Erik acordou ao raiar do Sol, e foi impossível não sorrir ao ver Christine ao seu lado, adormecida. A julgar por tudo o que haviam feito, na noite passada, ela ia dormir até bem mais tarde. Como ele mesmo devia, se não tivesse tido aquele sonhos bizarro com Lúcifer. Ainda sonolento – não sabia quem estivera mais insaciável, na noite anterior, se ele ou Christine – levantou-se e foi para o banheiro, lavar o rosto. Queria recobrar ao menos um pouco da lucidez pois, se voltasse a dormir, tornaria a sonhar com seu outro eu, tinha certeza.

Abriu a torneira e lavou o rosto na água fria, tentando acordar. Quando olhou para o espelho, porém, “ele” estava lá... Seu outro eu. Sua sombra. Aquele que era tudo o que Erik negava em si mesmo, mas tão parte de sua alma quanto a música: Lúcifer, com seus cabelos muito longos e olhos vermelhos como sangue. A imagem no espelho, o Anjo sabia, só existia em sua mente, mas, para ele, era bem real. Lúcifer olhou para o homem fora do espelho, e então para a mulher adormecida na cama, provocando:

— Vejo que cuidou muito bem dela. Bem até demais... – e com um sorriso pervertido – acha que ela vai acordar ainda hoje?

— Vá para o inferno, Lúcifer.

— Nossa, “princesa”, quanto mau humor! Pensei que sexo fosse deixa-lo feliz... Bom, certamente me deixou feliz, ainda que tenha sido você no comando.

— Você é só uma alucinação da minha cabeça, nem sei por que ainda perco meu tempo... – resmungou o Fantasma, lavando as mãos e jogando água no rosto. Infelizmente, a alucinação não sumia.

— É o que acontece quando se passa trinta anos sozinho... – ironizou Lúcifer – admita, eu não desapareço porque você não quer que eu desapareça. Somos unha e carne, rapaz. Dois lados da mesma moeda. E nem somos dois lados tão diferentes assim: gostamos de música, de arte, de Christine... Eu só tenho um tom mais sombrio – e ante o grunhido de Erik – e um pouco mais de bom humor.

— Pare de infernizar minha vida e volte para o buraco de onde saiu, pode ser? – perguntou Erik, mas, quando olhou para o espelho, já não havia nada lá – finalmente.

De repente um par de braços macios o envolveu pela cintura, e ele sentiu o rosto de Christine contra suas costas, enquanto as mãozinhas delicadas acariciavam sua barriga:

— Estava falando sozinho, meu amor? – perguntou, ainda sonolenta.

— Um velho hábito, meu Anjo – disse ele, voltando-se para a delicada ninfa, que tinha os olhos ainda sonolentos, mas carregava em si uma brilho de felicidade – acordei você?

— Não. – sorriu ela – acordei por conta própria, e não te senti ao meu lado... – havia nela um brilho diferente, de felicidade e satisfação, que Erik não via há muito tempo; feliz, abraçou-a e fitou os lindos olhos castanhos:

— Acho que agora, mais do que nunca, precisamos marcar a data de nosso casamento.

Ela riu baixinho, divertida, e respondeu:

— Sim, pois Madame Giry ficará escandalizada se souber o que fizemos aqui...

— Melhor ficarmos em silêncio, então – ele a beijou e a segurou pela cintura, sentando-a na pia. Christine deu um gritinho ao sentir a pele contra o mármore frio, e isso arrancou risos do Fantasma. No entanto, ele parecia diferente... Mudado. Algo mais intenso, e talvez um pouco mais obscuro do que o homem com quem a soprano se deitara, na noite anterior.

— Você está bem, Erik? Parece diferente...

