Magic Mystery Theatre

Capítulo Final - A escolha de Dorothy.


Depois daquele jogo de Xadrez, Louise Burker ficou um pouco mal-humorada, todavia a elucidação do caso não permitiu que a sua raiva a domine por completo. Afinal de contas, ela é a heroína da História. Não vai ser um pretenso “Gênio do Mal” vai atrapalhar o seu dia.

Isso aconteceu há dois dias...

A investigadora está radiante, pois vai deixar aquele lugar que desperta certo mal-estar. É verdade que Louise foi reprovada várias vezes para a Academia Arcana, mas foi o destino que fez que salvasse a mesma Academia que a rejeitou.

O mundo dá voltas...

Para a surpresa da investigadora, o verdadeiro Diretor da Academia Arcana pediu uma conversa informal com ela. Ao contrário do seu clone, o diretor se mostrou uma pessoa simpática e sábia. Tanto que, em meia hora de conversa, a sua mágoa com a instituição se dissipou como uma névoa ao amanhecer.

– Então Sally Parker vai responder o seu processo em liberdade? – pergunta o diretor que caminha ao lado da investigadora.

– Sim. Apesar de ser crime retirar uma vida de uma criatura pensante, os atenuantes do fato de que as vítimas eram seqüestradores vai ajudar da diminuição de sua pena, isto é, se for condenada. Afinal, a população odeia os Doppelgängers, por motivos óbvios. – explica.

– Por isso que vim conversar contigo, eu não vou suspender a garota, mas vou deixar a escolha da mesma se quer freqüentar a nossa instituição. Apesar de tudo... – observa o diretor Talude.

– Será um ato de coragem... Pois vai ser muito difícil conviver com o estigma de “assassina”, mesmo sendo uma espécie de “heroína”. – completa Louise.

Súbito o diretor olha para uma direção e comenta:

– Existe um grupo que te considera um pouco mais do que uma heroína, Tenente.

A investigadora se vira e vê um grupo de cinco pessoas se aproximando. Depois de alguns minutos, Louise vê os alunos do professor Carlos Castanheira. Bruce Estarque, sua namorada, Catarina Ling, Tensey empurrando a cadeira de rodas de Luiza Blue e por último, a baixinha Valeria de Titânia carregando um buque de flores maior que ela.

Ver a antipática amaldiçoada abraçada com todas aquelas flores fez que a investigadora desse um sorriso de satisfação.

– Parece que os seus amigos querem fazer uma homenagem, Tenente. – comenta o diretor. Obrigado por tudo. – e estende a sua mão para a mulher de rosa.

Com respeito e carinho, a investigadora aperta a mão do diretor.

Depois que se despede do senhor de barba longa e ar austero, a tenente recebe aquele grupo de garotos em torno dela.

– É a sua vez, Valéria. – ordena Bruce aquela criatura coberta de flores.

– Nós... – engole em seco. Membros do Grêmio do Falcão estamos felizes e agradecidos por elucidar este crime e a sua fé em nosso grupo permitiu que pudéssemos rever o nosso mestre e ajudá-la resolver este misterioso crime. – a garota disse essas palavras como fosse à pior coisa do mundo. Receba... Estas... Atgh! Flores! Como prova de... Nossa estima e... Amizade! – e isso chegou ao limite da amaldiçoada.

Sabendo que isso provoca asco na garota, a investigadora recebe as flores e diz:

– Ahhhhhh! Que fofaaa!!! Amei! – e pega o buque enorme. Merece um beijo... – e ri.

– NÃO! Beijo, não! Ninguém pediu que eu desse um beijo nela! – desespera a garota.

– Beija! AGORA! – ordena Bruce. Ou quer que eu conte ao nosso mestre que você não quis dar um beijo na esposa dele?

Em lágrimas, garota é obrigada a dar um beijo no rosto da mulher de rosa. Sabendo do nojo que provocaria na antipática menina, Louise entrega o seu buque ao Tensey,agarra a menina amaldiçoada e começa enche-la de beijos.

Foi uma cena hilária.

– Solta-me, sapata desgraçada!!! Eu gosto de HOMEM!! AAAAHHH!!! – berra Valeria.

– Gracinha!!! Neném lindaaa!!! Você ta tão fofinha com esse vestidinho! – e dá gritinhos agudos parecidos com os de uma gata.

Realmente, Valeria está muito bonitinha com aquele vestido. A garota parecia uma boneca “Barbie”. Quando consegue se desvencilhar da investigadora, a garota corre desesperada rasgando o lindo vestido por pura fúria.

Louise amou cada segundo daquele momento.

– Acho que ela surtou. – conclui Tensey.

– Que nada. Ela adorou. – corrige Bruce. Ela vai ficar trancada no quarto dela por dois dias e depois volta a destilar o seu veneno nas suas próximas vítimas.

