Make a Memory

Capítulo XXVIII – Proposta


— Chegamos! – Niko anunciou ao chegarmos a uma sorveteria. Jayminho estava eufórico. Logo pediu: - Papai, eu posso escolher os sabores de sorvete como naquele dia?

Fiquei me perguntando sobre que dia o garoto estaria falando. O pai deixou e ele saiu correndo para fazer o que queria. O carneirinho sorria sem parar enquanto que eu sentia uma coisa tão boa que nem sabia, e nem precisava explicar. Bastava sentir.

Quando nos sentamos para lanchar, o Niko me falou:

— Meu amor, é uma pena que você não se lembre da última vez que estivemos aqui.

— Quando foi? – Imaginei que era o tal dia que o Jayminho havia falado.

— Foi quando meus pais estiveram aqui. Eles vieram te conhecer. E minha mãe te adorou!

— Ah! Verdade?

— Verdade! Ela não parou de conversar com você um só instante.

— É uma pena mesmo que eu não me lembre. É... E... O seu pai? Ele... Ele aceita isso bem?

O Niko me deu um sorriso como se compreendesse o que estava implícito na minha pergunta.

— É muito chato ter que dizer isso, Félix, mas o meu pai não é como o seu. Felizmente, o meu pai me aceitou desde o início. Ele me conhece e gosta de mim como eu sou. E também sempre me apoiou com... Com tudo. Com os meus namoros, os meus sonhos, meu jeito de ser... – Ele pegou em minha mão me fortalecendo. – Amor, eu não tô dizendo isso pra te chatear, nem quero que você fique triste, por favor. Eu só estou dizendo isso para que você não fique pensando nas besteiras que o seu pai disse. Ao meu lado você não vai sofrer, porque eu te amo demais.

— Eu acredito.

— Além do mais, tem sim muita gente que nos aceita e que nos respeita. E mais ainda, que nos ama. Saiba que meus pais te amaram. E você viu como a sua mãe gosta de mim. Tem o Jonathan também, ele é um rapaz fantástico e sempre nos apoiou. E nós temos os nossos filhos agora, o Jayminho e o Fabrício. Que são nossos, ouviu? Nossos filhos. – Ele deu um sorriso aberto, completamente feliz. – Ah, Félix, não sabe como esperei para dizer isso um dia! Nossos filhos! Eu não quero mais parar de dizer!

Ele sorria e eu sorria junto só pelo prazer de ver a sua imensa felicidade.

— Meu amor... – Ele completou. – Eu quero que você não duvide nunca disso: aconteça o que acontecer, nós seremos uma família completa.

Eu acreditei cegamente no que ele disse. Apertei as mãos dele e, dando um beijo, lhe confessei: - Eu acredito, carneirinho. Não tenho por que duvidar... Porque eu também te amo demais.

Ficamos nós dois nos olhando, feito bobos apaixonados, até o Jayminho nos acordar trazendo um pote enorme de sorvete.

— Olha papai, papi Félix, vamos fazer uma festa do sorvete como naquele dia?

— Vamos. – Niko pegou três colheres e deu uma para cada um. Quando pegamos uma colherada do sorvete ao mesmo tempo, antes que eu a levasse à boca, uma lembrança veio repentinamente à minha mente. Era uma cena igual aquela. Já havíamos vivido aquilo?

— Félix! Você está se sujando!

— Hã? O quê? – Saí dos meus pensamentos quando o Niko me chamou e eu vi que o sorvete estava derretendo na minha roupa. O Jayminho ria da minha distração.

— Félix, onde você foi?

— É... Eu nem sei, carneirinho. Eu... Eu me lembrei de uma coisa. Meu pensamento foi longe.

— Do que você se lembrou?

— De quando estivemos aqui. Eu acho.

Niko abriu um sorriso mais largo como se comemorasse. Percebi então que ele não havia me levado para aquele lugar à toa. Ele queria que eu tivesse uma recordação.

...

Algum tempo depois, chegamos à casa do Niko e o Jayminho ainda estava fazendo uma festa. Foi correndo contar a novidade à babá dele que nos felicitou e ainda concluiu:

— Até que enfim vocês vão morar juntos feito um casal de verdade, seu Niko e seu Félix! Muitas felicidades!

Eu me sentia cada vez mais satisfeito por ter tomado a decisão que tomei. Na casa do Niko era nítido como todos me amavam e estavam felizes pela minha chegada.

O Jayminho não parava de me chamar de papi. Eu quase não me aguentava de tanta emoção. E se tinha alguém que não tirava o belo sorriso do belíssimo rosto era o meu carneirinho... Que cada vez eu tinha mais prazer em chamar de meu.