— Talvez eu esteja um pouco, minha Christine. – disse ele, sentindo-se perturbado: não entendia por que oscilava entre os dois estados de ânimo, que o faziam agir quase como duas criaturas diferentes, mas já se sentia mais intenso e... Bem, as emoções de “Lúcifer”, como chamava a si mesmo nesse humor, pareciam mais obscuras e veementes. Lúcifer não sentia nada pela metade, nem se continha... Mas não era hora de assustar Christine com aquele seu lado, oras! Ela já vira aquele lado, antes, e nunca viera boa coisa disso! No dia em que ela tirara sua máscara, nos assassinatos que ele cometera, naquela noite, no cemitério... Nas horas após Don Juan Triumphant. Não, não e não! Lúcifer não ia aparecer agora para estragar o momento! – alguns sonhos me deixam um pouco perturbado.

“Não seja egoísta. — disse a voz em sua mente, que ele sabia ser alucinação sua – Também eu a amo e desejo!”

“Quieto!I – repreendeu-se mentalmente— ainda não. Não vai assustá-la agora, com seus modos de ogro.”

“Se você diz...”— a voz sumiu, e Erik recuperou o controle das próprias emoções. Seu semblante se desanuviou, e ele abriu um sorriso:

— Não se preocupe comigo, querida. Acho que já percebeu que tenho algumas... Peculiaridades.

— Então, acho que combinamos bem. – falou a moça, acariciando o peito do homem a quem já considerava seu marido – nenhum de nós é totalmente são.

— As pessoas sãs costumam ser pouco interessantes. – brincou ele, levantando-a nos braços e levando-a de volta para a cama. Deitou-a com cuidado, aninhando-se junto a ela e puxando as cobertas sobre ambos; o brilho no olhar dela o encantava e fascinava de um modo indescritível... Porém, ela tinha a aparência cansada (nem poderia ser diferente), o que o fez perguntar – como você está, minha rosa? Muito cansada? Dolorida?

— Acho que menos do que esperava. – sorriu ela, ficando vermelha ao baixar os olhos, levemente envergonhada, algo que o Anjo achou adorável – mas foi a melhor noite de minha vida.

— Fico feliz por isso, querida. – sussurrou ele, enquanto uma radiante Christine se aninhava em seu peito, logo caindo no sono. Sem se mover, para não acordá-la, ele também acabou por adormecer, e sonhar.

*

O sono do Anjo foi atormentado por pesadelos confusos, vozes sombrias... As vozes que perturbavam seus sonhos desde que era menino, e que arrancavam da jaula o que havia de pior no homem...

Acordou encharcado de suor, confuso e levemente tonto, demorando alguns instantes até perceber onde estava, e o que acontecia. Olhou para Christine, ao seu lado, e lembrou-se do que acontecera entre ambos... Mas sua mente continuava confusa, transtornada. Sucumbindo aos próprios demônios, ele sentiu o pior de si aflorar, como sempre acontecia quando estava perturbado.

Passando as mãos pelos cabelos – droga, estava sem a peruca preta, nem máscara! – fez uma careta de desagrado; junto a si, a voz da jovem o chamou, sonolenta:

— Erik? Está tudo bem? – a moça se voltou para ele, que nada respondeu: fitou-a com olhos muito vermelhos (para onde fora aquele azul iridescente?!) e, ainda lacônico, levantou-se. – Anjo, o que houve?

Sem responder às perguntas da jovem, ele foi até o guarda-roupa e abriu a porta, tirando de lá uma caixa. Sempre em silêncio, foi para o banheiro e lá se trancou, deixando Christine confusa e intrigada: aquele era Erik, mas não parecia ser! Não apenas os olhos vermelhos e o modo de agir estranho, mas até mesmo a fisionomia parecia um pouco mudada... Os traços mais angulosos, menos elegantes do que costumavam ser... Aquele era o mesmo homem que a arrastara para a Casa do Lago, após Don Juan, o homem que cometera os assassinatos e que a fizera temer seu Anjo da Música. Ah, céus, deveria teme-lo? Não, não! Erik nunca a machucaria, com olhos azuis ou vermelhos! Ela sabia disso! Contudo, um leve tremor se instalou em seu corpo, receosa do que ele faria, quando saísse daquele banheiro.

