Capítulo 1 - More that anything

Saí do carro, sem me importar com outra coisa. A única coisa na qual eu prestava atenção era aquela bela e majestosa casa. Sim, era perfeita, como eu sempre quis. Embora, é claro, faltasse alguma coisa. Ah, eu me lembro como se fosse ontem...

“- O que você quer ser quando crescer?

Sorri com a pergunta do meu namorado. E é claro, respondi o que eu sempre respondia, quando faziam essa pergunta.

- Eu tenho um futuro perfeito planejado! Vou ser escritora, me casar com alguém lindo – Olhei para ele sorrindo, e ele sorriu também – e ter três filhos: um casal de gêmeos e um menino. E vou morar numa casa linda, com três andares e quintal.

Ele sorriu. É, ele sabia de quem eu estava falando.”

E aqui estou eu, em frente à bela e linda casa que eu falei, há quinze anos. A casa é branca, grande (Claro, tem três andares) e atrás tem um quintal. Sem falar que em cima, tem uma parte descoberta, para apreciar as estrelas a noite. Era perfeito, porém eu não conseguia colocar um sorriso no meu rosto. Devem se perguntar: Mas como?

Bom, eu sei que consegui o grande emprego de escritora que eu queria, e a bela casa que eu desejava, mas faltava alguma coisa... O que era mesmo? Ah sim. Ele. Ele e aquele casal de gêmeos e um garoto que eu prometi para mim mesma que teria. Mas eu não pude cumprir minha promessa. Deixe-me ver o por que...

“Eu estava na sala, sozinha, num canto afastado. Meu namorado, aquele que eu considerava o garoto perfeito, tinha me deixado para ficar com uma garota ridícula da quinta série. Meus amigos pelo jeito eram todos falsos, porque quando ele me deixou, todos foram atrás dele. Então eu estou aqui, sozinha, sem amigos e sem ninguém para me amar. Fazer o que, afinal.”

Então eu aprendi a não confiar tanto nos outros. E principalmente, a não amar. E pelo menos isso eu cumpri. Não amei mais ninguém depois que ele foi embora. Muitos garotos apareceram e vários eram muito bonitinhos, mas nenhum era ele. Faltava algo dele neles para que eles fossem bons o bastante, era a desculpa que eu usava. Mas a verdade era que eu só queria ele, ninguém te substituiria.

Então estou aqui, em frente a essa mansão. A mansão que deveria ser nossa.

Decorei a casa do jeito que eu queria, nunca tirando nada que me lembrava ele. Então, quando já era noite, subi até o terraço em cima de casa e fui ver as estrelas. Por incrível que pareça, lá pelas onze horas da noite, meu celular tocou.

- Alô?

Eu perguntei. Não tinha visto o nome da pessoa.

- Oi! É a Júlia!

Sorri. Júlia me conhecia mais que ninguém. Nos conhecemos quando briguei com minhas ex-melhores amigas, e quando ele me deixou. Ela virou minha melhor amiga e não nos desgrudamos até hoje.

- Oi Ju. O que foi?

- Ele terminou com a Sofia!

Foi nessa hora que eu descobri que ele havia terminado seu namoro com a miss princesinha. Eu até gostava da Sofia, até ela roubar ele de mim.

- Uau. Que legal.

Ela bufou. Por telefone.

- Você não deveria ter pulado e gritado: “AH! Júlia, ele terminou com ela!!”?

Dei um riso fraco.

- Não, eu não devia. Isso não significa que ele vai voltar para mim.

- Você que pensa! – Ela disse – Ele terminou com ela porque “Sente falta de um antigo amor”. É óbvio que ele está falando de você, besta! Acorda!

Eu ri. Júlia e Eu havíamos nos tornado tão íntimas que ela percebeu que eu não me importava se ela me chamasse de besta, ridícula, idiota, etc.

- Ok Júlia. Ok. Eu entendi. Mas ele não vai me achar. Primeiro que eu mudei o número de celular. Segundo, eu já mudei de casa.

- Sério?? E é legal?!

Ela disse, animada.

- Muito legal. Já arrumei tudo, estou aqui no terraço, vendo estrelas.

- Legal! Bom, minha prima está aqui em casa e reclamando do alvoroço que eu estou fazendo – Falou, rindo – Então preciso desligar. Até mais!

- Até mais Júlia.

E eu desliguei o telefone.

- Ah, meu amor... Se você estivesse aqui comigo...

Ouvi um barulho atrás de mim e me virei. Ele simplesmente estava ali, como se nunca tivesse ido embora. A luz da lua, misturada com a das estrelas, brilhava justamente nele. Aquele sorriso maravilhoso,o cabelo castanho e os olhos... Seus belos olhos cor de mel. Corri abraçá-lo, e ele me recebeu maravilhosamente bem.

- Você... Você voltou...

Eu falei. Lágrimas caíam por meu rosto, enquanto ele passava as mãos pelos meus cabelos, consolando-me. Senti que isso tinha dedo de Júlia. Voltando ao momento especial e romântico...

- É, eu voltei. Vim de onde nunca deveria ter ido e voltei para onde nunca deveria ter saído, me desculpe... Eu te amo...

Sorri fracamente com aquelas palavras. Vindas dele, eram mais preciosas do que diamantes.

- Eu te amo... Também... Sempre...

Ele riu, e me fez olhá-lo.

- Não vou mais te deixar. Você acredita em mim?

Olhei no fundo dos seus olhos. Sim, eu acreditava.

- Acredito.

Ele sorriu, e me rodou no ar.

- Eu prometo, juro, que nunca mais vou te deixar, nunca mais vou embora.

- Eu sei.

Sussurrei para você. Nossos rostos foram se aproximando... E você me beijou. Não foi um simples selinho, não foi aquela coisa simples de quinze anos atrás. Foi lindo. Foi o meu momento.

E naquele momento, eu soube: Valera à pena esperar por você. Porque você me amava, apenas nunca admitiu isso realmente. E ter você de volta valia mais do que qualquer coisa.