Fora um longo dia na Fazbear's Fright. Eu nunca havia visto tantas pessoas naquele lugar. Andavam pelas salas, com uma mistura de ânimo e terror. Quando, enfim, chegavam ao ponto alto da exposição, algumas davam um gritinho. Outras se aproximavam, fascinadas, e outras recuavam com uma expressão de terror ou nojo.

Muitas reclamaram entre si do cheiro insuportável de carne putrefata vindo diretamente de Springtrap. Em geral, elas se sentiam incomodadas, mas achavam que era parte do passeio. Uma minoria saía da construção, enojada.

Assistíamos a tudo sentados no chão. Exceto por Balloon Boy, que quicava por aí entusiasmado, revendo mentalmente seu plano para assustar Mike. Foxy tentava ignorá-lo, visivelmente incomodado com toda sua energia. Golden Freddy não estava à vista.

Enfim, a noite caiu. Pouco a pouco, as pessoas deixavam a Fazbear's Fright, tagarelando sobre sua experiência de terror. Quando distinguimos a sombra de um homem com um boné de guarda - claramente Mike - nos separamos em três grupos e nos escondemos em lugares diferentes. Esperamos que Mike fosse para seu escritório e se acomodasse em sua cadeira, ligeiramente incomodado, temendo algo.

Eu, Foxy e Ballon Boy formávamos um dos grupos. Balloon Boy ziguezagueava entre nós, esperando que Foxy dissesse que ele poderia agir. Para adiantar esse momento, perguntava repetidamente se já podia atacar. A princípio Foxy ignorou, mas depois de um tempo deu o sinal, dizendo:

—Vai logo, pirralho.

Balloon Boy partiu como um raio. Enquanto ele se divertia, acomodei-me abraçando Foxy, que retribuiu e começou a acariciar meu cabelo. Suspirei quando ele me beijou na testa.

—O que pretende fazer com Mike? - ele me perguntou, me segurando, protetor, em seus braços. Eu amava quando ele fazia isso.

—Sabe... eu não acho que tenho coragem para atacá-lo de frente, como todos vocês pretendem.

—Menos Bonnie, Golden Freddy e Puppet - ele interrompeu. Bonnie não quer participar disso. E Puppet não vai atacá-lo também, apenas fitá-lo por um tempo.

—Não sabia. Enfim, pretendo fazer o mesmo que Puppet: fitá-lo durante algum tempo, apenas para intimidar. Não quero atacá-lo, mas também não quero ficar de fora da brincadeira.

—Hmm. - ele respondeu, me dando um longo beijo na bochecha.

—E você, o que pretende... - parei de falar quando Foxy começou a beijar meu pescoço. Suspirei e pendi a cabeça para o outro lado, permitindo - quase implorando - que ele fizesse mais. Foxy mordeu o lóbulo de minha orelha e então ergueu meu queixo, me beijando com ardor e me puxando para mais perto dele. Abracei-o com força enquanto correspondia ao beijo com ainda mais paixão.

Foxy começou a alisar meus braços e minhas costas, numa carícia mais que bem vinda. Ele separou o beijo, aproximando-se ainda mais para falar algo no meu ouvido, ofegante.

—Eu voltei! Foi muito diver... - A voz era fina e irritantemente infantil. Obviamente não era dele. Virei-me apenas para ver Balloon Boy nos fitando, tentando fazer sua mente inocente processar o que estava acontecendo entre eu e Foxy.

Como um gato faria ao ver um pepino, Foxy deu um pulo para trás.

—O QUE. VOCÊ ESTÁ. FAZENDO AQUI? - Ele perguntou ao garotinho, quase tão corado quanto eu, e com uma expressão de fúria.

—O que vocês estavam fazendo? - Balloon Boy pendeu a cabeça ligeiramente, confuso. Aproveitei que ele estava distraído, assim como Foxy, e saí correndo, envergonhada. Depois de alguns segundos correndo, percebi que estava perto da enorme janela do escritório.

Me agachei para passar por baixo, não querendo ser notada, mas a tentação foi maior. Ergui a cabeça e vi Mike recostado, obviamente perplexo com tudo o que estava fazendo, e amedrontado, porém determinado. Quando o vi, ele tampou os ouvidos, incomodado.

Levou alguns segundos para que me notasse. Ele deu um grito e me fitou de volta, desesperado, mas com medo de que eu fizesse algo pior do que apenas observá-lo se ele desviasse o olhar.

Enfim, resolvi deixar a janela. Quando estava saindo, ouvi Mike murmurar, como se houvesse alguém para responder sua pergunta.

—O que era aquilo, por que fazia sons de interferência de rádio e por que raios causou um erro no sistema de áudio?

Continuei andando. De acordo com o que Foxy havia dito, Bonnie e Golden Freddy nem sequer se aproximariam de Mike. Portanto, fui procurá-los para ter com quem conversar, já que Freddy também estaria... ocupado.

Encontrei-os sentados num canto e resolvi me juntar aos dois.

—Oi, Mangle - disseram.

—Oi... - respondi.

—O que aconteceu? - perguntou Golden Freddy. - Você parece meio... sei lá, pensativa.

—Só estava dando uma olhada em Mike agora há pouco. Ele tem medo de nós. - Não mencionei o fato de que havia ido pra lá para não ter que explicar nada a Balloon Boy depois de ele ter visto eu e Foxy num momento bastante... apaixonado, digamos assim.

—Isso já está bem claro - disse Bonnie. -Mas por que ele te deixou assim?

—Ele me lembra Jeremy...às vezes eu me arrependo de o ter assassinado. Não me sinto bem causando o mesmo sentimento de pânico em outra pessoa.

Gritos de medo de Mike eventualmente interrompiam nossa conversa.

—Entendo - respondeu Golden Freddy.

Ficamos mais um tempo conversando bobagens quando decidi voltar para onde Foxy estava. Ao passar pelo mesmo caminho, sob a janela, não resisti e decidi dar mais uma olhada em Mike.

Primeiro ele me olhou com terror assim que percebeu minha presença, mas então começou a falar.

—Eu sei o que são vocês. Sei que são crianças que foram assassinadas. Eu investiguei tudo, cada matéria dos jornais, o histórico do Freddy Fazbear, tudo. E ver vocês... fantasmas... me leva a concluir que vocês ainda não se libertaram. Eu quero livrar vocês do sofrimento. É por isso que eu continuo vindo aqui! Eu quero ajudar vocês todos! Só quero ajudar...

Depois de falar tudo isso, Mike começou a chorar compulsivamente. Fiquei com pena dele, ao mesmo tempo que a raiva de mim mesma crescia em meu interior. Eu estava querendo causar mal a alguém que arriscava sua vida para me libertar. Saí dali, procurando algum lugar vazio para pensar no que dizer aos outros para que também não dificultassem a vida de Mike.

Parei abruptamente o meu caminho quando ouvi passos rastejantes, mas rápidos. Uma sombra na parede ao lado passou para o cômodo seguinte, justamente o que tinha a janela de contato com o escritório de Mike.

Me aproximei apenas para ver Springtrap de costas para mim, fitando Mike. Um inseto repugnante saiu de dentro da carne carcomida dentro da barriga do animatronic apenas para voltar a entrar nela na altura do pescoço.

Jamais vou esquecer a expressão de terror absoluto no rosto do segurança quando viu aquela aberração.