O homem que voltou para o quarto era diferente do que fora se deitar com ela, anteriormente: vestia-se de modo não menos elegante, mas até mesmo mais atual. Erik gostava de vestes mais antigas, de décadas passadas, enquanto aquele homem usava camisa, casaca e calça de corte atual, e uma cartola por sobre os cabelos negros que... Estavam mais compridos, caindo abaixo dos ombros. Ele se voltou para a moça no leito e, com um sorriso de canto de lábios, declarou:

— Dormimos demais, minha doce Christine. Vista-se, vamos dar um passeio.

Por um instante, ela permaneceu atônita, confusa com aquela mudança súbita: Erik passara seis meses esforçando-se para que ela fizesse as próprias escolhas. Jamais dava uma ordem, ou escolhia por ela... Agora, ordenava-lhe que se vestisse e fosse consigo a passeio. A surpresa a fez hesitar, o que causou irritação naquele outro Erik:

— Ande, Christine! Virou uma pedra, ou ainda consegue mover-se sozinha? Já passa de meio-dia, certamente! Vista-se logo!

Mesmo confusa, ela se pôs a obedecer quase automaticamente. Desenvolvera certa independência, e agia de modo praticamente normal, mas uma ordem direta era algo ao qual não conseguia desobedecer! Assim sendo, levantou-se e foi até seu próprio armário, escolhendo um vestido azul, de meia-estação, antes de se dirigir ao banheiro para se trocar.

Não levou muito tempo para voltar ao quarto, vestida e com os cabelos semi-presos, penteados para trás. O Fantasma tomou sua mão e a beijou, os olhos vermelhos fixos no rosto bonito e confuso da jovem quando disse:

— Fico feliz em nos conhecermos de fato, afinal, minha dama. – Christine já não entendia mais nada, e perguntou:

— Erik, o que está havendo?

— Nada demais, minha querida. – ele a estreitou em seus braços – mas quando estou assim... Quando meu lado mais sombrio se apodera de mim, não gosto que me chame por Erik. Lúcifer é o nome que adoto, quando estou... Bem, quando assumo minha segunda face.

A garota estremeceu ao nome Lúcifer; mas por que, com mil demônios, ele tinha de escolher para si um nome desses?! Vendo a expressão dela, ele a conduziu gentilmente escadas abaixo, explicando com certo sarcasmo:

— Se pensar no significado do nome, descobrirá que significa “portador da luz”. – ele se mirou num dos espelhos – irônico, não é? Que a mais sombria das criaturas seja a portadora da luz?

— Talvez seja uma luz oculta. – respondeu Christine, tímida e ousada a um só tempo. Conhecia aquele lado de Erik e, embora ele a deixasse intrigada e confusa, não tinha medo. Não de Erik, ou Lúcifer, ou qualquer nome que ele preferisse adotar. – uma luz que não seja tão evidente, assim. Uma luz que você tenta sufocar, talvez?

Ele sorriu, e naquele sorriso havia algo de amargo ao responder:

— Não procure aquilo que não existe, minha doce musa. – ele lhe ofereceu o braço – vamos?

Ainda muito confusa, ela aceitou o braço que ele oferecia, e juntos desceram as escadas; Louise já se encontrava lá em baixo e, ao ver seu amo como Lúcifer – já se acostumara às mudanças de personalidade – falou:

— Bom dia, patrão. Bom dia, Christine. Vão ter o desjejum agora?

— Está tão tarde que já passou até da hora do almoço, Mademoiselle – respondeu Lúcifer – Vou sair com Christine, e comeremos fora. Termine o que tiver de fazer, e pode ir para casa.

— Sim, senhor. – a criada temia aquele outro lado de seu patrão, mas, por outro lado, ficava intrigada e... Por Deus, até mesmo um pouco fascinada!