— Está feliz? – Ele me perguntou passando os braços em volta de mim.

— Eu não podia ter feito escolha melhor, carneirinho. – Respondi olhando diretamente naqueles olhos verdes hipnotizantes que brilhavam para mim.

— Vem. Agora enquanto o Jayminho troca a roupa da escola, você vai ficar mais um pouquinho com o... – Niko deu uma risada entusiasmada. – Ai, eu ainda nem acredito que estou dizendo isso! Você vai ficar um pouquinho com o seu outro filho. Vem!

Ele me levou até o quarto do bebê. O pequeno, que estava acordado, logo começou a sorrir quando o pai lhe fez umas gracinhas. Achei muito fofo. Ele o pegou nos braços e me entregou.

— Toma, Félix, segura ele... A partir de hoje, você tem que aprender. Se bem que você já sabe cuidar de criança muito bem.

— Eu sei, né?... – Indaguei ainda meio incrédulo apesar de tudo que eu já sabia.

— Sabe, sim. Quando você está com o Fabrício ou com netinha da Márcia, a Mary Jane, você cuida deles com muito carinho. É muito bonito de se ver.

Quando peguei o Fabrício no colo, senti novamente minha vida valer a pena.

— Fabrício... Oi, Fabrício? Quando você crescer e aprender a falar, também pode me chamar de papi Félix, tá? Seu irmão já tá chamando e eu estou adorando. – Eu sorri para ele e o Fabrício sorriu para mim. Fiquei estupefato com aquele pequeno gesto. – Olha, carneirinho, ele ri pra mim também!

Niko, atrás de mim, com lágrimas banhando seu sorriso, me falou:

— Ele sempre ri pra você, Félix. Tanto ou até mais do que pra mim. Acho que ele sabe que você o salvou... E que você é o segundo pai que ele quer ter.

Suas palavras tocaram profundamente meu coração. Eu tinha que falar o que eu achava.

— Se eu sou o pai que ele quer ter, eu não sei. Mas, eu sei que você é o melhor pai que esses meninos poderiam ter, carneirinho. ... Sabe... Eu te amo.

— Ah, Félix!... Eu te amo tanto! – Ele me abraçou por trás e seus braços passaram em volta de mim e do Fabrício ao mesmo tempo.

— Eu te amo mais. Pode ter certeza. Mesmo que eu não me lembre como nosso amor surgiu, eu sei que ele é muito maior do que eu possa imaginar. Porque eu sei que te amar foi o que mudou a minha vida. E parece que está sempre mudando, não é?

— Parece que sim. Acho que eu mudo a sua vida para que você venha e mude a minha. Porque tem outra coisa que você não lembra.

— O que é?

— Que desde que eu te conheci, eu descobri que eu não vivo sem você, Félix.

— Acho que sou eu que não vivo sem você, carneirinho. Por sua causa voltei a ser quem sou de verdade. Ou, pelo menos, parte de quem sou.

— O importante é que você está aqui com a gente, e não vai mais embora.

Ele permaneceu abraçando a mim junto ao seu bebê e, enquanto eu sentia seus braços em volta de mim eu me sentia protegido e determinado a viver aquela nova vida que ele me dava de presente. E vendo aquele pingo de gente nos meus braços, eu jurava para ele e para mim mesmo: - De agora em diante, Fabrício, você é meu filho. Ou melhor, nosso filho. Do Niko e meu. Assim como o Jayminho. E eu vou fazer até o impossível para ter as melhores memórias que eu puder com vocês.

Eu senti um beijo do Niko na minha nuca antes de ele sair dizendo que ia ver se o Jayminho havia acabado o banho. Eu fiquei lá com o Fabrício, refazendo várias e várias vezes a mesma promessa. Eu seria o melhor pai que eu poderia ser para os filhos do Niko. E para ele, o melhor companheiro. Porque eu precisava daquilo. Eu precisava ter as melhores memórias.

...

...

...

Enquanto isso, na casa Khoury...

César, pensativo em seu quarto, relembrava a conversa que teve com o namorado do filho.

... ... ...

—... Quando eu soube do acidente, temi que a última coisa que eu teria para me lembrar dele fosse mais uma de nossas brigas. Eu temi, pela primeira vez na vida, perder o Félix para sempre... Porque eu percebi que ele era meu filho, apesar de tudo, e eu poderia perder outro filho assim como perdi o primeiro. Eu temi não vê-lo mais, eu temi sua morte, eu temi... A solidão. ...

... ... ...

— Eu não devia ter sido tão sincero com ele.

... ... ...

