A cena que eu estava presenciando naquele momento não era das melhores, meus pais estavam frente a frente, e jogavam insultos um contra o outro, minha mãe a mulher de olhar serio, cabelos negros e curtos gritava e xingava o máximo que podia,eu estava sentindo as lagrimas que me ameaçam cair queimar,o homem alto gritou ainda mais,esse era meu pai,seus olhos expressavam choque e de certa forma nojo e se recusava a olhar para mim,minha mãe seguia o mesmo estilo.

-A culpa e toda sua, você não passou muito tempo, com ele e ele foi para este caminho! –Gritou minha mãe nervosa.

-Do que esta falando?! –Gritou com raiva. –Que saber, quero que todos se fodam! –Meu pai gritou, e deu de costas e saiu de casa.

Tentei levantar do sofá onde estava encolhido e a beira das lagrimas,durantes anos e anos,havia cercado meu coração com barreiras e mais barreiras,mas naquele momento,haviam sido destruídas uma a uma e por mais forte,que eu fosse,não sabia por quanto tempo iria agüentar segurar minhas lagrimas,quando tentei chegar perto de minha mãe...

-M- Ma- Mãe... –Disse com a voz alterada.

-Por favor, suba, para o seu quarto. –Respondeu sem olhar para mim.

Sem dar reposta aquilo segui sua ordem, eu sabia que se arriscasse um dialogo com ela, terminaria em gritos e choros (Essa parte seria eu mesmo.). Enfim sai da sala e subia as escadas ate meu quarto, naquele inicio de noite os tons de bege das paredes, daquela casa estavam ainda mais tristes para mim e algo semelhante às sombras começavam a tomar, conta dos retratos onde eu aparecia nas paredes.

-F- Fa- Fala, serio. –Falei para mim mesmo em voz baixa. –Mas, acho que não posso ficar me fazendo de coitado... Por aqui.

Levantei-me de minha cama e dei uma provável olhada final em meu quarto, paredes em tom de azul escuro, com alguns pertences e moveis, com minha cama e guarda roupa, mesa com computador e uma escrivaninha com luminária, fui ate a janela e abri,ficava a poucos metros do solo...

-Talvez eu, volte... –Disse para mim mesmo. - Provavelmente, não.

Após o salto(Sempre,fui bem atlético),cheguei facilmente ao solo e em segurança,quando estava distante olhei a casa pela ultima vez e então,segui meu caminho,sabe se lá,para onde,pelas ruas da cidade de São Paulo,não era bem a cidade,era mais um bairro no interior da cidade.

Era uma noite quente de verão, estava vestindo roupas confortáveis para a ocasião uma camisa azul escura com estampa da banda “Link Park” e calças jeans negras com um par de All Stars negros... Fui primeiro para a praça do bairro, sentei em um dos bancos de pedra da praça, que ficava entre duas enormes arvores que me cobriam com suas sombras.

-Oi! –Disse a voz alta e de certa forma, bem jovem.

-Não me assuste, assim! –Gritei, devido ao susto pulei para frente e fui de cara ao chão, após me levantar e limpar a roupa me virei, para trás, para fitar, quem estava me saudando.

-Boa noite, para você também, Charles. –Respondeu com um sorriso sarcástico, sarcasmo era o ponto forte de Rob.

Mais alto que eu, tinha cabelos castanhos chocolate e um sorriso radiante,quando se estava com ele ao seu lado,era como ter um mini sol, para você... Estava com uma camisa branca sem estampa e calça jeans negra e tinha uma mochila em suas costas.

-O que esta fazendo, aqui e há essa hora? –Disse meu colega.

-Bom, eu meio que me expulsei de casa. -Respondi, com um peso na voz.

-Abriu a boca, para os seus velhos? –Disse Rob, um pouco perplexo, ele fazia parte do grupo de amigos, que sabia do meu segredo.

-Sim... Eles surtaram e começaram a se atacar, com cão e gato. –Descrevi a cena, com o máximo de sinestesia, que podia.

-Que loucura, eles agem como se não houvesse coisa pior nesse mundo! –Disse Rob, um pouco revoltado.

-Tipo o que? –Disse, tentando achar um pingo de esperança naquelas palavras.

-Tipo ser marcado, e se torna um chupador de sangue. –Respondeu, com um meio sorriso.

-Está obvio que eles preferiam um filho vampiro, a um filho Gay. –Respondi, sem me importo, com as pessoas ao meu redor.

-Pelo visto sim. –Disse Rob, com a voz baixa.