O Fantasma, por sua vez, levou Christine até os estábulos; ela pensou que pegariam César, mas o homem apenas fez um afago no animal, antes de seguir em direção a outro, branco, com olhos não castanhos, mas pretos como azeviche. Tirou-o da baia e o encilhou, trazendo-o então até a soprano, que ainda estava acanhada e receosa da súbita mudança em seu amado.

— Não tenha medo de mim, Christine – disse ele, vendo o receio – ainda sou seu Anjo da Música. – então estendeu-lhe a mão, e puxou-a para perto do corcel – veja: este é Angel. Minha montaria.

— Nunca me falou dele, como Erik... – disse a moça, acariciando o focinho do cavalo, que resfolegou satisfeito. Lúcifer deu um sorriso de canto de lábios:

— Erik é um tolo.

— Mas não me disse que são a mesma pessoa?

— E somos. Mas eu sou o lado... Mais interessante. – ele colocou a jovem na sela, e montou em seguida, segurando-a com firmeza pela cintura – ele é o lado tímido, pateta e chorão.

— Não fale assim... – Lúcifer a silenciou pousando um dedo sobre seus lábios:

— quietinha. Não precisa me defender de mim mesmo. Apenas fique tranquila, e tente conhecer melhor este meu lado que, para você, é tão novo. – ele tomou as rédeas e incitou o cavalo a seguir. Desequilibrando-se por um instante, a jovem se segurou aos ombros de seu estranho amado, que sorriu, feliz e satisfeito.

— Anjo – sussurrou ela – aonde estamos indo?

— Vamos à cidade, Christine. – respondeu ele, o que fez a jovem sentir uma pontada de pânico crescer em seu coração:

— à cidade? Mas, Anjo, eu... Eu não sei se consigo ficar no meio de tantas pessoas!

— Eu sei que é difícil, para você, minha querida. Creia, também não gosto de expô-la, ou a mim mesmo, de tal modo. Mas você precisa de um vestido de noiva.

— O quê?! – ela se espantou.

— Oras, Christine, estamos vivendo como marido e mulher há meses! E Erik até mesmo a tomou como mulher. Devemos nos casar, e logo!

Ela riu baixinho com aquela frase, reconhecendo a verdade nas palavras de Lúcifer; e de repente, uma ideia brotou em sua mente: e se houvesse concebido de Erik, na noite anterior?! Céus, ele REALMENTE tinham de se casar o mais depressa possível! Ele percebeu o rubor nas faces dela e, maliciosamente, baixou o rosto para depositar um beijo na nuca da jovem, que sentiu seu corpo todo se arrepiar.

— Isso não é muito apropriado, senhor meu noivo. – sorriu ela, tombando a cabeça contra o ombro dele. Apesar do tom sombrio e estranho, gostava daquele lado do Anjo. Ele a segurou pela cintura com mais força, puxando-a contra seu corpo, e sussurrou a seu ouvido:

— Não me importo com o que é ou não apropriado, querida. – os dedos longos acariciaram os cabelos castanhos – só quero sua alegria, e prazer – houve um tom malicioso na última palavra, que fez um estranho calor se espalhar pela jovem. Ah, tomara que chegassem logo à cidade, pois o tom de Lúcifer dava a impressão de que ele a devorava em pensamentos!

*

Haviam tido uma deliciosa refeição num restaurante – que Lúcifer chamara de bistrô, fazendo Christine imaginar o que ele consideraria um restaurante luxuoso – e, agora, seu misterioso mascarado a levava através das ruas em direção a uma costureira bastante conhecida...

Deixaram Angel na rua, o cabresto atado a um poste, e o Anjo conduziu sua amada para dentro da loja. De imediato a dona do estabelecimento – uma senhora de cinquenta e poucos anos, elegantemente vestida e muito bem apessoada – veio até ambos e, com uma mesura, saudou:

— Boa tarde, Monsieur, Madame. Em que posso lhes servir?

