P.O.V. Charles Bingley.

Século vinte e um?

—Até que enfim ein?

— Tio Jamie! É tão bom ver você.

Eles se abraçaram.

—Estávamos ficando preocupados. Eu vou ligar pra sua mãe. Ela vai ter um troço.

—Deixa, eu ligo.

Ela pegou um aparelho e apertou as teclas.

—Vou colocar no viva voz, a mãe vai pirar.

O aparelho fazia um barulho.

—Alô? Jamie? Jamie, teve notícias deles?

—Acho que ele teve.

—Lena! Ai graças a Deus! O seu pai está ai?

—Estou aqui querida.

—Ai Neville graças á Deus! Eu já tava pirando seu peste!

A caixa falava sozinha.

—Fiquem ai. Eu estou indo.

Ela começou a apitar.

—Ela parecia surtada.

—Surtada. O que é surtada?

—Meio pirada.

—A sua esposa é alienada?

—Ela não é louca, ela só está temporariamente louca. De preocupação, de raiva.

A mulher entrou sem bater, sem nem ligar, ela veio correndo como um borrão.

—Neville!

Ela abraçou o Lorde Hollingwood e Lady Hollingwood.

—Ai, graças a Deus estão bem! E você? Quem é você?

—Charles Bingley, milady.

—Bom, muito prazer. Ele é mesmo quem ele diz que é?

—É.

—Então o personagem da Jane Austen existe mesmo. Uau!

—O que?

—Dá Orgulho e Preconceito pra ele ler. E você vem comigo.

Ela puxou Lorde Hollingwood e os dois saíram como um borrão.

—Isso acontece com frequência?

—A super velocidade? É. A gente se acostuma. E você vai ter que ir para a escola menino.

—Escola? Mas, eu já sou formado.

—Mas, a lei não liga. Se você não é vampiro ou híbrido, então... tem que ir á escola.

—Vampiros? Lady Hollingwood é uma vampira?

—É. Como ela já se formou e o pai dela também, eles são comprovadamente imortais, seres sobrenaturais, então eles não precisam ir á escola. Mas, infelizmente para nós, não é bem assim.

—Jaime não é?

—Meu nome é James, mas pode me chamar de Jamie.

—Lorde Charles Bingley.

—Você não é mais lorde de nada. E se se apresentar como Charles Bingley, as pessoas vão rir da sua cara. Vai precisar de outro sobrenome e acredite, você vai virar Charlie rapidinho.

—Charlie? Só os meus íntimos me chamam assim.

—Esse é o século vinte e um. Privacidade meio que não existe. Vem, vai precisar de roupas novas.

Vai ser difícil adaptar-me, mas agora que estou aqui. Terei que adaptar-me.

As roupas eram diferentes. E a tecnologia era algo fenomenal. Luzes que se acendiam sozinhas, bibliotecas digitais, carruagens que não necessitavam de cavalos para se mover.

—É uma pena, eu perdi a minha viagem.

—Sua viagem. Pra onde?

—Eu viajaria no navio Albatroz para os Estados Unidos.

—Bom, sorte sua então meu amigo. Porque em vinte de maio de mil oitocentos e sessenta e seis, o navio Albatroz colidiu com um iceberg na Patagônia e afundou. Naufragou.

—O que?!

—Parece que alguém lá encima realmente gosta de você senhor Bingley.

—O senhor também vai á escola?

—Ahm, vou. Mas, não me chame de senhor. Você está de bom tamanho.

—Você. Que moderno.

—Se você tá dizendo.

Na manhã seguinte, nós levantamos, tomamos o desjejum e fomos na carruagem motorizada até o colégio. E qual a minha surpresa quando eu vejo mulheres lá.

—Mulheres? Damas?!

—É. Elas estudam aqui também, os colégios são mistos agora, mas quando é sistema de internato as moças dormem numa ala e os garotos em outra. Relaxa, somos modernos, mas nem tanto.

As garotas ficavam olhando.

—Porque estão olhando?

—Porque você é carne nova no pedaço. Você é novidade, por isso todo mundo está olhando.

—Então, estão olhando para mim?

—Sim.

Todas as garotas olhavam para mim, menos uma. Ela tinha cabelos castanhos, a pele alva, clara como leite.

Ela estava passando quando um cavalheiro, lhe passa uma rasteira. E ela cai no chão derrubando os seus livros.

—Olha por onde anda.

—Ele acaba de passar uma rasteira numa dama?

—Sempre haverão os idiotas Charles.

Ninguém se moveu. Não moveram uma palha para ajudar aquela pobre donzela. Então, decidi ser quem eu era.

Ajoelhei-me no chão e a ajudei a pegar seus livros.

—Obrigado.

Eu lhe estendi a mão, mas ela exitou em pegar.

—A senhorita está bem?

Ela pegou a minha mão e eu a ajudei a se levantar.

—Mais alguns anos e isso acaba. Obrigado.

Ela saiu e continuou o seu caminho.

—Você deveria se envergonhar. É óbvio que teve uma educação deficiente.

—O que?!

Me virei e continuei o meu caminho.

—Ei!

Ouvi um ruído estridente.

—Que barulho dos diabos!

—É o sinal. A aula vai começar. Vem.

James me levou até a sala de aula e eu sentei-me. Notei que a senhorita que foi agredida por aquele biltre estava sentada numa das primeiras cadeiras.

—Bom dia pessoal, hoje... Oh! Vejo que temos um aluno novo. Gostaria de se apresentar?

—Eu sou Charles Bennett.

—Como as bruxas de Mystic Falls?

—Eu não sei nada sobre bruxas ou sobre Mystic Falls, senhorita.

—Hoje em dia ninguém sabe mais quem é normal e quem é sobrenatural.

—Eu lhe garanto, não sou sobrenatural.

—E também não é normal.

—Se ser normal é ser como o senhor, estou feliz de não ser.

—Senhor?

—Certo. Esqueço-me que aqui o tratamento é diferente. Estou feliz de não ser como você.