Antes de continuar a contar minha não tão breve estória devo alertar algo sobre como as coisas funciona nesse mundo, para começar mitos e lendas,não ficam apenas nos livros e contos,vampiros são seres reais e convivem de forma semi pacifica entre os humanos,desmentindo a maioria dos estereótipos criados pelos humanos,tais como o medo de Crucifixo,alho e o preferido dos humanos,que vampiros queimam instantaneamente sob a luz do sol,a únicas verdades sobre os vampiros são que eles bebem sangue para sobreviver e podem ingerir outros tipos de alimentos,mas o essencial e o sangue humano e quanto ao sol,não os queima apenas os incomoda e lhe causa dor latente,por isso que os vampiros trocam noite por dia,e por ultimo a velha estória da mordia gerar uma transformação... O que nos leva ao termo, usado pelo meu amigo, ”Marcado (a)”.

Ser um deles e uma questão do destino, ainda não tem uma resposta lógica ou cientifica o bastante, para como são feitas as seleções para candidatos a novos vampiros, e claro que a transformação não era instantânea afinal durava quatro anos e as chances de se sobreviver a ela, não era muito grandes na maioria das vezes, mas eu nunca fui um “Expert” nessas coisas sobre vampiros e bizarrices, eu já me achava diferente o bastante por ser Gay, e ser um viciado em ocultismo seria algo como a gota d água para a sociedade.

-Não quer ir, para minha casa? –Disse Rob, contando minha longa linha de pensamento.

-E seus pais? –Respondi, com uma pergunta, uma das minhas mil e umas manias idiotas.

-Viajando. -Respondeu.

Deixamos a praça, era estranho, mas eu sentia uma presença acima de todas naquela praça, era difícil de explicar, mas eu sentia as sombras me seguindo e me olhando, talvez estivessem sendo controlados pelo dono daquela presença, só depois de algum tempo, me dei conta, que havia parado no meio da multidão da praça e estava fitando vários pontos fixos no local, procurando algo que eu não sabia bem o que era.

-Vem? –Disse Rob, cortando meus pensamentos outra vez.

-Ahh... S- Sim. –Gaguejei.

-Certo... –Respondeu um pouco confuso.

Rob em si era o mais velho do meu circulo social, já tinha carro, saímos da praça de pedra e passamos pelo bosque próximo a saída da praça, as arvores estavam iluminadas pela luz prateada da lua, que por alguma razão sempre me encantava de um jeito único.

-Minha vida, está tão fodida... Que... Que... –Eu disse, já estávamos dentro do carro de Rob, um “Renault Fluence” negro, sua família era rica o bastante, para lhe dar um dos carros mais vendidos do Brasil. -... Eu queria ser marcado! –Grite para mim mesmo,Rob me fitou por um instante e nada respondeu,senti fortemente aquela forte presença outra vez e olhei Instintivamente para todas as direções.

-Por que está tão aflito? –Disse Rob.

-Não... Sei. –Respondi.

O carro deu partida e saímos do estacionamento próximo a praça, as estradas eram pequenas e simples naquele bairro, a paisagem era composta por arvores que contrastavam casas bem conservadas e bem pintadas em cores poucos variadas, sendo elas, vermelhas e beges e algumas brancas, com telhado obrigatoriamente negro.

A casa de Rob ficava um pouco, mas distante das demais, em sua rua havia no mínimo seis casas, paramos em frente à casa,ele não se importou em guarda o carro na garagem saímos do carro e fomos para sua casa,cujas cores eram verde e (Adivinha) telhado negro,assim que entramos na casa,a primeira parte era o pequeno corredor que dava ou para sala ou cozinha ou se seguisse direto uma escada para,ir diretamente ao quarto de Rob.

-Vou lhe prepara, uma bebida quente. –Disse, quando notou o silencio se formando ao nosso redor. –Fique a vontade. –Ele disse afinal eu conhecia a casa de Rob completamente, éramos quase melhores amigos, se meu segredo viesse à tona, provavelmente um dos primeiros boatos, que nasceria seria o fato de uma possível relação entre-nos.

Enquanto Rob foi à cozinha me dirigi ate a sala, um cômodo com paredes em um alegre tom de verde limão, com moveis básicos com um conjunto de sofás vermelhos e um estante onde tinha a TV de plasma e alguns pertences, me joguei no sofá maior, meu corpo desabou.

-Está mesmo cansado. –Disse Rob, estava na entrada da sala, com um copo de chá na mão, me fitando e aos poucos se aproximou de mim, para entregar o copo.

-Obrigado. –Disse apo o primeiro gole, Rob me fitava de um jeito estranho, mas mais estranho que seu olhar, era o fato de eu sentia algo mais naquele olhar disfarçado com preocupação e estava gostando. - Onde vou dormir?

-No meu quarto. –Respondeu, quase que automático.

-Por- Por- Qu- Que? –Disse, com o rosto quente.

Rob se deu conta do que fez, seu rosto ficou vermelho e fez força para continuar a falar, mas era quase impossível para ele continuar...

-Ahh... Bem, e que... Fora o quarto dos meus país, e o único quarto livre. –Tentou se explicar.

-Mas, só tem... Uma... Cama. -Lembrei do fato, meu rosto aqueceu novamente.