— Boa tarde, Madame. Desejamos um vestido de casamento para minha noiva. – disse o homem, cortês, mas frio – o mais belo que houver, digno de Christine.

A senhora se aproximou de Christine, parecendo medi-la com os olhos; segurou a mão da jovem e a puxou mais para perto, e comentou:

— é uma jovem muito bonita! Que idade tem?

— Dezessete – disse a garota, tímida, sentindo-se desconfortável em estar perto de estranhos. Ah, será que, algum dia, superaria o medo que Raoul lhe incutira?

— Bem, venha comigo, pequena. Escolhamos o tecido do vestido. – Ela fitou o homem à entrada da loja – sente-se, Monsieur. Cuidarei bem de sua noiva.

— Estou certo que sim, Madame – disse o Fantasma, e então tranquilizou sua futura esposa – estarei bem aqui, meu amor, esperando por você. Demore o quanto precisar.

Com um sorriso agradecido e terno, a moça acompanhou a senhora para os fundos da loja, onde a mais velha passou a lhe mostrar os vários tecidos que havia:

— Você é tão clarinha e pálida, que branco ficará muito apagado em você – ponderou a modista – mas uma cor suave será perfeita! Ah, veja este rosa claro! Combina com seus olhos, com sua pele...

— É lindo! – concordou a garota, sentindo o tecido macio – mas não consigo vê-lo transformado em um vestido...

— É por isso que eu sou a modista, e você, a cliente – a senhora pegou um bloco de folhas e lápis, começando a esboçar um lindo vestido: corpete justo, que marcava a silhueta delicada de Christine, com saia armada em várias camadas de tecido. As mangas eram longas e justas, enfeitadas nos punhos por rendas prateadas; os ombros ficavam à mostra, com o decote adornado pela mesma renda dos punhos das mangas. Na cintura, onde se encontravam o corpete e a saia, camadas de seda branca faziam as vezes de cinto, e uma camada de renda prata finíssima caía por sobre a parte de trás da saia de várias camadas, cuja cauda era longa o bastante para se arrastar pelo chão. A peça mais linda que a jovem já vira!

Por cerca de meia hora, conversaram sobre o vestido e ajustes a serem feitos, de modo que, ao fim deste tempo, estava decidida a forma da peça. Com rapidez e eficiência, Madame Bijoux – como dissera se chamar a modista – tomou as medidas da soprano e, enfim, levou-a de volta até Lúcifer. Ele tinha um breve sorriso nos lábios, e perguntou:

— E então?

— Sua noiva será a mais bela que já se viu, Monsieur – atestou Madame Bijoux, levando pela mão a retraída jovem – é bela, jovem e gentil... O senhor é afortunado por tê-la como futura esposa.

— Sei bem disso. – respondeu Lúcifer, beijando as mãos de sua amada, que sorriu lindamente para ele. O Fantasma se levantou, agigantando-se ao lado da pequena cantora, e pediu:

— Faça o seu melhor, Madame. Conto com suas habilidades para que minha noiva tenha o vestido que desejar. Não poupe esforços.

— Assim será, Monsieur. É um prazer fazer algo para uma moça tão encantadora.

— Agradeço por toda a gentileza, Madame Bijoux – disse Christine.

— Ver-nos-emos logo, menina, quando eu lhe levar o vestido para ser experimentado.

— Obrigada.

O casal deixou a loja, e o Anjo pôs sua amada sobre Angel, subindo em seguida. Abraçando a mulher a quem amava, o Fantasma falou:

— estou orgulhoso de você, meu amor, pelo modo como se fez agir normalmente, mesmo ante seus receios e traumas.

— O mesmo digo eu, meu Fantasma – sorriu ela, dando um pequeno beijo nos lábios dele – agora, querido... Vamos para casa?