—... Mesmo que eu não queira admitir, o Félix é o único que me faz companhia, que ainda me suporta!... O que mais quer que eu diga? Que ninguém aqui me trata como ele? Pois sim, é isso, ninguém me trata como ele. E eu não quero perdê-lo.

—... Doutor César, eu entendo que o senhor tenha percebido que precisa do Félix mais do que nunca, mas para isso não é preciso que ele e eu nos separemos. Uma coisa não anula a outra. ...

... ... ...

— Ah, tá! Como se isso pudesse ser verdade. É claro que anula, sim. Sem o Félix aqui... Nada será como antes. ... Espera... O que foi mesmo que ele disse depois?...

... ... ...

—... Aliás, acabei de me lembrar de que o Félix falou uma vez sobre uma casa em outra cidade, não sei se ele me falou onde fica, mas ele disse que era uma casa enorme, com piscina, de frente para o mar... Enfim, ele tinha a pretensão antes do acidente de nos levar para essa casa, os meus filhos e eu. E talvez o senhor possa ir morar conosco! Por que não?...

... ... ...

— Uma casa... Em outra cidade?... E que o Félix falou? De qual casa ele estava falando?

... ... ...

—... Não sei se ele me falou onde fica, mas ele disse que era uma casa enorme, com piscina, de frente para o mar... ... ... Ele tinha a pretensão antes do acidente de nos levar para essa casa, os meus filhos e eu...

... ... ...

— Essa casa?... Claro! É a casa de Angra dos Reis! O Félix me falou sobre seus planos antes do acidente...

... ... ...

—... - Então? Pra que me chamou?

— Você sabe muito bem. Você me falou dos seus planos de se mudar para a casa em Angra dos Reis...

— E falei que quero lhe levar para lá...

— E eu lhe disse das minhas condições para ir.

— É o apocalipse, papi, que eu queira te levar para cuidar de você, te ajudar, e você me vem com condições!

— É a única maneira de eu ir, Félix! Eu nunca vou aceitar morar na mesma casa que você e um... Qualquer um...

— Qualquer um não! É o meu namorado, eu já te disse!...

... ... ...

— Claro! O Félix me falou... Ele queria que eu fosse com eles para a casa em Angra, ele pretendia morar lá com esse namoradinho dele. E Félix deve ter contado todos esses planos para ele... Ou, isso é um planinho desse rapaz!... É claro que é! Ele mencionou a casa. Essa ideia estúpida de formar família é só uma desculpa para usar a minha casa de Angra. Esse Niko sabe muito bem o que quer. E é óbvio que ele vai fazer o Félix se lembrar disso de qualquer maneira. ... Mas, se ele pensa que vai levar o Félix assim facilmente, está muito enganado.

Foi chegando nessa conclusão, que César apertou o botão em sua cômoda para chamar um dos empregados da casa.

— Pois não, seu César, o que deseja?

— Ligue para o meu advogado.

Depois...

— Você entendeu tudo, Eron?

— Sim, doutor César, tudo certo. Eu irei à Angra hoje mesmo. E pode ficar sossegado que eu farei até o impossível para que a sua casa seja vendida o mais rápido possível.

...

...

...

À noite, na casa de Niko...

— Os meninos já estão dormindo, Félix, agora é nossa vez. – Falei levando-o para o quarto. Eu nem saberia mensurar minha felicidade por ser o nosso primeiro dia morando juntos, o primeiro dia de nossas vidas unidas para sempre. E ele fez meu coração saltitar quando me falou como o Félix de antes.

— E nós vamos só dormir, carneirinho?

— Félix! – Eu comecei a rir feito bobo e me vi sendo até um tantinho tímido com ele. – O que você quer dizer com isso?

— Bom... – Ele agarrou em minha cintura de um jeito que me fez perder o equilíbrio. – Eu pensei que a gente ia... Sei lá... É... Fazer algo mais que apenas dormir.

O ar dos meus pulmões já havia fugido e, no entanto, ele só estava me encarando, me hipnotizando, me fazendo delirar sem fazer absolutamente nada. Retornei do meu deleite após alguns segundos e, com as mãos em seu rosto, indaguei maliciosamente:

— O que você quer fazer além de dormir, hein, Félix?

— É... Eu... Eu estou muito feliz de estar aqui com você, carneirinho. Estou muito feliz por a gente estar morando juntos, por o Jayminho me chamar de pai, por... Por tudo.

— Dá pra ver o quanto você está feliz. Esse foi o primeiro dia de nossa nova vida, meu amor... E deu pra sentir, em cada instante desse dia, a felicidade que nos espera.