-Se... Se... Não, se importar, de... De... Dividir, a cama comigo. –Disse, com o rosto, mais vermelho que o sangue.

-Acho que preciso de um banho. –Respondi, era uma resposta idiota, e eu sabia disso... –Já sei, onde o banheiro. –Disse e me levantei rápido, quando percebi a tentativa de resposta de Rob.

Sai da sala e me vi novamente no corredor, segui pelo meio e encontrei as escadas subi rapidamente e passei pela porta do quarto de Rob, e após a rápida passagem estava em frente à porta do banheiro, entrei sem cerimônia e tranquei a porta, eu sei e falta de educação se trancar, no banheiro alheio, fui de encontro comigo mesmo, em frente ao espelho banheiro.

-Acho que estou mesmo acabado. –Disse para mim mesmo, fitando minha própria imagem.

Meus cabelos eram um tom de negro denso, meu penteado era um misto de arrepiado com bagunçado, alguns diziam que era o meu charme principal, quanto aos meus olhos era um tom de violeta bem fraco, segundo os livros, as cor mais rara e incomum, entre os olhos humanos ou ate mesmo vampiros, era violeta e ate podia dizer, que isso era um fato irônico, alguém incomum ter olhos de uma cor incomum.

-Te assustei? –Era a voz de Rob, do outro lado da porta trancada.

-Não. –Respondi com a voz contida.

-Caso, tenha te assustado, me desculpa mesmo. –Respondeu, com a voz envergonhada.

-Tu- Tudo bem. –Respondi, com a voz estranhamente cansada.

-Ahh... Esta bem? –Disse Rob, percebendo minha voz cansada.

-Si- Sim... –Cai de joelho e Tossi fortemente, de olhos fechados, os abri devagar e fitei o chão... –Rob...

-O que...? –Disse do outro lado da porta.

-Sujei seu chão de sangue. –Respondi, com voz dolorida, levantei com dificuldade e caminhei ate a porta, para fitar Rob.

-Esta bem, mesmo? –Disse fitando meu rosto.

-Sim... Por que... –tossi outra vez... Mas sem sangue. -... Pergunta?

-Bom você esta sei lá, pálido. –Respondeu Rob, aparentemente desarmado, perante o meu visual doente.

-Sim, estou muito bem, apenas quero dormi um pouco. -Respondi. –Já sei o caminho do quarto. –Outra reação idiota.

Deixei Rob, sozinho no banheiro limpando tudo e fui direto ao quarto apenas tirei os sapatos e me joguei na cama, e me enrolei nos lençóis e cobertores de Rob, que tinham um aroma agradável, meu corpo ficou cada vez mais pesado e minha mente cada vez, mais distante,quando me dei conta,havia adormecido pesadamente.

“- Que uma vida diferente? - Disse a voz do meu sonho, quando me dei conta que era um sonho”.

“- Sim! - Foi minha resposta, automática”.

Dei-me conta do estranho cenário, que não era tão estranho afinal,era o bosque próximo a praça do bairro,estava envolvido pela luz prateada da luz e as enormes arvores,mais pareciam grandes guardiões antigos do local,havia alguns bancos de pedra próximos as arvores,eu esta de pé no centro do bosque.

Tentei localizar o dono da voz e aparente invasor dos meus sonhos pessoais, meus olhos foram de encontro a uma figura alta e sombria, que emergiu fugazmente dentre as sombras das arvores, suas características mais marcantes, eram seu conjunto de tatuagens entrelaçadas compostas por, uma meia lua em tom de safira posicionada perfeitamente no centro de sua testa e cerca por outras, em formatos indescritíveis para mim, seus olhos eram igualmente verdes as tatuagens que o cercavam, ele era algo que muitos chamariam de morto vivo, mas devido às descobertas, que transcenderam o que os humanos julgavam real ou não, ele era um vampiro, e não dos comuns ele era um rastreador, tive essa certeza, graças a suas próximas palavras...

“-Charles Castilho, à noite lhe escolheu; Tua morte será seu nascimento. A noite chama-te; Escuta a voz dela. Teu destino lhe aguarda na morada da noite! - Foi quando completou as palavras, que percebi que estava frente a frente comigo.”.

Ergueu seu dedo pálido e tocou minha testa e rapidamente fez um movimento em forma de meia lua, à dor me fez explodir e me forçou a despertar rapidamente, minhas ultimas palavras em sonho foram... “-Não sabia... Que... Podíamos... Sentir... Dor nos sonhos...”

Assim que acordei, eu estava sentindo uma dor suportável localizada entre minhas sobrancelhas, passei a mão para ver se sentia alguma coisa, tentei me levantar, mas cai na cama novamente, então notei o olhar de Rob, estava na porta me fitando.

-Já ouvia a expressão cuidado com o que deseja? –Foi o que, Rob me disse.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.