Após Plutarch sair do quarto, Finnick diz:

–Mags, não é incrível? Além de não precisarmos matar nossos amigos, Snow e sua amada Capital irão pagar por tudo! Que essa rebelião finalmente traga paz para todos nós.

Assinto, e faço carinho em seus lindos cabelos cor de bronze. Também quero vingança, pelos Distritos que todos os anos assistem a morte de suas crianças pela televisão, enquanto a Capital se diverte e vibra com todas as lutas sanguinárias entre os tributos.

E para quem vence, sinto que é ainda pior. Vinte e três pessoas precisam morrer para você voltar a ver sua família novamente. Lidar com todos os traumas da arena é bem difícil para todos nós que voltamos dos Jogos. Não existem vitoriosos, apenas sobreviventes.

– Não se preocupe, vamos sobreviver ao Massacre Quaternário. Deve ter muitos desafios na nova arena, mas não vou tirar os olhos de você por um minuto sequer até sermos resgatados.

Aponto para a minha perna, lembrando-o que tenho dificuldade para me locomover.

– Ah isso é fácil, posso te carregar em minhas costas. Você não é pesada, e não vai me dar nenhum pingo de trabalho. Nunca vou te deixar, vamos juntos até o fim.

Coloco minha mão em seu coração, e ele sorri pra mim. Finnick é a pessoa mais incrível que já conheci em toda minha vida.

– Já deve estar bem tarde, vou para o meu quarto. Boa noite Mags, nos vemos de manhã. – diz.

Dou um beijo de despedida em sua testa, e ele sai do quarto. Visto com dificuldade um pijama e deito na cama grande e macia de meu compartimento no trem. Amanhã chegaremos à Capital.

Estava em casa, com Finnick, Annie e um menininho, que suponho que seja o filho deles. Finn estava ensinando-o a usar um tridente para pescar, enquanto eu e Annie descascávamos frutas para o lanche. Tudo estava numa paz jamais vista antes.

Acordo daquele sonho tão relaxante com Lollie batendo na porta:

– Mags, querida, o café está servido!

Tomo um bom banho, penteio meus cabelos grisalhos e coloco um vestido simples e sapatos de couro bem confortáveis. A cor do vestido, azul bebê, me lembra das águas do Distrito 4. Já estou sentindo muita falta de lá, mas quando chego ao vagão restaurante e encontro Finnick sentado na mesa de jantar, já me sinto um pouco mais em casa.

– Você está linda! Dormiu bem? – diz Lollie.

Faço que sim com a cabeça, e sorrio. Dou um beijo no rosto de Finnick e sento-me ao seu lado. Preciso me alimentar, pois não comi nada na noite anterior.

Me sirvo com um copo de chocolate quente, alguns pães de queijo e uma ameixa. Finnick está comendo cookies de chocolate e molhando-os em leite. Em casa, sempre que ele pede, faço uma receita para comermos no café da manhã. Annie também adora o cheiro e o sabor dos cookies.

Lollie está arrumando seu cabelo azul no espelho do vagão. Está com uma linda roupa dourada e incríveis sapatos de pedras preciosas. Apesar de ser da Capital, ela é uma moça adorável. Torce sempre por nossos tributos e ajuda muito com patrocinadores. E além de tudo é uma grande amiga nossa, e estava bem triste por conta do Massacre. Nenhum dos habitantes da Capital fazia ideia de que uma revolução estava prestes a acontecer.

– Oh, meus queridos. Chegamos! – ela suspira.

Olho pela janela, lá estava a enorme Capital, colorida como sempre. Mesmo depois de tantos anos vindo sempre pra cá, as roupas e os cabelos dos habitantes daqui ainda me deixam horrorizada. Quando me veem, as pessoas começam a jogar beijos e acenarem. Eu apenas aceno de volta, sem demonstrar muito sentimento. Finnick aparece ao meu lado e as todas as mulheres gritam seu nome e jogam beijos pra ele. Assim como eu, ele só acena para a multidão de garotas se espremendo para poder vê-lo mais de perto.

Nenhum dos tributos está feliz, mesmo os que sabem da rebelião e do plano para nos resgatar da arena. Afinal, estava nas regras dos Jogos Vorazes que um vitorioso nunca mais teria seu nome colocado em uma colheita. Fomos traídos. Mas a Capital e Snow não estão longe de ter o que merecem.

Ao descer do trem, Lollie segue outro caminho e Pacificadores nos acompanham até o lugar em que iremos nos arrumar para o Desfile dos Tributos. Chegando lá entro em uma sala com o número 4 na porta, e encontro duas mulheres e um homem com o estilo típico da Capital, que suponho ser minha equipe de preparação.