— Eu queria... F-Ficar com você... Comemorar, sei lá...

— Não precisa dizer mais nada. Eu sei o que você quer. – Sussurrei ao seu ouvido: - Eu também quero. – E enquanto eu passeava com minhas mãos por seu corpo, parando em suas nádegas e puxando-o contra mim, eu completei: - Ou você achou que a gente ia mesmo só dormir?

...

...

Que loucura! O Niko me levava à loucura com um mínimo gesto de carinho. Quanta sensualidade num só ser! Eu não pretendia parecer muito atirado, mas tudo que eu queria naquele momento era me entregar a ele mais e mais e mais... Eternamente.

Começamos a nos beijar esquecendo completamente o pudor e a necessidade de respirar. Seria inútil, afinal, mesmo que eu quisesse respirar eu perco o fôlego quando estou tão perto dele.

Ah! Como eu quero viver a vida inteira assim... Ao lado dele... Nos braços dele... Encontrando a mim mesmo e a minha paz... E àquilo que faz o meu coração acelerar como agora.

— C-Carneirinho...

— Sim?

— Posso... Te pedir uma coisa?

— Você sabe que pode. Tudo que você quiser...

— Fica comigo de novo... Como na nossa primeira vez. A... A primeira vez que eu me lembro, claro...

Ele me olhou com aquele olhar cheio de doçura e desejo e eu pedi:

— Me faz seu outra vez.

— É isso que você quer?

— É.

Ele me deu um sorriso encantador ao falar:

— E sabe o que eu quero?

— O quê, carneirinho?

— Eu quero o que você quer, meu amor.

E foi assim, dito isso, que nos beijamos mais e mais vezes, tiramos a roupa, e fizemos amor. E em meio àquele ato de paixão desenfreada, eu percebia que já havia vivido aquilo antes com ele. Um momento parecido talvez... Não sei. Eu só sabia que eu queria ficar para sempre assim, nos braços dele, sentindo o corpo dele pesando sobre o meu e seu calor me aquecendo ao mesmo tempo em que me causava os mais gostosos arrepios.

...

...

...

DIAS DEPOIS...

...

Já faz mais de uma semana que estamos morando juntos e nada poderia ser mais perfeito. Ou... Talvez pudesse...

— Hoje todos saberão o quanto eu o amo. – Eu pensava.

Finalmente o dia mais esperado chegou. Era o dia de eu entregar o anel da minha família de volta ao Félix, o que a minha mãe havia dado a ele antes do acidente. Esse anel representava, além da união das famílias, a união da minha alma a dele. A partir de hoje, seríamos como um só. Eu estava prestes a cumprir a minha promessa...

... ... ...

— Félix... Quando você voltar para mim... Eu te devolverei esse anel junto com um pedido. Você já fez seus planos para nós... Você quer um lar, uma família, uma nova vida. E é isso que eu quero te dar. Quando você estiver de novo comigo, Félix... Eu vou te pedir em casamento. Porque eu não vivo sem você. ...

... ... ...

Havia chegado a hora. Tudo estava pronto para o pedido acontecer. Enviei os convites para todos que eu queria que estivessem presentes. Só não comuniquei o que seria. Eu disse a todos que seria apenas uma reunião em meu restaurante. E para uma pessoa em especial, eu fiz acreditar que seria um encontro para uma conversa. É claro que esta pessoa era o Eron. Eu ainda não havia esquecido o que ele havia feito para o Félix, como ele o fez mal ao contar-lhe mentiras sobre mim e ele e como o Félix se perdeu por causa disso. O Eron não ia ficar impune. Eu ainda titubeei várias vezes antes de tomar a decisão de chamá-lo, eu não queria pôr isso como uma vingança, afinal, seria o dia mais feliz da minha vida. Mas, não saía da minha cabeça que ele precisava pagar pelo que fez. E mais, ele precisava ver com os próprios olhos o quanto eu amava o Félix.

Foi assim que, à noite, tudo estava pronto. Fechei o restaurante para receber exclusivamente meus convidados. Vieram Pilar, Paloma, dona Bernarda... E ninguém sabia do que se tratava realmente aquela reunião. Nem mesmo o Félix suspeitava. Combinei com o Jonathan para ele levar o pai e os novos irmãozinhos até o restaurante na hora marcada.

Quando a família Khoury já estava lá, chegaram as únicas pessoas que sabiam o meu plano. E eram, justamente, quem eu mais aguardava.

— Pai! Mãe! – Corri para abraçá-los assim que atravessaram a porta. – Obrigado por virem. Muito obrigado.

— Filho!... Imagina se a gente ia perder o seu noivado.

