O destino traçava desfiles

A passarela já estava montada, as luzes já estavam posicionadas pelo local inteiro e quase todas as cadeiras já estavam ocupadas. Comecei a ficar nervosa que nem em Milão. Quem iria me acalmar dessa vez?

Clair veio até meu camarim desejar boa sorte.

–Você é uma modelo experiente Carol, já enfrentou coisa pior. A competição na Europa é muito mais complexa. Você encara essa bem fácil.

Olhei ao redor, Clair estava tentando me acalmar, ela estava do meu lado e eu pensava no quanto seria bom para a minha carreira ser conhecida na América, por mais que eu tenha participado de eventos no Brasil.

Me levantei e me posicionei junto as outras modelos. Desfilei visualizando bem a plateia. Meus olhos se apegavam às luzes brilhantes que refletiam os lindos acessórios que usava.

Na segunda troca de figurino, me voltei a primeira fila e observei que havia estilistas importantes ao lado de socialites e celebridades. Me deparei com um cara vestindo uma camisa xadrez vermelha e preta e possuía um estilo familiar e muito diferente. Seu cabelo estava loiro, bem diferente do que vi em...em Milão! Era o Bill!

Me equilibrei no sapato de salto alto que calçava evitando uma futura queda devido aos meus ataques de felicidade internos ao saber que estava a poucos metros daquele cara que tentara falar italiano e se dirigira a mim da forma mais envolvente possível. Que sentimentos eram esses?
Olhei dentro de seus olhos. Ele se lembrara de mim.

(Bill)

–Eu conheço aquela garota!
–Quem Bill? -disse meu irmão Tom.
–A modelo! A de pulseira dourada e tonozeleira de brilhante!
–Aquela gostosa do vestido cinza? Não Bill, você não pode conhecer ela. Nem eu conheço uma modelo gata daquela muito menos você!
–Me escuta Tom eu conheço ela. Eu falei com ela acho que em Milão no desfile da Dsquared2.
–É tinha modelos bonitas naquele desfile. Pra dizer a verdade nem lembro dela mas não duvido que ela não estivesse lá. De onde será que ela é? Americana essa modelo não é.
–Dã, ela deve ser italiana.
–Nem na Itália tinha me deparado com uma garota assim. Ela falava italiano?
–Falava, mas pro meu alívio a gente conversou em inglês. Espere ver os olhos Tom. Os olhos dela são bem verdes!
–Cara não acredito que você conhece mesmo uma modelo italiana e eu não!
–Preciso falar com ela Tom.
–Calma aí Bill. No camarim dela você não entra.
–Quer apostar? Ela falou que eu parecia um modelo! -caramba como fui lembrar das palavras dela? A voz era tão doce...
–Vai lá então oh modelo!
–Vou esperar o desfile acabar e vou correndo pra lá.
–Aproveita e vê se ela tem uma amiga modelo pra mim também.
–Abusado! -falei nem imaginando que ela estava ali de novo. Vou chamar isso de destino. Mal me lembro daquela noite em Milão, mas ela estava lá.

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–Queria agradecer a todos que vieram ver a nova coleção. Boa Noite! -disse a representante da M.Cohen.

–Nossa até que enfim acabou! Aquela tornozeleira já estava perfurando meu tornozelo. -disse notando que Clair se aproximava e tinham algumas modelos no mesmo backstage.
–Você é Carolina Manfredini? -disse a modelo do meu lado.
–Sou sim.
–Nossa você é famosa! Vi seu editorial de moda rocker na Vogue. Você estava tipo demais!
–Obrigada, nem sabia que era conhecida aqui nos E.U.A.
–Sério? Quando rolou o boato que você vinha pra L.A. eu nem acreditei. Você só aparecia em desfile europeu.
–Estou tentando a sorte aqui na América -falei, adorando ser reconhecida.
–Você terá sorte tenha certeza!
–Com licença -falei indo de volta ao camarim recolocar minhas roupas.

–Carolina Manfredini, é esse o nome -escutei falar um cara bem alto a poucos passos de mim.