Bruce olha para a investigadora e diz as suas palavras.

– Eu quero agradecer por sua confiança no incidente quando tivemos que fugir da Academia para localizar a tribo de nosso mestre. – diz o rapaz.

– Na verdade, não foi um voto de confiança, mas foi uma observação de minha parte. – corrige. A sua amiguinha, Valeria, atrapalhou-me muito com o seu instinto de vingança. O irônico é que a atitude dela me fez acordar a respeito de uma teoria que é muito comum em atitudes extremadas. Seja como for, tudo deu certo. – e a tenente sorri.

– Yin e Yang. – completa Tensey. Para cada ação negativa há um ponto positivo e vice e versa.

– Exato. Valéria é a energia negativa que dá o equilíbrio no grêmio do Falcão. Então conclui que acontece o mesmo em relação em todos os grêmios. Inclusive o da Serpente. Bastei centrar a minha observação nos alunos certos e descobri a Sally Parker, a ação positiva num grupo negativo. Então liguei os pontos. – explica.

Os alunos gostaram muito da explicação de Louise e fizeram um pedido oficial que desse “aulas” juntamente com o seu “marido”.

Essa observação de “marido” já foi percebida pela investigadora, mas ignorou.

– Desculpa, garotos. Mas eu e meu “marido” temos muito que conversar. E não sei se seria uma boa professora. – retruca a tenente.

Mesmo com os pedidos comoventes, a investigadora recusa polidamente.
Depois de uma rápida homenagem, o grupo começa a se despedir.

Exceto um rapaz e uma moça numa cadeira flutuante.

– Imagino que tenha algo a me dizer, senhorita Nice. – deduz Louise.

– Não muito. – diz de uma forma sincera. Só a minha irmã está orgulhosa de você.

Instintivamente, a investigadora retruca:

– Eu também estou orgulhosa de mim mesma. Diga isso a ela. – e sorri.

– Então, Tensey? Como está o seu coração partido? – pergunta esperando que as duas garotas tenham revelado o seu caso.

– Partido? Não, Tenente. Eu estou com as duas. – responde.

A investigadora faz uma expressão de surpresa.

– Como assim?!

– Eu recebi a notícia das duas no meu quarto. Elas contaram tudo para mim, mas, na verdade, queriam que eu estivesse com elas. Ficasse com as duas. Segundo as palavras de Cordélia: “Falta algo;” E a solução seria eu. – e os olhos do rapaz brilham. Ambas gostam de mim e sabem que seria discreto. E viramos um trio. – e coça a cabeça.

– Agora sou uma cúmplice dessa orgia... – diz Luiza com um sorriso engraçado.

– E você aceitou numa boa? – pergunta a tenente com uma expressão de incrédula.

O sorriso ruborizado foi a sua resposta.

– Homens... São uns depravados mesmo! Hunf! Vai ser feliz, garoto! – e bate no ombro do elfo de cabelos prateados.

Mais uma despedida rápida e a dupla sai dali deixando a investigadora sozinha.

Ou nem tanto...

– É uma piranha mesmo essa ruiva. – diz uma voz escondida atrás da árvore. Sabia que eu ia conseguir separar ela da empregada do meu irmão. Porém ela preferiu dar para ele a largar à loira.

– Olá, Lordanna. – cumprimenta a investigadora.

A linda elfa de cabelos negros e porte altivo sai das sombras. O seu olhar é o mesmo de uma serpente pronta para dar o seu bote.

– Gostei da homenagem deles. São bons colegas e uma ótima influência para o meu irmão. – diz a elfa mantendo a sua expressão séria. Obrigada por tudo. E desculpa por tudo que fiz contigo. Sou uma vadia... E tenho que manter a minha reputação.

Louise cruza os seus braços e olha para aquela elfa com autoridade.

– Não é mesmo! – diz a tenente. Eu fiz uma investigação detalhada sobre o seu passado. Duquesa...

A expressão de surpresa gela até a alma da elfa.

– A sua mãe morreu há doze séculos. A prima da herdeira do trono élfico é você, Lordanna. Portanto, aquele rapaz de cabelos prateados é o seu filho...

Antes que pudesse completar as suas explicações, Lordanna segura o colarinho da tenente e diz:

– Política é algo muito perigoso, tenente... Temos que manter a pureza de nossa casa. Aquele é o verdadeiro herdeiro do trono élfico. Quando aquela garota morrer nas mãos da Aliança Negra, quem você acha que será o novo Rei? – diz a elfa ameaçando a mulher de rosa.

