Malibu Vodka

E lá vamos nós...


Não sabia se me sentia bem ou mal por tudo que estava acontecendo.

Bem por ter um encontro com o cara que eu estava a fim. Mal pelo fato do preço desse encontro ser o mais caro de todos: Nathan.

Apesar de toda aquela perfórmance de cavaleiro de armadura dourada, às vezes parecia que Nathan era o cara que tinha o coração.

Talvez Nathan estivesse certo...

Não. O Nathan não está certo, ele nunca está, pensei. Tudo o que ele faz é mentir. Assim como mentiu para mim sobre os seus sentimentos.

Na verdade ele nunca os escondeu. De todas as formas ele tentava dizer e eu não queria ouvir.

Tipo, eu zombei dos sentimentos dele. Estou há anos querendo que ele quebre galhos para mim com o "donzelo" e nunca parei para perguntar como ele se sentia sobre isso. Assim como eu não me sentia bem de ver Taylor com a Alexia, Nathan poderia pensar a mesma coisa sobre nós dois.

Mas a diferença era que Nathan me amava o bastante para deixar eu tentar. Claro, ele vivia enchendo a minha cabeça de como Taylor era um péssimo garoto mas ele nunca envenenou a caixinha de leite para ver o garotão moreno tendo uma intoxicação alimentar.

Ótimo, agora sim eu me sentia um monstro.

O jeito era esquecer toda aquela conversa e o... O beijo perfeito e maravilhoso...

Chega. Nathan era um idiota traidor e não iria estragar a minha noite com o meu homem.

Desci para a cozinha e vasculhei a geladeira algo que eu pudesse comer antes que ele chegasse. Não queria me empanturrar no meio de um encontro, mas não comeria tanto agora.

Perfeito: Pensei, vou comer azeitona.

E lá estava eu, com um vestido curtíssimo e descotado, deixando o pouco de sanidade que eu tinha dentro de um pote de azeitonas,saindo de casa no momento em que Taylor dobrava a esquina com a sua caminhonete azul.

–- Oi. -- ele disse, com um brilho nos olhos.

–- Oi. -- respondi, não da mesma forma.

Ok, eu era uma idiota. Não deveria ter dado ouvidos ao Nathan. Desde quando saí do colégio mais cedo fiquei imaginando todas as formas em que Taylor poderia me humilhar. Mas lá stava ele com o brilho nos olhos e eu sendo arrogante.

–- Está tudo bem? -- Ele disse, preocupado.

E se Nathan estivesse certo? Tipo, não precisava ser um expert para saber que Taylor era um ótimo ator desde... Desde que nasceu. Não sei porque até hoje ele ainda não foi chamado para a Broadway. Tipo, eu já o vi em um palco. Nunca chorei tanto em toda minha vida. Era uma Romeu e Julieta.

Não preciso dizer quem era o Romeu. Ou qual papel a Alexia representou. Claro, eu venho tentando aceitar aquilo numa boa, mas eu juro: aquele beijo não foi técnico.

–-Sim, está tudo bem. -- eu disse, mentindo, claro.

–- Não é o que parece. Você me deu um gelo a quinta aula inteirinha e depois ao menos deu ouvidos quando eu me despedi de você.

–- Preciso ser franca. Fiquei mal por umas coisas que aconteceram hoje mais cedo.

–- Está falando da briga ou do beijo?

–- O que?

Ele abaixou a cabeça e deu uma risada meio seca.

–- Fiquei preocupado com você na hora do almoço e fui te procurar. Você estava no corredor discutindo com Nathan e, bem, eu me sinto péssimo mas escutei a conversa. Não foi muita coisa. Só que parece que se você ficar comigo você vai ficar falada, eu serei o santo e você a vadia. Ah, e que são só as... garotas menos agradáveis que correm atrás de mim.

–- Me desculpe...

–- Tudo bem. Ele disse isso porque gosta de você.

–- Você sabia disso?

–- Foi por você que brigamos na oitava série.

De repente tudo fez sentido. Por isso Nathan não queria me contar. Porque desde tanto tempo atrás ele gostou de mim.

– Bem, mas agora precisamos ir ou perdemos o filme, certo?

–Certo. - Eu disse, sorrindo.

E então acelerou, feliz por estarmos juntos. Será que eu sentia a mesma coisa?

De alguma forma, as palavras de Nathan ecoavam em minha cabeça, como um aviso: "Não acha que ele está indo rápido demais?","Ele tem más intenções".

E se ele estivesse certo?

–- Taylor, por que quis me levar de carro? Tipo... Você só anda de moto.

–- Acho que andar de carro é mais romântico.

Oh, Deus. Espero que ele não pense, tipo, "romântico para dar uns amassos". Isso não seria meio... repulsivo?

–- Então nós vamos ao cinema?

–- Bem, é essa a intenção.

–- Sem parar em lugar nenhum antes?

–- Que tipo de lugar você tem em mente?

Hesitei. Que motivos eu tinha para desconfiar do cara? Ele tava sendo um fofo, sincero e aceitando o fato de meu ex-melhor amigo estar afim de mim. Por que pensar que ele me faria mal?

–- Tipo... Em lugar nenhum? Só o cinema?

Ele me lançou um olhar confuso, e depois de ums curta parou o carro.

–- O que você quer, Ashley?

Por que, depois deste cara maravilhoso ter batdo na minha porta e ter sido um verdadeiro fofo comigo eu ainda acho que ele vai ter uma tentativa de estupro?

Por que, por dentro, algo ainda me dizia para não confiar nele? Afinal, era isso que eu queria. Taylor. E era o que eu tinha agora.

Por mais que eu tentasse, o que não saia mesmo da minha cabeça era uma só coisa. E não era apenas uma conversa ou um momento.

Era um beijo.

Eu não conseguia me consentrar em outra coisa que não fosse Nathan. Isso era o que me incomodava. Por mais que eu tentasse era só nele que eu pensava.

Chega. Isso não pode acontecer. Nathan é um idiota e eu estava errada sobre ele desde a minha infância.

É o Taylor que eu quero. E neste exato momento ele é todinho meu. Meu nome é Ashley Evans, e eu nunca perco uma oportunidade.

–- O... O que eu quero?

Depois eu fiz uma coisa que se mamãe soubesse ela não se orgulharia.

De passageiro para motorista, com uma perna esbarrando pela marcha e a outra escorada na porta, e mãos por todo lado.

Bem, seria menos constrangedor se eu pulasse essa parte para a que chega a manhã seguinte.

Nós não fomos ao cinema. Acordei de manhã cedo com uma camiseta enorme dos Yankees em uma cama de casal. Por incrível que pareça - E não parece nem um pouco incrível - Eu acordei no quarto do Taylor.


Continua...