Quando dou por mim, já estou nas costas de Finnick. Atrás de nós, vejo uma parede de névoa aumentando em nossa direção. Ele está correndo o mais rápido que pode.

– O que é isso? O que é isso?! – exclama Finnick, atônito.

– Algum tipo de névoa. Gás venenoso. Corra Peeta! – berra Katniss.

Percebo que Peeta está se movimentando muito lentamente. Talvez seja o efeito do campo de força. Ele parece esgotado, e sem energia nenhuma. Está tropeçando no emaranhado de trepadeiras a cada passo que dá.

Cutuco Finnick, e ele olha para trás, percebendo que Peeta não consegue se movimentar. Ele para de correr:

– Vamos Peeta! Você consegue!

As palavras de estímulo de Finnick não parecem ajudar muito. Seria mais fácil se o desafio fosse algum Carreirista querendo nos matar. Finnick consegue acabar com qualquer um com o tridente, e Katniss com o arco. Mas com essa névoa, não nos resta alternativa, a não ser escapar.

Percebo que o rosto de Peeta está caído do lado esquerdo, como se tivesse sofrido de paralisia. Além das bolhas, é claro. A névoa além de nos causar dor, atinge os nossos nervos, impedindo o movimento do corpo.

– Peeta...

Katniss empurra Peeta para frente, numa tentativa inútil de se sacrificar por ele. O observo cair novamente. Cutuco Finnick e peço para descer. Vamos caminhando até onde os dois estão.

Ele iça Peeta, o erguendo do chão, e diz para Katniss:

– Não está funcionando. Vou ter de carregá-lo. Você consegue levar a Mags?

– Consigo. – ela diz. Percebo em seu tom de voz uma pontada de incerteza.

Ela agacha e eu me posiciono em cima de seus ombros. Seus braços estão tremendo. Efeito da névoa. Recomeçamos a andar, Finnick com Peeta nas costas e Katniss comigo.

A névoa vem silenciosa e fatal atrás de nós. Finnick está correndo em direção à água próxima à Cornucópia.

De repente, Katniss cai. Eu faço de tudo para ficar mais leve, não colocando todo o meu peso nas costas dela. Mas ela não consegue se reerguer e tropeça mais duas vezes. Foi nesse momento que eu percebi que a minha hora havia chegado.

– Não dá. – Katniss diz para Finnick. – Você consegue levar os dois?

Os olhos de Finnick começam a se encher de lágrimas. Meu coração começa a ficar apertado ao vê-lo triste.

– Não, não consigo carregar os dois. Meus braços não estão funcionando. Mags?

Sem pensar, me levanto e vou até Finnick. Beijo seus lábios, num gesto de despedida, e consigo pronunciar apenas três palavras com a minha voz rouca:

– Adeus... Meu... Menino.

Cambaleio em direção à névoa, e imediatamente sinto contorções bem fortes tomarem conta de meu corpo.

– Mags? Mags? MAGS? – escuto Finnick gritar atrás de mim.

A dor forte dura apenas alguns segundos, então sou tomada por uma sensação de alívio e paz.

Deixo esse mundo com sensação de missão cumprida. Annie está no Distrito 4, segura de todos os males da Capital. Katniss e Peeta estão vivos, e meu menino também. Tenho certeza de que ele vai conseguir sobreviver a esse Massacre e ser resgatado pelo Distrito 13. Vai lutar na rebelião, algo que eu nunca tive oportunidade de fazer.

Finnick e Annie irão casar, e colocar uma criança num mundo onde não existirá Jogos Vorazes. O filho deles irá crescer forte e saudável e dar orgulho para todos nós. E eu serei o anjo da guarda de toda família Odair. Ou melhor, da minha família.