Gaia não podia acreditar que estava no mundo dos humanos. Ela tinha estado tão poucas vezes naquela dimensão que podia até mesmo contar em seus dedos todas as vezes que visitou esse lugar tão incomum.

Seu coração batia acelerado em seu peito por causa da animação que a consumiu por estar novamente na dimensão onde os humanos moravam. Mas a cima de tudo, ela estava feliz por Dimitrius ter cumprido a sua promessa sobre levá-la até lá para voar.

Gaia não tinha imaginado que ele cumpriria com suas palavras tão rapidamente.

A imortal estava caminhando ao lado do arcanjo da humanidade em um enorme campo que não possuía árvores nas aproximidades. Isso fazia com que o céu escuro fosse ainda maior e as estrelas brilhantes.

Seus olhos estavam fixos nas estrelas, pois faziam séculos desde que havia visto alguma. Contudo, ela tomava cuidado para não esbarrar nas asas do anjo. Na última vez que havia as tocado, Gaia tinha se sentido muito mal e não desejava causar mais problemas para Dimitrius desde que ele estava a tratando tão bem.

Em algum momento, por um erro dela, ela sabia que poderia fazer o arcanjo da humanidade odiá-la novamente.

Gaia parou de caminhar quando o pensamento chegou em sua mente e olhou para Dimitrius quando o mesmo deixou de andar ao se dar conta que ela não estava mais o acompanhando.

— O que foi, gatinha?— Ele perguntou depois que se virou para encontrar os olhos dela.
— Eu...— A imortal vacilou em suas palavras, pois não podia dizer a verdade para Dimitrius quando ele não se sentia da mesma forma.— Me desculpe por ser tão danificada, Dimitrius.— Ela sussurrou.

Naquele instante, a filha dos elementos pensou que se existisse outro mundo, se ela não fosse quem era, talvez o arcanjo da humanidade pudesse se apaixonar por ela.


Para Gaia, algo danificado não podia gerar afeto.

— O que você está falando?— Ele perguntou franzindo o cenho.
— Apenas isso.—
Gaia...— O anjo que governava a humanidade suspirou o seu nome e se aproximou dela até que seus corpos estivessem quase grudados um com o outro. Dimitrius levou suas mãos até o rosto da imortal e a segurou para que seus olhos azuis se mantivessem presos aos dele.— Você não é danificada, gatinha, você é linda.—
— Não diga isso.— Gaia falou amargamente, desejando não se iludir tão facilmente com as palavras do anjo.— Muitas coisas aconteceram para que exista beleza em mim.—

Dimitrius sorriu levemente e a imortal desejou que ele a beijasse novamente naquele mesmo instante.

— Eu a convencerei de que está errada, mas não hoje.— Ele a avisou com seu sorriso crescendo ainda mais.— hoje nós iremos voar.—