— Shh! Mãe, ninguém mais sabe, eu só contei pra vocês.

— Ah, é verdade! Mas, agora vão começar a desconfiar, não acha? Cadê o Félix?

— Ele vem já. Também é surpresa pra ele.

Meu pai estava meio receoso. – Filho, e você acha que ele vai aceitar? Digo, ele não vai se assustar com esse pedido tão repentino? Vocês estão morando juntos há pouquíssimo tempo e depois do que você nos contou que ele sofreu... Coitado, ele deve estar muito confuso ainda...

— Está um pouco, pai. Mas, eu acabo com todas as confusões dele, não se preocupe. Eu tenho certeza que ele vai dizer sim.

— Se você diz. Vamos conhecer a família do seu noivo, então.

— Vão lá...

Meus pais nem haviam se afastado de mim ainda quando o último convidado chegou: o Eron.

— E-Ele?! O que ele faz aqui?

— Calma, mãe...

— Calma, nada! Eu vou expulsar esse sujeitinho daqui! Quem ele pensa que é pra vir estragar a sua noite...

— Mãe! Calma, tá? Eu que convidei.

— Você? Por que, filho? Ele não é só o seu ex, ele te traiu. Eu não quero ver a cara dele nem pintado!

— Sei que vocês não devem estar entendendo nada, mas eu explico depois. Aliás, nem vou precisar explicar. Tudo que eu quero é que o Eron veja o quanto eu amo o Félix e que eu finalmente encontrei o verdadeiro amor da minha vida, e assim sendo ele precisa me deixar em paz.

— Hum... Muito bem, filho! É isso mesmo. Passa na cara dele!

Eu tinha que rir, minha mãe é hilária às vezes. Eles foram se apresentar à Pilar e aos outros, mas quem não estava achando nada engraçado era o Eron.

— Niko!

— Oi?

— O que significa tudo isso? Por que seus pais estão aqui?

— Ah, eles acabaram de chegar de viagem, vieram me ver.

— Mas... Mas... Eu pensei que você havia me chamado aqui para um... Um...

— Um quê? Um encontro? Ah, Eron, por favor, me poupe!

— Mas, Niko… Você mandou mensagem dizendo que queria que eu viesse até o restaurante...

— Sim, eu mandei. Assim como mandei para todos eles também. – Apontei para os outros.

— Por que a família Khoury também está aqui?

— Porque hoje é um dia muito importante para mim e eu pensei em convidar os que são mais íntimos, digamos assim. E, bom, como você ainda se acha íntimo meu, eu pensei em te convidar. Por que não?

— Não estou entendendo nada, Niko. Que dia é hoje? E por que é importante?

— Você logo saberá. Enquanto isso, sirva-se, Eron. Tem bebidas no balcão.

Ele ficou por ali zanzando, sem entender nada, claro. Eu esperava ansiosamente a chegada do meu amado, que não demorou mais que alguns minutos.

Foi tudo como combinei. Assim que o Félix entrou no restaurante, todos começaram a bater palmas como eu pedi. O único que permaneceu no mesmo canto, parado, foi o Eron. Mas, para mim ele se tornou invisível no mesmo instante em que vi o meu amado Félix. E eu já não tinha olhos para mais ninguém ao vê-lo tão lindo, como sempre, atravessando aquela porta e vendo todo mundo lá dentro com os olhinhos arregalados de surpresa.

Ele me procurou com o olhar e assim que me encontrou, balbuciou meu nome. Eu fui ao seu encontro e o abracei, achando uma gracinha sua carinha de assustado. Fui logo dizendo o que estava acontecendo, sem rodeios.

— Meu amor... Hoje é um dia muito especial para nós dois. Por isso eu convidei algumas das pessoas mais importantes de nossas vidas para presenciar esse momento.

— Que... Que é isso, carneirinho?

— Eu já vou te dizer. – Respirei fundo, pois eu já não aguentava mais de ansiedade. Peguei o anel do bolso e fiz questão de colocar no dedo dele enquanto me declarava.

— Félix... O melhor que me aconteceu, foi te conhecer. E estar assim, junto com você... É o que eu sempre sonhei, meu amor. Eu não te transformei em meu companheiro nem em pai dos meus filhos, você ganhou esse posto por mérito. Porque você mereceu o meu amor desde o dia em que se apaixonou por mim, mesmo sem ainda sequer saber o que sentia. Nesse dia, eu já estava apaixonado por você há muito tempo. Por isso, hoje, eu te prometo amor eterno, ser para sempre seu namorado e seu melhor amigo. E te amar até o fim dos meus dias. Félix... Você se casaria comigo?

...