Make me Smile

Capítulo 3 - Memórias


MemoriesWithin Temptation

ll of my memories keep you near
In silence moments imagine you be here
All of my memories keep you near
Your silent whispers, silent tears

Together in all these memories
I see your smile
All the memories I hold dear
Darling, you know I will love you 'til the end of time

~♥~

Em uma estrada qualquer

— Seu plano é juntar Steve e Lila? Sinto muito lhe informar, mas está perdendo tempo, Natasha. Ela é pior que você no quesito amor. – Clint riu, fazendo a ruiva fuzilá-lo com seu olhar.

— Rogers precisa de alguém, o mandei convidar aquela garota da compatibilidade, Karen eu acho. Ele nem sequer seguiu minha sugestão. – Romanoff mordeu o lábio, olhando a estrada – Desde que conheci Lila naquela missão de Moscou, percebi que ela é muito reservada. Precisa de alguém.

— Ora essa, Natasha Romanoff querendo dar de cupido? – provocou Barton – Repetindo, desiste. Eu conheço Lila desde que entrou para a S.H.I.E.L.D, só tocar no assunto amor, que aquela gracinha de olhos verdes vira uma fera. Amor não é uma palavra que está no vocabulário dela.

— Não duvide do que sou capaz, Clint. – avisou a mulher, apertando o acelerador do carro.

Delilah’s POV

Fitei a rua. Provavelmente era um sábado bem normal para algumas pessoas. Havia crianças de todas as idades que brincavam nas calçadas, as velhinhas se reuniam na varanda para fofocar dos vizinhos. O sol não estava tão quente, o vento soprava uma brisa bem fresca. Era nove e meia da manhã, estava sentada na pequena escadaria da casa observando o movimento da rua. Havia uma caneca de porcelana ao meu lado, que continha chá quente, bebendo de tempos em tempos.

As crianças eram felizes, brincavam, brigavam, sorriam alegremente. Minha vida nunca fora normal, desde a infância. Para quem vou mentir, não é? Não tive infância. O único brinquedo que tive em toda minha vida era aquela boneca de trapo de mamãe havia feito. Afinal, não tínhamos dinheiro, o que tinha, era para a comida e impostos. Balancei a cabeça. Minha cabeça insistia voltar para o passado esses dias.

Posso te fazer companhia? – a voz de Steve, me fez voltar para o presente. Assenti, ainda com os olhos na graciosa rua. – Você é muito pensativa.

—Gosto de pensar. Raciocinar, refletir um pouco. Acalma. – suspirei.

— Anotarei isso. Será que isso acalma quando estivermos nervosos? - olhei-o de soslaio, franzindo o cenho.

— Capitão Rogers, nervoso? Você é a pessoa mais serena e calma que já conheci, e ouvi falar. – me arrependi na mesma hora que havia dito aquilo. Senti minhas bochechas esquentarem.

— Bom, - ele sorriu tímido – A única pessoa que tem o privilégio de me deixar nervoso, é o Stark. Fora isso, acho que ninguém mais.

Comprimi os lábios, encarando-o.

— Já trabalhei com o Stark. Aprendi que, se você não quiser se irritar jogue como Tony. Seja como ele, o feitiço vira contra o feiticeiro. Pelo menos comigo deu certo – sorri de canto.

— Pensando bem, acho que já tinha ouvido falar de você. Tony já falou uma vez na torre sobre uma tal de Lila, e que é a única além de Pepper que ele tem medo. É você?

— Ah sim, sou eu. Tony inventou Lila como apelido. – uma mãe passou pela calçada, com uma garotinha de no máximo seis anos. A pequena loirinha acenou para onde Steve e eu estávamos, apesar se não souber para que foi o aceno, sorri sem mostrar os dentes.

— Gosta de criança? – perguntou Steve. Acompanhei a garotinha com o olhar, até desaparecer.

— É, aprecio a pureza e inocência delas. – comentei, olhando o chão. – Sempre quis ter um irmão ou irmã mais nova para cuidar.

— E porque não?