– Eu te digo o mesmo. Imagino que aquele safado corrompido e depravado será o novo Rei dos Elfos a qual a rainha-mãe se tornou uma prostituta para garantir a sobrevivência dele. Não é? O que temos aqui? Uma tragédia? Um escândalo? Quem respeitaria um Rei filho de uma pu...

Antes que pudesse completar a palavra um tapa atinge o seu rosto.

– Tenente Louise Burker... Eu te odeio com toda a força de minha alma... – amaldiçoa a elfa.

– Talvez, Duquesa. Mas até lá, és a minha informante. Quero a sua rede de informações de suas “garotas” em toda Arton. Você é valiosa demais para te desprezar assim. – diz a mulher de rosa aliando o seu rosto atingido pelo tapa.

– MALDITA! – pragueja de forma contida.

– Também te amo. – e simula um beijinho.

Rapidamente a elfa sai do local, pois viu alguém se aproximado. É o professor Carlos Castanheira andando na direção de Louise. A elfa passa pelo mestre como um foguete.

– Até mais. – diz o mestre.

– Vai para o Inferno! – responde à sensual e furiosa elfa.

Depois de mais uns passos o professor se encontra com a investigadora.

– Foi com essa que te trai? – pergunta o professor. Ela é gostosa. Uma coroa muito da gostosa... – e fica admirando o quadril largo da elfa.

– Pode ficar com ela... Mas vai ter que dividi-la com metade de Arton. – responde Louise com ciúme.

– Não seria má idéia, mas... – olha fixamente para uma mulher de rosa. Existe uma mulher muito melhor. – e dá um sorriso safado.

Louise fica corada.

– Que história é essa de você ser o meu “marido”? Estamos divorciados! – e faz biquinho de manha.

– Nossa que gata braba! – diz o xamã com uma voz que faz a tenente tremer toda. Continua orgulhosa e metida. Toma! Trufas! – e oferece uma caixa de bombons com um lacinho rosa.

– Safado! Covarde! Sabe que sou fraca por trufas... Isso é golpe baixo. – e amansa a fera aceitando o presente do professor.

Como um predador, o professor segura a cintura da sua ex-esposa e depois a abraça pelas costas.

– Não... Não faz isso... – reclama por pura manha.

– A culpa é sua por ser maluca e não confiar em mim. – diz o mestre segurando aquela mulher dominada e reconquistada.

– Carlos... Desculpa... – e abaixa a cabeça se sentindo culpada.

– Eu te amo, sabia? – e beija o pescoço da investigadora.

– Droga... Eu também. Por que fui tão burra? – diz se virando para fica diante do seu amado.

– Pode ser pelo fato de ser um homem e ser canalha por Natureza ou pelo fato do preconceito que as mulheres têm dos rapazes que são todos uns “vermes” pegam qualquer coisa. – e sorri.

Tentando resistir, Louise retruca:

– Você pegaria aquela velha... – diz Louise referindo a Lordanna.

– Mulher é mulher. São divinas, por isso que somos fracos por elas... Porém quando amamos, só temos olhos para uma... – e fixa o seu olhar para os olhos de íris rosados da investigadora.

–Mentiroso... – balbucia.

–Gata braba e linda... – e aproxima os seus lábios.

O beijo acontece de uma forma natural e delicada. Com o tempo, a saudade e a paixão dominam os dois e acabam deitando na grama.

O tempo passa lentamente...

Enquanto isso, na parte mais alta da Academia Arcana, mais precisamente no alto das torres, um primata negro com um jaleco branco salta de um telhado para outro.

Gorila God costuma fazer isso. Saltar e pular. Um Le Parkour selvagem que faz o pesado macaco se sentir muito mais integrado com a sua Natureza animal. Todos os alunos da Academia já se acostumaram com os exercícios do mais inteligente entre todos.

O que a maioria não sabe que o grande primata faz isso para ir para uma floresta próxima da instituição. O que muitos poucos sabem que o gorila vai para um trecho da floresta. E o que ninguém sabe que existe, dentro de uma caverna, uma gigantesca esfera transparente, a qual o gorila entra com habilidade e hábito.

No seu interior é como uma casa humana, com todos os equipamentos necessários além de instrumentos desconhecidos por nós, humanos, o que podemos concluir que é uma nave.

O mais estranho que o gorila, com posse de tanta tecnologia a sua disposição, escolhe uma simples máquina de escrever de cesto de tipos. Coloca um papel com destreza e inicia uma demorada datilografia.

O que o gorila escreve e continua escrevendo é o seguinte...

Citação:

“No início, Deus era Verbo e se fez carne. Nesse dia, esse Deus descobre um novo mundo e inicia uma nova Vida. Deus descobre que esse mundo era bom e decidiu que formaria um novo dia, divido por outros sete iguais e similares.

“Deus sorri, pois tudo está como ele quer...”



FIM.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.