Olhei melhor, era Bill. Surtei, quase havia esquecido que ele estava ali bem perto de mim na primeira fila do desfile. Seu olhar continuava o mesmo. O que mudara era somente o cabelo.

–Oi -disse timidamente.
–Oi -respondeu.
–Lembra de mim?
–Agora que você falou, eu lembro. Você não era loiro -eu ri olhando bem fundo aqueles olhos castanhos.
–E se eu lembrasse que você era tão linda eu teria pedido seu telefone ao invés de tentar falar italiano.
–Ah, você tinha quase conseguido -continuei rindo, abrindo um largo sorriso.
–Você estava certa, eu devo parecer um modelo porque o segurança me deixou entrar fácil -ele ria também, uma voz tão calma. -Sério? Vou falar pra produção ter mais cuidado com a segurança -eu falei e ele continuou rindo.
–Você vai estar ocupada agora?
–Acho que não, por quê? -tentei disfarçar o brilho nos meus olhos, mas era difícil não olhar pra ele.
–Conheço um bom restaurante italiano que poderia competir com qualquer um na Itália.
–É? A nossa gastronomia é uma das melhores.
–Quer ir comigo? -como eu diria não Bill? Pensei em minha mente.
–Ah eu iria adorar, só vou falar com a minha agente. Te espero lá fora. Qual o seu nome mesmo? -me fiz de desentendida.
–Quase esqueci, é Bill.
–Bill, já te encontro lá fora.

Fui correndo achar a Clair e quando vi, Aaron e Brad estavam na minha frente.

–Nossa que produção em Carol, não sabia que você era tão boa naquele palco -disse o Brad.
–O nome certo é passarela Brad e não palco. Carol você estava ótima!
–Ah Brad é quase um palco.
–Valeu meninos nem acredito que vieram. -falei quase esquecendo que estava com pressa.
–O Sean trouxe a Keisie, ela tá louca pra te conhecer.
–Eu adoraria Brad, mas é que eu...eu estou um pouco ocupada. Obrigado por terem vindo, vocês são demais. Vejo vocês amanhã na gravação.

Saí quase correndo procurando a Clair. Ela estava no backstage conversando com a representante da M.Cohen.

–Carol, que bom que está aqui, preciso te apresentar a Cloë.
–Oi, prazer.
–Clair eu vou sair, volto pro hotel mais tarde, tchau!

Saí voando pegando minha bolsa e o salto que usei na passarela. Só tinha deixado a tornozeleira que me apertava a pele. A produção tinha me dado de brinde pela minha presença quase em cima da hora.
Corri lá pra fora. Onde estava o Bill? Me desesperei quase achando que tinha o perdido de novo, mas logo o encontrei.

–Pensei que não vinha mais.
–Desculpa é que no caminho eu tive alguns contratempos, mas já estou aqui.
–Está com fome?
–Faminta!
–Então vamos! -ele disse sorrindo.
–Quero só te apresentar meu irmão Tom.
–Tom essa é Carol Manfredini, a modelo que eu falei -ele deu ênfase na palavra falei.
–Nossa, é ainda melhor de mais perto. E que olhos Bill você estava certo. Bem verdes. Você é italiana?
–Não, na verdade sou brasileira. Meu pai é italiano e eu estou morando na Itália.
–Humm Brasil. Nós já estivemos lá só por uma noite para fazer um show. Adorei a cidade e o hotel era muito bom.
–Meu país fica feliz em saber que agradou, agora vamos comer que eu estou faminta.
–Você que manda!

Eu poderia imaginar, aquela noite seria perfeita. Los Angeles me impressionou. Pena não poder falar direito com o Brad e o Aaron, espero que eles não tenham me levado a mal.

A luz da cidade brilhava e refletia em minha pulseira nova. Ah Bill, finalmente saberei come é ter uma conversa de mais de cinco minutos com você.

Sonhava enquanto caminhava até o carro do Tom. Queria contar tudo para a Isa e a Bia. Sentia saudades. E Minha família? Como estariam na Itália?