— Meu pai morreu quando eu tinha sete anos. E minha mãe, quando tinha treze.

— Eu lamento. – disse com ternura.

Um conversível negro, mais precisamente Corvette Stingray, parou em frente a minha casa temporária. O vidro do motorista se abaixou automaticamente, dando-me a visão de belas madeixas ruivas.

— Uau, estão se dando bem melhor do que imaginava. – comentou Natasha, sorrindo com um pouco de malícia. Sim, eu disse só em pouco. – Não te falei, Barton?

— Ainda duvido- respondeu Clint, já fora do carro. – Com saudades Lila? Steve não, porque não faz nem uma semana que nós vimos pela última vez.

Ambos os agentes se aproximaram. Rogers se levantou, cumprimentando-os com a cabeça. Repeti o movimento, abraçando Clint.

— Só faz quatro meses que não te vejo, Passarinho. Não precisa entrar em depressão. – respondi, fazendo-o revirar os olhos. – Entrem, e levem o cientista maluco daqui.

Romanoff entrou na casa, estudando o corpo dopado que dormia no sofá. Soltou uma breve gargalhada, fazendo com que minha expressão fosse a mais confusa possível.

— Você me surpreende cada vez mais, Delilah.

— Ele resmungava demais – briguei como se fosse uma criança fazendo manha.

— Clint, Steve. Levem essa cara para o porta malas, ele pode ficar meio desconfortável, mas quem liga? – Natasha ordenou. Assim que os dois saíram com o homem, ela se decorreu a mim. – Nick mandou você procurar a localização das demais bases da HIDRA que estão espalhadas por ai. Tente decodificar os códigos do computador de Zachary que a S.H.I.E.L.D não conseguiu acesso. Ele está viajando na Alemanha, volta em três dias.

Peguei o pendrive que a ruiva entregara, guardando no bolso da calça.

— Nick quer restrição sobre isso?

— A missão é que Steve prenda Zachary e descubra quem está por trás do comando da HIDRA. Mas sua parte nisso é que recolha e extraia todos os arquivos, códigos e informações restritas do computador desse mafioso russo e mande para Fury. – explicou ela – Ele não quer que Steve saiba sobre isso, acha que pode ir atrás das bases como fazia antes na segunda guerra mundial. Ah, aconselho que faça isso amanhã à noite. Deixa a poeira abaixar primeiro, passei pelo cassino. Há polícias por lá, vocês fizeram estrago hein.

— Sou a melhor nisso – afirmei. – Assim que conseguir as coisas, eu mando por e-mail as informações.

[...]

Narradora

— Você devia convidá-la para sair, sabe enquanto não estão em missão. Como pessoas normais. – Natasha falou normalmente, observando a expressão do loiro.

Ela e Steve conversavam na sala, enquanto Clint e Lila estavam no quarto. A ruiva tentava colocar na cabeça de Rogers que o mesmo deveria convidar Delilah para sair, o que certamente não estava dando certo, afinal ele era teimoso. Romanoff bufou.

— A última pessoa que mandei convidar foi a Karen da área de compatibilidade, e você meu querido Rogers, nem sequer seguiu minha sugestão. Ela era bonitinha. – Natasha colocou os pés apoiados na mesinha de centro. – Agora você está em missão com Lila, uma garota conhecida há anos por mim e Clint, vale à pena insistir. Meio reservada, mas com o tempo ela se abre mais, vai por mim.

— Da última vez que sai com uma garota de sua sugestão, ela ficou o jantar inteiro falando sobre o Rumlow.

— Eu realmente não sabia que ela era caída de amores pelo líder da STRIKE. – defendeu-se. – Além do mais, percebi que você olha para Lila de uma forma diferente.

— O quê? – as bochechas do loiro tomaram uma cor escarlate.

— Te conheço há um ano e meio, Rogers. Tomei muito conhecimento de você desde a luta dos Chitauris e Loki. Não tente negar. – Natasha sorriu vitoriosa.

