no sofá, e ali ele ficou, dormindo e babando. Era cômico, só dá pra descrever assim.

Mike foi para a cozinha e eu fui procurar por Billie. Ele não estava no quarto, nem na sala, nem na cozinha. Então ouvi um barulho na sala de música, mas a sala estava fechada. Bati uma vez e abri. Billie pareceu esconder alguma coisa quando me viu, mas ignorei.

- Oi Billie – falei.

- Oi, pensei que estava fora com o Tré.

- Acabamos de chegar... O que está fazendo?

- Compondo uma música – ele falou, gaguejando um pouco.

- Eu... posso ver?

- Na verdade não.

- Por quê?

- Porque... porque é um projeto secreto.

Ergui os braços como um gesto de “ok, você venceu”, e saí, fechando a porta. Vi que Mike estava lavando a louça e fui ajudar.

- Ei Mike – falei – Vai uma ajuda aí?

- Não precisa não, valeu.

- Que isso, tenho que ajudar né. To morando de graça, tenho que fazer alguma coisa.

Ele riu e comecei a lavar a louça com ele.

- Então, que dia é amanhã? – ele perguntou.

- Sei lá, terça?

- Não, dia do mês.

- Ah. Dia 9, eu acho.

- Seu aniversário, certo?

- É sim – falei, feliz – Como sabe?

- Billie me contou.

Isso me deixou mais feliz ainda.

- Ele ta meio estranho agora à noite – comentei.

- Sério? Não reparei.

Lavamos a louça em silêncio. Nós não tínhamos lá muito assunto né.

- Então, acabamos – ele disse.

- Então... Vou dormir, boa noite.

Ele me deu um beijo na testa e fui dormir. Esperei que, em algum lugar de L.A. , alguém estivesse sentindo minha falta.