Steve respirou fundo, pensando no que acabara de ouvir. Sabia que tudo aquilo era verdade, nunca sentiu tamanha preocupação e curiosidade quando o assunto era decorrido ao nome Delilah Rockwell. Seu extinto apitava que devia protegê-la, por mais que soubesse que poderia dar conta de si mesma sozinha.

Já no quarto, Lila e Clint conversavam como amigos que não se viam há séculos.

—Novidades? – interrogou a garota.

— Não. Mesma coisa de sempre, estou na torre Stark. Pelo menos há área de treinamento por lá. E geralmente estou indo em pequenas missões.

— Ah, não reclame. Às vezes é bom umas férias prolongadas – Lila socou o ombro do amigo, por diversão.

— Pra quem está acostumado com adrenalina das missões, ficar parado é tedioso. – reclamou Clint fazendo careta. – E você, madame? Arrumou algum namorado? Finalmente decidiu sair de Nova Jersey e vir para Nova York?

— Respondendo suas perguntas, não. Sabe que gosto da minha casa em Nova Jersey, Clint. Acabando essa missão, voltarei para lá. Ou posso ficar um tempo em Nova York, não me decidi. – colocou a mão na cabeça, fingindo pensar.

— Como é morar com Steve? – Barton mudou de assunto, fazendo a morena bufar indignada. Ele sorriu irônico.

— Não é um bicho de sete cabeças. Steve me respeita como colegas de missão, nada mais a declarar. – deu de ombros, como se não fosse importante.

— Menos mal – Barton riu, pegando seu celular. – Natasha quer que iremos embora. Algumas horas até Albuquerque, depois pegaremos um jato da S.H.I.E.L.D que nos espera.

Clint despediu-se de Lila com um beijo na testa. Natasha apenas lançou um olhar acusador para a mesma, que ficou meio transtornada. Assim que Rogers fechou a porta da casa, um silêncio constrangedor invadiu a sala, deixando-os sem fala ou assunto.

— Sabia que existe um porão de treinamento nessa casa? – Steve perguntou. Afinal, nem ele sabia disso. Fora avisado por Romanoff.

— Porão de treinamento? Onde? – Lila olhou-o hesitante.

Rogers se levantou, indo para uma porta que havia embaixo da escadaria que ligava a sala com os quartos. Assim que a porta se abriu, num rangido estridente; puderam ver uma escada. A mulher observou um interruptor na parede, acendendo-o em seguida. Desceram as escadas rapidamente, encontrando com uma área de ringue, sacos de areia e pontaria de tiro.

— Nosso tédio agradece – afirmou Lila, arrancando uma risada baixa de Steve.

— Com toda certeza. Deveríamos ter descoberto isso desde que chegamos.

— Concordo plenamente. – a garota olhava para aquilo maravilhada. Não que nunca tivesse visto uma área de treinamento, ao contrário já vira o bastante para que enjoasse. Mas fazia quatro meses que não treinava direito.

Ela deu um passo, passando os olhos pelo local. Quando deu seu segundo passo, tropeçou em algo que não deveria. Uma peça de metal que deveria pertencer ao ringue, afinal aquele lugar não estava 100% limpo. Estava meio desorganizado e empoeirado.

— Cui... – Steve pegou-a pela cintura antes que desse de cara com o chão. -... dado.

Delilah encarou as órbitas azuis, vendo um olhar singelo, sem segundas intenções. Steve era puro, disso ela soube assim que estudou aquele olhar. Geralmente ela chutaria os países baixos do homem, e correria. Mas aquele toque em sua cintura não era como os outros.

Toque bruto, bárbaro, violento, ríspido. Como os daqueles que um dia te tocara, sua vozinha mental lembrou.

Não. O toque de Steve era suave e pacífico. Lila ficou de pé, sem dar uma palavra. As mãos delicadas de Rogers tocavam sua mão serenamente, já que o mesmo ajudara a se levantar e endireitar. Os olhos se encontraram. Azul no verde. Verde no azul. Rockwell engoliu em seco, voltando à realidade.

— Obrigada – sua voz saiu meio trêmula. – E-eu... eu preciso ir.